TODO O MÊS DE junho é dedicado ao Sagrado Coração de Jesus; a Festa ou Solenidade do Sagrado Coração de Jesus é no dia 12 de junho.
Todos sabemos que o coração é um órgão muscular situado na cavidade torácica, que recebe o sangue e o bombeia por meio de movimentos ritmados, fazendo fluir a vida em todo o corpo. Mas, além de designar um órgão vital do corpo humano, a palavra “coração” também significa, num sentido analógico, um conjunto de valores de ordem moral e espiritual. Assim, metaforicamente, diz-se que tal pessoa tem um “coração de ouro”, e/ou que alguém tem um “coração de pedra”. No primeiro caso, significa que tal pessoa é bondosa, generosa, amorosa; no segundo, que alguém é insensível, mesquinho, frio. Pode-se dizer também que alguém tem o coração aberto ou fechado, manso ou cheio de ódio, mole ou duro, etc, etc. Rotineiramente, fazemos inúmeras correlações simbólicas a propósito do coração humano.
Nas Sagradas Escrituras, encontramos quase mil vezes repetida a palavra “coração”. Vejamos um exemplo, extraído do Antigo Testamento:
“Eu lhes darei um só coração e os animarei com um espírito novo: extrairei do seu corpo o coração de pedra, para substituí-lo por um coração de carne.”
(Ez 11, 19)
Agora, um exemplo do Novo Testamento:
“Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!”(Mt 5, 8)
Sumamente vinculada ao símbolo que o coração representa, está a devoção ao Sagrado Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo. Em primeiro lugar, simbolizando o infinito Amor de Deus pelo gênero humano: o Sagrado Coração de Jesus faz parte de sua adorável Pessoa. Entre os elementos integrantes da Pessoa de Cristo, nenhum há tão apropriado como o coração para ser objeto de culto especial. Simboliza a obra do Amor infinito levada ao extremo, pelo nosso bem, pelo Verbo feito homem, no Mistério da Encarnação e Redenção. Portanto, o culto tributado ao Sagrado Coração de Jesus é culto tributado a Jesus Cristo na qualidade de amante do homem.
A
Encíclica Haurietis Aquas, de Pio XII (1956), – considerada por excelência o documento sobre o culto ao Sagrado Coração de Jesus, e leitura indispensável a este respeito (
leia aqui), – foi escrita com a finalidade de expor os fundamentos teológicos desse culto, e publicada exatamente no centenário da extensão, para toda a Igreja, da Festa Litúrgica do Coração de Jesus. Esse memorável documento pontifício ensina:
“O Coração do nosso Salvador reflete de certo modo a imagem da Divina Pessoa do Verbo, e, igualmente, das suas duas naturezas: humana e divina; e nEle podemos considerar não só um símbolo, mas também como que um compêndio de todo o Mistério da nossa Redenção. Quando adoramos o Coração de Jesus Cristo, nEle e por Ele adoramos tanto o Amor incriado do Verbo divino como o seu amor humano e os seus demais afetos e virtudes, já que um e outro moveram nosso Redentor a imolar-se por nós e por toda a Igreja, sua Esposa”.
(N. 43)
O primeiro e maior de todos os Mandamentos
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Sta. Margarida
Maria Alacoque |
Um escriba de Jerusalém, doutor da lei, perguntou a Jesus qual era o primeiro de todos os mandamentos. Eis a resposta de Nosso Senhor: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua mente, e com todas as tuas forças” (Mc 12,30).
Se de todo coração uma pessoa ama a Deus, estará disposta a sacrificar-se por Ele; estará pronta a combater aqueles que atacam e desprezam seus divinos Ensinamentos, e tudo fará para reparar as ofensas que se fazem contra Deus. Qualquer ofensa a Ele, tomará como se fosse mais grave que uma ofensa pessoal, e desejará ardentemente consolá-lo pelo ultraje recebido.
