O mistério da iniquidade e a apostasia dos cristãos

Luca Signorelli, capella de San Brizio. 'Predica e punizione do Anticristo'
(clique sobre a imagem para vê-la ampliada)

...Quando vier o Filho do Homem, acaso achará fé sobre a Terra?"
(Lc 18,8)

OS AFRESCOS DE LUCAS Signorelli sobre o fim do mundo, expostos na capela de São Brizio, na Catedral de Orvieto, traduzem um aspecto dramático da história humana: a atuação do Anticristo. Para a Tradição da Igreja, encontrada de maneira explícita no Didaquê (o primeiro catecismo dos cristãos – leia na íntegra aqui), este ser seria o sedutor do mundo, ou seja, aquele que "aparecerá como o filho de Deus e fará milagres e prodígios; e a Terra será abandonada em suas mãos; e realizará iniquidades como nunca houve" (conforme também Mt 24,24; 2Tes 2,4-9).

De uns tempos para cá, a fé acerca de temas como o Juízo Final, a existência do demônio e, especialmente, a do Inferno, têm se tornado obsoleta. Parece-nos que a maioria absoluta das pregações dá enfoque, – e trata praticamente com exclusividade os temas relacionados ao perdão, à afabilidade de Deus e sua misericórdia. – Desgraçadamente, uma vez que se exclui a Justiça divina e a sedução diabólica da catequese cristã, abre-se caminho à banalização do mal, pois se o cristianismo já não prega sobre o Inferno, e apenas sobre a ternura de Deus, isso significa que já não é mais necessária uma mudança de vida para se enquadrar nos Desígnios divinos. Afinal de contas, se Deus é Amor e a tudo perdoa, concluem muitos, não é preciso se preocupar com pecado e punição?

"Deus não castiga", bradam alguns; "a misericórdia de Deus é infinita", insistem outros. Examinemos rapidamente estas afirmações tão comuns em nossos tempos, para entender se possuem algum lastro na realidade objetiva daquilo que é ser cristão e no ensinamento perene do Evangelho.

Quanto à primeira afirmação, – "Deus não castiga", – está total e simplesmente equivocada. É contrária a toda doutrina cristã e ao Catecismo da Igreja Católica (veja o leitor os nºs 1031; 1038; 2006; 2061 e 2090 do manual cristão), assim como às próprias Sagradas Escrituras (consulte-se as seguintes passagens: Zc 14,19 Ez 14,10; Os 5,9; 2Ts 1,9; Ap 3,19; etc). Sempre que ouvirmos tal afirmação, é dever de todo fiel cristão católico corrigir, com fraterna caridade e de modo suave, a pessoa que o diz; se esta não aceitar a correção, devemos então ignorá-la e advertir aos outros ouvintes, quanto nos for possível, do erro da afirmação. Quanto aos parágrafos do Catecismo e às passagens bíblicas sugeridas acima entre parênteses, é importante consultá-los, compreender seus conteúdos e procurar memorizá-los, tanto quanto possível.

Já a segunda afirmação, – de que a misericórdia de Deus é infinita, – está corretíssima. Todo o conjunto dos livros do Novo Testamento confirma esta verdade fundamental da fé, e apenas a título de exemplo poderíamos citar Ef 2,4; Tt 3,5; Hb 4,16. Todo cristão sabe que a humanidade merecia o castigo, porque pecou, mas Deus enviou seu Filho para nos libertar e salvar para a vida eterna. Logo, Deus é misericordioso. E por que dizemos que a misericórdia de Deus é infinita? A lógica humana pode sugerir que, se há castigo, então a misericórdia divina não é infinita, mas parcial. Existem dois pontos que, se bem analisados, fazem-nos compreender bem esta questão aparentemente complexa ou de difícil compreensão. O primeiro ponto é o fato de que a Misericórdia divina age concomitantemente com a sua Justiça. Deus é Amor; Deus é Justo: ambas as afirmações são precisas, e inclusive se integram e se complementam de muitos modos. Sem justiça dificilmente há verdadeiro amor e verdadeira misericórdia, pois às pessoas que amamos naturalmente desejamos educar na justiça: dar a um filho, por exemplo, a total "liberdade", – inclusive para se drogar, prostituir e se perder nos desatinos da adolescência e juventude, – seria o gesto de um pai que ama verdadeiramente? Por amarmos realmente aos nossos filhos não precisamos às vezes agir com severidade, chamando-lhes a atenção, aplicando castigos, forçando-os a estudar, a cumprir os seus deveres, a respeitar a autoridade, os mais velhos, etc., dando-lhes, enfim, a disciplina que lhes será tão necessária no correr de suas vidas, para que sejam felizes e dignos, e conquistem coisas boas em suas vidas?

Muito bem, este é um ponto para entender porque dizemos que a Misericórdia divina é infinita, mesmo existindo o Castigo para os pecados: em Deus, sua Misericórdia é uma força que age sempre em conjunto com a sua Justiça. Uma coisa não funciona sem a outra.

O outro  ponto é a necessária compreensão de que o pecado contra Deus é um crime de gravidade infinita. Ora, Deus é infinitamente Bom, infinitamente Amoroso e infinitamente Justo. É o sumo Bem e o sumo Ser. Assim sendo, nossos crimes contra Deus são infinitamente graves; logo, merecedores de uma pena proporcional, isto é, sem fim. Portanto, sendo Deus infinitamente Bom, e os crimes contra Ele infinitamente graves e dignos de um castigo proporcional, a misericórdia necessária para perdoá-los também precisa ser absolutamente infinita. Tal realidade se revela de modo ainda mais claro no fato de que Deus volta sempre a nos perdoar, ainda que diariamente, por mais que voltemos a pecar contra Ele (crime de gravidade infinita), todos os dias, sempre que admitimos o nosso erro, arrependemo-nos e confessamos o pecado, pedindo perdão. Não há limite, não há um número de vezes que Deus estabeleça para nos perdoar, até dizer: "Se passarem deste limite, não perdoarei mais, porque a minha misericórdia acaba nesta linha". Ao contrário, Deus perdoa sempre, de novo e de novo, e ainda que tenhamos vivido uma vida inteira de crimes e só de maldades, se nos arrependermos e nos confessarmos no leito de morte, seremos perdoados.

Assim, em resumo, estamos falando de um Bem e uma Bondade infinitas; por isso é que os pecados contra este Bem e contra esta Bondade são de gravidade proporcionalmente infinita; logo, para perdoar pecados de ilimitada gravidade, é necessária a misericórdia sem medidas: infinita misericórdia. Tal é a Misericórdia de Deus para conosco.

Voltando ao triste relativismo que hoje impera no mundo, desgraçadamente inclusive entre os filhos da Igreja, trata-se uma tendência muito em voga nos tempos atuais, sobretudo no que diz respeito aos valores inegociáveis da fé cristã e católica e às perseguições que a Igreja sofre. Ao invés de se indispor com o mundo, prefere-se não tomar partido de nenhum lado, numa tentativa de se agradar a todos, mesmo que isso signifique negar a verdade. O Catecismo da Igreja Católica, mais uma vez, denuncia que essa é uma atitude genuinamente diabólica: “A impostura religiosa suprema é a do Anticristo, isto é, a de um pseudo-messianismo em que o homem glorifica a si mesmo em lugar de Deus e de seu Messias que veio na carne" (CIC 675).

Cardeal G. Biffi
O perfil do Anticristo, segundo o teólogo Cardeal Giacomo Biffi, apresenta "altíssimas demonstrações de moderação, de desinteresse e de ativa beneficência". Além disso, é um pacifista nato, com grandes preocupações ecológicas e humanitárias. De Cristo, nega peremptoriamente a moral, pois, de acordo com sua concepção, ela seria causa de divisões. Em linhas gerais, ele traz uma falsa promessa de "libertação" e triunfo político, ou seja, um messianismo secularizado, conforme proposto por certas correntes ditas teológicas persistentes, que vêm resistindo incólumes a toda ação do Magistério da Igreja, em especial da parte dos últimos Papas, que condenaram em diversas oportunidades esse falso misticismo. Antes como por exemplo na encíclica Divini Redemptoris do Papa Pio XI (Sumo Pontífice da Igreja de Cristo de 1922 a 1939) sobre o comunismo ateu.

É curioso, – e ao mesmo tempo terrível, – perceber que numa época em que já não se fala mais no Anticristo, no Diabo e no Juízo Final, mas simplesmente em misericórdia e respeito humano, o número de violências, guerras e outros males é absurdamente enorme, em alguns sentidos como nunca antes. C. S. Lewis, autor d"as Crônicas de Nárnia", escreveu em "Cartas de um diabo ao seu aprendiz" que a melhor maneira de o demônio conquistar o mundo é fazendo com que a humanidade não creia nele.

Não está cada vez mais comum encontrar "cristãos" que pregam o "amor", mas que são incapazes de protestar contra o aborto? Pessoas que se indignam, movem campanhas e propõem duras punições para os agressores de animais, mas que sequer se importam com a criança abandonada na porta de sua casa, ou com o idoso largado em um asilo próximo, com quem ninguém se importa ou lembra de visitar?

