Apelos de amor perdidos – Por Pe. Francisco Faus
ANTES DE ENTRAR em Jerusalém, no primeiro dia da Semana Santa, Jesus, detendo-se na ladeira do monte das Oliveiras, contemplou o espetáculo da Cidade Santa brilhando ao sol do amanhecer. Uma golfada de dor invadiu-lhe a alma, e seus discípulos viram cintilar lágrimas sobre sua face: Contemplou Jerusalém – diz São Lucas – e chorou sobre ela (Lc 19, 41).
Detenhamo-nos sobre essas lágrimas, pois elas nos falam. O Evangelho dá-nos todos os elementos para que possamos saber qual foi a sua causa e a sua significação. É certo que Jesus chorou naquela hora prevendo a destruição de Jerusalém, que no ano 70 seria arrasada pelas milícias romanas de Tito; mas não foi essa destruição – virão sobre ti dias em que os teus inimigos [...] te destruirão a ti e aos teus filhos (Lc 19, 43-44) – a razão principal das lágrimas de Jesus.
É também verdade que Cristo sentiu uma dor profunda pela dureza de coração dos habitantes da Cidade Santa, que o haviam rejeitado e, naquela mesma semana, o arrastariam para a Cruz: Jerusalém, Jerusalém – dirá dois dias depois, no Templo –, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados (Mt 23, 37). Contudo, quem lê atentamente o Evangelho vê que também não foi esta a principal causa da sua comoção. No monte das Oliveiras, olhando para a cidade, Cristo iniciou um pranto que completaria na terça-feira no Templo.
Revelou em ambos os momentos a sua dor, pronunciando palavras explícitas. No domingo, ao mesmo tempo que prorrompia em lágrimas, exclamou: Oh! Se também tu, ao menos neste dia que te é dado, conhecesses o que te pode trazer a paz! Mas não, isto está oculto aos teus olhos (Lc 19, 42). Na terça-feira, acrescentou: Jerusalém, Jerusalém [...], quantas vezes eu quis reunir os teus filhos, como a galinha reúne os seus pintinhos debaixo das asas, e tu não quiseste! Eis que a tua casa ficará vazia (Mt 23, 37-38).
Guardemos bem, do conjunto dessas palavras, três expressões: Se conhecesses o que te pode trazer a paz, quantas vezes eu quis [...], e tu não quiseste, e a tua casa ficará vazia; porque nelas se revela a razão dessas lágrimas de Cristo. Por elas compreendemos que Cristo estalou de dor em Jerusalém porque previa antecipadamente outra dor, outra tristeza enorme para a qual muitos homens e mulheres se encaminhavam e se encaminham também hoje cegamente: ...isso está oculto aos teus olhos. Jesus sentia doerem-lhe na alma todos aqueles que, iludindo-se a si mesmos, julgam que só poderão alcançar a felicidade defendendo-se de Deus, isto é, esquivando-se à carga amável dos mandamentos de Deus e da sua graça; todos aqueles que se enganam imaginando que é possível realizarem-se à margem de Deus e contrariando os seus planos. É bem provável que só venham a abrir os olhos quando se lhes tornar evidente, com tristeza amarga, que “a sua casa ficou vazia”.
Não há dúvida de que havia muitos com este coração mesquinho em Jerusalém. As páginas do Evangelho apresentam um retrato especialmente vivo dos escribas e fariseus hipócritas (cfr. Mt 23, 13) – e a turba dos seus sequazes –, que se iam opondo num crescendo cada vez mais virulento à pessoa e à doutrina de Cristo, porque chamava à conversão, à autêntica pureza de vida. Tinham começado com insinuações difamatórias – mostrando-se escandalizados porque Jesus comia com os pecadores (cfr. Mt 8, 11) –, prosseguiram discutindo-lhe a doutrina e armando-lhe ciladas com perguntas insidiosas (cfr. Mc 2, 7; Lc 20, 21-22), e terminaram declarando insuportável o seu ensinamento (Jo 6, 60) e proclamando a necessidade de eliminá-lo sumariamente pelo bem do povo (Jo 11, 50).
Que acontecia, na realidade? Que a amorosa doutrina de Jesus, com as suas divinas exigências, lhes perturbava o egoísmo aureolado de religiosidade, a ambição encoberta por aparências de zelo pelas coisas de Deus. A esses “honestos” avarentos, cobiçosos, orgulhosos e sensuais, Cristo desmontava-lhes o disfarce de honradez com a sua mensagem de sinceridade, pureza, humildade, desprendimento e doação, que era para eles uma bofetada. Dura é essa doutrina – acabarão por bradar –, quem pode suportá-la? (Jo 6, 60).
