PERCEBE-SE ATUALMENTE uma crise educativa, em nível mundial, que se torna cada vez mais preocupante em todo o mundo. De modo geral, constata-se que o nível médio de educação diminui drasticamente e que o processo formativo dos jovens enfrenta grandes dificuldades. As crianças e os adolescentes aprendem cada vez menos; a autoridade dos professores tende a desaparecer e os jovens sentem-se sós e desorientados. Isso numa época de suposto notável desenvolvimento da pedagogia. Nunca houve tantas pessoas estudando essa ciência, e nunca tivemos tantas teorias pedagógicas como agora.
No Brasil, a crise educativa é cada vez mais preocupante, apesar de tantos eminentes pedagogos. Um estudo publicado em 2012 comparou a educação em 40 países e mostrou o Brasil, então a 6ª Economia do mundo, em penúltimo lugar na educação(!), atrás de países como Singapura (5º), Romênia (32º), Turquia (34º) e Argentina (35º)1. – Certamente, uma das causas da atual crise educativa no Brasil não é a falta de recursos, mas um problema bem mais profundo: não sabemos mais como ver e tratar os nossos filhos.
Até a metade do século passado, tínhamos uma ideia bem clara sobre quem eram os nossos filhos: acima de tudo, eram considerados dons de Deus, presentes que nos tinham sido dados para serem tratados com toda atenção, carinho e responsabilidade. A paternidade era considerada uma participação especial no Poder criador de Deus, de modo que os filhos eram tratados com respeito e a vida era acolhida com gratidão, alegria e generosidade. Era assim porque o nosso modo de viver, até então, era marcado pelos ensinamentos e pela cultura cristã.
Seguia-se o exemplo de figuras como a de Ana (cf. 1Sm 1), uma mulher estéril que todos os anos ia ao Templo prestar culto a Deus, e que certa vez teve a ousadia de pedir um filho ao SENHOR. Depois que suas ferventes orações são atendidas, ela retorna ao Templo para agradecer o dom recebido e para consagrar a vida daquele novo ser humano a Deus. Ana era plenamente consciente de que a vida procede de Deus, para Quem nada é impossível, e que toda a vida, no fim, a Ele retorna.
Especialmente a partir da “revolução” de maio de 1968 (Sorbonne) uma nova cultura surgiu, na qual a visão bíblica e a cultura/espiritualidade judaico-cristã foram abandonadas. Freud, em sua época, sonhava com o dia em que fosse separada a geração dos filhos da estrutura familiar, pensamento que se tornou comum em nossos dias. Desde então, procura-se incutir nos jovens a ideia de que ter filhos é um obstáculo, algo que tolhe a liberdade, que impede a realização pessoal. Os filhos passaram a ser considerados uma ameaça, e a gravidez uma espécie de doença, que deve ser sempre evitada. Uma notícia de gravidez, antes motivo de festa para toda a família, especialmente o papai orgulhoso, hoje é comumente recebida como má notícia, quase uma desgraça, algo que só vai atrapalhar os planos de riqueza e de sucesso... A graça de ter um filho passou a ser entendida como uma “ameaça”, e não mais como dom, como o presente divino que é.
Daí surgem problemas seríssimos. Consta de um popular magazine inglês que, naquele país, no ano 2011, um dos pedidos mais feitos ao “Papai Noel” pelas crianças foi um pai; outro pedido comum foi um irmão. Uma situação tão triste seria impensável se apenas uma ou duas gerações atrás. O risco, hoje, é que os adultos passem a considerar os próprios filhos como uma espécie de “mercadoria”; mais um mero sonho de consumo que deve ser realizado num momento "milimetricamente" determinado. Os filhos, cada vez mais, são frutos de cálculos matemáticos, e não do amor entre homem e mulher. Isso deixa feridas graves nas crianças.
Deixar de considerar os filhos como dons divinos e tê-los simplesmente como resultado de uma técnica é um passo importante tanto para a desconfiguração das famílias quanto para arruinar a educação. Paradoxalmente, vem ocorrendo com frequência que os pais procurem “superproteger” os filhos, mimando-os excessivamente e buscando livrá-los de qualquer desgosto e de toda dor, por mínima que seja, enquanto, – ao mesmo tempo, – não querem encontrar tempo para dedicar-se à difícil tarefa educativa dos mesmos. As crianças são enviadas cada vez mais cedo às creches e escolinhas, entregues às mãos de educadores desconhecidos, aos quais é delegada a tarefa sagrada de transmitir os valores que as crianças levarão por suas vidas inteiras e que deveriam receber em casa, no seio familiar.
Nesse ponto, devemos talvez voltar nosso olhar ao Livro que formou a civilização ocidental. O Evangelho conta-nos somente uma cena da adolescência de Jesus e do seu “processo educativo”. Quando Ele tinha 12 anos de idade, foi levado ao Templo por Maria e José para a festa da Páscoa (Cf. Lc 2). Todo jovem judeu, ao cumprir essa idade, passava a ser considerado adulto na fé.
Quando aquela família especialíssima retornava para casa, José e Maria se distraíram e Jesus, como se fora já um verdadeiro adulto, permaneceu no Templo discutindo com os doutores da Lei. – Ao reencontrá-lo, Maria o repreende, mesmo tendo consciência de Quem estava diante dela; que não se tratava de apenas um “adulto” na fé, mas do próprio Filho de Deus! Ainda assim, diz a doce Virgem Maria: “Meu filho, que nos fizeste? Teu pai e eu te procurávamos cheios de aflição!”. E Jesus, depois de manifestar, também Ele próprio, a plena consciência da sua Identidade divina ('Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas do meu Pai?'), retorna serenamente com Maria e José, e a Sagrada Escritura faz questão de frisar que o próprio Senhor “era-lhes submisso em tudo”(!).
Mais do que impressionante! Maria e José não fugiram de sua responsabilidade educativa em relação àquele adolescente que sabiam ser o próprio Filho do Deus Vivo! E Jesus, sendo verdadeiro Deus, voltou para casa com sua família terrena, obedecendo-lhes exemplarmente até os 30 anos!
Vemos, assim, que na Família de Nazaré ninguém fugia da própria responsabilidade, uma vez que eram unidos por um verdadeiro Amor, o qual um pai e uma mãe demonstram não apenas sendo "bonzinhos" e dizendo "sim" o tempo todo, nem sendo indiferentes ou superprotetores, mas na autoridade, na humildade e no serviço.
Fica nítido, por tudo o que foi demonstrado até aqui, que para se recuperar o sentido da verdadeira educação, – para se enfrentar a gravíssima crise educativa atual, – devemos ajudar as famílias a voltarem a considerar a vida como Dom de Deus, e a tratarem os seus filhos com verdadeira diligência, não delegando toda a responsabilidade a outras pessoas ou instituições. A tarefa é desafiadora, sim, mas pode ser realizada especialmente à luz da fé que por séculos iluminou a nossa sociedade. Devemos voltar a seguir o modelo da Sagrada Família, mais do que parâmetros contraditórios de uma “revolução” que só trouxe a exaltação do egoísmo e da irresponsabilidade, e o consequente aumento do sofrimento dos mais frágeis.
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1. Portal G1, "Ranking de qualidade da educação coloca Brasil em penúltimo lugar", em http://g1.globo.com/educacao/noticia/2012/11/ranking-de-qualidade-da-educacao-coloca-brasil-em-penultimo-lugar.html Adaptado de estudo do Pe. Anderson Alves, da Diocese de Petrópolis (RJ), doutorando em Filosofia pela Pontifícia Università della Santa Croce, Roma. Este artigo foi publicado originalmente pela Agência Zenit, em 30-12-2012.
COM O SURGIMENTO do Protestantismo Pentecostal, os fundadores de muitas denominações ditas "evangélicas" se resolveram intitular "bispos". Será que esses "bispos” pentecostais são bispos de fato ou praticam falsidade ideológica? É o que pretendemos esclarecer, de modo breve, neste artigo.
A origem da hierarquia da Igreja e a sucessão apostólica
A primeira sucessão apostólica encontramos nas páginas da Bíblia Sagrada. No Novo Testamento lemos, no capítulo 1 dos Atos dos Apóstolos, como S. Pedro declarou a vacância do posto (ministério) de Judas Iscariotes e apontou a necessidade de que alguém a ocupasse:
“Naqueles dias, Pedro se pôs de pé em meio aos irmãos – o número de pessoas reunidas era de cerca de cento e vinte – e lhes disse: 'Irmãos, era preciso que se cumprisse a Escritura, em que o Espírito Santo, pela boca de Davi, havia falado acerca de Judas, que guiou aqueles que prenderam Jesus. Porque ele era um de nós e obteve um posto neste Ministério, convém, pois, que dentre os homens que andaram conosco todo o tempo em que Jesus viveu entre nós, a partir do batismo de João até o dia em que nos foi levado, um deles seja constituído testemunha conosco de sua ressurreição. Apresentaram dois: José, chamado Barsabás, de sobrenome Justo, e Matias. Então oraram assim: 'Tu, Senhor, que conheces os corações de todos, mostra-nos qual destes dois elegeste para ocupar no ministério do apostolado o posto do qual Judas desertou para ir para onde lhe correspondia'. Lançaram a sorte e caiu sobre Matias, que foi agregado ao número dos doze Apóstolos." (At 1,16-17.21-26).