Não é cada vez mais comum a figura do "católico" que diz amar Jesus e chora com cantos religiosos emotivos, mas é negligente para com os seus pecados, sem perceber que com isso são também responsáveis pelas Chagas de Cristo na cruz?

Denunciou o então Cardeal Joseph Ratzinger, na Via-Sacra de 2005: "Não se pode continuar a banalizar o mal, quando vemos a imagem do Senhor que sofre". Todavia, o mal se pratica hoje por pessoas que se declaram cristãs. Sim, o Anticristo parece estar solto no mundo e tem feito muitos discípulos. São servos do maligno aqueles que relativizam a verdade e propõem a apostasia como alternativa à perseguição à Igreja.

Enquanto os mártires do passado entregaram suas vidas para que a fé católica fosse preservada e professada hoje, muitos seguidores do Anticristo têm servido a Cabeça da Igreja numa bandeja para o "Príncipe deste mundo" (Jo 16,11). Falam de amor, preocupam-se com a natureza, pregam a paz, mas não se incomodam quando a fé em Jesus Cristo é ultrajada, enquanto a Igreja é profanada pelas hostes infernais. É o "mistério da iniquidade" predito pelo Senhor quando perguntou aos Apóstolos: "Quando vier o Filho do Homem, acaso achará fé sobre a Terra?" (Lc 18, 8).

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Baseado no artigo 'O mistério da iniquidade e a apostasia dos cristãos', da equipe Christo Nihil Praeponere, disp. em:
https://padrepauloricardo.org/blog/o-misterio-da-iniquidade-e-a-apostasia-dos-cristaos
Acesso 30/11/015
www.ofielcatolico.com.br

DEUS VULT: como o estudo da fé católica me levou ao catolicismo

PUBLICAMOS O BELÍSSIMO testemunho de conversão de João Marcos, leitor que veio graciosamente compartilhar conosco sua inspiradora história. Consideramos que o texto tenha em si grande valor, porque além de motivar tantas outras pessoas que vivem histórias semelhantes (e que nos contatam quase diariamente), contém uma boa lista de indicações bibliográficas e de webpages que lhe foram de auxílio, – e que certamente poderão auxiliar também a muitos outros de nossos leitores. Segue...


Conversão de São Paulo, pintura medieval anônima

Não existem cem pessoas que odeiam a Igreja Católica, mas existem milhões que odeiam aquilo que pensam ser a Igreja Católica.
(Venerável Arcebispo Fulton Sheen)

Este é o relato da minha conversão ao Catolicismo. É uma história pessoal, não um tratado de Teologia nem uma tentativa para converter alguém. Escrevi este relato para organizar meus pensamentos e facilitar quando perguntarem os motivos da minha conversão. No decorrer do texto indiquei vários livros ao leitor interessado em compreender os motivos que me levaram a tomar a decisão de seguir a Igreja Católica Apostólica Romana. Ao final eu proponho um roteiro de leituras para entender a fé católica e examinar as acusações que fazem à Igreja.

AVISO: Peço que leia os livros recomendados, em especial aqueles destacados em negrito, antes de tentar rebater as palavras aqui escritas. Não voltei para a Igreja por capricho ou comodismo; essa decisão custou muito esforço, oração e alguns sacrifícios. Esperar o mesmo do leitor é um ato de justiça. Quando o leitor discordar de algum ponto, o correto é buscar conhecer mais profundamente o que ensina a Igreja sobre o tema, o que dizem os grandes padres e apologistas católicos e então comparar com suas crenças. Aí sim o leitor poderá fazer um juízo sobre a fé. Só assim as suas palavras terão valor suficiente para serem ouvidas por mim. Ou como dizia um célebre e polêmico brasileiro: “Eu acho que o direito de ter opinião é proporcional ao interesse sincero que você tem pelo assunto. Se você não tem interesse pelo assunto para você sequer ler alguma coisa, por que nós devemos ter interesse de ouvir a sua opinião? ” (True Outspeak – 10.03.2008)

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Sempre fui cristão. Fui batizado na Igreja Católica quando eu era um bebê. Por volta dos meus 6 anos, eu e minha família fomos para a igreja protestante. Desde então, minha família frequentou inúmeras denominações, quase todas tradicionais, e nunca mais tive contato com o catolicismo.


A 'Idade das Trevas'

Com o advento do "Facebook" logo me envolvi em discussões com ateus (eu prefiro chamá-los “neoateus”, por fazerem parte de uma geração recente de ateus militantes e superficiais cujo maior “guru” é Richard Dawkins, mas tem entre seus expositores famosos Neil deGrasse Tyson, Sam Harris e Christopher Hitchens). Não tardou em aparecer o famoso argumento da Idade das Trevas: durante o período de mil anos entre 500-1500 a Igreja Católica oprimiu o Ocidente através do misticismo e da ocultação do conhecimento, além de perseguir oponentes por meio da Inquisição. Isto bastava para comprovar que a religião, especialmente o Cristianismo, está na contramão do progresso, da ciência e da liberdade individual.

Sendo cristão é meu dever conhecer e testemunhar da verdade. Então comecei a estudar a tal Idade das Trevas para verificar se a Igreja foi responsável por tamanha crueldade. Pobre de mim! Descobri que aconteceu exatamente o contrário: num milênio de caos, fragmentação política, invasões de povos selvagens e peste, a Igreja foi a única instituição ocidental a manter-se estável, um verdadeiro porto seguro. O conhecimento da época dos gregos e romanos foi preservado através de muito trabalho dos clérigos católicos, como por exemplo os monges copistas, responsáveis por copiar livros inteiros à mão. Em vez de combater a ciência, a Igreja foi por muitos séculos a única instituição a fomentar o desenvolvimento científico na Europa. Ela foi a criadora das universidades, seus clérigos traduziram muitas obras da época romana e grega, além de permitir que debates acalorados com pensadores de outras culturas acontecessem dentro das suas universidades.

Essas e outras contribuições da Igreja Católica ao mundo ocidental estão cuidadosamente listadas no livro "Como a Igreja Católica construiu a Civilização Ocidental", de Thomas Woods Jr (baixe gratuitamente aqui).


Quanto à famosa Inquisição minha surpresa foi ainda maior: aproximadamente 2000 pessoas foram condenadas à morte pelos Tribunais da Inquisição medievais (1231-1400dC). Durante as inquisições da Espanha e Portugal, as mais violentas, 6000 pessoas morreram nos 500 anos de duração dos tribunais eclesiásticos ibéricos. Considerando a população ibérica e europeia nos níveis da Idade Média (bem baixos, o que aumentará o valor que mostrarei a seguir, de forma a mostrar ao leitor o “pior caso” da Inquisição), temos que a pior inquisição, a ibérica (de Portugal e Espanha) condenou à morte 17 pessoas a cada 100 mil habitantes, por ano. A inquisição medieval, mais branda, condenou à morte 0,08 pessoa a cada 100 mil habitantes, por ano (fontes: Fordham University / Catholic Bridge). Só para comparar, no Brasil 22 pessoas a cada 100 mil habitantes morreram em acidentes de trânsito (dados de 2013).

O grande historiador protestante Phillip Schaff afirma em seu livro "History of the Christian Church” (vol. V, New York, 1907, p.524):

Para vergonha das igrejas protestantes, a intolerância religiosa e até a condenação à morte continuaram muito tempo depois da Reforma. Em Genebra esta perniciosa teoria foi posta em prática pelo Estado e pela igreja, admitindo até mesmo o uso de tortura e do testemunho de crianças contra seus próprios pais, com a autorização de Calvino. Bullinger, na Segunda Confissão Helvética, anunciou o princípio pelo qual a heresia poderia ser punida como os crimes de assassinato ou traição.”

Não se trata da tática petista de justificar um erro apontando o erro do outro. Tortura é inaceitável sob qualquer ponto de vista. No entanto, devemos ser justos e agir com a mesma rigidez no caso dos morticínios realizados por outros grupos, como protestantes (veja o caso dos Anabatistas e a caça às bruxas, fenômeno exclusivamente protestante – saiba mais aqui), islâmicos (sem comentários, os franceses que o digam) e mesmo ateus: durante a Revolução Francesa, que nos ensinam ter sido fundamentada nos princípios de “Igualdade, Liberdade e Fraternidade”, foram mortas 140 mil pessoas em cinco anos segundo a Enciclopédia Encarta. Quer dizer, uma revolução de cunho ateu matou 100 pessoas a cada 100 mil habitantes por ano, 5 vezes mais do que a pior inquisição (só pra constar, no Brasil morreram 28 pessoas a cada 100 mil habitantes por homicídio em 2013: a Revolução Francesa matou 3 vezes mais que os criminosos brasileiros).

Para encerrar este assunto, a própria Igreja admitiu os abusos cometidos na Inquisição. Tanto que ela abriu os arquivos da Inquisição a um grupo de 30 historiadores reconhecidos internacionalmente, para que eles investigassem os fatos. 

Todos esses fatos sobre a inquisição católica estão documentados em vários livros, entre os quais destaco: "Atas do Simpósio sobre a Inquisição" (1998), de Agostino Borromeo, "A Idade Média que não nos ensinaram", de Regine Pernoud, "Sete Mentiras sobre a Igreja Católica", de Diane Moczar.