E os principais de Jerusalém, irritados com o povo mais simples, que se deixara cativar pelos milagres e pela pregação de Jesus, tentarão desmoralizá-lo, dizendo: Há acaso alguém entre as autoridades ou dos fariseus que acredite nele? Esse povoléu que não conhece a Lei é amaldiçoado... (Jo 7, 48).
'Defender-se' de Deus
À primeira vista, parece incrível, mas é uma grande verdade que muitos homens – agora como então – procuram "defender-se" do amor de Deus como de um inimigo. Talvez aceitem teoricamente que só no amor puro, que vem de Deus e leva a Deus, se encontram as promessas da plena felicidade. Mas não “acreditam” nisso. Na vida real, procuram a felicidade apenas no prazer egoísta e na auto-exaltação. É uma incoerência, mas é uma realidade. Enganam-se de forma mais ou menos consciente e, por receio de se complicarem com a grandeza dos ideais de Cristo, encerram-se numa cegueira voluntária. Assim, querendo proteger-se contra os sacrifícios que o Ideal comporta, atiram-se à estrada do egoísmo – que parece bem mais garantida – e perdem o caminho do amor, o único capaz de orientar os seus passos para a alegria e para a paz (cfr. Lc 1, 79). Muito bem disse deles Cristo: O que te pode trazer a paz [...] está oculto aos teus olhos (Lc 19, 42).
É uma pena que esses pobres homens fiquem eletrizados pelo seu próprio “eu”, do qual Deus acaba por ser um “rival”. O norte magnético, que neles polariza tudo, é constituído pelo que alguém resumia nos “três esses”: sossego, satisfação, sucesso. Aí estaria o único segredo da felicidade, a chave da alegria! Nesse clima interior de egoísmo glorificado, quando se lhes cruza Cristo pelo caminho da vida, quando deles se aproxima e lhes fala de ideais divinos, de sacrifício alegre, de humildade amorosa, de serviço aos outros..., sentem um arrepio percorrer-lhes a espinha. Apavorados com a perspectiva de perder a vida fácil, bradam: Não! E é por isso que Cristo chora: Não quiseste, não quiseste abrir-te confiadamente Àquele que te podia trazer a paz. Como conseqüência desse fechamento, virão inevitavelmente os frutos dolorosos do egoísmo, que tarde ou cedo acabam por aparecer e estiolam a alma: Eis que a tua casa ficará vazia.
'Luz do Mundo', William Holman Hunt (1853–1854) |
Portas previamente fechadas
Meditemos um pouco mais sobre as possíveis formas desse “não querer” e sobre as suas consequências. Num grau extremo, a recusa consiste em fechar deliberadamente os olhos da alma antes de que Cristo tenha chegado sequer perto da porta. É o caso das pessoas sem formação religiosa alguma, mas que de antemão “não querem saber”. Entre elas e Deus levantaram – sem dar a Deus a menor oportunidade – um muro, fabricado com as pedras da ignorância e da má vontade, unidas pelo cimento do preconceito.
Os pilares que seguram esse muro são os sete pecados em que o egoísmo se subdivide: a soberba, a avareza, a luxúria, a ira, a gula, a inveja e a preguiça. Não se pode passar por alto o fato, por demais comprovado, de que todos aqueles que repelem a religião ou dela se querem livrar – com as dez mil razões que a sem-razão inventa –, na realidade se estão deixando encarcerar pelo muro defensivo que eles próprios levantaram entre a sua alma e Deus: o muro dos sete pecados capitais, que acabamos de mencionar.
Nesses vícios, que são o ácido corrosivo do amor – e o manancial turvo de todos os pecados dos homens –, colocam absurdamente a esperança de uma vida mais plena e livre, quando são esses vícios os que os escravizam e terminam por asfixiá-los. Depois, quando o erro fica patente, não adianta exclamar com ingenuidade hipócrita: “Eu não sabia” até que extremo estava errado. Este é o recurso fácil dos que, defendendo embora ciosamente o egoísmo, querem desculpar-se quando começam a perceber – pelo vazio e pela tristeza que os invade – que se enganaram. Dizem: “Eu não sabia”, e Cristo retruca-lhes: Tu não quiseste.
Naturalmente, têm que calar-se: é certo que não sabem, mas é mais certo ainda que a sua ignorância culpável procede de que antes “não quiseram” saber nem aceitar. Não é que não tivessem oportunidades – Quantas vezes eu quis, repete-lhes o Senhor –; a graça de Deus não lhes faltou. Umas vezes, chegou-lhes por meio de uma intranqüilidade de consciência que os remordia; outras, pela oportunidade de ler algum texto de formação cristã; outras ainda, pela ajuda rejeitada de um amigo sincero... Mas preferiram não saber, para que Deus e as suas exigências – as divinas complicações! – não os perturbassem.