Prova bíblica da instituição dos presbíteros por meio dos Apóstolos ou outros presbíteros previamente ordenados
Como vimos, está claríssima a consciência que tinham os Apóstolos de que o seu ministério não deveria permanecer vacante (posteriormente este ministério será desempenhado pelos bispos). Também estavam conscientes da obrigação que tinham de que seus sucessores poderiam exercer seu ministério de forma plena, organizando igrejas (dioceses e paróquias) e colocando à sua frente homens capazes. Assim, vemos como o livro dos Atos dos Apóstolos revela que uma das principais atividades dos Apóstolos era fundar igrejas e designar presbíteros para elas:
“Designavam presbíteros em cada igreja e, após fazer oração e jejuns, os encomendavam ao Senhor em Quem haviam crido." (Atos 14,23)
No começo, os presbíteros eram nomeados exclusivamente pelos Apóstolos; posteriormente, também por outros presbíteros já ordenados. Não existia, como jamais existiu no verdadeiro cristianismo, o que se costuma ver em igrejas "evangélicas", onde alguém que possua certas capacidades ou aptidões simplesmente funda uma nova "igreja" e toma nela, por conta própria, o posto de "pastor".
Exemplos claros encontramos nas epístolas paulinas, onde S. Paulo menciona a ordenação de Timóteo como presbítero através da imposição das mãos, e o exorta a não instituir a qualquer pessoa como presbítero (evidente que, ainda mais, ninguém poderia se autoproclamar presbítero).
“Por isto te recomendo que reavivas o carisma de Deus que há em ti pela imposição das minhas mãos. Porque o Senhor não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de caridade e de temperança. Não te envergonhes, pois, nem do testemunho que hás de dar de nosso Senhor, nem de mim, seu prisioneiro. Ao contrário, suporta comigo os sofrimentos pelo Evangelho, ajudado pela força de Deus, que nos salvou e nos chamou para uma vocação santa, não por nossas obras, mas por sua própria determinação e por sua graça que nos deu desde toda a eternidade em Cristo Jesus." (2Tm 1,7-9)
“Não descuideis do carisma que há em ti, que te foi comunicado pela intervenção profética através da imposição das mãos do colégio de presbíteros." (1Tm 4,14)
“Não te precipites a impor as mãos sobre alguém, nem participes dos pecados alheios. Conserva-te puro." (1Tm 5,22)
Voltamos a frisar o que afirma S. Paulo: que a ordenação de Timóteo se deu mediante a imposição das mãos do colégio de presbíteros ou do "conselho de anciãos". Vemos então que os primeiros presbíteros foram ordenados pelos próprios Apóstolos e os presbíteros seguintes foram ordenados pelos Apóstolos ou por outros presbíteros previamente ordenados. O certo é que para que uma ordenação seja válida, é preciso que o aspirante seja ordenado por um presbítero que por sua vez tenha sido ordenado por outro presbítero, e assim sucessivamente, numa linha descendente que tem origem nos Apóstolos e, deles, ao próprio Senhor Jesus Cristo, que os elegeu. A esta legítima linha de sucessão chamamos "Sucessão Apostólica".
O mesmo ocorre com Tito, que também sendo um presbítero, é enviado por S. Paulo a organizar as igrejas e instituir presbíteros para o seu governo:
“O motivo de ter-te deixado em Creta foi para que acabasses de organizar o que faltava e estabeleceres presbíteros em cada cidade, como te ordenei." (Tt 1,5)
A finalidade era sempre clara:
“Tu, pois, filho meu, mantei-te forte na graça de Cristo Jesus; e do quanto me tens ouvido na presença de muitas testemunhas, confiai-o a homens fiéis, que sejam capazes, por sua vez, de instruir a outros" (2Tm 2,1-2)
Em conformidade com o claríssimo testemunho das Sagradas Escrituras, também em documentos extra-bíblicos antiquíssimos (desde o início do séc. II) é possível observarmos que a Igreja primitiva já estava organizada hierarquicamente com o colégio de bispos, presbíteros e diáconos.
O bispo era o chefe de uma "igreja", isto é, de uma diocese, um conjunto de paróquias geograficamente organizadas. Cada paróquia tinha como ministro um presbítero; este era o sacerdote responsável por ministrar os Sacramentos e orientar os fiéis na doutrina. Era normalmente auxiliado por diáconos. Tudo isto é testificado, por exemplo, nas sete cartas de Santo Inácio de Antioquia [1] datadas do ano 107 (escritas antes mesmo da organização final dos livros da Bíblia). Santo Inácio foi Bispo de Antioquia e discípulo pessoal dos Apóstolos S. Pedro e S. Paulo.
O Episcopado tem origem na Sucessão dos Apóstolos
Episcopado é o nome que se dá ao ministério do Bispo. O Episcopado tem origem no ministério dos Apóstolos, como vimos. Isto é, foi o próprio Senhor Jesus Cristo Quem elegeu os Apóstolos como Bispos da Sua Igreja, que Ele mesmo instituiu sobre a Terra (Mt 16,18). Com efeito, a Bíblia ensina que Nosso Senhor deu o governo da Igreja aos Santos Apóstolos: "Quem vos ouve, a mim ouve; e quem vos rejeita, a mim rejeita; e, quem me rejeita, rejeita àquEle que me enviou" (Lc 10,16).
Eles, os Apóstolos, estariam agora assentados na Cadeira de Moisés, e no lugar dos escribas e Fariseus (cf. Mt 23,2-3). Por isso, o Cristo deu a eles a autoridade que outrora foi dada a Moisés: "ligar e desligar, atar e desatar", com o sentido de unir e desunir: definir o que é certo e o que é errado em termos de doutrina verdadeiramente evangélica (cf. Mt 18,18). Por essa razão, São Paulo ensina que “a Igreja do Deus Vivo é a Coluna e o Fundamento da Verdade” (cf. 1Tm 3,15).
Como os Apóstolos não permaneceriam conosco para sempre, e como o mundo é muito grande, nas várias regiões e nações aonde eles iam pregando o Evangelho, iam também instituindo novos bispos, que deveriam cuidar do rebanho de Cristo em sua ausência. – E, claro, após a sua morte também. Afinal, Jesus prometeu que estaria com a sua Igreja até o fim dos tempos, e não até a morte dos Apóstolos (cf. Mt 28, 20).
Um dos testemunhos históricos mais antigos desta realidade está na Primeira Carta de São Clemente aos Coríntios (2), escrita por volta do ano 90 (dois séculos antes da composição final da Bíblia Cristã). Clemente, 4º. Bispo de Roma na sucessão de Pedro, escreveu:
“(42) Os Apóstolos receberam do Senhor Jesus Cristo o Evangelho que nos pregaram. Jesus Cristo foi enviado por Deus; Cristo, portanto, vem de Deus, e os Apóstolos vêm de Cristo. As duas coisas, em ordem, provêm da Vontade de Deus. Eles receberam instruções e, repletos de certeza por causa da Ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, fortificados pela Palavra de Deus e com plena certeza dada pelo Espírito Santo, saíram anunciando que o Reino de Deus estava para chegar. Pregavam pelos campos e cidades, e aí produziam suas primícias, provando-as pelo Espírito, a fim de instituir com elas bispos e diáconos dos futuros fiéis. Isso não era algo novo: desde há muito tempo, a Escritura falava dos bispos e dos diáconos. Com efeito, em algum lugar está escrito: ‘Estabelecerei seus bispos na justiça e seus diáconos na fé’."
“(44)Nossos Apóstolos conheciam, da parte do Senhor Jesus Cristo, que haveria disputas por causa da função episcopal. Por esse motivo, prevendo exatamente o futuro, instituíram aqueles de quem falávamos antes, e ordenaram que, por ocasião da morte desses, outros homens provados lhes sucedessem no ministério."
“A História Eclesiástica”[2], de Eusébio de Cesaréia, é outro dos mais rigorosos registros dos acontecimentos dos primeiros quatro séculos da Igreja, incluindo a realidade histórica da sucessão dos Apóstolos. Segundo a o ensinamento que os Apóstolos diretos de Jesus Cristo comunicaram aos seus discípulos, os bispos da Igreja são sucessores diretos dos Apóstolos. É exatamente por isso que, fora da Sucessão dos Santos Apóstolos, não há nem pode haver Episcopado verdadeiro: logo, não há Igreja de fato.
Ordenação Episcopal de Dom Júlio E. Akamine
Testemunhos históricos da Sucessão Apostólica
Alguns membros de algumas das novas seitas ditas "evangélicas" chegam ao extremo de alegar que a Sucessão Apostólica teria sido inventada pela Igreja Católica para sustentar que só ela possui bispos e presbíteros verdadeiros. Nada está mais distante da realidade, por tudo o que acabamos de ver e por muitos outros motivos, como o fato de que a Igreja Católica não alega que só ela possua bispos e presbíteros verdadeiros. Ela reconhece a validade dos ministros da Igreja Ortodoxa, que são também sucessores dos Apóstolos. – É no mínimo curioso como o subjetivismo protestante tenta inverter os fatos, querendo "reinventar" até a História! Não foi a Igreja Católica que inventou a Sucessão Apostólica: o protestantismo é que precisou inventar que a Sucessão dos Apóstolos não é um fato (ignorando as afirmações diretas das Sagradas Escrituras, que eles tem como regra de fé, juntamente com a farta documentação existente, os registros historiográficos, a arqueologia, etc.) pois esta é a maior prova de que as tais "igrejas", ditas "evangélicas", não são igrejas de fato, mas apenas seitas que deturpam o cristianismo original.
