E não quiseste!


Apelos de amor perdidos – Por Pe. Francisco Faus

ANTES DE ENTRAR em Jerusalém, no primeiro dia da Semana Santa, Jesus, detendo-se na ladeira do monte das Oliveiras, contemplou o espetáculo da Cidade Santa brilhando ao sol do amanhecer. Uma golfada de dor invadiu-lhe a alma, e seus discípulos viram cintilar lágrimas sobre sua face: Contemplou Jerusalém – diz São Lucas – e chorou sobre ela (Lc 19, 41).

Detenhamo-nos sobre essas lágrimas, pois elas nos falam. O Evangelho dá-nos todos os elementos para que possamos saber qual foi a sua causa e a sua significação. É certo que Jesus chorou naquela hora prevendo a destruição de Jerusalém, que no ano 70 seria arrasada pelas milícias romanas de Tito; mas não foi essa destruição – virão sobre ti dias em que os teus inimigos [...] te destruirão a ti e aos teus filhos (Lc 19, 43-44) – a razão principal das lágrimas de Jesus.

É também verdade que Cristo sentiu uma dor profunda pela dureza de coração dos habitantes da Cidade Santa, que o haviam rejeitado e, naquela mesma semana, o arrastariam para a Cruz: Jerusalém, Jerusalém – dirá dois dias depois, no Templo –, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados (Mt 23, 37). Contudo, quem lê atentamente o Evangelho vê que também não foi esta a principal causa da sua comoção. No monte das Oliveiras, olhando para a cidade, Cristo iniciou um pranto que completaria na terça-feira no Templo.

Revelou em ambos os momentos a sua dor, pronunciando palavras explícitas. No domingo, ao mesmo tempo que prorrompia em lágrimas, exclamou: Oh! Se também tu, ao menos neste dia que te é dado, conhecesses o que te pode trazer a paz! Mas não, isto está oculto aos teus olhos (Lc 19, 42). Na terça-feira, acrescentou: Jerusalém, Jerusalém [...], quantas vezes eu quis reunir os teus filhos, como a galinha reúne os seus pintinhos debaixo das asas, e tu não quiseste! Eis que a tua casa ficará vazia (Mt 23, 37-38).

Guardemos bem, do conjunto dessas palavras, três expressões: Se conhecesses o que te pode trazer a paz, quantas vezes eu quis [...], e tu não quiseste, e a tua casa ficará vazia; porque nelas se revela a razão dessas lágrimas de Cristo. Por elas compreendemos que Cristo estalou de dor em Jerusalém porque previa antecipadamente outra dor, outra tristeza enorme para a qual muitos homens e mulheres se encaminhavam e se encaminham também hoje cegamente: ...isso está oculto aos teus olhos. Jesus sentia doerem-lhe na alma todos aqueles que, iludindo-se a si mesmos, julgam que só poderão alcançar a felicidade defendendo-se de Deus, isto é, esquivando-se à carga amável dos mandamentos de Deus e da sua graça; todos aqueles que se enganam imaginando que é possível realizarem-se à margem de Deus e contrariando os seus planos. É bem provável que só venham a abrir os olhos quando se lhes tornar evidente, com tristeza amarga, que “a sua casa ficou vazia”.

Não há dúvida de que havia muitos com este coração mesquinho em Jerusalém. As páginas do Evangelho apresentam um retrato especialmente vivo dos escribas e fariseus hipócritas (cfr. Mt 23, 13) – e a turba dos seus sequazes –, que se iam opondo num crescendo cada vez mais virulento à pessoa e à doutrina de Cristo, porque chamava à conversão, à autêntica pureza de vida. Tinham começado com insinuações difamatórias – mostrando-se escandalizados porque Jesus comia com os pecadores (cfr. Mt 8, 11) –, prosseguiram discutindo-lhe a doutrina e armando-lhe ciladas com perguntas insidiosas (cfr. Mc 2, 7; Lc 20, 21-22), e terminaram declarando insuportável o seu ensinamento (Jo 6, 60) e proclamando a necessidade de eliminá-lo sumariamente pelo bem do povo (Jo 11, 50).

Que acontecia, na realidade? Que a amorosa doutrina de Jesus, com as suas divinas exigências, lhes perturbava o egoísmo aureolado de religiosidade, a ambição encoberta por aparências de zelo pelas coisas de Deus. A esses “honestos” avarentos, cobiçosos, orgulhosos e sensuais, Cristo desmontava-lhes o disfarce de honradez com a sua mensagem de sinceridade, pureza, humildade, desprendimento e doação, que era para eles uma bofetada. Dura é essa doutrina – acabarão por bradar –, quem pode suportá-la? (Jo 6, 60).

E os principais de Jerusalém, irritados com o povo mais simples, que se deixara cativar pelos milagres e pela pregação de Jesus, tentarão desmoralizá-lo, dizendo: Há acaso alguém entre as autoridades ou dos fariseus que acredite nele? Esse povoléu que não conhece a Lei é amaldiçoado... (Jo 7, 48).


'Defender-se' de Deus

À primeira vista, parece incrível, mas é uma grande verdade que muitos homens – agora como então – procuram "defender-se" do amor de Deus como de um inimigo. Talvez aceitem teoricamente que só no amor puro, que vem de Deus e leva a Deus, se encontram as promessas da plena felicidade. Mas não “acreditam” nisso. Na vida real, procuram a felicidade apenas no prazer egoísta e na auto-exaltação. É uma incoerência, mas é uma realidade. Enganam-se de forma mais ou menos consciente e, por receio de se complicarem com a grandeza dos ideais de Cristo, encerram-se numa cegueira voluntária. Assim, querendo proteger-se contra os sacrifícios que o Ideal comporta, atiram-se à estrada do egoísmo – que parece bem mais garantida – e perdem o caminho do amor, o único capaz de orientar os seus passos para a alegria e para a paz (cfr. Lc 1, 79). Muito bem disse deles Cristo: O que te pode trazer a paz [...] está oculto aos teus olhos (Lc 19, 42).

É uma pena que esses pobres homens fiquem eletrizados pelo seu próprio “eu”, do qual Deus acaba por ser um “rival”. O norte magnético, que neles polariza tudo, é constituído pelo que alguém resumia nos “três esses”: sossego, satisfação, sucesso. Aí estaria o único segredo da felicidade, a chave da alegria! Nesse clima interior de egoísmo glorificado, quando se lhes cruza Cristo pelo caminho da vida, quando deles se aproxima e lhes fala de ideais divinos, de sacrifício alegre, de humildade amorosa, de serviço aos outros..., sentem um arrepio percorrer-lhes a espinha. Apavorados com a perspectiva de perder a vida fácil, bradam: Não! E é por isso que Cristo chora: Não quiseste, não quiseste abrir-te confiadamente Àquele que te podia trazer a paz. Como conseqüência desse fechamento, virão inevitavelmente os frutos dolorosos do egoísmo, que tarde ou cedo acabam por aparecer e estiolam a alma: Eis que a tua casa ficará vazia.


'Luz do Mundo', William Holman Hunt (1853–1854)

Portas previamente fechadas

Meditemos um pouco mais sobre as possíveis formas desse “não querer” e sobre as suas consequências. Num grau extremo, a recusa consiste em fechar deliberadamente os olhos da alma antes de que Cristo tenha chegado sequer perto da porta. É o caso das pessoas sem formação religiosa alguma, mas que de antemão “não querem saber”. Entre elas e Deus levantaram – sem dar a Deus a menor oportunidade – um muro, fabricado com as pedras da ignorância e da má vontade, unidas pelo cimento do preconceito.

Os pilares que seguram esse muro são os sete pecados em que o egoísmo se subdivide: a soberba, a avareza, a luxúria, a ira, a gula, a inveja e a preguiça. Não se pode passar por alto o fato, por demais comprovado, de que todos aqueles que repelem a religião ou dela se querem livrar – com as dez mil razões que a sem-razão inventa –, na realidade se estão deixando encarcerar pelo muro defensivo que eles próprios levantaram entre a sua alma e Deus: o muro dos sete pecados capitais, que acabamos de mencionar.

Nesses vícios, que são o ácido corrosivo do amor – e o manancial turvo de todos os pecados dos homens –, colocam absurdamente a esperança de uma vida mais plena e livre, quando são esses vícios os que os escravizam e terminam por asfixiá-los. Depois, quando o erro fica patente, não adianta exclamar com ingenuidade hipócrita: “Eu não sabia” até que extremo estava errado. Este é o recurso fácil dos que, defendendo embora ciosamente o egoísmo, querem desculpar-se quando começam a perceber – pelo vazio e pela tristeza que os invade – que se enganaram. Dizem: “Eu não sabia”, e Cristo retruca-lhes: Tu não quiseste.

Naturalmente, têm que calar-se: é certo que não sabem, mas é mais certo ainda que a sua ignorância culpável procede de que antes “não quiseram” saber nem aceitar. Não é que não tivessem oportunidades – Quantas vezes eu quis, repete-lhes o Senhor –; a graça de Deus não lhes faltou. Umas vezes, chegou-lhes por meio de uma intranqüilidade de consciência que os remordia; outras, pela oportunidade de ler algum texto de formação cristã; outras ainda, pela ajuda rejeitada de um amigo sincero... Mas preferiram não saber, para que Deus e as suas exigências – as divinas complicações! – não os perturbassem.


O 'sim' que esconde um 'não'

Essas almas de “recusas prévias” enquadram-se nos que chamávamos “casos extremos”. Vejamos agora um segundo tipo de recusa, talvez mais próximo de nós. Trata-se dos que aceitam Cristo, até mesmo com entusiasmo, e lhe dizem um sim que parece pronunciado de todo o coração. Acontece, porém, que no bojo desse sim viaja, agarrado a ele com unhas e dentes, um não.