Este estudo sobre o papel essencial da Igreja Católica na Idade Média fez com que eu a admirasse. Mas isso era só o começo. No início de 2015 decidi então conhecer a fé católica. Se o papel histórico da Igreja Católica na Idade Média foi muito diferente do que me ensinaram, será que a fé católica não me surpreenderia também? Era isto o que eu precisava conferir.

Escolhi livros que explicassem a fé católica ao público protestante e testemunhos de conversões de protestantes ao catolicismo. São estes: "Catholicism for Protestants", de Shane Shaetzel, "Rome Sweet Home", de Scott e Kimberly Hahn (encontrado no Brasil sob o título 'Todos os Caminhos levam a Roma'), "Born Fundamentalist, born Again Catholic", de David Currie, e "A Fé Explicada", do Pe. Leo J. Trese. Todos os conceitos mencionados daqui em diante foram exaustivamente explicados nesses livros.

Da minha experiência pessoal, creio que os principais problemas dos protestantes/evangélicos com o Catolicismo são a veneração dos santos e de Maria. Existem outros pontos de conflito, mas estes dois são os primeiros que surgem à mente do protestante comum.

Naturalmente, estes foram os primeiros problemas que procurei por explicações. Tratam-se da Intercessão dos Santos. Por que o católico reza a Maria e aos santos? Isso não é idolatria? Não. O católico não considera a oração uma forma de adoração. Da mesma forma que pedimos oração a outros irmãos da igreja, o católico pede oração a pessoas que viveram vidas extraordinárias aqui e que agora estão vivas no Céu, diante de Deus.

Especificamente no caso de Maria, a mãe de Deus, creio que grande parte do problema protestante se resolva ao compreender como os católicos entendem a Intercessão dos Santos. Só resta acrescentar que ao católico é dogma de fé que Maria é a criatura mais santa dentre todas as criaturas de Deus. Os motivos dela ser assim considerada estão nos documentos da doutrina católica, e o estudo das doutrinas marianas chama-se Mariologia. Temos então o seguinte raciocínio:

1) A oração dos santos é mais eficaz porque eles estão em plena Comunhão com Deus, no Céu.

2) Maria é a mais santa dentre todos os santos.

3) Logo (aceitas as premissas 01 e 02), é razoável pedir que Maria interceda por mim diante de Cristo.

Ao entender isto, fica fácil entender também porque os católicos devotam tantas orações e cerimônias aos santos em geral e à Maria em particular. Eles não acreditam que santos são “deuses” e sim que os santos, hoje no Céu, são excelentes intercessores dos simples cristãos que estão aqui. Recomendo ler o que ensina oficialmente a Igreja a respeito de Maria: parágrafos 963-975 do Catecismo.

O último conceito que é útil estudar para entender os católicos neste assunto dos santos é a diferença entre adoração e veneração. Adoração é o culto prestado unicamente a Deus. Assim como na tradição judaica, o católico acredita que não existe verdadeira adoração sem oferecimento de sacrifício, que é o que acontece na Missa. O católico só oferece sacrifícios a Deus. Já a veneração é uma forma de prestar homenagem, uma demonstração pública de respeito. Da mesma maneira como homenageamos grandes personalidades políticas, artísticas ou dos negócios, o católico homenageia, dentro do contexto cristão, aqueles que viveram vidas exemplares.

Ao contrário do que muitos pensam, a Igreja tem 2 mil anos de idade e já estudou profundamente os Mandamentos de Moisés, em especial os dois primeiros (sobre a idolatria e imagens). O Catecismo faz um resumo (citando a Bíblia, como sempre) nos parágrafos 2129-2132.

Então, a meu ver, se é ilícito venerar os santos e encomendar-lhes orações, então é muito mais ilícito homenagear qualquer pessoa desta terra, ou pedir que algum irmão ore por mim. Se os santos, que viveram unicamente para Cristo, são indignos de homenagem, quão dignos seremos nós, meros mortais que não conseguem passar 01 dia se sacrificando por Deus?

Existem muitos bons livros dedicados a explicar a devoção mariana, seu surgimento e desenvolvimento na História e porque ela não é uma forma de idolatria. Recomendo três livros que tratam toda essa questão num único volume: "Behold your Mother", de Tim Staples; "Mary, Mother of the Son", de Mark Shea e "The Marian Mystery: Outline of a Mariology", de Denis Farkasfalvy. Estes livros demonstram que já nos primeiros séculos de Cristianismo havia devoção à Mãe de Deus.


Dos motivos de não continuar protestante

Entender essas práticas católicas serviria apenas para desmistificar a minha visão do catolicismo. Não foi isso que me fez mudar de vida. Foi somente quando estudei e refleti sobre dois assuntos pouco tratados pelos protestantes que fiquei numa posição insustentável e tive que tomar a decisão sobre minha fé.

O principal fundamento teológico do Protestantismo, isto é, de todas as denominações não-católicas que surgiram a partir do ano 1500 é o Sola Scriptura. Este princípio ensina que “somente a Escritura é a suprema autoridade em matéria de vida e doutrina; só ela é o árbitro de todas as controvérsias” (cf. http://mackenzie.br/6966.html, acesso em 26.7.2015). É ele que justifica a famosa pergunta dos "evangélicos": “Onde isso está na Bíblia?”. Esta é a pergunta que os católicos mais escutam dos protestantes.

O grande problema com o Sola Scriptura é que ele mesmo não é bíblico. Você leu isso mesmo. O princípio que afirma que a Bíblia é a única autoridade em matéria de fé não é bíblico. Não precisa acreditar em mim. Procure na Bíblia. Pergunte a qualquer teólogo protestante em qual parte da Bíblia está o Sola Scriptura. Ele não saberá responder. O que me deixou mais chocado foi descobrir que o Sola Scriptura é simplesmente aceito como um dogma, uma ideia que não precisa de provas [é irônico os protestantes acusarem os católicos de dogmáticos quando a base da crença protestante é um superdogma sem fundamento]. E isso não sou eu quem diz:

Existem evidências internas e externas da inspiração e divina autoridade das Escrituras, mas estes atributos não são passíveis de 'prova'. A única evidência que importa é o “testemunho interno do Espírito” no coração do leitor. Ênfase de Calvino: 'A menos que haja essa certeza [pelo testemunho do Espírito], que é maior e mais forte que qualquer juízo humano, será fútil defender a autoridade da Escritura através de argumentos, ou apoiá-la com o consenso da Igreja, ou fortalecê-la com outros auxílios. A menos que seja posto este fundamento, ela sempre permanecerá incerta' (8.1.71).
(Fonte: http://mackenzie.br/6966.html acesso em 26.07.2015)

Ou seja, a “prova” de que uma interpretação particular da Bíblia é inspirada por Deus é uma “certeza maior e mais forte que qualquer juízo humano”. Basta se sentir certo para estar correto(!).


Tome a seguinte afirmação: “Não existe verdade”. Quando alguém afirma isso já se contradiz, porque essa mesma frase é em si mesma uma verdade (ou a pessoa pensa que é uma verdade). Na verdade, o que a pessoa quis dizer é: “Não existe verdade – exceto esta aqui”. É um princípio arbitrário, afinal, só é verdade porque quem o enuncia diz que é verdade. Um princípio falho em si mesmo não pode ser verdade. É o mesmo problema do Sola Scriptura.

Sola Scriptura não encontra fundamentação bíblica e nem histórica. Os cristãos primitivos, aqueles que viveram nos primeiros 300 anos depois de Cristo, nunca pronunciaram o Sola Scriptura, pelo contrário. Todos acreditavam na necessidade de existir uma autoridade central, outorgada pelo próprio Cristo, para interpretar as Escrituras. Um testemunho famoso (mas não o único) é o de Santo Agostinho: “Eu não acreditaria no Evangelho, se a isso não me levasse a autoridade da Igreja Católica” (CIC, 119). Em sentido oposto, não há nenhum registro dos primeiros cristãos afirmando que as Escrituras são a única e suprema autoridade na fé.

Outro problema com o Sola Scriptura é que nos primeiros 300 anos de Cristianismo não existia Bíblia. É isso mesmo. O cânon, o conjunto dos livros cristãos que formaram a Bíblia, só foi definido e ntre 367 e 405 dC (curiosamente, até um historiador protestante reconhece estas datas: veja aqui). Durante todo esse período, qual foi a autoridade suprema dos cristãos em matéria de fé? Pior: até a invenção da imprensa em 1455 pouquíssimos livros estavam em circulação, porque eram de difícil produção e conservação. Assim, a quem os cristãos podiam recorrer durante quase 1500 anos, já que poucos deles tinham acesso às Escrituras?

Além disso, “pelos frutos os conhecereis”: hoje existem dezenas de milhares de denominações protestantes, e cada uma delas alega possuir a “verdadeira interpretação” das Escrituras. Quem está falando a verdade? Qual é a verdadeira fé e a verdadeira igreja? Qual o modo correto de interpretar a Bíblia? O que vale pra hoje e o que não vale mais? [o Espírito Santo entraria em evidente contradição, ensinando uma coisa a determinada comunidade e outra coisa diferente, – muitas vezes mesmo contraditória, – a uma outra comunidade?]