Conclusão
Desgraçadamente, sair por aí inventando “igrejas” e se intitulando a si mesmo "pastor", "bispo" e até "apóstolo" (!) é coisa muito, muito fácil, e praticamente estimulada pela nossa legislação, que inclusive oferece isenção de impostos a toda sorte de falsos profetas. Tanto é verdade quer, nos tempos atuais, "igrejas" são encaradas e geridas como se fossem empresas, verdadeiras máquinas de fazer dinheiro. Fundar "igreja" e se intitular a si mesmo de "bispo" é talvez o charlatanismo mais rentável de todos! Exemplos de patifes que amealharam imensas fortunas usando o santo Nome de Deus em vão e corrompendo o Evangelho são bem conhecidos. Infelizmente, pessoas ingênuas e desesperadas, sem nenhum conhecimento da fé e da verdadeira Igreja, nunca faltaram. A responsabilidade por essa situação, em parte é dos próprios presbíteros e bispos atuais, mas este é um outro problema muito vasto, que não nos compete analisar. Um dia, cada um de nós prestará contas diante do Justo Juiz. Por isso, católico, é de suma importância que você conheça o nosso passado, as nossas raízes, a história da verdadeira Igreja, e que preserve a memória cristã.
Em resumo, fora da sucessão regular dos Apóstolos não há verdadeiro episcopado, não há verdadeiro ministério, não há bispos e, menos ainda, "apóstolos". Não há Igreja de fato. Por esta razão, os chamados “bispos evangélicos" não são bispos, e suas “igrejas” não são igrejas. Dizer isto não é ser intolerante, nem rigoroso, nem grosseiro. É apenas e simplesmente falar a verdade. Ou será que para sermos gentis e tolerantes deveríamos ser coniventes com a mentira?
Já está mais do que na hora desses nossos irmãos saírem de sua falsa “redoma bíblica” e procurarem conhecer a verdadeira fé cristã, dos primeiros séculos, dos tempos em que a Bíblia Sagrada ainda nem estava definida, e que é a mesma fé de hoje e de sempre. Os que assim fizeram acabaram retornando para a primeira e única Igreja de Cristo, como aconteceu neste caso e em muitos outros. –Pois Jesus é a Verdade, e Ele é o mesmo ontem, hoje e sempre. O que sempre foi Verdade não pode ser mentira agora.
Peçamos a Deus que nossos irmãos separados ditos "evangélicos" sejam libertos do subjetivismo e do engano. E que mais e mais católicos busquem conhecer melhor o tesouro que possuem na Igreja Católica, e deem o seu testemunho sempre que tiverem oportunidade para tanto.
__________ [1] INÁCIO, de Antioquia. Padres Apostólicos - Carta aos Romanos. Tradução de Ivo Storniolo e Euclides M. 2ª. Edição. São Paulo: Paulus, 1995. (Patrística; 1). p. 103-108;
[2] CLEMENTE, Bispo de Roma. Padres Apostólicos, Primeira Carta de Clemente aos Coríntios. Tradução Ivo Storniolo, Euclides M. Balancin. São Paulo: Paulus, 1995. (Patrística, 1). p. 5-70;
[3] EUSEBIO, Bispo de Cesaréia. História Eclesiástica. Tradução Monjas Beneditinas do Mosteiro de Maria Mãe de Cristo. São Paulo: Paulus, 2000 (Patrística; 15).
EM UMA IGREJA desta pobre Itália, dia 1º de janeiro o sacerdote local, na homilia para celebrar a jornada da paz (como se faz a cada ano desde o pontificado de Paulo VI), citou um livro escrito por um “missionário” na Turquia sobre as boas relações entre muçulmanos e os pouquíssimos católicos daquela terra.
Eis o fato: os missionários têm uma bela igreja, visitada pelos turistas de todas as religiões. Uma manhã chega um grupo de meninos, todos muçulmanos, acompanhados pela professora deles. Visitam a igreja. Explica-lhes tudo. Depois deixa-se entrevistar pelos meninos desejosos de mais informações.
Um deles diz: “No Corão também se fala de Jesus: para nós é um profeta que viveu antes de Maomé”. O missionário: “Oh, certamente! Jesus é um profeta também para nós. Logo, podemos ser amigos”. O menino: “Mas Maomé superou Jesus”. Silêncio. Depois o menino continua: “É verdade que Jesus, no fim do mundo, se fará muçulmano?”.
O missionário pergunta: “Mas tu sabes que significa ser muçulmano?”. O menino: “Muçulmano, “muslin”, significa submisso, submisso a Deus, a Alá”. O padre: “Ó meu caro, quem é mais submisso a Deus que Jesus? Ele é em tudo submisso a Deus; portanto, vós sabeis que é como se fosse muçulmano”.
Os meninos partiram satisfeitos com essas palavras: agora sabem que Jesus é como eles, já é um convertido ao Islão. Vejam que vitória para eles!
O padre, depois de ter lido o episódio do livro do missionário na Turquia, comenta: “Vejam como é possível haver entendimento, como se pode promover a paz. Como se pode ser amigo, em comunhão entre nós. Basta o entendimento”.
Os fiéis presentes à missa estão perplexos. Alguns saem da igreja, como o subscrito. Outros entreolham-se estarrecidos. Nosso Senhor Jesus, o Filho unigênito de Deus feito homem para redimir-nos e merecer-nos a graça divina e o paraíso, o único Salvador do mundo – ouvi, ouvi!- converteu-se em muçulmano!
Mas isto é uma blasfêmia, seja quem for que a diga. Em outros tempos, um padre assim teria sido despachado, segregado de qualquer contato com a grei dos fieis de Jesus Cristo, para não lhes fazer maior dano.
Hoje, ao contrário, é normal dizer blasfêmias desse jaez do púlpito. Não há palavras para comentar. São os frutos podres do ecumenismo. Estamos em pleno sincretismo, em plena apostasia. Tal missionário e tal padre deveriam ser denunciados. Mas a quem? Quem hoje intervirá para conter o desastre permanente a que assistimos?
No entanto, cumpre levantar a voz! Fazer sentir que ao menos um “pequeno resto” de católicos não aceita que se trate assim a Jesus, o Homem-Deus, Ele que é a única Verdade, a única Via, a única Vida e “ninguém vai ao Pai senão por Ele (Jo 14,6). Não há outro nome, afora o Nome de Jesus, dado aos homens, pelo qual sejamos salvos” (At 4,12): palavra de Pedro, o primeiro papa, ainda em Jerusalém, quando não era “bispo de Roma”.
Caro SISINONO, guardemos a fé e abracemo-nos à Cruz de Jesus, sem jamais a deixar. Se outros o destronaram até esse ponto, nós queremos coroá-lo da glória divina, que só Ele merece.
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** Nota da Assoc. Laical São Próspero – Esta carta tão bela, triste e repleta de ira santa nos faz lembrar de uma antiga história, catequética, contada para fazer entender o que significa ser verdadeiramente cristão:
Um belo dia, um homem que estava indeciso quanto a converter-se ou não à Igreja de Cristo, sonhou que estava assentado em cima de um muro. Ao seu lado direito via um anjo, e ao seu lado esquerdo, um demônio. O homem queria saltar para o lado do anjo, luminoso, belo, cheio de uma expressão amorosa, mas sabia que para tanto precisaria abrir mão se uma série de pequenos prazeres, de alguns vícios que ele até então cultivara com carinho, de certas delícias às quais estava muito apegado. Olhava então para o lado do asqueroso demônio, mas sabia que saltar para o seu lado significava por em risco sua alma... Indeciso estava, e o anjo, percebendo sua hesitação, instava e lhe pedia a todo instante: "Venha para o meu lado, o lado de Nosso Senhor, da Santíssima Virgem e dos santos e anjos de Deus! Ganharás a felicidade eterna se vieres para este lado! Venha, as alegrias do mundo são passageiras como brisa, não valem a pena! Venha! Venha!", e não parava de insistir. Já o demônio se mantinha calado, apenas rondava, e ostentava uma expressão de satisfação... Intrigado, depois de algum tempo, o homem perguntou ao servo de Satanás: "Por que não me convidas também a decidir pelo teu lado, como faz o anjo?". E o demônio lhe respondeu: "Ora, porque você já está do meu lado. O muro é meu; todos os que permanecem em cima dele pertencem ao meu senhor."! Ou se está a favor da Verdade ou contra ela. Ou se está a favor do Cristo ou contra Ele. Não há terceira opção: não se pode aceitar o erro para ficar bem com todos. Não é possível ser católico e irenista ao mesmo tempo.
RECEBEMOS DE UM LEITOR que se identifica apenas como "Felipe" a seguinte mensagem:
“Sou católico fervoroso, mas não consigo entender: se Jesus me fez livre dos pecados no dia da salvação e livre para adorá-lo, porque nao posso adorá-lo com minhas palmas? Qualquer forma de adoração é aceita por Deus, desde que parta do profundo do coração. Isso é ridículo! Davi louvava a Deus das maneiras mais liberais que já se viram! Se Deus criou minhas mãos e me deu capacidade de bate-las porque não posso usar isso como adoração. Eu não posso nem dizer que isso é um atraso, isso é antibíblico! Os salmos falam sobre o louvor com os instrumentos, entre eles de repercussão e com as danças. Portanto Deus gosta do louvor como é o melhor da pessoa.
'Aleluia. Louvai o Senhor em seu santuário, louvai-o em seu majestoso firmamento. Louvai-o por suas obras maravilhosas, louvai-o por sua majestade infinita. Louvai-o ao som da trombeta, louvai-o com a lira e a cítara. Louvai-o com tímpanos e danças, louvai-o com a harpa e a flauta. Louvai-o com címbalos sonoros, louvai-o com címbalos retumbantes. Tudo o que respira louve o Senhor!' (Salmos 150:1-6)
Se o melhor que a pessoa pode dar é o rap, Ele aceita o rap, se o melhor que a pessoa pode dar é o rock, Ele aceita o rock, se o melhor que a pessoa pode dar é a palma, Ele aceita as palmas,se o melhor da pessoa é a dança, Ele aceita a dança . Ele dá liberdade de adoração, não consigo me conformar com essa ideia de que barulho atrapalha, se Ele criou o barulho ele também gosta do barulho!"
