Ler a primeira parte desta série
NOS PRIMÓRDIOS DO CRISTIANISMO uma das questões que mais desafiou a comunidade cristã foi a fé no Deus Uno e Trino. Como conciliar em Deus a existência trina e ao mesmo tempo a certeza de que Ele é um só? Enfim, como demonstrar que sua dimensão trina não anula sua unidade? Como compreender as Pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo?
Muitos grandes homens tentaram oferecer uma resposta satisfatória para tal dilema pondo todas as suas forças a serviço do pensamento cristão.
Num primeiro momento, no século II, procurou-se resolver o problema negando-se a divindade do Cristo, com uma certa retomada do pensamento ebionista. Jesus fora, segundo tal corrente do pensamento, um grande homem que recebeu a dynamis de Deus, ou seja, a força, o Poder divino. Seria um homem como qualquer outro que foi elevado à condição de Filho de Deus.
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Papa São Vítor |
O criador de tal pensamento foi Teódoto de Bizâncio, que foi excomungado pelo papa São Vitor (189 a 199). Encontramos também esse modo de pensar na obra de Paulo de Samosata, que entendia Jesus como um “Templo” no qual habitava a Sabedoria de Deus, mas não o próprio Deus, chegando a cogitar que o Pai e o Filho eram uma só Pessoa.
Ainda no século II encontramos já uma outra tendência teológica, denominada modalismo, que tentando proteger e salvar a ideia de que Deus é Um, propõe a negação da distinção real entre as Pessoas divinas do Pai e do Filho. O Filho seria uma forma ou modo do Pai, não sendo, portanto, uma Pessoa distinta. O Filho seria, – de outro modo, – apenas uma maneira de o Pai se manifestar. Devido a isso, tal corrente de pensamento também foi chamada de patripassianismo, porque segunto esta foi o Pai Quem sofreu e morreu, já que ambos são uma e a mesma Pessoa.
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Papa São Zeferino |
Tal doutrina defendida por Noeto de Esmirna foi condenada pelo papa São Zeferino (199 A 217). Todavia, no séulo III, há uma retomada de tal pensamento por um teólogo chamado Sabélio, que não só afirmava que o Filho era uma modalidade de manifestação de Deus, mas estendeu tal raciocínio também ao Espírito Santo, Este também apenas uma manifestação de Deus e não uma Pessoa distinta do Pai e do Filho.
Desta forma, para Sabélio, Deus foi se revelando por meio de “faces” sucessivas, como Pai na Criação, Filho da Redenção e como Espírito Santo na obra de santificação dos homens. Logo, Pai, Filho e Espírito Santo nada mais seriam do que um prósopon, isto é, uma máscara, uma manifestação de Deus.
Quem combateu profundamente a mentalidade modalista foi Tertuliano na sua obra Adversus Praxeas, expondo como tal corrente de pensamento não expressava a verdadeira fé pois chegavam ao ponto de concluir, como vimos, que o Pai foi Quem sofreu na Cruz.
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Esta é a quinta parte de uma série de postagens relacionadas entre si, adaptadas do conteúdo do recém-lançado (e precioso) opúsculo do Prof. Dr. Joel Gracioso, “Heresias: tão antigas e tão novas” (Kenosis/DDM, 2015), que divulgamos, pedindo a Nosso Senhor que renove, nos corações dos homens, o amor sincero pela Verdade eterna.
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Fonte:
GRACIOSO, Joel, Heresias: tão antigas e tão novas. São Paulo: Kenosis; DDM, 2015, pp. 15-17.
* O texto deste artigo contém excertos de Henrique Sebastião, autor/editor de 'O Fiel Católico'
As TJ, então, podem ser consideradas modalistas?
ResponderExcluirPelo que sei os tj tem sim, o conceito correto sobre a trindade, não dependentes dos conceitos herdados nos concílios de nicéia e constantinopla e que a grande maioria das denominações evangélicas pegaram carona.
ExcluirJoão Carlos como os TJ tem o conceito correto sobre a SANTISSIMA TRINDADE, se eles mesmos negam tal Verdade?
ExcluirSidnei
Precisamos rezar e combatermos duramente as heresias, porque as mesmas nos ameaçam.
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