Isso faz com que o “sim” se torne condicionado e parcial e que, na hora da verdade, acabe por transformar-se num “não” melancólico, talvez mais vazio e triste que a recusa peremptória dos “casos extremos”. Houve uma vez em que Cristo escutou um desses “sim” entusiásticos, pronunciado por um coração jovem. Mas, quando foi penetrar no âmago desse assentimento, viu emergir dele um “não” desolador. O Evangelho narra o caso com luxo de detalhes.

Cristo tinha saído de casa – onde acabava de abençoar um enxame de crianças – e pusera-se a caminho. Poucos passos havia dado, quando um jovem veio correndo e, de forma espalhafatosa, lhe caiu de joelhos na frente, obrigando-o a parar. Os olhos do rapaz ardiam com a chama do fervor, o coração batia-lhe forte: Bom Mestre – disse a Jesus –, que devo fazer para alcançar a vida eterna? Desde logo percebemos uma coisa: esse jovem era completamente diferente dos que considerávamos há um instante, dos que não querem saber.

Ele “queria saber” mesmo. Jesus dá à pergunta formulada a resposta mais simples: – Queres entrar na vida eterna? Cumpre os mandamentos. Mas o jovem queria saber mais, queria ter noções tão claras que não admitissem dúvidas, e por isso ampliou a pergunta: Quais?, quais mandamentos? – Não matarás – lembra-lhe o Senhor –, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe, amarás o teu próximo como a ti mesmo.

O diálogo vai-se tornando empolgante, porque o moço, cada vez mais eufórico, responde depressa: Tudo isso tenho observado desde a minha infância. Que me falta ainda? Poderá alguém duvidar de que esse rapaz não fosse dos que procuram ardentemente os caminhos de Deus, dos que querem conhecê-los sinceramente, dos que querem saber a fundo? Havia nas suas palavras e no seu gesto tal expressão de generosidade, que Cristo ficou comovido: Jesus fixou nele o olhar, amou-o e disse-lhe... Assim fala o Evangelho, deixando entrever as grandes expectativas que o Senhor depositou naquela alma que podia dar muito, pois até então tinha caminhado pelos rumos de Deus. Podia dar tudo. Por isso, Cristo disse-lhe: Uma só coisa te falta; vai e vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; depois vem e segue-me.

Naquele instante, Deus estava passando muito perto do coração do jovem. Um miligrama mais de generosidade, e ele entraria a fazer parte da turma jubilosa dos Apóstolos de Cristo. Mas a história, que começara tão bem, dá a partir desse momento uma reviravolta sombria: Ouvindo essas palavras, o jovem foi-se embora muito triste, porque possuía muitos bens (cfr. Mt 19, 16-22 e Mc 10, 17-22) E assim, sumindo-se na nuvem cinzenta da tristeza, a figura desse rapaz promissor desaparece das páginas do Evangelho e apaga-se, sem nunca mais voltar a ser mencionado na história de Jesus, que poderia ter sido também a sua feliz aventura. Foi-se embora triste, profundamente entristecido. Não percebemos que também neste caso Jesus viu aquilo que lhe fez brotar lágrimas perto de Jerusalém: e não quiseste? O jovem inicialmente quis..., sim, quis quase tudo aquele moço de ar generoso, mas houve um ponto em que o “sim” se lhe derreteu num “não”. Foi quando o chamado do amor tocou no seu dinheiro. Ah, não, isso não! E bastou um “isso não” para deixar-lhe a “casa vazia”.


Razões das nossas tristezas

É bem possível que muitos cristãos bons, bem dispostos e até idealistas, possam reconhecerse, como num espelho, na cena do jovem rico; e que – depois de se verem nela refletidos – fiquem em melhores condições de descobrir por que andam tristes, por que se sentem frustrados, por que, apesar dos seus ideais e esforços espirituais, se encontram encalhados e não só não avançam, como parecem recuar com o correr dos anos. A resposta a esses porquês é simples: Cristo disse-lhes também: Ainda te falta uma coisa; mas eles, lá no fundo de si mesmos, retrucaram: “Isso não!”

Contava o Bem-aventurado Josemaría Escrivá que conhecera um menino a quem a mãe ensinara, desde pequeno, a rezar de manhã e à noite. Ao acordar, recitava juntamente com ela o ato de consagração a Nossa Senhora: “Ó Senhora minha, ó minha Mãe, eu me ofereço todo a Vós, e em prova da minha devoção para convosco, vos consagro neste dia meus olhos, meus ouvidos, minha boca...” Não terminava, porém, a enumeração, porque – como quem quer prevenir equívocos – intercalava com veemência: “menos o meu coelhinho”. Tudo estava ele disposto a oferecer a Nossa Senhora..., menos o seu coelhinho. Mons. Escrivá, ao narrar esse episódio, dizia aos que tínhamos a fortuna de ouvi-lo que pensássemos também se não teríamos o nosso “coelhinho”.

Será que não temos mesmo? Seja qual for a nossa idade – ainda que já estejamos descendo a última ladeira da vida –, o “coelhinho” é todo e qualquer “menos isto” que nós opomos a Deus, ou seja, toda e qualquer reserva ou condição intocável. Para o jovem rico, o problema residia nas riquezas. Para nós, onde está? Qual é a nossa ressalva, o nosso “menos isto”? Uns colocam o rótulo de intocável no seu comodismo burguês: vida cristã, sim, mas sem falar muito em sacrifícios nem renúncias. Outros desconversam quando Deus, de algum modo, lhes pede que vivam bem a castidade: parecem-se com o governador romano Félix, que gostava de ouvir São Paulo, prisioneiro em Cesaréia, até o dia em que o Apóstolo começou a falar-lhe sobre a castidade e o juízo futuro. Félix, então, todo atemorizado, disse-lhe: Por ora podes retirar-te; mandar-te-ei chamar em outra ocasião (At 24, 25). Há outros que têm o seu “menos isto” no filho que Deus lhes pede – mais um filho! – e que eles não querem aceitar; outros fecham os ouvidos à sua própria consciência, quando lhes diz que a honestidade nos negócios está acima da ganância; outros ainda querem ser bons cristãos, mas sem combater os defeitos que mais os dominam e lhes estão deteriorando o convívio familiar, prejudicando o trabalho ou congelando o crescimento espiritual: tudo menos renunciar à prepotência, ao comodismo, à inconstância, à crítica, ao excesso nos “aperitivos”, à desordem nos horários, etc. E, dentro deste triste campo das recusas, é amargamente penoso – deploravelmente melancólico – o caso dos que chegam à beira de uma entrega total, para a qual Deus os escolheu desde toda a eternidade; dos que enxergam uma vocação divina que com a sua claridade os deslumbra e, na hora decisiva, se encolhem por medo e se “retiram tristes”, escondendo-se sob o manto cinzento do egoísmo, como o jovem rico.

Seja qual for o caso, existe em todos um denominador comum: o “não querer”, que fez chorar Cristo em Jerusalém, e que acaba por fazer chorar muito amargamente os que o pronunciam. Afinal, Cristo chorou com as lágrimas do amor, e esses choram com as lágrimas da traição: traíram, com efeito, o plano que Deus preparara para eles. Importa gravar bem estes ensinamentos do Evangelho. Ver claramente que não é só a rejeição radical de Deus que leva a vida ao malogro; é também a rejeição do plano de Deus a nosso respeito, ou de algum aspecto importante do mesmo. Cada ser humano veio ao mundo para ser o protagonista de um programa divino. Deus não nos lançou à toa na vida, mas tem um projeto para cada um de nós, que nos vai dando a conhecer – de muitos modos – com a sua graça. Depende da nossa liberdade aceitá-lo, dizendo “sim” a cada apelo divino, ou recusá-lo. Se o aceitarmos, encontrar-nos-emos a nós mesmos, porque acharemos a plenitude da nossa realização. Se o recusarmos, afundar-nos-emos na frustração: “ficaremos vazios”, seremos como uma planta estéril que “podia” ter dado muito fruto, mas, porque “não quis”, secou.

Comentando este árido vazio de uma vida frustrada, escreve poeticamente Saint-Éxupéry que, num oásis do deserto africano, “junto da fonte, uma mocinha chorava, com a fronte oculta no cotovelo. Pousei-lhe docemente a mão nos cabelos e virei para mim aquele rosto. Não lhe perguntei a causa do desgosto, por saber perfeitamente que ela estava muito longe de o conhecer. A mágoa é sempre feita do tempo que corre e não formou o seu fruto” . Quem chora – muitas vezes sem saber por quê –, pense que, se as suas lágrimas não brotam da fonte do amor ou da alegria, quase com certeza estão rolando porque – como dizia Cristo aos fariseus – frustrou o desígnio de Deus a seu respeito (cfr. Lc 7, 30).

Convença-se então de que há uma razão para esse vazio, um segredo revelado pelas lágrimas que Cristo derramou, na ladeira do monte das Oliveiras, quando avistou os brilhos da cidade de Jerusalém no domingo de Ramos: Eu quis [...], e tu não quiseste! Eis que a tua casa ficará vazia.
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Um fenômeno contínuo: muitos (cada vez mais) pastores protestantes convertem-se à Igreja Católica

O QUE ACONTECERIA se um protestante honesto, sedento pela Verdade – que segundo a nossa fé é o próprio Cristo – fosse estudar as raízes da Igreja Católica e a sua origem na era apostólica e nos primeiros séculos? Em todo o mundo, com destaque especial para os Estados Unidos, berço do protestantismo da era moderna e contemporânea, um fenômeno intrigante vem acontecendo: uma série de reconhecidos pastores e eruditos dos meios protestantes têm vindo ou retornado ao seio da Igreja Católica.