A Paz de Nosso Senhor Jesus Cristo, Felipe, e Salve Maria! Seu comentário é muito oportuno, porque você conseguiu reunir nele, praticamente, todos os argumentos dos que são favoráveis às palmas, danças, batucadas e todo tipo de "inovações" e modernismos na Celebração Eucarística. E como é comum à maioria daqueles que compartilham das suas convicções, a paixão e a emoção tomam conta da razão; tanto que, logo no começo, você já chama todos os que não compartilham do seu pensamento de “ridículos”.
Então, antes de tudo, peço um pouco de calma da sua parte. Peço que respire fundo, suplique pela orientação do Espírito Santo e leia esta nossa resposta inteira (que ficou longa, mas, espero em Deus, não cansativa). Tenho certeza de que, se fizer isso, você vai compreender a questão. Num primeiro momento você pode optar em permanecer firmemente apegado às suas convicções. Mas você vai entender. Bem, como você elencou uma série de argumentos, para organizar o raciocínio e facilitar a compreensão, optamos por dividi-los e respondê-los um de cada vez, num total de oito pontos-chave. Vamos lá:
1) Católicos de pensamento ‘protestantizado’
Em primeiro lugar, perceba que o seu pensamento foi ou está totalmente “protestantizado”. Infelizmente, o crescimento das seitas pentecostais no Brasil anda levando muitos católicos a assumir determinados princípios 100% protestantes e, muitas vezes, mesmo anticatólicos. Muita gente anda, sem querer, caindo nessa sutil armadilha. Você ouve uma afirmação num programa de TV aqui, o seu amigo repete uma outra afirmação ali... E, quando dá pela situação, você também já está defendendo aqueles mesmos pontos de vista. Aquele jeito de entender as coisas entrou e instalou-se no seu subconsciente, sem você perceber.
É o caso de elevar a Bíblia Sagrada à categoria de "única regra de fé e prática" para o cristão: se algo está escrito literalmente na Bíblia, vale; se não está escrito literalmente na Bíblia, não vale. Este é um princípio protestante totalmente contrário à fé da Igreja Católica. Podemos dizer que é este o grande dogma das igrejas ditas "evangélicas", e um dogma completamente contraditório, pois contraria à própria Bíblia, levando incontáveis almas à perdição. Por quê? Porque qualquer pessoa pode pinçar determinadas passagens da Bíblia para legitimar praticamente qualquer coisa, até mesmo os crimes mais hediondos.
Veja por exemplo o caso do empresário e autoproclamado "bispo" Edir Macedo, líder e fundador da "igreja universal do reino de deus" (que recentemente se candidatou, também por conta própria, a 'sucessor de Moisés'): ele usa trechos bíblicos até para defender o aborto (quem duvida, veja aqui)! Para aqueles "evangélicos" de outras denominações que não aceitam tal absurdo, Macedo apela para o "embasamento bíblico": ele cita o dizer do Senhor Jesus quando sentou-se à mesa com seus discípulos para celebrar a última Ceia: “Ai daquele homem por quem o Filho do Homem é traído! Seria melhor para esse homem que jamais tivesse nascido!” (Mt 26,24).
Sim. De tão absurdo, o argumento torna-se ridículo, chega a parecer piada; infelizmente, não é. A interpretação do "bispo" Macedo é, simplesmente, de que seria melhor se Judas tivesse sido abortado: logo, devemos liberar a lei para que as mulheres abortem à vontade. Claro que ele não considera o fato de que a santíssima Virgem, que por estar grávida sendo solteira e prometida a José, correu risco de vida para dar à luz o Salvador do mundo. Naquela cultura, Maria poderia ter sido apedrejada. Agora imaginemos o que teria acontecido se ela tivesse resolvido também usar o seu "direito de mulher", apelado para essa tal "responsabilidade social" e abortado Jesus Cristo!
Campanha pró-aborto da Record de Edir Macedo
Evidentemente, para destruir de uma vez a ideia de que o aborto possa ser defendido por um cristão, usar a Bíblia é ainda mais simples. Basta citar, por exemplo, Êxodo 20,13: "Não matarás". Melhor ainda seria lembrar o que diz o Salmo 138: "Fostes Vós que plasmastes as entranhas de meu corpo, Vós me tecestes no seio de minha mãe. Sede bendito por me haverdes feito de modo tão maravilhoso!" (13-14). Temos nós o "direito" de ceifar, no ventre da mãe, aquela vida humana que, como diz a Bíblia, Deus mesmo formou? "Antes que no seio de tua mãe fosses formado, Eu já te conhecia; antes de teu nascimento, Eu já te havia consagrado, e te havia designado profeta das nações." (Jr 1,5).
É um fato indiscutível que a Bíblia pode ser usada por pessoas mal intencionadas ou simplesmente ignorantes. Veja no vídeo abaixo mais um exemplo do que acontece quando é posta em prática a ideia de que qualquer pessoa pode interpretar a Bíblia por conta própria e se autoproclamar "pastor" (ou 'bispo' ou 'apóstolo')":
"Gostaria que alguém me 'provasse biblicamente' que um homem não pode ter mais de uma mulher", diz o "pastor"... Pois é. Para essas pessoas, tudo precisa ser "provado biblicamente", tudo precisa ter "base bíblica". Mas como é que se "prova biblicamente" alguma coisa, se todo texto, mesmo o Texto Sagrado, divinamente inspirado, está sujeito à interpretação humana? Edir Macedo acha que "provou biblicamente" que o aborto é da Vontade de Deus. O "pastor" do vídeo acima acha que deveria fazer sexo com a esposa de outro homem porque a Bíblia lhe diz que deveria fazê-lo, e está bem disposto a esse grande sacrifício...
Eu poderia encher muitas e muitas páginas com exemplos como esses. Usando a Bíblia, milhares de denominações ditas "evangélicas" se contradizem, e cada uma prega uma doutrina completamente diferente da outra. Umas ensinam que o divórcio é lícito, outras dizem que não, umas ensinam que sem o Batismo ninguém se salva, outras dizem o contrário, umas pregam a famigerada "teologia da prosperidade", outras a condenam como doutrina do demônio; umas aceitam relações homossexuais, e já vemos até igreja de "pastores gays", com cerimônia de casamento própria e tudo (veja aqui).
Por tudo isso é que a Bíblia também afirma claramente: "Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação particular" (2Pd 1,20). – As Sagradas Escrituras não foram produzidas segundo a interpretação particular de ninguém, mas são fruto da Revelação divina: do mesmo modo, não podem ser interpretadas de modo particular.
Penso mesmo que essas palavras tão explícitas, tão diretas e tão categóricas, deveriam ser pintadas em letras garrafais nas fachadas de todas as "igrejas evangélicas" do mundo: "ANTES DE TUDO, SABEI QUE NENHUMA PROFECIA DA ESCRITURA É DE INTERPRETAÇÃO PARTICULAR!" Alguém deveria entrar no meio dos cultos com um megafone na mão, gritando a plenos pulmões: "ANTES DE TUDO, SABEI QUE NENHUMA PROFECIA DA ESCRITURA É DE INTERPRETAÇÃO PARTICULAR!"...
Não pretendo desrespeitar o direito de liberdade religiosa, e não o digo por algum sentimento ruim, mas porque não me conformo com o grau de alienação das pessoas que colocam o Livro (Bíblia) acima do próprio Autor do Livro (a Igreja, que é o Corpo de Cristo, inspirada pelo Espírito Santo). Sim, porque não existe Bíblia cristã sem o Novo Testamento, que é a consumação do Antigo, e todo o Novo Testamento foi produzido, canonizado, preservado e traduzido pela Igreja Católica.
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Por que nos demoramos tanto na questão da protestantização de católicos e na doutrina herética do sola scriptura (só a Bíblia), demonstrando a facilidade com que se usa a Bíblia para justificar os maiores absurdos teológicos? Porque sem perceber, Felipe, você está enveredando pelo mesmo caminho. Seguindo a mesma linha de raciocínio, argumenta que algo que Davi fazia, há milênios –, antes da Nova e Eterna Aliança em Cristo –, nós também podemos e até devemos fazer, hoje, na Santa Missa. Por quê? Ora, porque está na Bíblia... Logo, dizer o contrário seria "antibíblico" (uma expressão 100% protestante).
Bem, Felipe, se você é realmente um “católico fervoroso”, como se declara, deveria saber que essa não é e nem nunca foi a doutrina católica. Nós não nos baseamos exclusivamente naquilo que está literalmente escrito na Bíblia para saber o que convém e o que não convém, o que é certo e o que é errado. Isto é heresia! Quem começou com essa história foi Lutero, com a sua tese do "livre exame das Escrituras", segundo a qual qualquer pessoa pode ler e interpretar a Bíblia por conta própria, sem a orientação do Magistério da Igreja (indo claramente contra 2Pd 1,20, como acabamos de ver). O resultado aí está: os falsos profetas fizeram a festa! Sim, reduzir o cristianismo a "religião do livro" gerou o caos, e este é um fato que todo católico deve saber de cor.
Davi decepa a cabeça de Golias - Gustave Doré
2) Os atos do Rei Davi servem de exemplo para os cristãos?