Para ilustrar a fragilidade do Sola Scriptura, elencarei os 5 pontos levantados no vídeo abaixo [já publicado anteriormente aqui em 'O Fiel Católico']:




1) Onde a Bíblia diz que eu devo provar alguma coisa pela Bíblia?

2) Por que a minha interpretação da Bíblia (em meu caso, fundamentando a doutrina católica) está errada e a sua correta? Eu também estou me guiando pela Bíblia, nós só discordamos no que ela quer dizer.

3) Talvez você não está compreendendo o significado correto da Bíblia. Um exemplo: se eu lhe escrever o seguinte bilhete: “Eu não disse que você roubou dinheiro.” você conseguiria entendê-lo? Parece que sim, mas uma frase de 07 palavras pode ter vários significados. Pode ser que EU não disse que você roubou dinheiro, mas alguém disse. Pode ser que eu não DISSE, mas posso ter escrito ou pensado que você roubou dinheiro. Pode ser que eu não disse que VOCÊ roubou dinheiro, posso ter falado de outra pessoa. Pode ser que eu não disse que você ROUBOU dinheiro, você pode ter perdido ou queimado dinheiro. Pode ser que eu não disse que você roubou DINHEIRO, você pode ter roubado outra coisa. Uma simples frase de 07 palavras tem pelo menos cinco significados diferentes, a depender da ênfase dada a cada palavra. Agora me responda: não é a Bíblia muito mais complicada que uma frase de 07 palavras?

4) O que está em confronto não é o que a Bíblia ensina, mas o que nós interpretamos da Bíblia.

5) De onde vieram os livros do Novo Testamento? Como eles foram parar na Bíblia? Quem afirma rejeitar a Tradição porque segue apenas a Bíblia não pode fazer isso, porque foi a própria Tradição católica quem escolheu quais livros pertencem ao Novo Testamento. Em lugar algum a Bíblia diz quais livros fazem parte dela. Então, o simples fato de ser “biblista” só é possível graças à Tradição católica.

A Bíblia não caiu do Céu. Durante quase 400 anos os cristãos lutaram para reconhecer, aos poucos, os livros inspirados, até que concílios católicos, compostos por bispos católicos, definiram os livros da Bíblia. Foi a autoridade da Igreja que encerrou a discussão sobre os livros inspirados.

Então, para encerrar este assunto Sola Scriptura, e resumindo toda a questão: não é bíblico, não é lógico, não é histórico e teve consequências catastróficas para o Cristianismo. Foi um conceito inventado depois de 1500 anos de Cristianismo. Sendo assim, é no mínimo prudente considerar que a posição católica (de acreditar na autoridade da Bíblia, mas também na da Tradição conservada pela Igreja) é no mínimo plausível. Não estou pedindo para você se converter, apenas para reconhecer que não é absurdo a Palavra de Deus não se restringir a um livro. Isto é o mínimo que se espera de alguém honesto consigo mesmo.

Por fim, o problema Sola Scriptura foi discutido exaustivamente por muitos autores católicos. Alguns livros que eu recomendaria a quem deseja saber como o católico trata esse princípio seriam estes: "Not By Scripture Alone", de Robert Sungenis (uma verdadeira 'bomba atômica' contra o Sola Scriptura), e "100 Biblical Arguments Against Sola Scriptura", de Dave Armstrong.

Diante de tudo isso, eu não podia mais aceitar o fundamento do Protestantismo, o Sola Scriptura. A Bíblia sozinha não é suficiente para resolver todos os conflitos da vida cristã. Simplesmente havia coisas demais sendo “deduzidas” (eu prefiro dizer ‘inventadas’) no calor do momento de uma época. Isso sem mencionar que a Bíblia é uma coleção de livros complexa demais para que um fiel comum, sem condições de estudar grego, latim, hebraico , aramaico, Filosofia e Teologia, pudesse interpretar de forma mais correta que o corpo de toda a Tradição cristã de 2 mil anos. Seria muita arrogância. Foi nesse momento que eu, pelo menos em consciência, deixei o Protestantismo.


Rome, Sweet Home
[Nota de Henrique Sebastião, editor de 'O Fiel Católico': o segundo Motivo que será apresentado pelo autor para deixar o Protestantismo, a seguir, é exatamente o mesmo Motivo final e definitivo de minha própria conversão à Igreja de Cristo]

Deixar o Protestantismo e todas as denominações protestantes é uma coisa. No entanto, faltava um motivo claro e inegável para eu aceitar a Igreja Católica.

Este motivo foi a Eucaristia.

A Eucaristia é centro de toda a fé católica. À distância, [até se] parece com a “Santa Ceia” dos protestantes, porém infinitamente mais carregada de sentido e importância: o católico acredita que na Eucaristia o pão e o vinho se transformam, milagrosamente, no Corpo e no Sangue de Cristo. Assim, podemos dizer com razão que o católico “absorve” o próprio Cristo, presente de maneira real na celebração da Eucaristia. Loucura? Canibalismo? Bom, os católicos não foram os primeiros a ouvirem essas acusações.

No Evangelho de João, capítulo 6, o próprio Cristo profere estas palavras:

Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a Carne do Filho do homem, e não beberdes o seu Sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha Carne é verdadeiramente Comida, e o meu Sangue verdadeiramente é Bebida. Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue permanece em Mim e eu nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de Mim se alimenta, também viverá por mim.
(João 6,53-57)

Logo em seguida, pela primeira vez em seu Ministério, Jesus perde discípulos por causa de um ensinamento. Eles consideraram essas palavras de Jesus “muito duras” (vs 60).

A resposta de todo protestante é alegar que Jesus disse essas palavras no sentido figurado, isto é, comer sua Carne e beber seu Sangue seria um símbolo. [Ora, é claro como água límpida que esta versão é simplesmente absurda! Se fosse apenas um símbolo, por que alguns ou muitos discípulos se escandalizariam a ponto de deixar de seguir Jesus? Eles estavam acostumados com as parábolas do Mestre. Por que razão apenas quando Ele ensinou que seu Corpo e Sangue, literalmente, se tornariam Pão e Vinho, e que os verdadeiros seguidores deveriam se alimentar dEle, criou-se tanto celeuma?]

Outro problema com essa versão é que ela faz de Jesus um insensível que gostava de induzir seus seguidores ao erro e à blasfêmia. Explico. Em todo o Evangelho (nos 04 livros, Mateus, Marcos, Lucas e João) Jesus Cristo fez questão de explicar o significado de suas palavras quando falava por meio de linguagem simbólica, ou em parábolas. Veja no caso do “nascer de novo” a Nicodemos (João 3) e em todas as parábolas (semeador, joio e trigo, videira, talentos, etc). Jesus Cristo, sendo Deus, não induz pessoas ao erro, ao pecado gravíssimo da blasfêmia. No entanto, justamente no caso da Eucaristia, Ele se calou. O único cenário que justifica Jesus permitir que vários dos seus discípulos O abandonassem é por ter dito exatamente o que Ele quis dizer. Não há forma mais clara de dizer que deveríamos beber Seu sangue e comer Sua carne.

Além da evidência do próprio Cristo, há a evidência histórica: já os primeiros Apóstolos, e seus primeiros sucessores, acreditavam que Jesus estava realmente presente no Pão e no Vinho da Ceia. É por isso que Paulo fez a famosa advertência em 1 Coríntios 11,29: “Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor.” É pecado grave participar da Ceia sem discernir ali o corpo de Cristo. Ora, se fosse apenas pão e vinho como símbolos do Corpo e Sangue do Senhor, porque esta tão severa e específica advertência?

Mais: ainda que os protestantes insistam em dizer que a Ceia é apenas um memorial, a palavra em aramaico que Jesus utiliza para falar de Seu corpo na Ceia é a mesma que Ele usa para falar de Seu corpo na cruz! Tornar o corpo de Cristo na Ceia simbólico é tornar a Crucificação simbólica(!).

Estas e outras provas a favor da Presença Real de Cristo na Eucaristia estão muito bem explicadas nos livros que eu grifei no meio deste relato. Além deles, o melhor livro sobre esse assunto provavelmente é "O Banquete do Cordeiro", de Scott Hahn.

Sabendo que o Cristo, capaz de sofrer uma morte cheia de torturas por nós, não seria capaz de perder discípulos por causa de uma confusão de palavras, eu não tenho motivos para acreditar em outra coisa que não seja o sentido literal das palavras de Jesus: que precisamos comer Sua carne e beber Seu sangue para ter vida em nós. E conhecendo que na Igreja Católica eu poderei participar do Banquete do próprio Cristo, o Noivo, o Cordeiro, e que Ele, Deus encarnado, encontra-se fisicamente presente na Santa Missa, somente o orgulho obstinado poderia servir de motivo para não me render à Igreja Católica Apostólica Romana.

O que mais eu deveria fazer se soubesse que Jesus Cristo está fisicamente presente em algum lugar?

E eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.
(Mateus 28,20)


* * *


Este é o breve relato dos motivos da minha conversão ao Catolicismo. Não tenho a intenção de torná-lo um tratado religioso ou histórico sobre a fé católica e, por essa razão, não tratei de outros temas de conflito com protestantes. Pra isso existem centenas de (bons) livros, e eu posso indicar alguns ao leitor interessado e honesto, o primeiro deles é o “manual” católico, – o CIC. – Por fim, que estas palavras sejam acolhidas em terreno fértil, para que produzam muitos frutos para a glória de Deus, nosso Pai.

Em Cristo Jesus Nosso Senhor,
João Marcos
Olímpia, São Paulo, 28.07.2015

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Complemento da bibliografia recomendada e indicações do autor

1. Catecismo da Igreja Católica;



4. O excelente (foi o primeiro livro sobre a fé católica que eu li) "Catholicism for Protestants", por Shane Shaetzel. Neste livro o autor, católico bem no meio do Bible Belt (a região mais protestante dos EUA), responde de maneira curta, organizada e dentro da doutrina católica às dúvidas levantadas pelos protestantes. É um excelente material para começar a remover preconceitos sobre a Igreja.

5. "Coleção História da Igreja", por Daniel-Rops (10 volumes), além dos livros já citados no meio do relato.

6. Testemunhos de convertidos à Igreja Católica: eu sempre achei que só pessoas desonestas permaneceriam ou se converteriam à Igreja Católica. Estava redondamente enganado. E foi só depois que eu saí do meio (protestante) é que percebi como a grande maioria dos protestantes ainda pensa isso dos católicos. Espero que estes livros e vídeos ajudem a desmistificar esta falsa noção: 


• "Todos os caminhos levam a Roma", por Scott e Kimberly Hahn (leia a resenha); 


• "Ex-pastor Paulo Leitão se converte ao Catolicismo", um testemunho emocionante em vídeo (assista aqui); 
• O testemunho brilhante da conversão de Fábio Salgado à Igreja Católica (repleto de dicas de livros, leia aqui)
• "Lista de 201 ex-protestantes conversos ao Catolicismo" (leia aqui);

• Todos os membros da "Igreja Cristã Maranatha" (Detroit, EUA) se convertem ao Catolicismo (leia aqui). 

Com esses testemunhos espero que o leitor entenda que pessoas com motivos sérios, fundamentados, e com uma prática de vida piedosa, escolheram a Igreja Católica. Não é uma escolha por conveniência, malícia ou ignorância. Muitas dessas pessoas perderam amigos, familiares e todo seu círculo social de uma vida inteira quando escolheram a fé católica. Todas elas eram cristãos estudiosos, inteligentes, conhecedores da Bíblia e ativos na vida ministerial das suas igrejas. Se meu exemplo não basta, espero então que o exemplo desses irmãos em Cristo o ajudem a perceber que a fé católica não é uma mentira ou tradição de homens.
www.ofielcatolico.com.br

A caridade cristã


ENQUANTO CRISTÃOS que somos, devemos, sim, dar esmolas. Todavia é fundamental que usemos sempre da virtude da prudência, que ilumina as nossas ações e escolhas. Toda virtude pode ser como que filtrada pela nossa razão, razão que nos torna humanos. Os animais não têm virtude, exatamente porque não tem a racionalidade. Assim para fazer caridade também devemos usar a nossa inteligência. 

Uma coisa é o amor do pai, que educa e sabe colocar limites no filho. Outra coisa é a imprudência do vovô, que quer cobrir o menino de mimos, enchendo-o de presentes e fazendo todas as suas vontades, – muitas vezes, como se diz, “estragando” aquela criança. – O critério da nossa caridade nunca deve ser, simplesmente, agradar o outro, não importando o custo. O critério da caridade deve ser aquilo que realmente será um bem para a outra pessoa. Assim é que devemos usar da prudência para orientar a esmola.

Isso não quer dizer que não devamos dar esmola, mas sim que devemos procurar a maneira de ajudar melhor as pessoas que sofrem. De que modo podemos empregar com mais fruto o nosso dinheiro? Há sempre muitas opções para quem quer realmente praticar a caridade e tem boa vontade para procurar os melhores meios. Podemos ingressar num grupo vicentino ou outro que pratique a caridade, e aprender um pouco melhor, – na prática, – como é que se dá essa assistência cristã aos desvalidos.

É importante recordar que a esmola faz parte da lista das obras de misericórdia corporal que a Igreja aconselha e que estão listadas no Compêndio do Catecismo da Igreja Católica:

1) Dar de comer a quem tem fome;
2) Dar de beber a quem tem sede;
3) Vestir os nus;
4) Dar pousada aos peregrinos;
5) Visitar os enfermos;
6) Visitar os presos;
7) Enterrar os mortos.

São caridades corporais, físicas; atos concretos, materiais. Todas são muito importantes e fazem um bem imenso ao cristão. A esmola é uma tradição do ser cristão, mas é também muito importante lembrar que, além da caridade na forma da ajuda material, é necessário prestar o bem espiritual, e para tanto temos duas vias principais: 

a) Podemos e devemos evangelizar em nossas palavras e atos
b) Podemos e devemos oferecer os nossos gestos de caridade, – o nosso sacrifício, – como bens espirituais pelas almas do Purgatório.

Não é somente mandando celebrar Missas ou rezando pelas almas que padecem no outro mundo que podemos ajudá-las, mas também oferecendo por elas as nossas boas obras, a Deus Pai em Nome do Cristo, Jesus, e pedindo que a Santíssima Virgem disponha da melhor maneira de todo o bem que fizermos pelo bem dos padecentes no mundo espiritual.

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Ref.:
Padre Paulo Ricardo de Azevedo Jr., A resposta católica n.58, 'Como o cristão deve dar esmolas?', disp. em:
https://padrepauloricardo.org/episodios/como-o-cristao-deve-dar-esmolas
Acesso 25/11/015
www.ofielcatolico.com.br

Estado islâmico: poderá a Civilização Ocidental, que hoje tanto preza a tolerância, a pluralidade e o respeito humano, vencer o terror?


DESDE O MAIS RECENTE atentado em Paris, França, em 13 de novembro (2015), as notícias sobre o ISIS, DAESH ou Estado Islâmico (EI), – ultimamente chamado mais por este último nome, – vêm sendo exaustivamente veiculadas em todos os jornais e noticiários, de todos os canais, em todas as mídias. Talvez alguns já estejam cansados de tanto ouvir dizer de terrorismo, violência, conflito cultural e religioso, invasão da Europa, etc.

Mas não é possível e não se deve calar neste momento crucial. Pelo contrário, é preciso encarar o problema com cada vez maior atenção e cuidado, e é preciso que cada um de nós esteja bem consciente da dramática situação. Curiosamente, apesar de toda a cobertura jornalística, parece-nos claro que a maioria da população não tem uma ideia bem precisa do que exatamente está acontecendo no mundo, agora. Prova disso são as postagens indignadas nas redes sociais que recriminam tanta preocupação com Paris quando, aqui no Brasil, no município de Mariana, MG, duas barragens se romperam, atingindo uma centena de residências, ceifando as vidas de seis pessoas e deixando 12 desaparecidos.

Tais pessoas não compreenderam ainda que a questão toda não se resume, simplesmente, a um atentado em Paris, nem é o caso de se comparar desgraças. A questão é que o problema ocorrido em Minas Gerais nada tem a ver com os atos da poderosa seita de assassinos na França, – estes mesmo que conquistaram no Oriente Médio um território do tamanho da Grã-Bretanha e que ameaçam a paz não só da Europa, mas a médio/longo prazo, de todo o mundo civilizado.

Na tentativa de lançar um pouco de luz sobre esta delicada, complexa e tenebrosa situação, publicamos este artigo com explicações gerais, bem detalhadas e (esperamos) didáticas sobre o assunto mais importante da atualidade.

Em primeiro lugar, importa saber que o que aconteceu em Paris não foi “uma tragédia” inesperada. Não. Uma tragédia é uma desgraça ou catástrofe, que via de regra nos surpreende e que se desenrola por atos sobre os quais os envolvidos não têm controle. Já os terroristas que assassinaram pessoas inocentes em nome de Alá tinham total controle sobre seus atos e planejaram tudo com antecedência.

E o problema não se resume a este caso isolado. Em um vídeo publicado na noite da última quinta-feira (19/11/015), membros do EI ameaçam lançar novos atentados terroristas na França, nos Estados Unidos e na Itália. Durante seis minutos, dois autoproclamados jihadistas afirmam que vão explodir a Casa Branca, atacar Paris de novo e conquistar Roma. Eles também aparecem comemorando os atos de 13 de novembro na capital francesa, dos quais assumiram autoria. Um dia antes, o EI havia publicado já um outro vídeo com imagens de Nova York e mencionando especificamente a Times Square. O objetivo da gravação era mostrar um dispositivo explosivo sendo fabricado e transformado em colete de balas.

Recentemente, uma imagem da Praça de São Pedro, no Vaticano, apareceu na capa de uma revista online produzida pelo grupo terrorista. Nesta quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores da Itália, Paolo Gentiloni, confirmou que o FBI o alertou sobre o risco de ataques no país. Diante desses fatos, as autoridades italianas aumentaram a segurança em Roma e no Vaticano.

Além disso, três dias após os atentados a Paris, que deixaram 130 mortos e 352 feridos, o EI divulgou um vídeo com ameaças aos países que bombardeiam a Síria e o Iraque, mencionando Estados Unidos, Canadá, Bélgica e Austrália.