Como não poderia deixar de ser, a vinda dos pastores arrebata também um considerável número de outros fiéis, antes "evangélicos", e, mais do que isso, outrora anti-católicos. Eles professam seus testemunhos, em abundantes publicações e na internet. Segundo a pesquisadora Janaina Quintal, o ponto em comum entre os convertidos é que todos eles declaram que foram “surpreendidos com a Verdade” ao estudarem a fundo o Cristianismo primitivo e os escritos dos Pais da Igreja. A pesquisadora parece ter total razão, já que este que vos fala, Henrique Sebastião, também se inclui neste mesmo rol. Já fui protestante, já odiei a Igreja Católica, já fui ludibriado pelas interpretações particulares que pastores muito bons de lábia fazem das Sagradas Escrituras.

É verdade também que, no pontificado de Francisco, a distância entre a Igreja Católica e as comunidades protestantes –, ao menos as que não radicais –, tem diminuído. Durante a Jornada Mundial da Juventude, o pontífice provocou polêmica ao rezar com um pastor e fiéis da "Assembleia de Deus" um Pai-Nosso, quando visitava a comunidade de Manguinhos (foi o líder protestante quem quis esperar o Papa em frente ao seu estabelecimento para convidá-lo à oração). Muitos criticaram o gesto, outros ficaram indignados, outros ainda questionaram se foi conveniente. Mas parece que tais ações têm gerado bons frutos.



Da JMJ despontou a comovente história da conversão do carioca Eduardo da Silva à fé católica, que aconteceu 135 dias após o jovem ter impactado o mundo ao aparecer na TV segurando um surpreendente cartaz de acolhida ao Papa, que dizia em letras garrafais: “SANTO PADRE, SOU EVANGÉLICO, MAS EU TE AMO!! ORE POR MIM E PELO BRASIL! TUS ÉS PEDRO…”.

Recentemente, o mesmo Papa Francisco gravou uma mensagem simpática dirigida a lideranças protestantes que se reuniriam nos Estados Unidos. Como fruto quase que imediato, direto e gritante desta aproximação benévola, o pastor Ulf Ekman, fundador da mais influente igreja protestante da Suécia, anunciou, durante uma conferência dominical em seu templo, que se convertera à fé católica (saiba mais)!


Ulf Ekman, ex-pastor sueco

Janaina Quintal elaborou, para o "Universo Católico", uma  resumida lista com o breve perfil de oito ex-pastores que abraçaram a comunhão com a Igreja Católica. Já o noticioso "O Ancoradouro" acrescentou a esta lista algumas notas importantes, as quais usaremos na relação abaixo:


1. Scott Hann. ex-pastor presbiteriano e ex-professor de teologia protestante

Scott Hahn
Este é, possivelmente, o caso mais conhecido e mais divulgado em veículos católicos, especialmente por este ex-pastor ter se torando um importante apologista católico e por ter escrito alguns dos mais didáticos livros sobre a dicotomia Catolicismo X protestantismo, com destaque para "O Banquete do Cordeiro" e "Todos os caminhos levam à Roma", este último um belíssimo relato pormenorizado da história de sua conversão (e da esposa Kimberly) à Igreja Católica.

Era um anti-católico radical. Foram justamente seus excelentes conhecimentos das Sagradas Escrituras (ele é considerado um dos principais biblistas do mundo, hoje) que o levaram a investigar a Igreja Católica livre dos preconceitos a que fora condicionado desde a infância. Seu testemunho público de conversão tornou este professor e sincero servo de Deus um grande defensor da Verdade. Milhares de protestantes e muitos pastores ao redor do mundo voltaram ao Catolicismo por meio do seu testemunho. Já falamos sobre ele e sua obra por aqui (leia). Assista aqui um vídeo em que o próprio relata aspectos desta conversão.


2. Paul Thigpen, ex-pastor, missionário, editor e autor de várias publicações protestantes

Ex-pastor Paul Thigpen
Foi educado em uma Igreja presbiteriana do sul. A exemplo da maioria dos protestantes, migrou entre denominações, insatisfeito com a interpretação particular das Escrituras que encontrava em cada uma delas. Como presbiteriano, foi pastor e missionário na Europa, depois passou para a igreja batista, depois a metodista, depois a anglicana e depois para uma igreja pentecostal. Finalmente, a conclusão dos estudos mais aprofundados que realizou sobre Bíblia e História da Igreja –, na obtenção do seu doutorado em História da Teologia –, facilitou o seu caminho para aquela que ele finalmente reconheceu, de forma definitiva, como a verdadeira Igreja de Cristo, a Igreja Católica.


3. Marcus Grodi, ex-ministro protestante especialista em Teologia e Bíblia

Ex-pastor Marcus Grodi
Concluiu seus estudos acadêmicos de Teologia no seminário protestante Gordon-Conwell, em Boston, Massachussetts. Declara repetidamente: “Eu só quis ser um bom pastor”. Um dia, perguntou-se a si mesmo: “Eu estou ensinando verdade ou erro? Como eu posso estar seguro se, em outras igrejas, a mesma leitura bíblica tem várias interpretações diferentes?”. Pois é, ele descobriu por conta própria aquilo que vivemos dizendo por aqui... Quando há honestidade e uma busca sincera por Deus, a conversão acontece.

Por meio dos seus estudos da História da Igreja, Marcus soube afinal compreender a Bíblia, e assim entendeu que não poderia continuar protestante. Concluiu que a Verdade absoluta só se encontrava na Igreja Católica. Publicamos alguns artigos dele e sobre ele por aqui, que podem ser lidos acessando-se os links abaixo:




4. Steve Wood, ex-pastor e ex-diretor do Instituto Bíblico da Flórida

Ex-pastor Steve Wood
Era pastor da igreja denominada “O Calvário”. Estudou em um instituto das igrejas "Assembleias de Deus", trabalhando em projetos de "evangelismo" juvenil; era líder de ministérios na prisão; organizou um instituto de estudos bíblicos para adultos e depois concluiu a pós-graduação no célebre seminário "evangélico" de Teologia Gordon-Conwell, em Massachusetts.

Testemunha Wood que, um dia, enquanto orava, Deus lhe falou: “Agora ou nunca”, e entendeu perfeitamente que o Chamado era para que procurasse a Igreja Católica. Com a sua conversão ao catolicismo, perdeu tudo: o trabalho como pastor, uma carreira sólida, o prestígio social, o meio de sustento da família... “Eu tinha estudado 20 anos para ser um ministro protestante e Deus me falou: 'Faça, agora!'… E eu fiz isso”, testemunha em seus depoimentos.


5. Bop Sungenis, ex-pastor e professor de Bíblia em uma rádio 'evangélica'

Ex-pastor Bop Sungenis
Escreveu um livro contra a Igreja católica intitulado: “Recompensas no Céu?” Onde criticou os católicos por acreditar na importância das boas obras. A exemplo de Lutero, que chegou a adulterar a Bíblia com essa mesma intenção, Sungenis buscava demonstrar que os ensinamentos da Igreja Católica eram falsos e que, para salvar-se, bastaria somente a fé. Estudou no “Biblical Collegge" de Washington e especializou-se na “George Washington University”.

Bop diz: "Agora, como católico, eu tenho a paz. Isso vem como consolação de viver na Verdade. Agora eu entrei no exército de Cristo nesta grande batalha para a salvação das almas. Ajudarei meus irmãos protestantes a aprender que a Igreja Católica não só é a verdadeira Igreja, mas a Casa à qual todos nós pertencemos".


6. Douglas Bogart, ex-missionário 'evangélico' na Guatemala

Ex-pastor Douglas Bogart
"Meu sonho era ser missionário em minha Igreja evangélica de Phoenix. Porém, com o tempo, sem perceber, Deus estava me guiando para a sua Igreja", diz Douglas em seu depoimento e, com muita tranquilidade, afirma: “Eu li muitos livros de Teologia, de História, e testemunhos”. Estudei o Catecismo da Igreja Católica comparando-o com a Bíblia. Eu li os primeiros escritos dos Pais da Igreja e descobri que a Igreja primitiva era católica e não protestante. Terminei por aceitar a verdade e agora eu sou Católico!".


7. David B. Currie. Ex-ministro evangélico chamado por muitos 'O Mestre em Divindade'

Ex-pastor David Currie
Ele nasceu e cresceu como um protestante fundamentalista. Seu pai era pastor. David fez o curso de Teologia no "International Trinity University" em Deerfield, Illinois. Depois obteve seu “Mestrado em Teologia Bíblica” no "Trinity School of Evangelical Divinity".

O que o levou a ser católico? Sua resposta se baseia em duas coisas: o estudo da Bíblia o fez descobrir que a Palavra de Deus o guiava para o catolicismo; o segundo é que a mesma Bíblia mostrou para ele que a Igreja Católica é a única Igreja fundada por Cristo.


8. Alan Stephen Hopes, ex- Pastor e Bispo Anglicano nomeado por João Paulo II

Ex-pastor Alan Hopes
Não. A imagem ao lado não está errada. É mesmo a fotografia do ex-pastor anglicano convertido ao catolicismo, que foi nomeado bispo auxiliar de Westminster por João Paulo II.

Hopes nasceu em Oxford, em 1944. Foi recebido na Igreja Católica em 4 de dezembro de 1995. Após dois anos como vigário da paróquia de Nossa Senhora da Vitória, de Kensington, foi nomeado padre da paróquia de Nosso Redentor, em Chelsea, tornando-se depois, em 2001, vigário geral da Arquidiocese.

