DOIS PRINCÍPIOS BÁSICOS, aceitos com unanimidade, balizam o trabalho das empresas especializadas em estratégias de comunicação. O primeiro diz que existem apenas dois tipos de instituição: a que já sofreu e superou uma crise e a que ainda irá passar por uma. O segundo princípio dita que as crises, se bem gerenciadas, servem para aprimorar as instituições.
A Igreja Católica, ao longo de 21 séculos de história, sofreu e teve que lidar com diversas e diferentes crises: das perseguições promovidas pelos judeus e pelo Império Romano nos primeiros séculos da era cristã àquelas promovidas pelos regimes ateus e totalitários que marcaram o século 20, até o atual genocídio dos chamados “adoradores da cruz” em países no Oriente e no continente africano com forte atuação de grupos islâmicos radicais.
Na Europa, a crise que afeta o cristianismo tem raízes no iluminismo e é impulsionada por aquilo que Bento XVI magistralmente denominou “ditadura do relativismo”. Usando a desculpa da separação entre a Igreja e o Estado, países que outrora tinham forte identidade cristã, agora negam suas raízes culturais e expulsam do ambiente público todos os símbolos cristãos e suas memórias; junto, vão-se os valores que, em boa parte, os consolidaram como nação. O resultado mais enigmático dessa crise são conventos que se tornaram hotéis em Portugal, templos católicos dessacralizados e vendidos na Holanda, Inglaterra, Irlanda, Alemanha... e que se tornaram restaurantes, bares, cervejarias e até pistas de skate.
No Brasil e na América-latina, a crise se manifesta principalmente com a migração de cristãos do Catolicismo para as seitas pentecostais e neopentecostais autodenominadas "evangélicas".
Esse catastrófico estado de coisas exige uma reflexão séria por parte dos fiéis católicos em muitos aspectos. Entre eles, a necessidade de resgatar o maravilhoso universo simbólico que, nos últimos anos, foi em larga medida descuidado, na maior parte dos vezes mesmo renegado em nome de uma falsa humildade que nada tem a ver com a Religião. Foi mortalmente ferida a visibilidade da Igreja em meio aos espaços públicos, bem como o seu poder de comunicação.
Pense-se, por exemplo, que as procissões e festas litúrgicas da Igreja Católica foram fontes de inspiração para muitas empresas descobrirem o valor dos eventos como forma de promoção institucional; que a incrível eficácia da Cruz como símbolo chamou a atenção de profissionais do marketing para a necessidade da criação de logotipos simples para identificar marcas; que o hábito eclesiástico, além de ajudar os religiosos a não cair nem no desleixo e nem no consumismo, confere-lhes visibilidade e identidade; que o som dos sinos propagados a partir de altas torres, até seis vezes maiores que as demais construções locais, podem atingir quase a totalidade dos habitantes de um bairro ou pequena cidade. São exemplos bem concretos de como o mundo secular evoluiu e aprendeu com a Igreja, no correr dos tempos.
Hoje, por razões diversas, muitos templos católicos são construídos obedecendo a um padrão estético focado na mera praticidade e sem nenhuma identidade simbólica ou visual com a Fé, com a sua história, com os seus elementos sagrados e sua finalidade divina...
Os afrescos com cenas bíblicas deram lugar às paredes lisas, sem graça (e sem apelo visual algum que procure elevar o espírito à Graça transcendente); Sacrários foram relegados a um canto, separado ou mesmo escondido ao interno da Igreja; Altares de pedra foram substituídos por
práticas mesas de madeira ou metal, que podem ser removidas para adaptar o espaço a outros usos(!), como encontros de pastorais sociais e grupos diversos (alguns dos quais discutem temas que pouco ou nada tem a ver com Cristianismo), assim como as fachadas com altas torres – que por si só, além de identificar a construção como templo sacro, são um convite à transcendência –, foram simplesmente descartadas. Os templos tornaram-se iguais às outras construções, de casas ou empresas comuns, e não poucas vezes se parecem com simples galpões.
O resultado são igrejas esteticamente frias; sob o ponto de vista comunicativo, inexpressivas, invisíveis, sem diferencial.
Será que se preocupar com isso é coisa de
radtrads malucos, que não tem nada melhor para fazer do que se preocupar com "detalhes" e questões secundárias à Fé cristã? Ou será que essa realidade é, de fato, (mais) um claro sinal de que há agora uma outra religião, de uma outra igreja, disputando espaços dentro do "Lugar Santo" que é a Igreja de Cristo?
Realmente, se formos comparar a igrejas antigas com as novas as diferenças serão gritantes, basta olhamos para as fotos 4 e 5, o que só se dá a conhecer como igreja é a 4º foto, cuja igreja aliás é a igreja matriz do Santíssimo Sacramento de Itajaí - SC, cidade vizinha a minha, se ela é bela por fora, vocês não imaginam como ela é por dentro: http://www.litoraldesantacatarina.com/foto/itajai/igreja-matriz-de-itajai-vista-de-dentro/1850/; https://cheiodeamor.files.wordpress.com/2011/11/interior-matriz-do-santissimo1.jpg; .