Essas almas de “recusas prévias” enquadram-se nos que chamávamos “casos extremos”. Vejamos agora um segundo tipo de recusa, talvez mais próximo de nós. Trata-se dos que aceitam Cristo, até mesmo com entusiasmo, e lhe dizem um sim que parece pronunciado de todo o coração. Acontece, porém, que no bojo desse sim viaja, agarrado a ele com unhas e dentes, um não.
Isso faz com que o “sim” se torne condicionado e parcial e que, na hora da verdade, acabe por transformar-se num “não” melancólico, talvez mais vazio e triste que a recusa peremptória dos “casos extremos”. Houve uma vez em que Cristo escutou um desses “sim” entusiásticos, pronunciado por um coração jovem. Mas, quando foi penetrar no âmago desse assentimento, viu emergir dele um “não” desolador. O Evangelho narra o caso com luxo de detalhes.
Cristo tinha saído de casa – onde acabava de abençoar um enxame de crianças – e pusera-se a caminho. Poucos passos havia dado, quando um jovem veio correndo e, de forma espalhafatosa, lhe caiu de joelhos na frente, obrigando-o a parar. Os olhos do rapaz ardiam com a chama do fervor, o coração batia-lhe forte: Bom Mestre – disse a Jesus –, que devo fazer para alcançar a vida eterna? Desde logo percebemos uma coisa: esse jovem era completamente diferente dos que considerávamos há um instante, dos que não querem saber.
Ele “queria saber” mesmo. Jesus dá à pergunta formulada a resposta mais simples: – Queres entrar na vida eterna? Cumpre os mandamentos. Mas o jovem queria saber mais, queria ter noções tão claras que não admitissem dúvidas, e por isso ampliou a pergunta: Quais?, quais mandamentos? – Não matarás – lembra-lhe o Senhor –, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe, amarás o teu próximo como a ti mesmo.
O diálogo vai-se tornando empolgante, porque o moço, cada vez mais eufórico, responde depressa: Tudo isso tenho observado desde a minha infância. Que me falta ainda? Poderá alguém duvidar de que esse rapaz não fosse dos que procuram ardentemente os caminhos de Deus, dos que querem conhecê-los sinceramente, dos que querem saber a fundo? Havia nas suas palavras e no seu gesto tal expressão de generosidade, que Cristo ficou comovido: Jesus fixou nele o olhar, amou-o e disse-lhe... Assim fala o Evangelho, deixando entrever as grandes expectativas que o Senhor depositou naquela alma que podia dar muito, pois até então tinha caminhado pelos rumos de Deus. Podia dar tudo. Por isso, Cristo disse-lhe: Uma só coisa te falta; vai e vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; depois vem e segue-me.
Naquele instante, Deus estava passando muito perto do coração do jovem. Um miligrama mais de generosidade, e ele entraria a fazer parte da turma jubilosa dos Apóstolos de Cristo. Mas a história, que começara tão bem, dá a partir desse momento uma reviravolta sombria: Ouvindo essas palavras, o jovem foi-se embora muito triste, porque possuía muitos bens (cfr. Mt 19, 16-22 e Mc 10, 17-22) E assim, sumindo-se na nuvem cinzenta da tristeza, a figura desse rapaz promissor desaparece das páginas do Evangelho e apaga-se, sem nunca mais voltar a ser mencionado na história de Jesus, que poderia ter sido também a sua feliz aventura. Foi-se embora triste, profundamente entristecido. Não percebemos que também neste caso Jesus viu aquilo que lhe fez brotar lágrimas perto de Jerusalém: e não quiseste? O jovem inicialmente quis..., sim, quis quase tudo aquele moço de ar generoso, mas houve um ponto em que o “sim” se lhe derreteu num “não”. Foi quando o chamado do amor tocou no seu dinheiro. Ah, não, isso não! E bastou um “isso não” para deixar-lhe a “casa vazia”.
É bem possível que muitos cristãos bons, bem dispostos e até idealistas, possam reconhecerse, como num espelho, na cena do jovem rico; e que – depois de se verem nela refletidos – fiquem em melhores condições de descobrir por que andam tristes, por que se sentem frustrados, por que, apesar dos seus ideais e esforços espirituais, se encontram encalhados e não só não avançam, como parecem recuar com o correr dos anos. A resposta a esses porquês é simples: Cristo disse-lhes também: Ainda te falta uma coisa; mas eles, lá no fundo de si mesmos, retrucaram: “Isso não!”