Além de tudo, se nós fôssemos hoje fazer o que fazia o Rei Davi, como você propõe... O que seria de nós!? Você por acaso já leu o Antigo Testamento? A grande verdade é que a vida de Davi não serve de exemplo para cristão algum, aliás muito pelo contrário.
A Bíblia mostra claramente a conduta do rei Davi: entre muitas outras “peripécias” ele mandou matar Recabe e Baaná, mandou cortar suas mãos e seus pés e pendurar seus corpos sobre um tanque (2Sm 4,12). Ele também matou mais de 40.000 sírios (2Sm 10,18), 22.000 arameus (2Sm 8,5) e 18.000 edomitas no Vale do Sal (2Sm II 8,13), fazendo dos sobreviventes escravos. Davi mutilava até os cavalos dos seus inimigos, cortando-lhes os tendões (2Sm II 8,4)!
Talvez pior do que tudo isso, Davi cobiçou a esposa de Urias, que era seu servo fiel, e adulterou com ela. Depois, armou um plano maquiavélico para matar Urias, de forma que pudesse ficar com a sua esposa. – Tudo isso fez Davi, além de louvar a Deus "das formas mais liberais", como você diz. Será mesmo que devemos fazer tudo o que ele fez?
Evidentemente, tudo o que expusemos acima se enquadra num contexto específico, numa cultura e num tempo histórico completamente diferentes do nosso. Davi, mesmo errando, pecando, tropeçando e caindo, nunca abandonou a Deus, nunca deixou de pedir a Deus, de cantar o Amor divino e confiar nEle. – O Antigo Testamento não é como um romance, um livro de histórias para qualquer pessoa ler sem orientação, sem a correta compreensão dos seus sentidos, contextos e significados. Acima de tudo, todos os atos de Davi pertencem a um tempo passado, o tempo da Antiga Aliança. – Na história de sua vida, podemos ver o desenrolar da aventura humana, com as fraquezas e forças que permeiam as nossas vidas, com os seus momentos de alegria, de dor, de fidelidade e de queda.
O nome do rei Davi é citado em vários livros da Bíblia, mas é importante ressaltar que o ponto mais importante da sua história é a profecia de Natã, de que o Trono de Jerusalém seria ocupado pelo Messias (Rei Ungido), da família de Davi. Esta profecia teve seu pleno cumprimento em Jesus, o Cristo Rei dos reis. Os Evangelhos, ao apresentarem Jesus como descendente de Davi, mostram que é Ele o Messias esperado, que veio ao mundo para resgatar os homens. Que grande glória para qualquer rei deste mundo!
Mas nada disso muda o fato de que Davi foi um grande pecador e pecou muito. Insisto, então, na pergunta: Devemos fazer tudo o que ele fez? O fato de a Bíblia citar algum gesto seu serve como atestado de que todo o povo cristão deva fazer o mesmo? A resposta é um claro e objetivo Não.
3) A Igreja Católica
O mais importante, para todo católico, é compreender a importância fundamental da Igreja, que segundo a própria Bíblia “é a Casa do Deus Vivo, a coluna e o sustentáculo da Verdade” (1Tm 3,15). No sentido bíblico do NT, a Igreja é a Morada e também a Família de Deus (cf. Nm12,7; Hb 3,6; 10,21; 1Pd 4,17), além de ser a Fortaleza em que foi depositada e em que se conserva solidamente o Evangelho que salva. Entende isto?
É esta mesma Igreja que você acusa de ser "atrasada" e "antibíblica"! Você diz: “não posso nem dizer que isso é um atraso, isso é antibíblico!”. Assim você cita o Salmo 150 para confrontar o Magistério e a Tradição da Igreja! Fica mais do que nítido que você se declara católico mas age como protestante. Daí para dizer que a Bíblia não fala em Papa, não fala na intercessão dos Santos, não fala que Maria é Nossa Senhora... são só mais alguns passos. De fato, a Bíblia não fala nada disso, pelo menos não literalmente. Mas todos esses fatos estão implícitos na Escritura, para todo aquele que é realmente cristão, e não um mero seguidor da “religião do livro”.
Se o Salmo 150, segundo o seu ponto de vista, atesta que na Missa vale bater palmas, dançar e tocar todo tipo de instrumentos, eu apresento para você o capítulo 14 da Carta aos Coríntios, o qual São Paulo Apóstolo encerra dizendo que "tudo, no culto a Deus, deve ser feito com decoro e decência" (1Cor 14,40).
Não preciso dizer que a ordem de São Paulo é infinitamente mais adequada ao assunto que estamos discutindo do que o Salmo, pois os salmos foram produzidos muitos séculos antes de Cristo (alguns deles são provavelmente anteriores a 1700 aC), num determinado contexto histórico, a partir de uma cultura específica e para um povo de características muito próprias. Já a carta de São Paulo se ambienta na realidade do cristianismo nascente e trata especificamente das reuniões da Igreja, das práticas, do culto a Deus e dos carismas de uma comunidade cristã.
Como mostrei antes, se você apresenta uma passagem da Bíblia para me provar uma coisa, eu sempre posso apresentar uma outra para provar o contrário. Portanto, não é baseado exclusivamente num trecho da Bíblia que nos posicionamos contra as palmas, danças, batucadas e "invencionices" na Santa Missa. É porque a Igreja –, Corpo de Cristo, Esposa do Espírito Santo, Coluna e Sustentáculo da Verdade, autora e doadora da Bíblia Sagrada e fiel depositária das Verdades do Evangelho –, assim nos orienta.
4) A Santa Missa: Renovação do Sacrifício do Calvário
A Bíblia não diz, ipsis literis (isto é, não diz literalmente), que a Missa deve ser celebrada com respeito, embora o faça implicitamente. Mas a Igreja diz literalmente o que é óbvio, já que a Celebração Eucarística é a Renovação do Sacrifício de Nosso Senhor, e isso não é a nossa opinião, mas está nas próprias Escrituras e em todos os documentos oficiais da Igreja: "Todas as vezes que comerdes deste Pão e beberdes deste Cálice, anunciareis a Morte do Senhor, até que Ele venha" (1Cor 11, 26).
O novo Missal Romano de João Paulo II atesta a mesma realidade (atenção às partes destacadas em negrito):
“A doutrina sacrifical da Missa, solenemente afirmada pelo Concílio de Trento, de acordo com toda a Tradição da Igreja, foi professada de novo pelo Concílio Vaticano II, que emitiu, a respeito da Missa, estas palavras significativas: 'Nosso Salvador, na última Ceia (...) instituiu o Sacrifício Eucarístico de seu Corpo e de seu Sangue para perpetuar o Sacrifício da Cruz ao longo dos séculos, até que Ele venha e, além disso, para confiar à Igreja, sua esposa bem amada, o memorial de sua Morte e Ressurreição'.".
“A regra de oração (Lex Orandi) da Igreja corresponde à sua constante regra de Fé (Lex Credendi); esta nos adverte que há identidade entre o Sacrifício da Cruz e sua Renovação Sacramental na Missa que Cristo Senhor instituiu na última ceia, e que ele ordenou a seus Apóstolos de fazer em sua memória; e que, por consequência, a Missa é sempre conjuntamente um Sacrifício de louvor, de ação de graças, de propiciação e de satisfação." (Apresentação Geral do Missal Romano de João Paulo II nº 2).”
Na Missa, estamos diante do Sacrifício de Jesus na Cruz. Eis a questão. Você está vendo a Missa como uma "festinha", um encontro de irmãos para louvar o Senhor, e nada mais. Esta compreensão é completamente equivocada e precisa ser revista com urgência. – A Missa é a renovação incruenta da morte horrenda que Nosso Senhor enfrentou por amor a todos nós! Agora me responda: como é que eu posso me portar respeitosamente diante da Celebração deste Sacrifício batendo palmas, dançando, berrando, batucando, seguindo coreografias ao som de instrumentos como guitarras e baterias tocadas no volume máximo?
5) A importância fundamental do silêncio e da contemplação
Outro ponto essencial: você sabe o que é um diálogo? É uma troca de mensagens entre duas pessoas. Por isso é que se chama diálogo: eu falo e também escuto. Quando o meu interlocutor sabe mais do que eu, quando ele é maior do que eu, intelectual ou espiritualmente, o ideal é que eu fale menos e escute mais, porque é ele quem tem mais a dizer. Se eu falo o tempo todo, se só eu me expresso sem pausa, se não faço silêncio para ouvir o que o meu interlocutor tem a me dizer, eu apenas desabafo, "jogo para fora" os meus pensamentos, fantasias e ansiedades. Não aprendo nada, não cresço nada, não ganho nada.
Na Santa Missa, o diálogo é com Deus. Imagine estar diante de Deus e não fazer silêncio para ouvir a Mensagem divina, mas ficar o tempo todo pulando e cantando, só EU sendo o centro de mim mesmo, não dando espaço nem tempo para o Criador. Que desperdício... Que tolice!
6) Para tudo o seu tempo certo
Até agora eu banquei o "chato". Fui crítico e pareci "azedo": você deve estar me imaginando como um velho amargo. Você deve ser um jovem cheio de sonhos, cheio de energia e vontade de gritar bem alto o seu amor a Deus, a sua vontade de encontrá-Lo, de estar perto d'Ele, de receber a sua Graça... Você quer a vida eterna e quer ser feliz agora, já! Você acha cansativa a "velha" celebração da Santa Missa, à maneira tradicional. Você vê aquela seriedade toda como coisa antiga, ultrapassada. Como você disse, "um atraso". Por quê não se expressar com alegria, com júbilo, livremente?