Muito bem, sabemos então que a situação é mais do que grave, e é mais do que nítido que combater o Estado Islâmico de maneira firme, precisa e eficiente, é mais do que urgente. Mas, afinal, que grupo terrorista é este?


ISIS, DAESH ou EI?

Em 2013, este exército terrorista se apresentou pela primeira vez assumindo para si o título de Estado Islâmico (EI) no Iraque e Síria, que na sigla em Inglês é ISIS, e DAESH em árabe. Com o objetivo de deixar claro que a sua meta é a expansão territorial (isto é, não vão se limitar à Síria e ao Iraque), acabaram por se identificar apenas como “Estado Islâmico”, ou, ainda, “o Califado”.


Surgimento do EI

O grupo surgiu da rixa entre os muçulmanos sunitas e xiitas. Em 1989, o jordaniano Abu Musab al-Zarqawi foi para o Afeganistão lutar contra a União Soviética, mas chegou tarde para a luta. Dez anos depois, no Iraque, ele criou o grupo terrorista Al-Tawhid wa al-Jihad, com o objetivo principal de exterminar xiitas. Zarqawi era conhecido pela selvageria e pelas brigas até mesmo com outros jihadistas.

Com alguma relutância, Osama bin Laden o aceitou para comandar a Al Qaeda no Iraque, em 2004, após a invasão do país pela coalizão liderada pelos EUA. No novo posto, Zarqawi ganhou soldados, dinheiro e passou a atacar os norte-americanos. Nas prisões iraquianas, os jihadistas fizeram amizade com antigos funcionários da ditadura de Saddam Hussein, derrubada pelos EUA. Essa mistura gerou o Estado Islâmico, que ainda tem na perseguição aos xiitas um de seus objetivos.

A partir de 2011, a guerra civil na Síria deixou um vácuo de poder em diversas áreas do país. Os integrantes do EI cruzaram a fronteira para ocupar esse espaço e recrutar adeptos, contando com a conivência do ditador sírio Bashar Assad, que viu na expansão do grupo uma forma de enfraquecer os rebeldes que tentam derrubá-lo e de mostrar ao mundo que ele próprio é um mal menor comparado à perspectiva de ter radicais islâmicos comandando o país. Assim é que o EI estabeleceu sua sede em Raqqa, na Síria e, em 2014, invadiu também as cidades no norte do Iraque.


EI e Al Qaeda

O EI possui território e já criou um governo baseado na chária, a lei islâmica. Já a Al Qaeda considerava a criação do califado uma meta de longo prazo, isto é, algo que só aconteceria em gerações futuras.

O imediatismo do EI está calcado na convicção de que o fim dos tempos é iminente, e de que cabe a ele, EI, expandir as fronteiras do Islá, através da conversão forçada dos povos e preparando terreno para o juízo final. Seus líderes pregam que após a criação de um Estado Islâmico global, ocorrerão diversas batalhas.

Segundo essa crença alucinada, em Dabiq, Síria, haverá um confronto final contra o que eles chamam de “Roma”. Então, terá início uma contagem regressiva para o final dos tempos.


O recrutamento

O EI atrai mais adeptos entre os islâmicos por ser visto como um grupo de sucesso. Essa sensação se deve principalmente a sua intensa presença na internet. Em todos os países com filiais do EI, há uma agência responsável pela comunicação, comandada por um emir, que produz vídeos elaborados e se utiliza de estratégias eficientes de propaganda nas redes sociais. O discurso do EI tem muito mais apelo que o da Al Qaeda, que não almejava o califado para o tempo presente. Para o EI, o califado global é uma realidade que já começou a acontecer e já pode ser desfrutada.


Como combater

É possível enfraquecer o EI por meio de ações militares, privando-os do domínio territorial que já conquistaram e que lhes permite treinar novos militantes e achacar a população para financiar seus atentados, mas é muito provável que, mesmo na clandestinidade total, eles continuem encontrando meios de atacar as cidades do Ocidente. Por isso, a luta conta esses grupos, além de duríssima e incessante, deve ser também ideológica.


O tamanho da ameaça

O EI realmente quer, mas não pode destruir (ainda e de uma vez) a Civilização Ocidental. O que os terroristas já possuem é o poder de disseminar o medo no Ocidente. Se as nações ocidentais se deixarem atemorizar, terão dado aos terroristas um grande trunfo.

Por outro lado, aproximadamente 8 milhões de pessoas vivem, hoje, sob o jugo dos terroristas, em áreas conquistadas pelo EI. Quem vive no "califado" não demonstra descontentamento simplesmente porque não pode, e sabe muito bem que se será severamente punido, com a pena de morte sob tortura, se ousar protestar. Nas cidades iraquianas, muitas tribos apoiam hoje o EI porque estavam descontentes com o governo de Bagdá, controlado pelos xiitas.


O modus operandi do EI

Uma vez no poder, o EI mantém as instituições locais. Em Raqqa, capital da Síria, os sunitas que trabalhavam na administração do presidente Assad mantiveram seus postos após jurar lealdade ao grupo. O mesmo aconteceu com os funcionários das empresas de eletricidade e água. O EI instituiu uma polícia e tribunais para aplicar a chária e transforma as escolas em centros de estudos do Corão.



O grande líder

O EI é comandado, hoje, pelo iraquiano Abu Bakr al-Baghdadi (foto acima), que se autoproclamou califa. Por se apresentar como "representante do profeta Maomé (Mohamed) na Terra", Al-Baghdadi tem o controle absoluto da organização de fanáticos. Seu braço direito era Abu al-Turkmani, morto em bombardeio americano em outubro de 2014. Abaixo de Baghdadi há um gabinete composto de pelo menos sete ex-oficiais do exército iraquiano da era de Saddam Hussein.

Sob o comando deses "ministros" estão a coordenação das operações de campo, o recrutam enbto, as questões judiciais, a segurança, a inteligência e a propaganda. Para evitar a atuação de espiões inimigos, cada área é entregue a um emir, que atua de maneira independente, sem comunicação entre elas.


Tentáculos espalhados por todo o mundo

Os contatos internacionais do EI são intensos. Em todo o mundo, milhares de simpatizantes (!) conectados à internet ajudam a disseminar as ideias e vídeos feitos pelo grupo. Bandos islâmicos da África juraram lealdade ao EI. Por incrível que pareça, metade dos militantes que lutam no Iraque e na Síria são estrangeiros. Muitos usam armas compradas de traficantes internacionais, como rifles automáticos M16 e M4 e foguetes antitanque originários da Arábia Sauditas e dos EUA. Ao sequestrar reféns ocidentais e libertá-los mediantes o pagamento de resgate, o EI consegue levantar cerca de 45 milhões de dólares/ano. A venda de antiguidades para atravessadores do Líbano, da Turquia e da Jordânia e o contrabando de petróleo para a Turquiae para o Irã em comboios de caminhões geram outros milhões.

Além disso, a maior pare da receita é obtida localmente. Comerciantes e industriais são obrigados e entregar 20% do seu faturamento. Companhias de telefone celular precisam pagar para não ter suas antenas destruídas. Mas a principal fonte de arrecadação nas cidades ocupadas pelo EI é um imposto de 50% sobre o salário dos empregados públicos, que continuam na folha de pagamento dos governos de Damasco e Bagdá(!).


Armamento

Todo o armamento, assim como a indumentária usada pelos terroristas do EI foi obtida com os avanços militares no Iraque e na Síria. No Iraque, ainda há vários depósitos de material bélico e fardamentos da era de Saddam Hussein. Os americanos calculam que sejam necessários cinquenta anos para destruir tudo o que os terroristas já conquistaram (!). Ao avançar sobre o território iraquiano, o EI se apoderou desse material. Como se não bastasse, apoderaram-se também dos equipamentos entregues pelos americanos ao exército iraquiano. Já as frentes do EI no norte da África são abastecidas por contrabandistas. Os uniformes são produzidos na China ou em confecções na Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas.


Incapacidade (ou fraqueza?) para encarar o problema

Muitos analistas dizem que os assassinatos em Paris são resultado da política externa francesa, porque são incapazes de encarar  problema. Os EI é um força terrorista com território, dinheiro e objetivo declarado de matar todos os que pensam diferente de seus líderes. – Sejam cristãos ou muçulmanos que interpretem o Corão de maneira que eles considerem ofensiva. – O EI exporta o terror. Ontem, Beirute, hoje, Paris. Amanhã, Berlim, depois de Londres. Eles se imaginam em uma guerra de conquista planetária, com ou sem bombardeios ocidentais contra suas bases. 

Mais cedo ou mais tarde, era óbvio que o grupo levaria sua selvageria para as cidades "do pecado", como eles consideram todas as metrópoles ocidentais. 