Contava o Bem-aventurado Josemaría Escrivá que conhecera um menino a quem a mãe ensinara, desde pequeno, a rezar de manhã e à noite. Ao acordar, recitava juntamente com ela o ato de consagração a Nossa Senhora: “Ó Senhora minha, ó minha Mãe, eu me ofereço todo a Vós, e em prova da minha devoção para convosco, vos consagro neste dia meus olhos, meus ouvidos, minha boca...” Não terminava, porém, a enumeração, porque – como quem quer prevenir equívocos – intercalava com veemência: “menos o meu coelhinho”. Tudo estava ele disposto a oferecer a Nossa Senhora..., menos o seu coelhinho. Mons. Escrivá, ao narrar esse episódio, dizia aos que tínhamos a fortuna de ouvi-lo que pensássemos também se não teríamos o nosso “coelhinho”.
Será que não temos mesmo? Seja qual for a nossa idade – ainda que já estejamos descendo a última ladeira da vida –, o “coelhinho” é todo e qualquer “menos isto” que nós opomos a Deus, ou seja, toda e qualquer reserva ou condição intocável. Para o jovem rico, o problema residia nas riquezas. Para nós, onde está? Qual é a nossa ressalva, o nosso “menos isto”? Uns colocam o rótulo de intocável no seu comodismo burguês: vida cristã, sim, mas sem falar muito em sacrifícios nem renúncias. Outros desconversam quando Deus, de algum modo, lhes pede que vivam bem a castidade: parecem-se com o governador romano Félix, que gostava de ouvir São Paulo, prisioneiro em Cesaréia, até o dia em que o Apóstolo começou a falar-lhe sobre a castidade e o juízo futuro. Félix, então, todo atemorizado, disse-lhe: Por ora podes retirar-te; mandar-te-ei chamar em outra ocasião (At 24, 25). Há outros que têm o seu “menos isto” no filho que Deus lhes pede – mais um filho! – e que eles não querem aceitar; outros fecham os ouvidos à sua própria consciência, quando lhes diz que a honestidade nos negócios está acima da ganância; outros ainda querem ser bons cristãos, mas sem combater os defeitos que mais os dominam e lhes estão deteriorando o convívio familiar, prejudicando o trabalho ou congelando o crescimento espiritual: tudo menos renunciar à prepotência, ao comodismo, à inconstância, à crítica, ao excesso nos “aperitivos”, à desordem nos horários, etc. E, dentro deste triste campo das recusas, é amargamente penoso – deploravelmente melancólico – o caso dos que chegam à beira de uma entrega total, para a qual Deus os escolheu desde toda a eternidade; dos que enxergam uma vocação divina que com a sua claridade os deslumbra e, na hora decisiva, se encolhem por medo e se “retiram tristes”, escondendo-se sob o manto cinzento do egoísmo, como o jovem rico.
Seja qual for o caso, existe em todos um denominador comum: o “não querer”, que fez chorar Cristo em Jerusalém, e que acaba por fazer chorar muito amargamente os que o pronunciam. Afinal, Cristo chorou com as lágrimas do amor, e esses choram com as lágrimas da traição: traíram, com efeito, o plano que Deus preparara para eles. Importa gravar bem estes ensinamentos do Evangelho. Ver claramente que não é só a rejeição radical de Deus que leva a vida ao malogro; é também a rejeição do plano de Deus a nosso respeito, ou de algum aspecto importante do mesmo. Cada ser humano veio ao mundo para ser o protagonista de um programa divino. Deus não nos lançou à toa na vida, mas tem um projeto para cada um de nós, que nos vai dando a conhecer – de muitos modos – com a sua graça. Depende da nossa liberdade aceitá-lo, dizendo “sim” a cada apelo divino, ou recusá-lo. Se o aceitarmos, encontrar-nos-emos a nós mesmos, porque acharemos a plenitude da nossa realização. Se o recusarmos, afundar-nos-emos na frustração: “ficaremos vazios”, seremos como uma planta estéril que “podia” ter dado muito fruto, mas, porque “não quis”, secou.
Comentando este árido vazio de uma vida frustrada, escreve poeticamente Saint-Éxupéry que, num oásis do deserto africano, “junto da fonte, uma mocinha chorava, com a fronte oculta no cotovelo. Pousei-lhe docemente a mão nos cabelos e virei para mim aquele rosto. Não lhe perguntei a causa do desgosto, por saber perfeitamente que ela estava muito longe de o conhecer. A mágoa é sempre feita do tempo que corre e não formou o seu fruto” . Quem chora – muitas vezes sem saber por quê –, pense que, se as suas lágrimas não brotam da fonte do amor ou da alegria, quase com certeza estão rolando porque – como dizia Cristo aos fariseus – frustrou o desígnio de Deus a seu respeito (cfr. Lc 7, 30).
Convença-se então de que há uma razão para esse vazio, um segredo revelado pelas lágrimas que Cristo derramou, na ladeira do monte das Oliveiras, quando avistou os brilhos da cidade de Jerusalém no domingo de Ramos: Eu quis [...], e tu não quiseste! Eis que a tua casa ficará vazia.
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