A última parte da sua mensagem é especialmente interessante: "Se o melhor que a pessoa pode dar é o rap, Ele (Deus) aceita o rap, se o melhor que a pessoa pode dar é o rock, Ele aceita o rock, se o melhor que a pessoa pode dar é palmas, Ele aceita as palmas, se o melhor da pessoa é a dança, Ele aceita a dança. Não consigo me conformar com essa ideia de que barulho atrapalha. Deus criou o barulho, Ele também gosta do barulho"...
Bem, Deus criou todas as coisas boas, mas para tudo há um momento certo. Deus criou o sexo, que por certo é uma coisa boa; tão boa que é por meio dele que se dá a continuação da humanidade. Mas Deus também determinou que nós não devemos fazer sexo com qualquer pessoa, isso não é verdade? Existem certas condições para usufruirmos desta dádiva. Mesmo o sexo sendo criação de Deus, nós não vamos fazer sexo na igreja. Ou será que você acha que Deus aceitaria isso, também?
Do mesmo modo, Deus criou a música, mas é fácil perceber que nem toda música é adequada no culto a Deus. Nem todo tipo de música se enquadra naquilo que a Igreja recomenda: que o culto a Deus seja prestado, como determinou o Apóstolo São Paulo, com decoro e decência.
Vejamos o ritmo que a juventude do Brasil (lamentavelmente) elegeu como favorito nos dias atuais: o famigerado funk. Já para começar a discutir, precisamos reconhecer que é no mínimo controverso afirmar que aquilo seja "música". Bach deve tremer no túmulo a cada vez que alguém diz que funk é música...
Brincadeiras à parte, o funk é mais uma batida, uma cadência, do que propriamente música. E eu não estou questionando esse ritmo enquanto expressão cultural, até porque este não é o meu papel. Mas aqueles que gostam, nem que seja por puro bom senso, precisam reconhecer que esse tipo de barulho não se presta à Celebração Eucarística.
Para falar a Deus precisamos de um tipo de música que facilite a contemplação, a elevação da alma, a oração, o amor puro e santo. E aí você poderá me responder: "Mas eu consigo elevar o pensamento a Deus ouvindo funk, rap ou forró". E eu lhe responderia: se você consegue fazer isso, ótimo, mas você também tem a obrigação cristã de compreender que nem todos tem essa mesma capacidade. Posso lhe garantir que a maioria dos seres humanos se relaciona melhor com Deus por meio de um tipo de música mais calma, introspectiva. A igreja do Mosteiro de São Bento de São Paulo, todos os domingos, fica lotada, de pessoas que em sua maioria vêm de muito longe e se dispõem, em plena manhã de domingo, à chateação de ir até o centro da cidade, apenas para ver a Missa sendo dignamente celebrada, na sua forma tradicional, com o canto gregoriano, que é sagrado, que tem uma longa história, que foi apreciado pela maioria dos santos que conhecemos.
A ciência diz que, biologicamente, nenhum ser humano saudável é capaz de permanecer indiferente a qualquer tipo de música, sabia disso? “A música é capaz de mudar a frequência das ondas cerebrais. Já foi provado, por exemplo, que clássicos de compositores como Bach, Beethoven e Mozart deixam as ondas cerebrais com o mesmo comportamento do de um indivíduo em repouso”, afirma Luiz Celso Vilanova, neurologista e professor da Unifesp. “Esse estado é chamado ritmo alfa e ocorre quando a pessoa está muito relaxada ou não está pensando em nada”.[1] Por causa disso, quem gosta de "barulho", como você diz, deve no mínimo ter consideração e respeitar os que não gostam, os que se incomodam.
De fato, a Missa não é momento para ninguém impor seus gostos pessoais sobre as outras pessoas, mas sim de comunhão, de fraternidade, de compartilhar uma mesma santa devoção. E esse sentimento é de adoração, de respeito profundo. Determinados tipos de música, por si mesmos, são inadequados para a Celebração Eucarística, porque levam o espírito humano a um estado que não é compatível com o seu significado e o seu sentido.
Também o forró, por outro exemplo, pode ser muito bom (para quem gosta) numa festa junina, num baile, numa situação específica. O mesmo vale para o sertanejo, o samba, o rock, o rap... Não estamos afirmando que na Missa só é possível o canto gregoriano, mas sim que a música na Missa precisa ser litúrgica, e na música litúrgica não vale tudo; ela tem características próprias.
Assim, não é que você não possa se expressar ou se alegrar na Missa. Mas você precisa se adaptar ao que ela é, ao que ela sempre foi. Se a Igreja é santa, e ela sempre celebrou assim, então é preciso saber respeitar isso. A Igreja não segue os modismos do mundo; ela está acima do mundo. Quando você entra na Igreja, deve deixar o mundo para trás, esquecer de si mesmo e buscar o Céu. O Santo Sacrifício não é um show, uma reunião social, uma festa de confraternização. Seja humilde, deixe seus gostos e preferências pessoais de fora e adapte-se à santidade e a reverência deste momento, e assim você compreenderá.
7) A simples solução
Finalizando esta reflexão, esclareço que existe uma solução muito simples e bem fácil para conciliar o jeito de ser deste povo brasileiro – sempre tão alegre e expansivo – por vezes incompatível com a sacralidade da Celebração Eucarística, e o desejo de adorar e louvar a Deus com liberdade: se você gosta de se expressar com louvores gritados, música agitada, tocada com instrumentos no volume máximo e liberdade de expressão total... Procure um grupo de oração da Renovação Carismática Católica (RCC). Ali você poderá dar vazão a toda essa energia da juventude que lhe sobra. Mas não deixe de ir à Missa, compreendendo que aquela é uma outra realidade, completamente diferente. Assim tudo se resolve.
Os problemas começam quando tentam-se impor os usos e costumes dos grupos de oração carismáticos na celebração da Santa Missa. Nos primeiros tempos, lideranças da RCC tentavam por força incorporar os seus novos costumes à Celebração Eucarística; nos últimos anos, graças a Deus, pouco a pouco muitos deles vêm compreendendo o quanto é importante saber observar as diferenças.
8) Resumo de tudo o que foi dito
a) A Sola Scriptura, doutrina segundo a qual a Bíblia é a única regra de fé e prática para o cristão, é totalmente anticatólica e também antibíblica. Nenhum católico pode justificar pontos de vista contrários à doutrina da Igreja usando passagens bíblicas isoladas, interpretadas de modo particular. Logo, não é porque algum personagem bíblico fez ou disse alguma coisa, que isso sirva de regra para a Igreja.
b) A Igreja é o Corpo Místico de Cristo, do qual o Senhor mesmo é a Cabeça. A Igreja é a Esposa do Espírito Santo, é a Coluna e o Sustentáculo da Verdade, e a própria Escritura atesta todas estas verdades. A Igreja é a autora e a doadora da Bíblia Sagrada dos cristãos e fiel depositária das Verdades do Evangelho; assim nos conduz e orienta no Caminho, que é Cristo. É pela Igreja que recebemos a salvação e o Espírito Santo, por meio dos Sacramentos que nos ministra. Todo verdadeiro católico têm a Santa Igreja por mãe e mestra, pois a sua orientação é sempre segura, independentemente dos erros de padres, bispos ou mesmo de papas, sujeitos ao erro (o papa só é infalível quando se pronuncia nas condições Ex-Cathedra. – veja aqui).
c) A Santa Missa não é somente um encontro de irmãos para louvar a Deus. É infinitamente mais do que isso: a Celebração Eucarística é a Renovação do Sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo na Cruz do Calvário. Por isso é que nesse momento não cabem palmas, danças, músicas excessivamente alegres ou dançantes, nem gestos de euforia.
d)Se eu me sinto bem pulando, berrando e dançando no louvor a Deus, em primeiro lugar preciso ter consciência de que a Missa não é lugar para isso, nem que seja por respeito aos irmãos que não compartilham das mesmas preferências. Para esse tipo de expressão, existem os grupos de oração da RCC.
** Se você leu até o final esta resposta, prezado Felipe, agradeço-lhe e dou especiais graças a Deus. Que Nosso Senhor o abençoe, hoje e sempre, e Maria Santíssima o acompanhe na caminhada.
____ 1. SAGARIONI, Mariana. A ciência de viver bem, São Paulo: Abril, 2005, disp. em:
http://super.abril.com.br/ciencia/a-ciencia-de-viver-bem/
Acesso 20/4/010 ofielcatolico.blogspot.com
JOHN HENRY Newman nasceu em Londres (1801) e faleceu em Edgbaston (1890). Foi um sacerdote da Igreja Anglicana que, por meio de uma busca profundíssima, no estudo, na oração, na meditação e contemplação das coisas de Deus, terminou por ingressar à Casa de Deus e integrar o Corpo Místico de Cristo, a Igreja Católica.
O grande cardeal Ratzinger, no ano 1990, escreveu, com o habitual brilhantismo, a propósito do centenário da morte de Newman: “Foi sua consciência que o conduziu, dos antigos laços e das antigas certezas, para o difícil e estranho mundo do catolicismo”. Vinte anos depois, em 2010, o mesmo Ratzinger, então Papa Bento XVI, beatificou o Cardeal Newman em Coventry, Grã-Bretanha, aos 19 de setembro, durante sua viagem à Inglaterra.