ResponderExcluirSidnei
Sim, Sidnei, eu sabia que a imagem é da Matriz do Ss. Sacramento de Itajaí, – cidade quase vizinha à minha terra natal, também.
ExcluirApostolado Fiel Católico
Particularmente não suporto as paredes lisas nas igrejas, como o post menciona. A igreja que eu frequento é do tipo modernista, felizmente a missa é bem celebrada, os padres são fiéis, mas quando a gente entra nela parece que etá entrando num hospital. Não é tudo branco, mas é tudo azul claro, uma construção de muito mau gosto que não leva a contemplação nem favorece a oração.
ResponderExcluirInfelizmente o clero foi perdendo o carinho e o amor pelas coisas santas e pela liturgia. O Bento XVI fez um grande trabalho mas infelizmente ele era muito tímido, faltava impor mais as coisas certas que ele defendia, porque eu sei que ele foi muito boicotado pelos padres modernistas ou traidores .
Henrique
ResponderExcluirVeja essa "Palestra dos Bispos" proferida em 1977 pelo publicitário Alex Periscinotto em uma reunião na CNBB.
http://blogdapmk.blogspot.com.br/2008/10/palestra-dos-bispos.html
Fala exatamente a mesma coisa que esse editorial de O São Paulo!
Aliás, a força dos símbolos é tão grande que até mesmo o Edir Macedo percebeu isso e está adotando uma linha judaizante em suas vestes e cerimônias na IURD.
Irmãos e irmãs fieis católicos em Cristo Jesus, no ano passado no mês de março, me encontrava na bela cidade de Boa Vista, RR, resolvendo problemas particulares e presenciei um fato que me deixou muito perplexo ao entrar na Catedral Cristo Redentor para reza do rosário. A nova Catedral é no estilo moderno, alias muito moderno, onde pouco se ver símbolos sagrados. Haviam várias pessoas preparando o local para uma cerimônia de casamento, e o que mais me chamou atenção foi a colocação de telões gigantes em todo presbitério, cobrindo toda parede que nos templos antigos existiam o Altar-mor. No outro dia ao comprar um jornal local, fui surpreendido por maravilhosas fotos de um casamento celebrado numa Igreja com um belíssimo e artístico Altar-mor barroco, e pasmem, foi o dito casamento da Catedral.
ResponderExcluirVejam como é:
https://www.flickr.com/photos/nalgum_lugar/5608267812/
E como ficou:
http://www.byjuniorbrasil.com/Colunas/?Colunas=385
Seja Louvado Nosso Senhor Jesus Cristo!
Caríssimo André Catholicus, parece-me que aí está uma uma solução verdadeiramente criativa e, em certo sentido, também piedosa. Talvez alguns dos nossos pastores se sintam tocados por essa saudade que os fiéis evidentemente sentem dos tempos em que o sentido do sagrado era explícito nos templos católicos, e a devida reverência era (também) visualmente estimulada,
ExcluirPor outro lado, infelizmente uma tal produção cenográfica por certo custa caro, e assim está ao alcance de bem poucos. Ideal seria, mesmo, que os símbolos sagrados fossem retomados nos espaços sagrados.
A Paz de Nosso Senhor Jesus Cristo
Apostolado Fiel Católico
Hélio Jo
ResponderExcluirInfelizmente esse é o reflexo do modernismo absurdo e parece que incontrolável pelo qual estamos passando. As nossas igrejas católicas estão sendo construídas desde final do século passado até hoje com uma aparência de templos protestantes tanto por fora quanto por dentro! E isso me deixa muito decepcionado. É uma pena que parece que o Vaticano ou autoridades católicas locais não interfiram na preservação da construção de nossas igrejas da forma como eram antes, tão belas e realmente que nos faziam verdadeiramente entrar em contemplação ao Criador! Em João Pessoa PB, no bairro onde moro, a igreja da paróquia Santa Clara, onde fiz minha primeira comunhão, nem parece uma igreja, mas uma escola, um galpão; é quadrada na frente, do lado, uma torre bem baixa com um sininho tão pequeno. Vocês podem achar a foto dela no Google imagens para comprovar. Gostaria que as construções templos da Igreja voltassem a ser construídos naqueles belíssimos estilos de séculos passados, e que as que ainda estão de pé que sejam preservadas e restauradas caso necessitem, mas em seus mínimos detalhes e cores originais!
É realmente uma lastimável! E me entristece o quanto isso está ganha proporções maiores, enquanto que nos conformamos. Um exemplo é a construção da Catedral Cristo Rei em Belo Horizonte. Aquilo é simplesmente horrível! Maldita heresia modernista!
Excluir''O que Perdemos... e o Caminho pra Restauração'': https://www.youtube.com/watch?v=gUHNlqrmVwQ.
Paz e Bem!