Uma multidão de jovens, belas e bem nascidas ocidentais estão fugindo do Ocidente para se casar com terroristas

Pela internet, aliciadores do EI entram em contato com muçulmanas europeias, e as convencem de que podem fazer algo para ajudar "as vítimas inocentes" dos soldados de Bashar Assad e dos aviões da coalizão liderada pelos EUA. Os terroristas as convidam para cuidar de crianças órfãs e ajudar nos hospitais. Mas, ao chegar na Síria e no Iraque, via de regra elas se decepcionam diante da brutalidade do grupo e das barbaridades que presenciam, e ao constatar que não há função para elas, mas que estão ali só para serem incorporadas aos haréns dos líderes do EI. Em outras palavras, tornam-se escravas sexuais de fanáticos asquerosos. Aí, já é tarde demais para qualquer arrependimento.


São jovens pobres e sem esperança tornando-se terroristas?

Não. Esta é uma tese absurda de viés esquerdista. A verdade é que muitos jovens ocidentais que aderem ao EI são de famílias de classe média, o que na Europa significa que viveriam como ricos, por exemplo, no Brasil. São atraídos pela aventura e estimulados pela impunidade. Sentem-se inebriados pelo poder absoluto sobre vida e morte, corrompendo-se moralmente a ponto de assassinar gente inocente e desarmada como se fosse seu "direito divino".

Abdelhamid Abaaoud, o mentor dos atentados de Paris, estudou em um excelente colégio de Uccle, no sul de Bruxelas. Segundo seu pai, Omar, que imigrou do Marrocos para a Bélgica a 40 anos e é um comerciante bem sucedido, Abdelhamid tinha "uma vida fantástica".


Os muçulmanos da França são mais radicais ou melhor organizados que os dos EUA?

A comunidade islâmica na França é mais numerosa, e chega a 7,5% da população(!). A maioria vive em subúrbios e bairros onde reproduz hábitos e estilo de vida de seus países de origem. Nos EUA, os muçulmanos não chegam a 2% do total, e estão mais bem integrados à sociedade norte-americana.


Missões suicidas

Ao ingressar no EI, o adepto deve optar pelo treinamento de soldado ou homens-bomba. Ao contrário do que possa parecer, não faltam candidatos à segunda opção. 


Redes sociais

A todo momento, o Twitter e o Facebook fecham contas que publicam conteúdo do EI ou apoiam o rupo. Por semana, só o Twitter encerra duas mil. O problema é que é muito fácil criar outras contas novas. Muitos apoiadores até se orgulham da quantidade de vezes que foram suspensos.


Imãs 'moderados'?

Nas principais mesquitas, nem todos os clérigos apoiam o terrorismo e a radicalização na interpretação do Corão (tema complexo, já que o livro sagrado islâmico incita à violência explicitamente), mas o seu alcance é limitado. Os jovens franceses que se radicalizam pela internet não frequentam mesquitas nem grupos de estudo. Os recrutadores que falam com eles os incentivam a desconfiar de todos, inclusive (talvez principalmente) de seus pais e familiares.  Muitos só percebem que seus filhos se fanatizaram depois que já estão no Oriente Médio(!).


E a 'maioria moderada' de que tanto se fala na TV?

A verdade é que não se pode afirmar que a maioria da população muçulmana mundial seja de fato "moderada" e contra o terrorismo. A pergunta que não quer calar é a mais óbvia possível: por que então esta maioria pacífica não se organiza e sai às ruas em protesto público contra a barbárie? A verdade é que parcelas importantes da população islâmica espalhadas pelo mundo são declaradamente a favor dos atos terroristas: na Tunísia são 13%; na Arábia Saudita, 10%; no Egito são 10%, e nos territórios palestinos, 24%. Leia-se que estes são os números "oficiais", mas é claro como água que entre a população que não declara publicamente seu apoio também há um forte grau de simpatia ao terror, ainda que, por uma questão de justiça, não possamos generalizar a situação e afirmar que todo muçulmano é um terrorista em potencial. 


A religião que mais cresce no mundo

O islamismo é a religião que mais cresce no mundo (e a um ritmo vertiginoso), – além da metodologia friamente calculada e das táticas inteligentemente planejadas, – por uma simples questão matemática: os muçulmanos têm (muito) mais filhos.

No mundo islâmico, cada mulher tem em média 3,1 filhos, contra 2,7 das cristãs. Ajuda também o fato de que as muçulmanas são mais jovens, um média de 23 anos, enquanto que as não muçulmanas tem média de 30. Resultado: a população mundial deve crescer 35% até 2050, enquanto o número de muçulmanos deve aumentar 73%!

O atual ritmo de imigração e de crescimento demográfico dos muçulmanos é nada menos que assustador. Observe-se os simples números abaixo, e trema-se com a sua inevitável conclusão:

• França
- População muçulmana: 7,5%
- Média de filhos de cada mulher muçulmana: 2,8%;
- Média de filhos de cada mulher não muçulmana: 1,9%

• Bélgica
- População muçulmana: 5,9%
- Média de filhos de cada mulher muçulmana: 2,5%;
- Média de filhos de cada mulher não muçulmana: 1,7%

• Alemanha
- População muçulmana: 5,8%
- Média de filhos de cada mulher muçulmana: 1,8%;
- Média de filhos de cada mulher não muçulmana: 1,3%

• Inglaterra
- População muçulmana: 4,8%
- Média de filhos de cada mulher muçulmana: 3%;
- Média de filhos de cada mulher não muçulmana: 1,8%

• Suécia
- População muçulmana: 4,6%
- Média de filhos de cada mulher muçulmana: 2,5%;
- Média de filhos de cada mulher não muçulmana: 1,8%

Com isso, três em cada dez habitantes do planeta serão muçulmanos em pouco mais de três décadas. alcançando o total de cristãos.


Crianças cristãs crucificadas e expostas para a "apreciação" pública. O menino menor, ao fundo, com marcas de golpes que lhe perfuraram a camiseta, parece não ter mais do que 7 ou 8 anos de idade. Pessoas tiram fotos e parecem realmente apreciar o tenebroso espetáculo (pedimos desculpas por imagem tão pavorosa, mas o fazemos com a intenção de informar e, mais importante, alertar. De fato, existem imagens ainda mais terríveis na internet, de crianças de 4 ou 5 anos sendo esfoladas vivas ou crucificadas em postes, que preferimos não publicar). Enquanto isso, a presidente Dilma se declara preocupada com o 'perigo da islamofobia'...

A barbárie

- Assassinato de civis: os reféns não resgatados mediante pagamento são mortos cruelmente. Qualquer pessoa que não se submeta à ideologia do grupo é executada.

- Extermínio de minorias: Yazidis, cristãos xiitas são os principais perseguidos. Os homossexuais são jogados do alto de prédios ou torres.

Escravidão, estupro, pedofilia: meninas e mulheres são feitas de escravas sexuais pelos terroristas.

Recrutamento de menores: crianças e jovens entre 8 e 18 anos são obrigados a passar por treinamento militar  e religiosos para se juntar à jihad.

Tortura: amputações, apedrejamento e crucificação são punições comuns, – e previstas na lei islâmica comum, – inclusive para crianças pequenas.

Invasão de terras e expulsão de povos: conforme o grupo avança, as minorias fogem. Em teoria, os cristãos que ficam têm a opção de se converter. Na prática, porém, todos acabam mortos.

Destruição de patrimônio histórico: relíquias inestimáveis de civilizações antigas são saqueadas e vendidas ou simplesmente destruídas.


E o Brasil?

Embora cerca de metade dos atentados terroristas cometidos nas últimas quatro décadas e meia se concentrem em 5% dos países do globo terrestre, nenhuma nação é imune. O Brasil é classificado como de baixo risco, por causa da distância e pelo fato de não fazer parte das alianças de combate ao terror. A Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro, porém, é considerada um evento de risco, devido à cobertura massiva da Imprensa e da presença de delegações de diversas nacionalidades visadas pelo EI. Além disso, a Polícia Federal já monitorou tentativas de recrutamento pela internet de brasileiros para se juntar às fileiras do grupo.

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• Fonte/referência:
Revista VEJA, ed. 2453, ano 48, n.47, 25/11/015, artigo 'Letais contra inocentes desarmados', por Duda Teixeira e Nathalia Watkins Paula Pauli, com reportagem de Paula Pauli, pp. 86 -95.
• Fontes dos dados estatísticos:
Rand Corporatgion, Brookings Institution, New York Times e Conflict Armament Research
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A Missa todos os domingos: prazer ou sacrifício?


A Santa Missa é Jesus no Calvário, com Maria nossa Mãe a seu lado e João aos pés da Cruz, e os anjos em adoração. Choremos de amor e adoração nesta contemplação!”

Seria mais fácil o mundo existir sem o sol do que sem o Sacrifício da Missa.”

(São Padre Pio)

MUITOS SE PERGUNTAM se devem ir à Missa todo domingo mesmo sem vontade, por pura obrigação. O preceito que nos obriga a ouvir Missa todos os domingos ('no domingo e nos outros dias de festa de preceito, os fiéis têm a obrigação de participar da Missa; além disso, devem abster-se das atividades e negócios que impeçam o culto a ser prestado a Deus' / CDC 1247) pode tornar o Santo Sacrifício de Nosso Senhor num sacrifício particular para muitos de nós.

