Leia o primeiro capítulo
S. Leonardo de Porto-Maurício |
É o que prova a história dos três negociantes de Gúbio. Dirigiram-se a uma feira que se realizava num burgo chamado Cisterno. Depois de vender suas mercadorias, dois deles começaram a pensar na volta e resolveram partir no dia seguinte de madrugada, a fim de estarem em casa ao cair da tarde. O terceiro discordou desta resolução e declarou que, sendo o dia seguinte um domingo, não se punha a caminho sem antes ter assistido à Santa Missa. E exortou aos outros: se queriam voltar como tinham vindo, teriam primeiro que assistir à Santa Missa; em seguida fariam uma refeição e partiriam abençoados. Além disso, se não pudessem chegar naquela mesma noite a Gúbio, não faltariam albergues confortáveis no caminho. Os companheiros não se renderam aos conselhos salutares e sensatos; decididos a chegar naquela mesma noite aos seus lares, responderam que DEUS havia de perdoar-lhes se por aquela vez faltassem à Santa Missa.
Assim, no domingo, antes da aurora, sem entrar sequer na igreja, montaram a cavalo e tomaram a estrada para sua terra. Em breve chegaram à torrente de Corfuone, que a chuva torrencial da noite anterior engrossara a ponto de fazer transbordar. A água, em corrente impetuosa, sacudira e deslocara bastante a ponte de madeira. Os dois negociantes meteram-se por ela com seus animais, mas, bem não tinham chegado ao meio, rompeu-se o madeirame à pressão da água e os dois cavaleiros precipitaram-se no rio onde se afogaram, perdendo assim dinheiro, mercadorias e a vida.
Ao fragor desta catástrofe, acorreram os camponeses, e por meio de ganchos e varapaus conseguiram retirar os cadáveres, que deixaram estendidos na margem, para que fossem identificados e se lhes pudesse dar sepultura. O terceiro, entretanto, que se deixara ficar para cumprir o preceito de assistir à Santa Missa, pôs-se a caminho alegre e animado. Ao chegar à mesma torrente, viu na margem os dois mortos, e por curiosidade se deteve para olhá-los.
Reconheceu imediatamente seus dois amigos e ouviu emocionado a descrição da tragédia. Levantou, então, as mãos ao Céu, agradecendo a DEUS que tão misericordiosamente o preservara de semelhante desgraça, e abençoou mil vezes a hora que consagrara à Santa Missa, à qual devia sua saúde e salvação. Ao chegar a sua cidade, comunicou a triste notícia e excitou em todos os corações um vivo desejo de assistir todos os dias à Santa Missa.
Permita-me escrever aqui: Maldita avareza, que afasta DEUS de nosso coração e tira de certo modo a liberdade de pensar no grande negócio da salvação eterna! A fim de fazer compenetrarem-se de seu mal os negociantes avaros, tomarei mais um exemplo, este da Sagrada Escritura. Sansão, todos o sabem, foi amarrado com nervos de boi, com cordas novas que nunca tinham servido; por fim, revelou ele á pérfida Dalila que sua força residia em seus cabelos: e apenas lhe foram cortados, perdeu todo o vigor e caiu em poder dos filisteus, que lhe vazaram os olhos e condenaram a girar a mó.
Sansão cego e acorrentado, R. Westall R. Adel |
Pois, bem, dizei-me: qual foi a falta maior de Sansão? Deixar-se amarrar com tantos laços? Não. Ele sabia perfeitamente que toda a força do país não poderia detê-lo. Todo o seu mal constituiu em revelar o que lhe dava força, e deixar que lhe cortassem os cabelos, sem os quais Sansão não era mais Sansão. Ora, suponhamos que um comerciante se deixe ligar por centenas de ocupações de balcão, de tráfico, de contas, de bancos: é uma avareza culpável? Não, não representa isso avareza. Todo o mal consiste em deixar-se cortar os cabelos. Explico-me. Este negociante está assoberbado de negócios. Mas, de manhã, cedinho, ouve o sino chamando para a Santa Missa, e diz: “Meus negócios, um momento de paciência: o primeiro ganho está na assistência a Santa Missa.” Aí tendes Sansão atado, mas com a cabeleira intacta.