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S. Claudio Colombière |
Exemplo admirável desta disposição foi a vida de Santa Margarida Maria Alacoque (1647-1690), enaltecida por Nosso Senhor como “Discípula dileta de meu Coração”. A ela se deve, – com o apoio de seu diretor espiritual, São Claudio de la Colombière, – a grande expansão, no século XVII e nos seguintes, da devoção ao Sagrado Coração de Jesus, principalmente na reparação àquele Coração ofendido pelos pecados dos homens. A ela Nosso Senhor pediu (em Paray-le-Monial, França) que fosse instituído o excelente costume da Comunhão reparadora das primeiras sextas-feiras de cada mês.
Além desta grande santa mística, poderíamos citar muitas outras almas santas que difundiram atos de piedade para desagravar o Divino Coração. Um exemplo é o da simples menina Jacinta, a quem Nossa Senhora, no ano de 1917, apareceu em Fátima. Com apenas 10 anos, ela já tinha uma clara noção disso. Pouco antes de seu falecimento, disse à sua prima Lúcia: “Se eu pudesse meter no coração de toda a gente o lume que tenho cá dentro no peito, a queimar-me e a fazer-me gostar tanto do Coração de Jesus e do Coração de Maria!”. Palavras singelas, mas que revelam o quanto uma menina inocente se abrasava de Amor de Deus e se compadecia daqueles Corações ofendidos.
Muitos católicos vivem como se Deus não existisse
O mundo atual sofre os abalos de um terrível terremoto moral. Todas as instituições da sociedade e do Estado encontram-se flageladas por crises profundas, porque o Criador e Redentor do gênero humano deixou de estar no centro das cogitações, até no centro dos corações daqueles que se dizem católicos. Ele é ultrajado de todos os modos, tendo sido destronado na sociedade neopagã de nossos dias.
Como remediar essa catastrófica situação? O Papa São Pio X indicou-nos uma solução: “Se alguém pedir uma palavra de ordem, sempre daremos esta e não outra: Restaurar todas as coisas em Cristo”. Para isso, a necessidade de se reentronizar o Sagrado Coração de Jesus nas almas, nas famílias, nas instituições, em todas as nações. Numa palavra: restaurar a Realeza social e divina d’Aquele que é “Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Ap 19,16). Para isso, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus é o remédio por excelência.
Não sejamos, então, surdos e ingratos a essa sublime devoção, correspondendo ao Divino Amor de Deus por nós. Como corresponder? Procurando fazer tudo conforme seus divinos Preceitos, e evitar tudo o que os contraria. Assim, estaremos purificando nossos corações e assemelhando-os ao Sacratíssimo Coração.
Uma breve aplicação: por obra da funesta Revolução Francesa, o Rei Luís XVI foi condenado à guilhotina. Subiu ao patíbulo com toda a paciência, mas quando o carrasco quis atar-lhe as mãos, num gesto enérgico ele não o permitiu, dizendo que não aceitaria tal humilhação. Seu último confessor, o Pe. Edgeworth de Firmont, então, disse-lhe: “Senhor, esta humilhação será ainda mais um traço de semelhança entre Vossa Majestade e Nosso Senhor Jesus Cristo”. Ao ouvir isto, Luís XVI respondeu: “Se isso agrada a Jesus, estou pronto para ser amarrado”.
Tal resposta do soberano francês poderia ser aplicada em todas as circunstâncias de nossa vida: estarmos sempre prontos a fazer tudo o que agrada a Jesus; e nada, absolutamente nada que o desagrade. Para chegar à perfeição dessa prática habitual, é muito aconselhável a jaculatória do final da Ladainha do Sagrado Coração: “Jesus, manso e humilde de coração. Fazei nosso coração semelhante ao vosso!”.