Como bom pensador, Newman viveu a sua fé de maneira inquieta, como quem procura incessantemente o autoaprimoramento e não se contenta com menos que a Verdade (que é o próprio Cristo), e em suas inquietações sempre estiveram entrelaçadas fé e razão. À época da beatificação do Cardeal inglês, a escritora italiana Cristina Siccardi, autora do livro "Nello specchio del cardinale Newman" (No espelho do Cardeal Newman, 2010, ed. Fede e cultura), que escreve também para vários meios de comunicação católicos da Itália, concedeu entrevista à agência Zenit, na qual revelou diversas facetas interessantes a respeito de seu biografado. Reproduzimos, a seguir, a atemporal entrevista:
A infância de Newman
John Henry Newman era o primogênito dos seis filhos do casal John Newman e Jemina Fourdrinier. Nasceu em Londres e foi batizado na Igreja anglicana de Saint Bennet Fink.
Seu pai, um homem empreendedor, foi subindo de posição social até que se tornou banqueiro. Mas depois de vários anos de êxito, veio a derrocada. Foi o próprio John Henry que teve de manter toda a sua família quando frequentou a Universidade de Oxford.
“Fui educado durante minha infância para ter o grande prazer de ler a Bíblia, mas não tive sólidas convicções religiosas até os 15 anos”: assim Newman abriu o segundo parágrafo de sua obra-prima, intitulada Apologia pro vita, a história de suas convicções religiosas, que escreveu em 1864 para combater quem, à raiz de sua conversão, o atacava ferozmente.
Um dia, na ermida de Littlemore, onde se converteu, encontrou e folheou um velho caderno seu de escola. Na primeira página encontrou, maravilhado, um emblema que lhe cortou a respiração: tinha desenhado a figura de uma cruz robusta e, atrás, uma figura que representava um rosário com uma pequena cruz unida a este. Naquele momento tinha só dez anos. Estas imagens não teriam por que terem sido desenhadas a lápis por Newman, devido à aversão que os protestantes têm às imagens sacras.
Newman e os Padres da Igreja
No ano 1826, quando ainda era anglicano, Newman decidiu estudar com um método sistemático os Padres da Igreja (a Patrística), e (como ocorre no caso de diversos protestantes que se convertem ao catolicismo) nasceu daí um grande amor. Em primeiro lugar, examinou-os sob a ótica protestante; depois, em 1835 e 1839, retomou o estudo a partir de uma ótica mais parecida com a do catolicismo (ainda que ele não o soubesse).
Em uma carta a seu amigo Pusey, Newman disse: “Não me envergonho de basear-me nos Padres, e não penso em de forma alguma me afastar deles. A história dos seus tempos não é para mim um almanaque velho. Os Padres me fizeram católico e eu não pretendo me afastar da escada pela qual subi para entrar na Igreja”.
Os Padres da Igreja foram para Newman seu grande amor. Neles, encontrou a resposta às persistentes perguntas religiosas e de fé que o torturaram durante 44 anos, até que, aos 9 de outubro de 1945, foi acolhido na Igreja Católica pelo padre Domenico Barberi, passionista italiano que foi beatificado por Paulo VI em 1963.
Sobre a conversão ao catolicismo
A conversão chegou através de um cansativo percurso intelectual e espiritual. Sua biografia identifica-se com a elaboração do pensamento e com o empenho da alma. John Henry Newman está situado entre os grandes pensadores, filósofos e teólogos da história da humanidade. Sua bibliografia, que se têm edificado no mundo no transcurso dos 125 anos desde sua morte, é enorme.
Com espírito de explorador, atento e escrupuloso, pesquisou o interminável nó de caminhos que é o protestantismo. Primeiro como calvinista, depois como anglicano, para depois chegar com alegria à Igreja edificada pelo próprio Cristo sobre o Apóstolo Pedro, como pôde experimentar também outro convertido excepcional: Santo Agostinho. Newman comportou-se como o capitão que governa seu navio de guerra com destreza e competência e, sem trégua alguma, alcançou, com grande humildade e sobretudo com zelo, a meta desejada.
Newman, apesar de dar especial importância ao valor da amizade e aos laços profissionais, quando viu e compreendeu a Verdade, e ao mesmo tempo onde estava, não se preocupou com mais nada nem com ninguém, e abandonou tudo e todos, assim como fizeram os Apóstolos. Seus amigos anglicanos compreenderam que tinham perdido um grande homem: alguns lamentaram; outros o julgaram ferozmente; outros, em contrapartida, o apoiaram.
O elogio mais belo, a nosso parecer, que lhe deram em vida, foi a carta que Edward Pusey enviou a um amigo:
“Deus está ainda conosco e nos permitirá seguir adiante, apesar desta grande perda. Não devemos esconder sua importância, porque foi a maior perda que tivemos. Quem o conheceu sabe bem dos seus méritos. Nossa igreja não soube se beneficiar. Era como se uma espada afiada dormisse em sua bainha porque ninguém sabia empunhá-la. Era um homem predestinado a ser um grande instrumento divino, capaz de realizar um amplo projeto que restabelecesse a Igreja. Foi-se – como todos os grandes instrumentos de Deus – inconsciente de sua própria grandeza. Foi-se para cumprir um simples ato de dever, sem pensar em si mesmo, abandonando-se completamente nas mãos do Altíssimo. Assim são os homens em quem Deus confia. Poder-se-ia dizer que se transferiu para outra área da vinha, onde pode utilizar todas as energias de Cardeal sua poderosa mente.”
Os ataques
Certamente partiram da Igreja anglicana, dos intelectuais protestantes e também da própria Igreja católica(!). Os primeiros o consideravam um traidor, os segundos, alguém de quem se deve desconfiar. Também alguns católicos na Irlanda estiveram contra: ele foi removido do cargo de reitor da Universidade de Dublin. John Henry Newman escreveu a Apologia pro vita justamente para se defender dos ataques dos intelectuais. Este livro engendrou muitas conversões. Recordemos que o Papa Leão XIII afastou muitos rumores maliciosos, quando concedeu a Newman o barrete cardinalício.
A beatificação de Newman em uma sociedade onde reina o relativismo moral e intelectual
O Cardeal Newman combateu sincera e lealmente o liberalismo, trazendo, com seu método sistemático e analítico, um dos perfis mais reais daquela Europa em fase de corrupção, de abandono da civilização cristã e de agonizante apostasia. Conseguiu identificar as conotações de secularização e relativismo de nossos dias, fruto da presunção que já os gregos pagãos, depositários de verdadeiras sementes do Verbo, definiam übris (ύβρις = a arrogância de quem não se submete aos deuses), ou o que é o mesmo, a ideia de antepor os lugares comuns supostamente racionais da própria época à razoabilidade e racionalidade da Tradição.
Newman, de quem, como disse o cardeal Ratzinger em 1990, “pertence aos grandes doutores da Igreja”, esse grande cavalheiro do século XIX inglês, alcançou a Verdade quando tinha 44 anos, depois de décadas de estudo e aprofundamento. Com valentia, forçou sua própria mente para entender, indagar, sondar os meandros da História, da Filosofia, Teologia e descobrir finalmente a Pedra Preciosa. Assim, diz: “Vi meu rosto naquele espelho: era o rosto de um monofisista, o rosto de um herege anglicano, e o descobri quase com terror!”.
O epitáfio na tumba do futuro beato Newman, cuja vida é das provas mais evidentes e concretas de que a razão pode se unir à fé para trazer ao mundo a Igreja de Jesus Cristo, a única Verdade que leva à salvação eterna, fala sobre a relação entre crer na verdade e ser livre: “Se permanecerdes em minha Palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, e conhecereis a verdade, e a verdade vos tornará livres” (Jo 8,31-32). John Henry Newman é o modelo que a Igreja propõe aos cristãos e aos católicos para seguir: foi uma resposta claríssima do Papa Bento XVI ao mundo relativista.
[Fim da entrevista com Cristina Siccardi]
Newman foi nomeado Cardeal pelo Papa Leão XIII (1879). Abaixo alguns momentos importantes de sua vida tais como narrados pelo próprio Papa Bento XVI na homilia do dia de sua beatificação:
“A conversão [do Cardeal Newman] ao Catolicismo, exigiu-lhe o abandono de quase tudo o que lhe era caro e precioso: os seus haveres e a sua profissão, o seu grau acadêmico, os laços familiares e muitos amigos. A renúncia que a obediência à verdade, à sua consciência, lhe pedia, ia mais além ainda. Newman sempre estivera consciente de ter uma missão para a Inglaterra. (…) Em Janeiro de 1863, escreveu no seu diário estas palavras impressionantes:
'Como protestante, a minha religião parecia-me miserável, mas não a minha vida. E agora, como católico, a minha vida é miserável, mas não a minha religião'."
O Cardeal Newman se referia à postura de total humildade e quebrantamento diante de Deus que só a aprendeu a ter sob a tutela da sã Doutrina Católica, e que é totalmente diferente da sua antiga maneira protestante de pensar, quando já "se achava salvo" e era muito seguro. – A intercessão do Beato Cardeal John Newman é uma importante ferramenta para todos os católicos que possuem amigos, parentes ou entes queridos que não acolhem a verdadeira Igreja de Cristo. Através dele podemos pedir ao Senhor que a luz da Verdade se acenda em seus corações.
____ Fontes:
ZENIT, "O cardeal Newman e a busca da verdade", disponível em:
http://www.zenit.org/pt/articles/o-cardeal-newman-e-a-busca-da-verdade
Acesso 15/4/015
COMO DISSEMOS, ESTE artigo surgiu da recorrência das mensagens de muitos leitores, que nos enviam, insistentemente, comentários mencionando o pedido de perdão do Papa João Paulo II, feito supostamente por "grandes crimes da Igreja". Destas, a maior parte cita a Inquisição, outros o comportamento durante a segunda guerra mundial. A situação de ignorância (e, em muitos casos, de má vontade e/ou malícia) chega a tal ponto que hoje, diante das atrocidades cometidas pelo grupo Estado Islâmico, certos indivíduos que nunca leram sequer a orelha de um livro de História em suas vidas, chegam a dizer que a Igreja cometeu atrocidades ainda piores no passado, e que por isso não teria moral para se pronunciar a respeito...