Outro comerciante está ligado e apertado por sete cordas e mais: trabalhos a realizar, contas a saldar, cartas a escrever, sócios a atender. Este espera uma resposta, aquele um pagamento. Que labirinto! Quantos laços! Mas qual! Chega o domingo, ele se desembaraça de suas ocupações, e vai fervorosamente assistir a muitas Santas Missas e fazer suas devoções. Eis ainda Sansão amarrado, mas não despojado dos cabelos, pois com todos os afazeres ele não perde de vista o máximo dos negócios, sua salvação eterna. Atendei, porém, a isto: quando estais sobrecarregados de mil cuidados interesseiros e não tendes tempo de frequentar os Sacramentos e assistir à Santa Missa, ah, pobres Sansões! Então estais amarrados e com os cabelos totalmente cortados!
Ainda que lícitos sejam vossos ganhos, não o é vossa paixão do lucro. É uma avareza vergonhosa que atrairá sobre vós a desgraça de Sansão, e, como aconteceu a ele, a casa ruirá sobre vossa cabeça. E então, as coisas que ajuntastes, de quem serão? (Lc 12,20) Mas, como bem se pode imaginar, esses avarentos não se renderão nunca, se não os pegarmos pelo ponto fraco. Pois bem, seja. Que pretendeis? Enriquecer, acumular, ganhar sem cessar? Ora, qual o meio mais seguro? Ei-lo: assistir, ativa e devotamente à Santa Missa todos os dias.
Aprendei-o daqueles dois artesãos que Surius menciona. Exerciam ambos a mesma profissão; um tinha encargo de família, mulher, filhos e sobrinhos; o outro vivia só com sua mulher. O primeiro mantinha a casa decentemente e os negócios andavam às maravilhas. Não lhe faltavam nem fregueses em sua loja, nem encomendas de trabalhos; e todos os anos ainda punha de lado boas economias para o casamento das filhas. O segundo nunca tinha trabalho, passava fome, e caminhava para a ruína. Um dia disse confessadamente ao vizinho: mas o que é que fazes! As bênçãos de DEUS chovem sobre
a tua família, enquanto eu, infeliz de mim, vivo embaraçado nos negócios e todas as desgraças caem sobre a minha casa.
O amigo replicou, vou ensinar-te. Amanhã de manhã estarei em tua casa, e te mostrarei onde encontro tantos bens. Na manhã seguinte levou o amigo á Igreja para assistir à Santa Missa, e reconduziu-o, após, à oficina. Fez a mesma coisa duas ou três vezes. Disse então o outro: "Não precisas mais dar-te o trabalho de levar-me à Santa Missa: já sei o caminho, se está nela o teu segredo". – 'Concordo", respondeu o amigo. "Vá todos os dias assistir à Santa Missa, e verás que tua destino há de mudar". Aconteceu, com efeito, que, desde que ele começou a assistir diariamente à Santa Missa, começou a aparecer-lhe trabalho, e em pouco tempo pagou suas dívidas e repôs sua casa em excelente estado. Credes no Evangelho? Ora, se credes, como podeis por em dúvida esta verdade que ele atesta claramente: “Buscai, em primeiro lugar, o reino de DEUS e sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas. Querite primum regnum DEI, et haec omnia adjicientur vobis” (Mt 6,33).
Se duvidais ainda, fazei a experiência: assisti, com devoção e ativamente, à Santa Missa, durante um ano, e se vossos interesses temporais não tomarem melhor andamento, aceitarei todas as censuras. Não será, porém assim. Pelo contrário, tereis amplos motivos para agradecer-me.
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Fonte:
Caros irmãos fieis católicos, eis um belo vídeo sobre a Santa Missa no Rito Tridentino (Forma extraordinária do Rito Romano).
ResponderExcluirFelizmente, o Santo Rito Tridentino está sendo paulatinamente introduzido nas várias dioceses dos EUA.
"É preciso que Ele cresça e eu diminua” (S. Jo 3, 30).
Vejam:
https://www.facebook.com/Mdocoroinha/videos/695641100581482/
Seja sempre louvado Nosso Senhor Jesus Cristo!
Salve Maria!
Com certeza a santa missa tem um valor infinito, por isso merece todo nosso amor, todo nosso interesse.
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