História da Devoção ao Sagrado Coração de Jesus
A devoção ao Sagrado Coração de Jesus surgiu no século XVII, quando Santa Margarida Maria de Alacoque, religiosa do convento das Irmãs da Visitação de Paray-le-Monial, recebeu a visita de Nosso Senhor, que lhe apareceu por três vezes. A primeira foi em dezembro de 1673, a segunda em 1674 e a terceira em 1675, quando o Cristo manifestou-se-lhe com o peito aberto e apontando seu próprio Coração, e exclamou:
"Eis o Coração que tem amado tanto aos homens a ponto de nada poupar até exaurir-se e consumir-se para demonstrar-lhes seu Amor. E em reconhecimento não recebo senão ingratidão da maior parte deles".
Durante essas aparições, Jesus fez 12 grandes promessas àqueles que fossem devotos de seu Coração Misericordioso e que participassem da Santa Eucaristia, comungando pela reparação dos nossos pecados e dos pecados do mundo, toda primeira sexta-feira de cada mês, durante nove meses seguidos. Depois, em 11 de junho de 1899, o Papa Leão XIII consagrou todo o gênero humano ao Sagrado Coração de Jesus, afirmando ser esse o maior ato de todo o seu pontificado.
Dessa forma, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus difundiu-se por todo o mundo e foi recomendada por muitos Papas da Igreja. Muitos grandes Santos, como São Francisco de Assis, Santo Inácio de Loyola, Santa Tereza D’Avila e outros, dedicaram terna devoção, admiração e adoração ao Sagrado Coração de Jesus. Hoje, o movimento do Apostolado da Oração ao Sagrado Coração de Jesus zela por essa devoção e a propaga pelo mundo todo. Listamos, abaixo, as doze promessas de grandes benefícios espirituais para às vidas daqueles que têm essa santa devoção:
1ª Promessa: “Eu darei aos devotos de meu Coração todas as graças necessárias a seu estado”.
2ª Promessa: “Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias ”.
3ª Promessa: “Eu os consolarei em todas as suas aflições”.
4ª Promessa: “Serei refúgio seguro na vida e principalmente na hora da morte”.
5ª Promessa: “Lançarei bênçãos abundantes sobre os seus trabalhos e empreendimentos”.
6ª Promessa: “Os pecadores encontrarão em meu Coração fonte inesgotável de misericórdias”.
7ª Promessa: “As almas tíbias tornar-se-ão fervorosas pela prática dessa devoção”.
8ª Promessa: “As almas fervorosas subirão em pouco tempo a uma alta perfeição”.
9ª Promessa: “A minha Bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de meu Sagrado Coração”.
10ª Promessa: “Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais endurecidos”.
11ª Promessa: “As pessoas que propagarem esta devoção terão o seu nome inscrito para sempre no meu Coração”.
12ª Promessa: “A todos os que comunguem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna”.
Pequena Oração de Consagração ao Sagrado Coração de Jesus, de Santa Margarida Maria Alacoque
Santa Margarida Maria compôs uma belíssima oração de Consagração ao Sagrado Coração de Jesus, que se chama “Pequena Consagração”. Reze-a com um "santinho" nas mãos ou diante da imagem do Sagrado Coração de Jesus. Você certamente receberá muitas graças.
“Eu, (seu nome), entrego e consagro ao Sagrado Coração de Jesus minha pessoa e minha vida, minhas ações, dores e sofrimentos, e quero me servir de todas as partes de meu ser apenas para honrá-Lo, amá-Lo e glorificá-Lo.Amém!”
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Ref.:
• SCHNEIDER, Roque. Espiritualidade do Coração de Jesus. São Paulo: Loyola, 2002
• DUFOUR, Gerard. Rezar 15 dias com Margarida Maria, São Paulo: Loyola, 2003
www.ofielcatolico.com.br
Amém, belíssima devoção. Vou começar a pratica-la.
ResponderExcluirEssa devoção ao Sagrado Coração de Jesus agrada muito a Deus, por isso merece todo nosso amor e nossa dedicação.
ResponderExcluirComplementando a 12ª Promessa: https://padrepauloricardo.org/episodios/a-comunhao-das-nove-primeiras-sextas-feiras-garante-a-salvacao
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