Monsenhor Hopes é um dos muitos ex-pastores anglicanos que abandonaram a Igreja da Inglaterra depois que esta aprovou a ordenação sacerdotal de mulheres, por sua evidente contradição com os Evangelhos e a história da Igreja.


* * *

Esta relação é, claro, apenas uma amostra muitíssimo incompleta, deixando inclusive casos bastane impactantes de fora, como o do ex-pastor Alex Jones, que não só se converteu católico como também levou a sua igreja com ele (leia sobre este caso aqui). Também não menciona o apologista David Anders, que faz um belo trabalho no portal católico "Called to Communion" (leia sobre ele aqui) ou o brilhante Steve Ray, que passou de apologista protestante para um dos mais profícuos autores católicos e autor do belíssimo portal Defender of the Catholic Faith (veja uma de suas ótimas pregações neste vídeo legendado).

A lista apresentada neste artigo está focada em alguns casos mais conhecidos e ocorridos nos EUA, por serem emblemáticos, já que se trata do maior país protestante do mundo, hoje, e, como dissemos no início, verdadeiro berço do protestantismo. Poderíamos, entretanto, citar muitíssimos outros casos que vêm ocorrendo em outras partes do mundo, como o do casal de ex-pastores pentecostais porto riquenhos Fernando e Lissette Casanova e o do ex-pastor mexicano Luis Miguel Boullón. Também no Brasil há numerosos casos, como o de Sideneh Veiga, Paulo Leitão, Adenilton Turquete e muitos, muitos outros. Todos eles são agora católicos e, afinal, verdadeiros cristãos, que encontraram a vida nova em Cristo na Comunhão com seu Corpo e Sangue, que só existe na única Igreja fundada por Ele mesmo: a Católica, Apostólica e, atualmente, Romana.

Encerramos com um trecho do honesto testemunho de conversão do ex-pastor Turquete, que se converteu após 20 anos como "evangélico":

...Não é segredo para ninguém que a expansão do protestantismo no Brasil, especialmente o ramo pentecostal, se deu por conta de uma visão anti-católica que, (falsamente) baseada em textos bíblicos, proclamava a verdadeira salvação por meio apenas de igrejas pertencentes a este seguimento. Igreja Católica era sinônimo de idolatria e o Papa, o próprio Anti-cristo.

Passei a ver o catolicismo como uma religião idólatra e anti-bíblica. Por anos tive esta visão e convicção.

No auge da rede social Orkut, entrei em uma comunidade de debates entre católicos e evangélicos. A comunidade 'Debate Católicos e Evangélicos' congregava um número interessante tanto católicos quanto evangélicos, e ali tínhamos debates teológicos de grandeza magistral, mas também exemplos extremistas de fundamentalismo religioso, de ambas as partes.

Logo em minha primeira participação na comunidade entrei em um tópico que debatia algo sobre as Escrituras. Naquele dia eu levei a maior surra de interpretação bíblica, apanhei até cansar de um católico chamado Paulo, mais conhecido como 'Confrade'. Eu não tinha argumentos, mesmo sendo um leitor ativo da Bíblia, me considerando apto a debater as Escrituras, eu fui calado pela sabedoria e conhecimento daquele rapaz. Derrotado, pedi perdão pelo equívoco...

Passei e estudar com mais afinco o catolicismo, seus costumes, o Magistério, a Tradição, os dogmas, especialmente os ligados a Maria, mãe do Mestre.

O efeito disso foi a anulação do sentimento anti-catolicismo adquirido e o início de uma fase de fraternidade e aprendizado

No entanto foram necessários alguns anos para que eu entendesse que deveria regressar à Igreja Mãe. Foram necessárias várias decepções e muitas frustrações, para poder abrir o meu coração e conceber que meu lugar é na Igreja Católica.

Os próprios "evangélicos" já perceberam que não é mais possível ignorar o fenômeno de conversão de pastores à Igreja Católica. Tentam explicar. De outro lado, alguns veem nesta "enxurrada" de conversões um sinal do fim dos tempos, já que sabemos que, no final, os que pertencerem ao Rebanho serão chamados, e o joio se separará do trigo.

O fato inegável é que, nestes tempos insanos em que vivemos, vai-se tornando cada vez mais difícil permanecer neutro. Chega o tempo em que não se poderá mais fingir ser amigo de Cristo e do mundo, acendendo, como diz um antigo ditado, "uma vela para Deus e outra para o Diabo". Católico morno, decida-se para não ser vomitado do Corpo de Cristo (Ap 3,16). Desça de cima do muro, porque, na realidade, o muro não é neutro, mas pertence ao Inferno. Duc in altum! Sim, os tempos são duros, quando nem aqueles que deveriam zelar pela ortodoxia da fé, seduzidos pelas honras e confortos do mundo, parecem capazes ou dispostos a fazê-lo,  São tempos de decisão, e por certo viveremos ainda tempos piores, em que precisaremos de muita coragem para confessar o santo Nome do Senhor.
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DEZ/2016 | Símbolos satânicos junto ao presépio: população é obrigada a aceitar em nome da 'tolerância' e do 'respeito'

Por Luis Santamaría

Nota do tradutor: Nada além do (tristemente) esperado. O Profeta vaticinou que a abominação se postaria no Templo santo (Dn XI, 31 e XII, 11), o que foi corroborado por Cristo (Mt XXIV, 15). É natural que tudo comece “fora das portas”, com a aprovação da "igualdade" e "liberdade" religiosas. Uma vela pra Deus, outra pro cão, como diz o dito popular. E nós, a vestir nosso Menino-Deus com a carapuça de papai noel. Quanto nos resta?



UMA VEZ MAIS, a provocação dos movimentos laicistas dos EUA, que se sentem "ofendidos" com manifestações públicas da fé cristã. Quando se aproxima o Natal, nada melhor que colocar junto a um presépio… Símbolos satânicos(!). Como em muitas outras ocasiões, não é a reclamação de uma seita satânica, senão uma “raivinha” que defende de forma peculiar a liberdade religiosa… Contra uma religião específica.

    Ocorreu em Boca Raton, cidade ao norte de Miami (Flórida, EUA). Ali, a organização Freedom From Religion se responsabilizou pela colocação de um pentagrama invertido, símbolo do satanismo e magia negra, junto a um presépio que se exibe em um parque público, segundo informa a agência Efe.

    “Para testar os parâmetros do debate público sobre visões religiosas durante estas festas, pusemos um pentáculo[1] de madeira de 300 libras e cor vermelha com a foto de Baphomet (insígnia oficial da Igreja de Satã)”, assinalou em sua conta de Facebook o citado grupo.


'Fora o presépio!'

Freedom from Religion pretende assim pôr em evidência a “hipocrisia cristã e o preconceito teísta em lugares públicos financiados pelos contribuintes” e advogar pela separação entre Igreja e Estado.

    O diorama satânico de madeira, situado no meio do parque Sanborn Square, mostra um cartaz em que se leem frases como “In Satan we trust” ('Confiamos em Satã') e “Celebrate Winter Solstice” ('Celebro o solstício de inverno').

    O pentáculo invertido está situado entre uma árvore de Natal e um Nascimento, o que tem causado a indignação de muitos vizinhos, segundo atestou o canal CBS12.

    Em sua página de Facebook, a organização proclama: “Fora o presépio. Se tem que existir símbolos religiosos, também existirão os ateus e seculares”. Dado que os espaços públicos são zonas de livre expressão, não se prevê que as autoridades retirem este símbolo do satanismo.



Um professor do instituto

Repórteres da WSVN Canal 7 indicam que o professor John Preston Smith, de Boca High School, foi o responsável por colocar ali o objeto como símbolo de “Em Satanás confiamos, uma nação sob o anticristo”. Este professor também contou que não professa o satanismo, mas planeja restaurar a peça após sua destruição (já que foi atacada em 7 de dezembro passado, e ficou como se vê na fotografia superior, com os dizeres pichados). O docente está trabalhando com o Freedom From Religion Foundation e no futuro gostaria que todos os símbolos religiosos fossem abolidos.

    Tal como informa a agência Mundo Hispánico, o Departamento de Polícia de Boca Raton está investigando o "vandalismo" cometido, e a Freedom From Religion Foundation também oferece uma recompensa de 2 mil dólares(!) a qualquer pessoa que tenha informação sobre a agressão ao seu “monumento”. Na imagem mais acima pode-se já ver como ficou depois de sua restauração.

* * *

    ** Nota OFC: independente de quaisquer razões ideológicas, políticas ou religiosas, não se pode, de modo algum, querer equiparar satanismo a cristianismo, por uma infinidade de razões bem óbvias. Como a profecia de Chesterton se cumpriu e hoje já temos que produzir tratados para provar ao mundo que a grama é verde, enumeraremos algumas dessas razões puramente lógicas abaixo:

    1) Os Estados Unidos são um país cristão. De acordo com a Pesquisa Americana de Identificação Religiosa (PAIR/2008), em torno de 78% da população adulta daquele país se declara cristã. Maioria absoluta. Além disso, o segundo grupo religioso mais expressivo no país é o dos judeus. Já o US Census Bureau (9/3/011) apontou uma ínfima população de apenas 1,6% de ateus naquele país. Considere-se ainda, que nem todos deste pequeno grupo, ainda que ateus, sejam simpáticos ao satanismo ou favoráveis a que se profane a religião da maioria. Por certo, destes 1,6%, apenas uma pequeníssima parcela será a favor de tal arbitrariedade. Pois bem, aí estão os números e a fria estatística: em um país democrático, e mais do que isso, um país símbolo da democracia – que faz subentender um modelo sócio-político em que o povo exerce a soberania – não se pode jamais admitir a ideia de igualdade entre cristianismo e satanismo, nem que seja por questões numéricas e de se respeitar a vontade da esmagadora maioria;

    2) Os valores judaico-cristãos construíram a nossa civilização. Os EUA, no caso em questão, fundamentaram-se sempre sobre a base sólida da moral judaico-cristã, da qual nasceu a sua própria Constituição, sob a proteção de Deus. "In God We Trust" ('Em Deus nós confiamos') é o lema nacional dos Estados Unidos, designado por ato do Congresso. A estrofe final do belo hino norte-americano entoa, solene: "And this be our motto: 'In God is our trust'..." ('E este é o nosso lema: Em Deus está a nossa confiança...').