Ainda mais triste e lamentável é ver certos católicos ingênuos e mal formados acreditando nesse tipo de mentira diabólica, e até ajudando a difundir tais gravíssimas calúnias. Mesmo com a boa quantidade de estudos de que dispomos, hoje, na internet, que demonstram e comprovam (com referências, indicação bibliográfica, etc.) que essa linha de raciocínio é completamente equivocada, de tempos em tempos continuam surgindo comentários que insistem na mesma questão: "a Igreja cometeu atrocidades no passado, tanto é verdade que o Papa João Paulo II precisou pedir perdão". Sendo assim, por consequência, não poderíamos confiar na Igreja. Assim é que surge aquela triste figura do sujeito que diz: "Sou católico, mas não confio inteiramente na Igreja".
A questão precisou ser dividida em duas partes distintas, e, como são longas e de trato delicado, dividimos também este estudo em duas partes. A primeira questão importante respondemos na primeira parte deste estudo (a saber, a indefectibilidade da Igreja), que você pode ler aqui.
Esta segunda parte, que fecha a nossa reflexão, precisa tratar a questão do polêmico pedido de perdão do Papa João Paulo II, feito supostamente por terríveis atrocidades cometidas pela Igreja. As pessoas minimamente informadas (infelizmente, uma pequena minoria) sabem que o famoso "falha nossa" do Papa estava direcionado mais especificamente ao povo judeu, e no contexto da Segunda Grande Guerra. Mas aos ouvidos dos caluniadores, as palavras "guerra", "judeus" e "Papa", juntas numa frase, provocam um efeito no mínimo curioso: sua reação instantânea é acusar o Papa Pio XII de simpatizante do nazismo ou coisa semelhante...
É um fato mais do que comprovado que o Papa Pio XII não foi conivente e nem omisso com relação aos crimes nazistas, como alegam os inimigos da Igreja de plantão, e demonstrar este fato é realmente muito simples: até importantes e famosos judeus da época o atestaram, como o próprio Albert Einstein, que declarou publicamente: “Só a Igreja Católica protestou contra o assalto hitlerista à liberdade”1.
É fato histórico que, em resposta às calúnias, diversos sobreviventes do holocausto nazista, inclusive destacados rabinos e autoridades israelitas, manifestaram-se em defesa de Pio XII. Não vamos nos aprofundar nesse tema específico, que não é a finalidade principal deste artigo, mas são tantas as citações e referências históricas que provam a inocência e a coragem de Pio XII na luta contra o nazismo e na proteção do povo judeu, que para tratar do assunto como se deve teríamos que produzir não um, mas alguns artigos especializados e bem extensos. Mais informações sobre o assunto podem ser encontradas neste artigo de Ralph Mcinerny ao portal "Presbíteros". Deixamos também a indicação de bons livros para aqueles honestamente interessados: "Pio XII, o Papa dos Judeus", de Andrea Tornielli, João César das Neves e António Maia da Rocha (Ed. Civilização), é um destes, e pode ser encontrado na Livraria Ecclesiae (veja aqui). Indicamos ainda aos leitores que desejarem se aprofundar mais neste assunto específico outra obra excelente, que constitui aprofundado trabalho de pesquisa histórica, intitulada "Os Judeus do Papa" (Ed. Geração), de Gordon Thomas, que demonstra com precisão como Pio XII articulou um grande plano humanitário para ajudar os judeus, – em sigilo, para não despertar a ira e consequente retaliação ainda maior de Hitler.
Assim é revelado que padres e freiras deram abrigo secreto a milhares de judeus em mosteiros e conventos, e que o Papa efetuou doações de ouro do próprio Vaticano para socorrer refugiados em Roma, tendo escondido muitos deles em sua própria residência enquanto os nazistas bombardeavam a cidade. Por fim, os motivos para a alegação da suposta "omissão" de Pio XII, e os bastidores do que estava realmente acontecendo dentro do Vaticano durante o regime nazista, foram magistralmente dissecados na obra de Peter Godman, "O Vaticano e Hitler – a condenação secreta" (Martins Editora).
Entendemos que a questão realmente importante não é simplesmente saber se um Papa simpatizava ou não com o regime nazista. Provar que essa teoria é falsa não é difícil. O fundamental é responder porque, sendo assim, João Paulo II pediu perdão. Ora, se Pio XII não é culpado, por que então se desculpar? A pergunta parece fazer sentido. Vejamos: em primeiro lugar, vale lembrar que esse tal pedido de perdão gerou controvérsia dentro da Igreja. Nem todos concordaram com a atitude do Sumo Pontífice, e para falar a verdade, quem mais a festejou foram a mídia modernista e os adversários declarados da Igreja. Acontece que, se por um lado o Papa assumiu uma postura nobre e de humildade cristã, ele sem querer também deu munição aos caluniadores. Esse pedido de perdão foi e será sempre explorado pelos que sentem prazer em atacar a Igreja, assim como muitas vezes confundiu e por certo continuará confundindo as mentes de muitos católicos mal formados. Afinal, a lógica elementar diz que só pede perdão quem tem culpa.
O que falta é esclarecer que o pedido de perdão foi pelos erros humanos dos filhos da Igreja, e não por supostos erros da Igreja enquanto tal: a Igreja, Casa de Deus, Esposa e Corpo de Cristo, Barca de Pedro, é a irrepreensível condutora dos cristãos no mundo, enquanto Coluna e Sustentáculo da Verdade (1Tm 3,15). Deste Corpo, o Senhor mesmo é a Cabeça (Ef 5,23), assim ela não erra e nem pode errar, segundo a Promessa divina: "As portas do Inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16,18); “Eis que estou convosco até o fim do mundo” (Mt 28,20).
Vamos então, enfim, esclarecer a questão do pedido de perdão do Papa, de uma vez por todas. – Ocorre que, no início da Quaresma do ano 2000, pela primeira vez, todos os pecados do passado dos filhos da Igreja foram citados em conjunto, num documento intitulado "Memória e Reconciliação: a Igreja e as culpas do passado", que agrupou as incorreções em blocos que abrangem toda a história da Igreja, incluindo o tópico "pecados contra os judeus". – Para que possamos entender qual é o sentido da "culpa" que o Papa está assumindo e pela qual pede perdão, em nome dos Papas e clérigos antes dele, faço questão de reproduzir, abaixo, o trecho do documento que trata especificamente deste assunto. Você, que insiste na pergunta, e todos os que tiverem dúvidas a respeito, por favor, leiam com atenção (negritos nossos):
“A Shoah (holocausto) foi certamente resultado de uma ideologia pagã, como era o nazismo, animada de um cruel anti-semitismo, a qual não só desprezava a fé mas também negava a própria dignidade humana do povo hebraico. Contudo, deve-se perguntar se a perseguição nazista nos confrontos com os judeus não foi facilitada por preconceitos antijudaicos presentes nas mentes e corações de alguns cristãos. Ofereceram os cristãos toda a assistência possível aos perseguidos e, em particular, aos judeus? (45) Sem dúvida que foram muitos os cristãos que arriscaram a vida para salvar e assistir os judeus seus conhecidos. Parece, porém, igualmente verdade que ao lado destes corajosos homens e mulheres, a resistência espiritual e a ação concreta de outros cristãos não foi aquela que se poderia esperar de discípulos de Cristo.(46) Este fato constitui um apelo à consciência de todos os cristãos, hoje, exigindo um ato de arrependimento, (47) e tornando-se um estímulo a que redobrem os seus esforços para serem 'transformados, adquirindo uma nova mentalidade' (Rm 12,2) e para manterem uma memória moral e religiosa da ferida infligida aos judeus. Nesta área, o muito que já foi feito poderá ser consolidado e aprofundado."
(Documento Memória e Reconciliação: a Igreja e as culpas do passado, Comissão Teológica Internacional. – Para ler direto na página oficial do Vaticano, clique aqui)
Interessante como a realidade é completamente diferente do que se pinta por aí. A verdade é que João Paulo II nunca pediu perdão pelos erros de Pio XII, e muito menos por "crimes da Igreja" durante a guerra ou em qualquer tempo. Ele declara, apenas e tão somente, que alguns cristãos poderiam ter feito mais do que fizeram, e outros possivelmente pecaram por se deixarem levar por preconceitos antissemitas. Ele declara ainda que muito foi feito, mas que pode ser aprofundado. Somente isso.
——————————————— 1. BETTENCOURT, D. Estevão, OSB. PERGUNTE E RESPONDEREMOS nº 521, 2005, p. 509, em http://pr.gonet.biz/index-catolicos.ph com http://www.presbiteros.com.br/site/a-difamacao-de-pio-xii/ Parte deste artigo é baseado em texto de Alice von Hildebrand, Professora Emérita de Filosofia do Hunter College da City University de Nova York. É autora de diversos livros, entre os quais os mais recentes são: “The Soul of a Lion” (Ignatius Press), sobre o seu falecido marido, o célebre filósofo Dietrich von Hildebrand; “The Privilege of Being a Woman” (Sapientia Press); e “By Love Refined” (Sophia Institute Press).
Fonte: Homiletic and Pastoral Review, disponível em:
http://catholic.net/rcc/Periodicals/Homiletic/2000-06/vonhildebrand.html. Acesso em 3 jun 2011