As negações modernas da ordem
O materialismo positivista sustenta que todo o universo, tanto físico como humano, é constituído por um único princípio, que é a matéria. Afirma que a matéria está em movimento e trata de justificar a variedade de seres de toda espécie existentes em nosso planeta dizendo que as diversas partículas materiais vão mudando de lugar e se associam como consequência de forças mecânicas, que iriam se combinando por um acaso gigantesco. O acaso cósmico é erigido para poder negar a existência de Deus e sua Inteligência ordenadora do mundo.
Por sua vez, a corrente relativista nega a existência de toda realidade permanente. Apoiando-se na experiência da mudança, das variações que se dão na realidade física e no desenvolvimento da raça humana, o relativismo nega toda verdade transcendente e todo valor moral universal. Em semelhante concepção, todo conhecimento, toda norma ética, toda estrutura social, são relativos ao seu tempo e lugar, mas perdem a vigência em outros casos. Tudo muda, tudo se transforma incessantemente, sem que se possa falar de uma ordem essencial correta ou justa.
Se não fosse assim, não poderíamos dizer que uma criança cresceu, que uma semente germinou em planta ou que nós somos os mesmos desde que nascemos há 20, 30 ou 70 anos... Se nada permanecesse, teríamos que admitir que a criança, a planta ou nós mesmos, somos seres absolutamente diferentes daqueles. Para que haja mudança deve haver algo que mudou, quer dizer, um sujeito da mudança. Do contrário, não haveria mudança alguma.
A filosofia cristã opõe a estes erros uma concepção muito distinta e conforme a experiência. Para além de toda mudança, há realidades permanentes: a essência ou natureza de cada coisa ou ser. A evidência da mudança não só não suprime essa natureza mas a pressupõem necessariamente. A experiência cotidiana nos mostra que as pereiras dão sempre peras e não maçãs nem nós moscada, e que os olmos nunca produzem peras. Por não se sabe que "deplorável estabilidade", as vacas sempre têm bezerros e não girafas nem elefantes, e, o que é ainda mais escandaloso, os carneiros têm sempre uma cabeça, uma calda e quatro patas... E quando, em alguma ocasião, aparece algum com cinco patas ou com duas cabeças, o bom senso exclama espontaneamente: “Que barbaridade, pobre animal defeituoso!” – Reações que não fazem senão provar que não só há natureza mas que existe uma ordem natural. A evidencia dessa ordem universal é que nos permite distinguir o normal do patológico, o são do enfermo, o louco do lúcido, o motor que funcionava bem do que funciona mal, o bom pai do mal pai, a lei justa da lei injusta... O bem do mal.
Mas a ciência aporta uma confirmação assombrosa à constatação não só de que cada ser têm uma essência ou natureza, mas de que essa natureza não é fruto do acaso, mas que possui uma Ordem, uma hierarquia, uma harmonia que se manifesta em todos os seres e em todos os fenômenos.
A simples observação nos mostra, com efeito, que há leis naturais que regem os fenômenos físicos e humanos. O homem sempre admirou a regularidade da marcha dos planetas, das inumeráveis constelações; sempre se assombrou com o ritmo das estações, das marés, da geração da vida. Mas o progresso cientifico atual, a física e a química contemporâneas, nos dizem que uma simples molécula de proteína contém 18 aminoácidos diferentes, dispostos em uma ordem bem estruturada. – Uma única molécula de albumina inclui dezenas de milhares de milhões de átomos, agrupados ordenadamente em uma estrutura dissimétrica.
Hoje sabemos que um ser vivo é constituído principalmente por moléculas de proteínas que contém entre 300 e 1000 aminoácidos. As transformações químicas das células são catalisadas por enzimas, que, por sua vez, possuem estruturas particulares. Um só organismo unicelular possui abundantes proteínas, além de lipídios, açucares, vitaminas, ácidos nucleicos.
Como explicar, então, à luz destas constatações, que a estrutura intima da matéria em seus níveis mais elementares exige um ordenamento tão perfeito, tão delicado, tão constante, para poder produzir o mais simples dos seres vivos? Se a isso somamos a existência não de um, mas de milhões de milhões de organismos monocelulares e a complexidade pavorosa dos organismos mais complexos, como sustentar que um acaso cedo preside tanta maravilha?
O moderno cálculo de probabilidades prova a impossibilidade de uma pura combinação fortuita. Em consequência, nem o acaso cego do materialismo, nem o relativismo, nem o subjetivismo existencialista conseguem explicar a ordem assombrosa do cosmo físico e da vida humana.
Fonte:
• SACHERI, Carlos Alberto. El orden natural, 6ª ed. [1. ed de 1975], Buenos Aires: Vórtice, 2008, pp. 45-48.
– Com "As Muralhas da Cidade", disp. em:
http://muralhasdacidade.blogspot.com.br/2014/12/existe-uma-ordem-natural.html
A devoção mariana tem um grande valor diante de Deus.
ResponderExcluirArtigo belíssimo sobre um tema urgente. Reflexão necessária para o mundo de hoje, formado por meios pensadores e constituído de meias verdades.
ResponderExcluirSanto Natal a todos e uma venturosa passagem de ano.
Imaginemos um Airbus A380 ( o maior do mundo ) desmontado nos mínimos detalhes, onde cada peça e cada parafuso foi alinhado um uma pista de pouso. Vem então um furacão e surpresa! lá está o enorme avião prontinho para voar de novo!
ResponderExcluirPois é mais fácil isso acontecer do que a natureza produzir vida usando o acaso.
Perfeito.
ExcluirFraternidade Laical São Próspero
Obrigado pelo artigo. Muito obrigado.
ResponderExcluirBem escrito, bem articulado e argumentação bem estruturada.
Foi alimentação para minha alma.
Deus Nosso Senhor o abençoe e guarde.
ExcluirFraternidade Laical São Próspero
Até mesmo em períodos situados há bilhões de anos atrás, quando havia na Terra apenas formas de vida muitíssimo primitivas e procariontes, já se percebia uma ordem nas coisas. É impressionante que a tecnologia atual tenha permitido constatar e até explicar o funcionamento desta ordem, ainda que com lacunas a serem preenchidas, e ao mesmo tempo continuem alegações de que é obra do acaso.
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