    E quanto ao satanismo? Afora os abundantes e pavorosos casos de sacrifícios humanos, especialmente de crianças, e abuso infantil praticados por membros de seitas satânicas, que contribuição deram àquele país ou ao mundo?

    3) Se os atos em questão são protestos secularistas, por que promover o satanismo? Ora, os símbolos satânicos, do ponto de vista daqueles que não têm fé, tem necessariamente que ser vistos como, no mínimo, tão ofensivos quanto os símbolos cristãos. Evidentemente muito mais ofensivos, ao menos pelos motivos que acabamos de expor no item anterior! Quando se diz: 'Se tem que existir símbolos religiosos, também existirão os ateus e seculares' comete-se um grave atentado contra a razão mais elementar, já que os símbolos satânicos de fato não representam o ateísmo ou o secularismo.


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1. N do r: Utilizamos 'pentáculo' e não 'pentagrama' porque este último termo é polissêmico, utilizando-se mais em espanhol para referir-se ao traçado que serve de suporte à partitura musical.
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Fonte: 'Colocan símbolos satánicos junto a un belén en Florida', Infocatolica, disp. em:
http://infocatolica.com/blog/infories.php/1612151241-colocan-simbolos-satanicos-ju
Acesso 16/12/016

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Sangue de São Januário (San Gennaro) não se liquefez: sacerdote pede ao povo que mantenha a calma


SEGUNDO INFORMAÇÕES do noticioso italiano La Stampa, o sangue de San Gennaro, guardado em uma ampola num relicário da Capela dos Tesouros, Catedral de Nápoles, este ano (2016) não se liquefez na data esperada. Em outas palavras, não se repetiu o milagre como sempre acontece no dia 16 de dezembro, data em que se recorda a erupção do Vesúvio no ano 1631, quando a intercessão do santo impediu que as lavas do vulcão entrassem na cidade. A população local (e não só local) encontra-se alarmada, pois a ausência do milagre pode indicar um sinal da ira divina. Para quem não conhece a história do santo e do milagre, publicamos abaixo um resumo.

São Januário (San Gennaro) nasceu em Nápoles, no ano 270. Não se tem muita informação histórica sobre os primeiros anos de sua vida, mas está documentado que no ano 302 foi ordenado sacerdote, e que por sua piedade e virtudes em pouco tempo foi elevado a Bispo de Benevento. Com sua grande caridade, zelo e solicitude pastorais, debelou de sua diocese o problema da indigência, socorrendo a todos os necessitados e aflitos do local.



Quando, em 304, o imperador romano Diocleciano desencadeou em todo o Império cruel perseguição contra o cristianismo, obrigando os fiéis a oferecer sacrifícios às divindades pagãs, o santo teve muitas ocasiões de manifestar seu valor apostólico, socorrendo cristãos, não só nos limites de sua diocese, mas em todas as cidades circunvizinhas. Penetrava nos cárceres, estimulando seus irmãos na fé. Alcançou também, naquela ocasião, grande número de autênticas conversões.

O êxito do seu apostolado não tardou a despertar atenção de Dracônio, governador da Campânia, que o mandou prender. Diante do tribunal, Januário foi reprovado pelo pró-consul Timóteo, que lhe apresentou a seguinte alternativa: "Ou ofereces incenso aos deuses ou renuncias à vida". — "Não posso imolar aos demônios, pois tenho a honra de sacrificar todos os dias ao verdadeiro Deus", respondeu com coragem e altivez o santo Prelado.

Ordenou então o pró-cônsul que o Bispo fosse lançado numa fornalha ardente. Consta que Deus renovou, nesta ocasião, o favor oferecido aos três jovens israelitas, atirados também nas chamas, de quem nos fala o Antigo Testamento. Saiu São Januário ileso desta prova de fogo, para grande surpresa dos pagãos. O tirano romano, entretanto, atribuindo o prodígio às artes mágicas, ordenou que São Januário e mais seis outros cristãos fossem conduzidos a Puzzoles, onde seriam lançados às feras na arena.

No dia marcado para o suplicio, o povo lotou o anfiteatro da cidade. No centro da arena. São Januário encorajava os companheiros: "Ânimo, irmãos, este é o dia do nosso triunfo, combatamos com valor nosso sangue por aquele Senhor a quem devemos a vida!".

Foram libertados leões, tigres e leopardos famintos, que correram em direção às vítimas. Em lugar de despedaçá-las, porém, pareceram prostrar-se diante do Bispo de Benevento, e começaram a lamber-lhes os pés(!). Ouviu-se então um grande murmúrio no anfiteatro, que reconhecia não existir outro verdadeiro Deus senão o dos cristãos. Muitos pediram clemência. Todavia o pró-consul, cego de ódio, mandou decapitar todos aqueles cristãos, incluindo Januário. Foi executada a ordem na praça Vulcânia, no dia 19 de setembro de 305.

Os corpos dos mártires foram conduzidos pelos fiéis às suas respectivas cidades. Segundo relatam as crônicas, uma piedosa mulher recolheu, em duas ampolas, o sangue que escorria do corpo de São Januário, quando este era transportado para Benavento.

Os restos mortais do Bispo mártir foram transladados para sua cidade natal — Nápoles — em 432. No ano 820, voltaram para Benavento; em 1497 retornaram definitivamente para Nápoles, onde repousam até hoje, em majestosa Catedral gótica. Aí se realiza o chamado "milagre perpétuo" do sangue de São Januário, que há séculos se dá, sempre duas vezes por ano, no sábado que antecede o primeiro domingo de maio (que é o aniversário da primeira transladação) e a 19 de setembro, festa do martírio do santo.

* * *

As datas da liquefação do sangue de São Januário são sempre celebradas com grande pompa e esplendor. As relíquias são expostas ao público, e se a liquefação não se verifica imediatamente. iniciam-se preces coletivas. Se o milagre tarda, os fiéis compenetram-se e se inqietam, crendo que a demora se deve aos seus pecados. Rezam então orações penitenciais, como o salmo “Miserere".

Quando o milagre ocorre, o Clero entoa solene Te Deum, a multidão prorrompe em vivas, os sinos repicam e toda a cidade se rejubila.

Entretanto, sempre que nas datas costumeiras o sangue não se liquefaz, Isso significa o aviso de tristes acontecimentos vindouros, segundo uma antiga tradição nunca desmentida.

O sangue de São Januário está recolhido em duas ampolas de vidro, hermeticamente fechadas, protegido por duas lâminas de cristal. A ampola maior possui 60 cm cúbicos de volume; a menor tem capacidade de 25 cm cúbicos. Em geral, o sangue coagulado, endurecido, ocupa até a metade da ampola maior; na menor, encontra-se disperso em fragmentos.

A liquefação do sangue produz-se espontaneamente, sob as mais variadas circunstâncias, independentemente da temperatura ou do movimento, o sangue passa do estado sólido ao fluido. A liquefação ocorre da periferia para o centro e vice-versa. Algumas vezes, o sangue liquefaz-se instantânea e inteiramente, ou, por vezes, permanece um denso coágulo em meio ao resto liquefeito. Alterar-se também o colorido, desde o vermelho mais escuro até o rubro mais vivo. Não poucas vezes surgem bolhas, e sangue fresco e espumante sobe rapidamente até o topo da ampola maior(!).

Trata-se, verdadeiramente, de sangue humano, o que já foi comprovado por análises espectroscópicas. Há também algumas peculiaridades, que constituem como que "outros milagres" dentro do milagre de São Januário.

  • Da liquefação, há variação de volume: algumas vezes diminui e outras vezes aumenta até o dobro(!). 
  • Ainda mais impressionante, varia o sangue, também, quanto à massa e quanto ao peso(!). Em janeiro de 1991, o prof. G. Sperindeo, utilizando-se do necessário rigor técnico e aparelhos de alta precisão, encontrou variação de cerca de 25 gramas(!). Mais: constatou que o peso aumentava enquanto o volume diminuía(!). Tal acréscimo de peso contraria frontalmente o princípio da conservação da massa, uma lei fundamental da Física, e é absolutamente inexplicável, pois as ampolas encontram-se hermeticamente fechadas, sem possibilidade de receber acréscimo de substâncias do exterior.
  • A notícia escrita segura mais antiga do milagre consta de uma crônica do século XIV. Desde 1659, estão rigorosamente anotadas todas as liquefações, que já perfazem mais de dez mil!


Por meio da fé em Cristo, que a relíquia de São Januário confirma e fortalece, Nápoles tem sido protegida eficazmente, contra a peste ou as erupções do Vesúvio, distante da cidade apenas duas léguas e meia. Por ocasião de uma erupção em 1707, que ameaçava destruir Nápoles, o povo levou as ampolas em solene procissão até o sopé do vulcão; consta que, imediata e inexplicavelmente, a erupção cessou(!),

Já em 1944, o Vesúvio expeliu lavas, cinzas, pedras e uma poeira arenosa que alcançou grandes alturas. Foi, de fato, sua última erupção. O vento levou essa poeira através do Mediterrâneo, a qual chegou a atingir a Grécia, a Turquia, a Espanha e o Marrocos, bem mais distantes. Nápoles, porém, o local mais próximo, permaneceu imune.