Muita gente experimenta uma tremenda, avassaladora, quase insuperável preguiça de se vestir e sair de casa para ir à igreja na hora da Missa. Acabam inventando uma infinidade de desculpas, – para os outros e para si mesmos, – para se escusarem de cumprir o preceito. – Se é para ir passear no shopping ou participar da churrascada em casa de amigos, não têm preguiça, não têm desculpas; mas para ir à Missa, é sempre aquela novela...

Para responder à pergunta inicial (devemos ir à Missa mesmo sem vontade, por obrigação?) é preciso antes entender como funciona a alma humana e como se pode prestar o devido culto a Deus. Se o homem é constituído de corpo e alma, para se viver como seguidor de Cristo é a alma que deve comandar o corpo, mesmo que os sentidos corporais não estejam colaborando. Assim como um pai zeloso leva seu filho à Missa, mesmo que ele não esteja disposto, a alma deve, metaforicamente, "levar" o corpo. Ora, há filhos que esperneiam e insistem que não querem ir, mas o pai é firme e exerce um ato de vontade sobre aquele filho. Um dia, talvez anos depois, aquele filho haverá de agradecer o pai por tê-lo feito ir ao encontro de Deus, do Transcendente, do Eterno, assim como um dia o obrigou a ir à escola.

A alma humana possui três áreas: a inteligência, a vontade e a afetividade (sentimentos). Elas devem obedecer a essa hierarquia. Deste modo, quando a pessoa sente dificuldade em ir à Missa é porque a afetividade está querendo sobrepor-se às demais. A inteligência, porém, sabe o que é o certo e determina à vontade; ordena à afetividade que vá mesmo assim.

Não se trata de hipocrisia. Quando uma parte do indivíduo não quer ir à Missa é justamente nesse momento que se vislumbra a oportunidade de mostrar a Deus o quanto o ama, pois uma oração que é feita na luta é uma oração que tem mais valor porque é feita sem a consolação.

Nenhuma das três áreas da alma deve ser excluída da vida espiritual, mas elas devem obedecer à hierarquia.

A inteligência é a área usada para o ato principal da vida espiritual: a oração.

A vontade também pertence à vida espiritual e quando é ela quem comanda, a isso se dá o nome de devoção.

Finalmente, quando a afetividade (sentimento) entra na vida espiritual ocorre a consolação.

Contudo, mesmo quando o indivíduo não recebe consolações na vida espiritual, ou seja, quando está vivendo um período de aridez da fé, de deserto, – quando não pode sentir a Presença divina ou a resposta às suas orações e súplicas, – não deve desanimar, pois esta é a área que está mais em contato com o corpo e, portanto, não é tão sublime.

Neste momento, a vontade deve vir em socorro da afetividade e deve-se perpetrar atos de devoção os quais, mesmo que o indivíduo não sinta grande consolação, ajudarão seu intelecto. Tais gestos concretos de vontade, assim realizados, levarão a razão, parte superior de sua alma, a prestar culto a Deus.

É este, conforme descrito acima, o culto referido por São Paulo Apóstolo como Logiké latréia, isto é, adoração lógica do Logos, o culto espiritual em que o indivíduo dobra sua inteligência diante da Sabedoria infinita de Deus para pedir a Ele tudo aquilo que convém para a salvação da própria alma e das outras pessoas. Não é fácil; muitas vezes, nossa lógica humana grita contra aquilo que nos propõe a fé da Igreja, – que de fato soa como completamente desprovida de lógica, de senso, de razão.



Neste momento é que nos vem novamente o "Apóstolo das Gentes", ou o Espírito Santo falando por sua pena, sussurrar aos ouvidos de nossa alma e sacudir de cima abaixo o edifício de nossa racionalidade:

Porque está escrito: 'Destruirei a sabedoria dos sábios, e aniquilarei a inteligência dos inteligentes'. Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?

Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.

Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria;

Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos.

Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus.

Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.

Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados.

Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes;

E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são;
Para que nenhuma carne se glorie perante ele.

Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção;

Para que, como está escrito: Aquele que se gloria glorie-se no Senhor."

(1Cor 1,19-31)

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Ref.:
• 'Devo ir à missa por pura obrigação?', vídeo-aula do Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Jr., disponível em:
https://padrepauloricardo.org/episodios/devo-ir-a-missa-por-pura-obrigacao
Acesso 20/11/015
• MCCAFFERY, John, Padre Pio, histórias e memórias. São Paulo: Loyola, 2002.
www.ofielcatolico.com.br

O mito da minoria radical muçulmana


BEM MAIS grave do que o mito da “minoria infiltrada de vândalos” nos protestos do movimento "Passe Livre" que em grande medida ocasionaram as grandes manifestações populares em 2013, em todo o Brasil, é o da "minoria radical muçulmana", decerto defendido pelos jornalistas da Globo News e por nove entre cada dez "especialistas" tupiniquins.

Não é difícil disseminar este mito. Basta convencer o grande público de que os terroristas que matam inocentes são minoritários entre os muçulmanos e daí forçar a (falsa) conclusão de que a maioria é pacífica, uma vez que não é violenta na prática, já que não comete atentados. Diga-se ainda que os líderes de tais e quais entidades muçulmanas condenam os atos e pronto. Já foram convencidos os incautos.

O problema real, no mundo real, é que terroristas recebem apoio moral, financeiro e religioso daqueles que não são os próprios terroristas (será?), mas que podem e de fato devem ser chamados de radicais.

No vídeo legendado abaixo, Ben Shapiro mostra, por meio dos dados de pesquisas feitas em cada país de população muçulmana, quantos indivíduos são radicais de fato. – E como já sabemos que muitos, convencidos pela mídia "politicamente correta", tentarão desqualificar esta exposição por não partir de um muçulmano, confira logo a seguir a exortação feita diretamente por um respeitado (e considerado 'moderado') mulá islâmico na "Conferência Muçulmana da Paz" (não é piada), ocorrida na Noruega em outubro de 2013.




Pois é. De verdade e na prática, mais de 800 milhões de muçulmanos são radicais: isso representa mais da metade do total da população muçulmana mundial. Maioria. 

Infelizmente, o mito da "minoria radical muçulmana" ainda vai matar muita gente civilizada, como aconteceu na fatídica quarta-feira em Paris, já que durante o atentado, parcialmente filmado por testemunhas nos prédios vizinhos, os agressores gritavam “Alá é grande”, em árabe. (A chargista Corinne Rey, que assina como 'Coco', presenciou o ataque e afirmou ao jornal francês 'L’Humanité' que os terroristas 'falavam francês perfeitamente' e 'reivindicaram pertença à Al Qaeda').

Já falamos por aqui da histeria politicamente correta que, sob a bandeira do multiculturalismo, impede não só certas medidas de segurança que salvariam vidas inocentes, mas o próprio debate sobre quais delas seriam as mais eficazes para conter o avanço dos radicais islâmicos sobre o Ocidente.

Nos casos emblemáticos do atirador de Fort Hood e dos terroristas de Boston, em que a morte de inocentes poderia ter sido evitada não fosse a irresponsabilidade (para dizer o mínimo) disfarçada de “tolerância” promovida pelo governo Obama, o mesmo que abriu caminho para os terroristas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS, na sigla em inglês) cometerem as maiores atrocidades no Iraque, decapitando e executando cristãos, yazidis e até jornalistas internacionais.

Como escrevera João Pereira Coutinho no artigo “Nós, os vermes“: 

“Mas já seria um grande contributo se o Ocidente fosse um pouco mais intolerante com a intolerância daqueles que recebemos, alimentamos, sustentamos, – e enlouquecemos de ódio com o ódio que sentimos por nós próprios.” 

Em seu livro "A civilização do espetáculo", Mario Vargas Llosa também defende ideia semelhante, enfatizando que é o imigrante quem tem de se adaptar à cultura local, não o contrário. Mas isso não é óbvio?!

Na Inglaterra, vale lembrar que Mohammed já é o nome mais popular entre os bebês do sexo masculino(!); e, só para se ter uma ideia de como o pavor de ferir suscetibilidades vai se transformando na mais pura submissão de um país às imposições de uma religião minoritária que representa apenas 4,5% de sua população, a rede Subway resolveu abolir todos os derivados de porco (basicamente presunto e bacon) de seu cardápio para, segundo eles, não ofender os muçulmanos(!!).

Os ditos conservadores, tratados no mínimo como porcos pelos esquerdistas, também tiveram suas ideias, – ainda mais saborosas que presunto e bacon, – abolidas do cardápio universitário ocidental
para não ofender professores militantes. E o resultado prático está aí: um rastro interminável de sangue.

** Veja também os vídeos abaixo:

Achando que conseguiria pegar David Horowitz no contrapé durante palestra no campus de UC San Diego (um dos mais esquerdistas dos EUA), uma estudante radical é confrontada com sua própria incoerência e admite publicamente o que poucos admitem:




A jornalista libanesa e sobrevivente do terror islâmico, Brigitte Gabriel, dá uma resposta arrasadora a uma estudante identificada como Saba Ahmedo em debate promovido pela Heritage Foundation sobre as mortes de quatro americanos em atentado em Bengasi, na Líbia:


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Fonte:
Blog Felipe Moura Brasil [com acréscimos nossos], disp. em:
veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/cultura/o-mito-da-minoria-radical-muculmana/
Acesso 18/11/015
www.ofielcatolico.com.br
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