* * *

Voltando à notícia presente, quando o milagre da liquefação do sangue de São Januário não ocorre, isso está "sempre ligado a momentos nefastos da história da cidade", como guerras, epidemias e terremotos, como disse o La Stampa.

Diante da situação, o abade da Capela dos Tesouros da Catedral de Nápoles, Mons. Vincenzo De Gregorio, exortou a “não pensar em calamidades ou desgraças. Somos homens de fé e devemos seguir rezando...”.




Em 21 de março de 2015, enquanto o Papa Francisco dava alguns conselhos aos religiosos, sacerdotes e seminaristas de Nápoles, também ocorreu o milagre de São Januário e o sangue se liquefez, porém, de modo apenas parcial. À ocasião, irreverente como sempre, comentou o Pontífice: "...Metade do sangue se dissolveu: vê-se que o santo me quer bem pela metade...". Certos comentaristas católicos de cunho mais tradicional disseram que o sangue havia se liquefeito pela metade porque o atual Papa era excelente na promoção da caridade, o que representaria a metade do sentido cristão, relaxando na parte doutrinal. Em todo caso, a bem da verdade, o fenômeno da liquefação não ocorreu quando os Papas Bento XVI e João Paulo II visitaram Nápoles, em 2007 e 1979, respetivamente.

Antes dessa ocasião, a última vez em que o milagre havia ocorrido com um Pontífice tinha sido em 1848, com Pio IX (e por inteiro, pelo que se documenta), quando o chefe da Igreja Católica se viu obrigado a fugir de Roma e se refugiar naquela cidade, fato este que, como sinal divino, muito marcou os fiéis católicos da época. O corpo do Venerável Pio IX, foi encontrado incorrupto 122 anos após o seu falecimento.

É tempo de criar coragem, respirar fundo, cingir os rins, rezar muito e fazer penitência, fiéis católicos, assim como nos recorda a revelação de Fátima, prestes a completar 100 anos. Convertamo-nos e imploremos a Deus misericórdia, por nós e pelo mundo inteiro. São Januário, rogai por nós a Deus!


Vídeo: o Milagre do sengue de San Gennaro

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Fontes:
  • ACI Digital, disp. em:
    www.acidigital.com/noticias/sangue-de-sao-januario-nao-se-liquefez-sacerdote-pede-para-manter-a-calma-22749/
    Acesso 18/12/016
  • SanGennaro.Org, disp. em:
    www.sangennaro.org.br/adm/icones/html/sangen_1.html
    Acesso 18/12/016
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Lançamento: 'O Castelo Interior' de Santa Teresa de Jesus

Nova tradução em linguagem simples e
atualizada, sem perda do sentido original

É desatino pensar que havemos de entrar no Céu sem primeiro entrar em nós mesmos. (...) Se não tivermos e não procurarmos a paz em nossa casa, não a encontraremos nas alheias.
(Santa Teresa de Jesus)

COM ESTA POSTAGEM queremos indicar aos nossos leitores um lançamento de imenso valor para todos os fiéis católicos. Àqueles que nos pedem dicas de leitura, esta é uma daquelas obras que figura quase que obrigatoriamente em nossa lista de indicadas. Esgotado nas livrarias, acaba de ser relançado, em versão bem cuidada e com aprovação eclesiástica (Imprimatur por Dom José Antônio Peruzzo, arcebispo metropolitano de Curitiba), "O Castelo Interior" da grande Doutora mística da Igreja Santa Teresa de Jesus (ou d'Ávila), com tradução em linguagem simples e atualizada. A obra está disponível nas versões impressa e digital; o ebook, PDF, ePub e/ou Mobi pode ser baixado gratuitamente no site do livro, e o valor da obra impressa é mais do que acessível. Não deixem de adquirir e também prestigiar e compartilhar esta feliz iniciativa. Acesse: "O Castelo Interior" – site do livro.



Neste grande clássico da cristandade do século XVI, Santa Teresa de Jesus compara a alma humana a um grande, misterioso e maravilhoso castelo, dividido em diversas "moradas", as quais precisam ser superadas para que a alma encontre, ao final, a bem-aventurança que não tem fim no seio do Criador amoroso. Assim, convida suas irmãs carmelitas a adentrarem nos castelos de suas almas, convite maravilhoso e empolgante, que pela vocação do Batismo se estende a cada um de nós.

O Castelo interior é bem diferente, mais esplêndido e desafiador que os castelos comuns, por mais encantadores que sejam. Para visitar algum destes últimos, é preciso muito dinheiro, atravessar longas distâncias indo até outros continentes (em nosso caso), além de dispender longo tempo para atravessar oceanos e terras. Já para adentrar o castelo de nossas almas, basta uma forte disposição. 

"Pelo que entendo, a porta para entrar neste castelo é a oração", diz a santa em um trecho. Porém, ainda que seja simples entrar neste castelo, não é coisa simples ao ser humano abrir as suas portas e entrar em si mesmo. Com esta comparação, Santa Teresa descreveu de modo profundíssimo os sucessivos estágios que a alma percorre em sua jornada para Deus. Este livro transmite de modo extraordinário, a doutrina espiritual da reformuladora do Carmelo, ao mesmo tempo em que reflete sua experiência pessoal. As sete moradas da vida interior, nas quais a obra se divide, são análogas às etapas de santidade que a alma humana precisa alcançar e superar sucessivamente, até chegar à perfeição. Uma obra atemporal, que foi sempre e continua sendo, por séculos a fio, até os nossos dias, uma inspiração para a perseverança na vida de fé, na busca da entrega a Deus e na santidade, a qual somos chamados. 

Arrisque-se na maior das aventuras da vida humana! Crie coragem e entre em seu Castelo interior!
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Entrevista: sacerdote ensina como viver bem o tempo do Advento

Por Felipe Marques – Associação São Próspero

APÓS CONCEDER a "O Fiel Católico", no ano 2015, uma entrevista riquíssima em fidelidade à Santa Igreja e amor ao tempo da Quaresma (leia), o digno e Revmo. Pe. Francisco Reginaldo Henriques de Miranda, atual pároco de Nossa Senhora das Graças (Jd Elba, SP), chamado comumente "padre Reginaldo", concede-nos agora a alegria e a honra de mais uma entrevista, desta vez sobre o tempo do Advento.


Padre Reginaldo de Miranda

Comentários Iniciais do padre Reginaldo – Eu gostaria de dizer que esse tempo do Advento, como nos diz a Igreja, possui duas características: 1) sendo um tempo de preparação para a solenidade do Natal, nós comemoramos neste sentido a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens 2) e é também um tempo em que, por meio dessa lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda de Cristo, no fim dos tempos. Por esse duplo motivo, o Advento se apresenta como tempo de piedosa e alegre expectativa. Piedosa como nesse segundo domingo, quando celebramos dando mais ênfase à conversão, para que toda gente possa viver essa alegria profunda, essa espera que nos enche de sentido e que já é antecipação. A leitura de Isaías já falava desse gozo que vamos viver no Céu, que é a totalidade de Deus e já vai acontecer aqui na Terra.

Nesse sentido, para que possamos viver essa totalidade de Deus, já aqui, é preciso que haja esse desejo de conversão, de endireitar o caminho, e que não é fácil! O primeiro passo é vencer o orgulho, e às vezes o orgulho não nos deixa perceber que precisamos nos converter, precisamos melhorar de vida, mudar aquilo que não está de acordo com o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo para que a vivamos plenamente essa espera profunda e cheia de sentido, que não é uma espera como a espera das coisas materiais, coisas efêmeras que a gente espera com ansiedade e que sabemos que não vão preencher a nossa vida, mas esta espera é a espera do "Deus conosco" que vai encher a nossa vida e é esperança para a nossa vida também nesse sentido.

E depois vem a questão de como se viver bem esse tempo, como exemplo a Missa: vemos que é um tempo de mais profundidade, e então o tom – pena que no Brasil se perdeu uma riqueza, o uso do órgão – mas seria um instrumento adequado nas igrejas; esse órgão dá um sentido de profundidade, dessa busca de Deus. Até mesmo a ornamentação, onde se ornamenta com poucas flores indica-se essa preparação profunda; há uma moderação, é questão de piedade.

Não tem o mesmo sentido do tempo da Quaresma, dessa conversão profunda, sabendo que é lógico que sempre se deve haver essa conversão profunda em nossa vida, porém, esse é um tempo diferente porque é um tempo que nos prepara para Deus que quer vir ao nosso encontro, vem ao nosso encontro no Natal. Aí temos a devoção popular onde temos a coroa do Advento que dá esse sentido, lembrando que primeiro se inicia com o verde da esperança e depois o sentido de conversão e da alegria, do Gaudete, onde podemos usar a cor rosa que simboliza essa alegria profunda quando viveremos esse grande momento na noite em que Deus vem fazer morada conosco e depois a cor branca.


Felipe Marques/OFC – Essa questão do tempo litúrgico é muito interessante, é um mistério! A primeira vinda de Deus, a vinda de Cristo – Deus que se faz homem no Natal – e então nós aguardamos durante o tempo da Igreja a sua segunda vinda gloriosa, pela qual Ele encerrará a História; aí também há uma coisa que muitas vezes nós não percebemos, que é uma outra vinda de Cristo, que pela Sua graça é uma vinda, digamos, diária: Ele nos visita diariamente, visita-nos em nossos caminhos. Como o Sr. vê essa falta de sensibilidade que nós temos, essa falta de atenção que nós temos em relação ao Cristo que habita em nós? Parece que nós perdemos a noção de que Cristo está conosco 24 horas por dia.

Padre Reginaldo – Essa também é, podemos dizer, uma perda do sentido do sagrado no mundo em que vivemos hoje; um mundo que faz muito barulho, e esse barulho se faz presente dentro da própria Igreja, então é muito difícil captar essa presença do Sagrado. Deus conosco, Emanuel, Deus conosco! Deus que se faz presente em todos os momentos da nossa vida. Não confundir com as coisas, senão caímos no panteísmo, mas [é preciso] sentir essa Presença d’Ele que se faz presente em nossa vida. Então, precisa-se de alguns elementos para encontrá-Lo: o primeiro deles é o silêncio, vemos isso na passagem de Elias (1Reis 19), onde vem o vento fortíssimo, depois um terremoto, depois o fogo... e o Senhor não estava nessas coisas. E então vem aquela brisa leve, suave, e aí sim se manifesta a Presença do sagrado! Então, o silêncio... E talvez o mundo de hoje tenha medo do silêncio, porque quando nós nos encontramos com o grande Silêncio, Presença de Deus, Ele nos questiona... Questiona nossa vida, nossa maneira de viver, o nosso comportamento, e por isso a gente tem medo.

O outro dado é que no silêncio a gente se coloca em atitude de oração. E hoje, também, o mundo tem medo de fazer oração, essa oração profunda, oração pessoal e cotidiana. Esse silêncio, essa oração diária, vai fazendo com que eu perceba a presença desse Mistério na minha vida, no dia a dia, no decorrer da História, nos momentos bons e naqueles momentos que não são bons, mas em que a vamos descobrindo a ação bondosa e misteriosa de Deus na nossa vida. Deus que, ao mesmo tempo em que nos ama, também nos convida a mudar de vida, a dar passos e tomar decisões profundas. Penso que esses dois elementos são muito importantes: vida de oração e vida de silêncio, e que, depois, uma boa vida de oração nos leva a ascese, nos leva a fazer penitência, a buscar o sacramento da Confissão, nos leva a dizer a importância da Missa Diária para aqueles que podem. Infelizmente, há muitos que por motivos de trabalho não podem ir à Missa diariamente, mas também tem muita gente que pode e não dá valor.


Felipe Marques/OFC –  E a participação –, como eu lhe disse do Novenário, eu tenho essa experiência –, é incrível! A Santa Missa diária é algo magnífico. Em especial, no segundo domingo do tempo do Advento, nós vemos S. João Batista – a voz que clama no deserto – e vem muito ao encontro disso que o Sr. falou, que nos pede uma conversão; ele fala também dessa questão das obras. Como o Sr. vê, hoje, essa falta de senso do sagrado, como a falta de comunicação e de formação em relação ao Inferno, não como tema para assustar as pessoas, mas para alertar sobre uma realidade que é ensinada pela Santa Igreja?

Padre Reginaldo – O catecismo da Igreja fala justamente dos novíssimos, realidades escatológicas das quais temos que falar. Falar do Céu, do Inferno, da vida eterna... de tudo isso. E dificilmente se escuta ou se ouve uma pregação falando do Inferno. Se na primeira leitura (do Segundo Domingo do Advento) se falava justamente da Totalidade de Deus, o Inferno é justamente a ausência dessa Totalidade; é negar esse Deus que quer vir ao nosso encontro. Ou seja, falar de Inferno é falar da nossa realidade de pecado. Às vezes, é melhor fazer uma pregação que fala de Deus misericordioso e fiel, mas que também nos convida a uma transformação de vida. Como dizia o Evangelho: a conversão precisa de frutos! Ou seja, o desejo profundo de mudança de vida, de querer ser melhor, deve ser expresso no meu dia a dia, na minha maneira de me relacionar comigo mesmo, com Deus e com meus irmãos. A minha vida deve apresentar esses frutos!

Veja como Ele é misericordioso, como Ele é justo, imparcial na questão do julgar, porque Ele julga com justiça e vê o coração. Nós, não. Quando vamos julgar, já vamos carregados de sentimentos; então, se eu gosto de você, eu o coloco no Céu; se eu não gosto, eu o coloco no Inferno.

Ter essa consciência de que existe o Inferno é uma das ênfases das pregações da Idade Média; havia um autor, cujo nome não recordo agora, que dizia: "Quando o homem perde o medo do Inferno, perde também a vontade de servir a Deus". Precisamos ter a consciência de que o pecado é a chave que nos leva para o Inferno; é negar a Deus, que vem ao meu encontro; é não aceitá-Lo como Deus. Por isso, a insistência de S. João Batista com os fariseus e saduceus, que conheciam e deveriam conhecer essas realidades; nós também, que conhecemos e optamos por uma religião apenas exterior (piedoso e bonito), mas sei que não sou isso. Isso será perceptível depois, porque suas ações testemunharão contra aquilo que você quer aparentar.


Felipe Marques/OFC –  Sendo o orgulho a raiz do pecado; e a base do edifício espiritual composta pela fé e pela humildade, o Sr. crê que hoje falta humildade para as pessoas? Porque é incrível... Nós tivemos o Ano Santo da Misericórdia, que foi encerrado agora, e muitas vezes as pessoas querem falar de misericórdia, mas esquecem que para nós termos um verdadeiro encontro com a misericórdia de Deus, primeiramente nós devemos ter um encontro com as nossas misérias, pois aí sim veremos o nosso nada em comparação com o Tudo que é Deus, e como Ele é Bom. O senhor crê que falta humildade?

Padre Reginaldo – Sim, justamente, o contrário é a humildade, a humildade verdadeira faz com que reconheçamos que somos orgulhosos! E reconhecer, nesse sentido, a questão da humildade é reconhecer que eu sou pecador, que eu não sou Deus! O que o orgulho faz? Faz com que tenhamos uma "competição com Deus", onde não aceitamos nem admitimos que Ele é Deus, então acabamos por viver num mundo onde não se pede desculpas, não se pede perdão por nada, afinal, eu não faço nada de errado, e acabamos destruindo a humildade que nos faz reconhecer que somos criaturas, somos falhos e precisamos da misericórdia de Deus.

A humildade nos faz reconhecer que Deus é justo. O humilde é aquele que espera no Senhor. A humildade é a questão do Anahui; sabemos que há muitos pobres que são orgulhosos, mas esse pobre de verdade, como Maria, que canta "a humildade de Sua serva", é aquele que sabe que só pode esperar no Senhor, porque sabe que o julgamento do Senhor é justo. O orgulho não permite nos abrirmos, e muitas vezes achamos que a misericórdia de Deus não pode, ou então que só atua em mim e os outros estão todos condenados.

Por isso, esse Tempo do Advento tem esse duplo sentido. O Terceiro Domingo trata um pouco disso, do Deus que vem estar conosco, arma sua tenda entre nós e se preocupa conosco. O que é completamente diferente de quando fazemos uma analogia com os deuses das mitologias dos povos pagãos, onde as pessoas eram marionetes, joguetes nas mãos desses deuses. Nosso Deus, além de nos dar o livre arbítrio para podermos escolher se queremos caminhar com Ele, ainda vem, Ele mesmo vem ao nosso encontro! É Ele Quem toma a iniciativa, é ELE que desce.

Quando vemos algumas narrativas mitológicas gregas, percebemos que nelas é o homem que deve subir ao Olimpo. Nosso Deus não é assim! Ele desce das alturas e vem ao nosso encontro! Eis a demonstração de humildade de Deus Todo-Poderoso que cabe dentro da nossa fragilidade humana para nos resgatar, para nos ensinar esse gesto de humildade. Devemos trabalhar para não ter a falsa humildade, mas sim a verdadeira humildade que é fruto da oração, da busca pelo silêncio, uma vida regrada pelos Sacramentos, pelo Magistério, e que é diferente da falsa humildade que é muito simbólica. Deus não quer somente a exterioridade de nós, Ele quer um coração puro, e é difícil essa busca de humildade porque o orgulho sempre vem incomodar, como se fosse a voz do demônio.


Felipe Marques/OFC –  Esse é o famoso “Non serviam” de Satanás, o "não servirei". Como o Sr. vê essa relação da espera do Advento, ou seja, a espera do Cristo que vem, com a Liturgia voltada ao Oriente (versus Deum, ad Orientem)? Como o Sr. vê essa relação e o que a Igreja perdeu hoje, por não se optar pela celebração nessa forma?

Padre Reginaldo – Nós vemos também essa relação do Versus Deum, onde está lá o padre e o povo voltados para Deus, juntos, onde o povo oferece e o sacerdote entrega [o Sacrifício] a Deus. Novamente essa importância do sagrado, do sacerdote! Tanto que o povo responde errado na Oração Eucarística, dizendo: "Recebei, Ó Senhor...". O correto é: "Recebei o Senhor, por tuas mãos, este Sacrifício...". Ou seja, é o sacerdote quem oferece o Sacrifício em nome do povo! Há também, nesse sentido, uma perda do sentido do Sagrado, da importância do sacerdócio nesse oferecimento do Sacrifício. Devido às ideologias, perdeu-se muito essa questão da Beleza do Sagrado. Diversas religiões têm essa questão do voltar-se ao Oriente, creio que seja mais uma questão de conscientizar o povo para que conheçam essa riqueza.

É importante também mostrar a beleza da Missa de Paulo VI, fazer com que o povo tome consciência disso. E muitas vezes falamos do que não conhecemos. Há uma beleza no rito bem celebrado.


Felipe Marques/OFC –  Sim, tanto no rito de Paulo VI (desde que bem rezado) quanto no rito de São Pio V.

Padre Reginaldo – Hoje há esse interesse de querer se redescobrir o valor da Missa de São Pio V. Devemos ensinar isto através do Motu Proprio [Summorum Pontificum] e também ensinar a beleza da Missa de Paulo VI, porque hoje há uma grande confusão com "missa afro", "missa de cura e libertação" [toda Missa legítima e validamente celebrada é de cura e libertação], missa isso e aquilo... Então, temos que ensinar e redescobrir o Valor da Missa.


Felipe Marques/OFC –  O problema é que as pessoas ideologizam.

Padre Reginaldo – Sim, ideologizam e, como vemos no documento do Concílio Vaticano II, Gaudium et Spes, a Igreja está no mundo porque é portadora de salvação. Ela sempre tem uma palavra de salvação para o mundo, ou seja, é Ela [Corpo de Cristo e continuidade de Cristo no mundo] que, quando está no mundo, purifica-o e transforma-o. Porém, o que vemos hoje são muitos elementos do mundo para dentro da Liturgia; é o contrário. Às vezes, trazemos elementos do mundo para a Igreja em nome de uma inculturação equivocada, em nome de uma interpretação errada, e começamos a trazer valores que não condizem com o Evangelho, com a Liturgia.


Felipe Marques/OFC –  Creio que a falta de convicção gera isso.

Padre Reginaldo – Ou então, às vezes, é feito em nome do público, da plateia. Nós queremos plateia e, nesse sentido, vamos nos desviando da Fonte, e nos perdemos, porque trazemos elementos exteriores [e de fato pagãos] ao Sagrado. Para onde, na verdade, é o Sagrado que transforma a realidade do mundo.


Felipe Marques/OFC –  Interessante isso, porque eu comentava com uma pessoa: Agradar às pessoas, não conseguiremos. Por isso, não devemos lutar simplesmente para agradar às pessoas, mas sim para fazer a Vontade de Deus e da Santa Igreja, sem público. Não buscar o público e a plateia.

Padre Reginaldo – Não julgando, porém, em certas realidades temos que tomar cuidado para não nos deixarmos ser levados pelas coisas, porque temos que pagar contas e afins, mas o padre deve ser também aquele que acredita na Providência! A Providência não falha se estivermos fazendo um trabalho que de fato seja para a maior honra e glória d’Ele e não nossa. Desde que a Igreja é Igreja, a Providência está aí. Vemos isso claramente nas vidas dos santos que optaram por uma radicalidade do Evangelho. Por um lado, alguns se desesperam para pagar contas, mas até que ponto vale a pena perder as convicções por causa de modismos ou plateias?


Felipe Marques/OFC –  Henrique Sebastião gostaria de saber a sua resposta para uma questão específica. O Sr. poderia comentar sobre a dimensão penitencial do tempo do Advento, e como essa dimensão penitencial se ordena com a alegria da espera pelo Nascimento do Salvador?

Padre Reginaldo – Tem a ver com o que nós falamos: esse convite de S. João Batista, de endireitar os caminhos para que o Senhor venha. Num outro sentido, para que seja compreensível – óbvio que todo exemplo e comparação fica distante da realidade em si – endireitar o caminho é ver aquilo que não está de acordo com as verdades do Evangelho e da Igreja, e que está distante do Senhor. Por isso esse momento é também de penitência: como eu devo preparar a minha vida interior para receber Deus de novo?

Quando nós entramos nesse desejo da busca do Senhor, o próprio Senhor ilumina a nossa vida e nos mostra o que não está de acordo, onde é que preciso mudar de vida e onde o orgulho está atrapalhando minha vida espiritual. E meus desejos? Minha vontade está prevalecendo sobre a Vontade de Deus? É necessário mudar aquilo que não está de acordo com a Vontade d'Ele, para que de fato, quando o Senhor vier ao nosso encontro, nós estejamos totalmente preparados e não haja nenhum obstáculo para esse encontro.


Felipe Marques/OFC –  Tanto um momento de penitência quanto de alegria, e tudo gira em torno da conversão.

Padre Reginaldo – Sim, e não é fácil! Sabemos que não é fácil o processo de conversão. Tanto que, muitas vezes, queremos que o outro se converta e esquecemos que nós também temos que nos converter.

É preciso muito silêncio e oração para descobrir que eu devo viver essa experiência, a experiência daquele que clama no deserto: "Preparai o caminho do Senhor!". Eu devo preparar o caminho! Exijo do outro que seja santo, mas eu não sou. Muitas vezes, temos um discurso tão bonito, mas sabemos que não é fácil se converter, mudar de vida, controlar o olhar que deseja, que é impuro, que julga. Que não é fácil controlar a língua, os instintos! Pensamos sempre que para o outro é fácil...

 Eu tive uma experiência interessante em velórios, porque antes eu "falava pelos cotovelos" [risos]... Então, depois que eu tive a experiência de perder a minha mãe, acompanhar todo o processo de liberar o corpo e voar 5h para resolver tudo... Então eu descobri que, nesse sentido, mais que as palavras o que conta é a simples presença. Você estava lá, foi solidário com a minha dor. Mesmo que não falou nada, você estava lá!

Devemos pedir também que Deus nos converta nesse sentido de ver que não é fácil para o outro, que eu exijo do outro, mas... E eu? Devemos pedir a graça de Deus para termos consciência de sabermos que, como dizia meu professor de metafísica: [com o perdão da expressão coloquial] "Somos sacos de merda, daquela bem fedida" e, se "fedemos" menos, é porque a graça de Deus habita em nós. Sejamos humildes! Sempre devemos nos colocar no lugar do outro, e então seremos melhores.


Felipe Marques/OFC –  É muito fácil apontar o dedo para quem está fora e dizer: você precisa mudar isso e aquilo, mas é difícil apontar o dedo para si mesmo com a mesma atitude.

Padre Reginaldo – Sim, muitas vezes é fácil ser solidário com a dor de quem está longe de mim, mas e quem está próximo? O meu próximo é quem está realmente próximo de mim [é exatamente o que a expressão bíblica quer dizer – amar o que está distante é sempre muito mais fácil]. Somos misericordiosos com o outro, que está distante, porque assim não nos envolvemos! É bem mais difícil dar atenção para o familiar, por exemplo.

Não digo que não devamos ser solidários também com quem está longe; devemos, sim. Porém, não podemos nos esquecer da dor do próximo, de quem está do lado, o parente, os pais...

A Igreja é muito sábia, e como sabe que somos frágeis Ela coloca esses dois momentos: Quaresma e Advento para que nos voltemos para Deus, e como e difícil voltar para Deus! A primeira coisa que se apresenta para quem deseja voltar é o orgulho! Por isso, vem a experiência do Filho Pródigo: "Eu errei"!

É bonito reconhecer que erramos, e assim o orgulho vai por terra. Porque somente Deus não erra. O orgulho é terrível. Veja, a distância é a mesma, porém, exigimos que o outro se mova e nós ficamos parados! Por exemplo: estamos brigados, e o Espírito Santo indica-nos que devemos fazer as pazes. Se nós dois tomamos essa consciência, então nos encontraremos no meio do caminho.

É preciso voltar para Deus, e isso ocorre através do sacramento da Confissão.


Felipe Marques/OFC –  Para encerrar, que "dicas" e conselhos práticos o Sr. daria para bem viver esse Tempo do Advento? Além do silêncio e oração, quais outras práticas de piedade o senhor recomenda?

Padre Reginaldo – A oração do santo Terço, a leitura do bons livros de espiritualidade e dos Padres da Igreja. Mas acho que, de fato, o que nos cura e santifica são os Sacramentos; penso que, primeiro, viria o sacramento da Confissão! É ele que, de fato, nos transforma, Deus nos quer curar e mudar através dos Sacramentos.

E com isso meditamos, novamente, na questão da humildade, porque Deus se fez homem para nos curar e ainda nos perdoa. Uma boa confissão faz com que sejamos mais misericordiosos e aí, quando vamos julgar, vamos com mais calma, analisamos melhor as coisas, somos mais pacientes.

Devemos saber que todos os dias da nossa vida devemos nos converter, porque muitas vezes até dormindo a gente peca(!). Que não tenhamos medo de receber a misericórdia de Deus no sacramento da Confissão, porque sabemos que não é fácil reconhecer que erramos, admitir nossos pecados sem justificativas. Lembrando que na Confissão não se deve falar de terceiros, do erro da sogra ou do sogro; deve-se falar do próprio erro, acursar-se!


Felipe Marques/OFC –  Essa questão do autoconhecimento é muito importante e São Bernardo de Claraval diz no “Tratado do conhecimento de si mesmo ou da consciência” que "o homem começa a ser justo quando acusa a si mesmo".

Padre Reginaldo – Sim, porque é mais fácil acusar os outros; sabemos que, quando acusamos muito os outros, é porque não estamos bem espiritualmente. O homem justo cuida de sua alma, de sua casa, de seus filhos! Oxalá não precisássemos passar pela experiência do filho pródigo, porém, infelizmente muitas vezes precisamos perder tudo para dar valor ao que tínhamos.

Que nesse tempo do Advento tomemos consciência do nosso pecado e que Deus na Sua infinita misericórdia nos ajude a vermos os nossos próprios pecados!

Veja o Cristo Menino: Deus Todo-Poderoso se faz tão pequeno para que você tenha coragem de se aproximar d’Ele!
(São Josemaria Escrivá)
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