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Não, não estamos falando de nenhuma potência atual ou de alguma nação com alguns dos maiores índices sócio-econômicos do planeta. Esta é – ou melhor, era – Cuba durante a década de 1950, antes da revolução castrista.
Em 1958, a renda per capita média de um cubano era o equivalente a $11.300 dólares anuais, em valores atualizados. Para efeito de comparação, a renda média de um britânico na mesma época equivaleria a 11.800 dólares atuais. Mas, em 1959, algo aconteceu em Cuba: a Revolução. Com armas nas mãos, Fidel Castro, Che Guevara, Raúl Castro e um grupo de revolucionários depuseram Fulgencio Batista e instauraram um governo socialista na ilha.
Hoje, 65 anos depois, Cuba tem muito pouco para comemorar, e os números, frios e exatos, o comprovam. Sua renda caiu drasticamente. Seu número de rádios já não é mais relevante (o próprio rádio, outrora tão importante para a identidade cultural da ilha, perdeu o brilho). As televisões per capita sequer são lembradas, embora a taxa de alfabetização ainda mantenha índices muito bons (acima de 99%). Mas é importante destacar que essas taxas não são reflexo do modelo político econômico cubano, como costumam alardear os seus entusiastas, já que também estão presentes em nações com modelos totalmente distintos, como o Azerbaidjão, a Letônia e a Estônia. É possível perceber como Cuba avançou nos últimos 65 anos, ainda que apenas em termos nominais. Em comparação com 1950, sua renda já mais que duplicou – os 9.421 dólares se transformaram em 19.379.
Mas o avanço de Cuba, quando comparado com o de outros países, é medíocre. Se em 1949 sua renda aproximava-se da do Reino Unido e da Itália, hoje não. Outros, como Hong Kong e a Coreia do Sul, que hoje apresentam índices elevadíssimos de renda, estavam muito distantes do padrão de vida cubano naquela época. O crescimento de Cuba nos últimos anos chega a ser pior que o de países africanos, como Botswana, que saiu de uma renda inferior aos mil dólares anuais, para quase 15 mil no mesmo período. Apesar de não ter ultrapassado Cuba, o crescimento de Botswana, sob influência da administração inglesa, é notável no gráfico abaixo.
A vida de um cubano da era pré-castro talvez não fosse a melhor do mundo. Em relação às potências da época, o país ainda tinha atrasos, tirando alguns dados que realmente poderiam ser descritos como “de primeiro mundo”. Desigualdade, racismo e corrupção eram problemas evidentes na sociedade cubana. O Estado também era repressivo com seus opositores, e a censura, tornou-se algo relativamente comum no governo de Fulgencio Batista, último presidente pré-castrista. Por outro lado, não foi com a Revolução que tudo isso acabou – bem pelo contrário.
Com essas desigualdades, promovidas principalmente pela centralização da economia, se perpetuou o racismo. Como os brancos já eram mais ricos no período anterior à revolução, continuaram ocupando melhores cargos e residindo em casas melhores que as dos negros. Após a permissão do governo cubano para a existência de pequenos negócios pré-definidos na ilha, a situação se agravou, já que os brancos continuaram morando nas melhores casas, que hoje servem como pequenos hotéis e geram renda para essas famílias – enquanto os negros são relegados à maioria dos empregos estatais com minguados salários e ao socialismo forçado.
O salário atual de um cubano mal consegue custear coisas tidas como barataíssimas em outros países, como por exemplo o mero acesso a uma lan house, por exemplo. Para que se tenha uma ideia, o salário integral médio de um cubano é suficiente para pagar somente 4 horas de acesso a internet(!). Aqui se faze importante notar que o país já teve um dos maiores salários do mundo.
Ainda em 1958, o salário pago na indústria do país girava em torno dos 6 dólares por hora, o mesmo valor pago aos trabalhadores noruegueses e dinamarqueses. De fato, Cuba tinha o 8º maior salário industrial do mundo. Nas fazendas, o pagamento era de US$ 3 por hora, o 7º maior do mundo. E mesmo antes do socialismo, existia pleno acesso ao trabalho: cubanos desempregados ou ativos no mercado informal somavam apenas 7% da população – a menor taxa de desocupação da América Latina. Eram empregos dignos, que permitiam o sustento e produtivos para o país.
O embargo e o colapso da indústria
Primeiramente, como em toda e qualquer questão, é preciso entender o que, de fato, foi o embargo. Tudo começou em 1960, quando o presidente norte-americano Dwight Eisenhower impôs um bloqueio ao comércio com a Ilha, após atritos entre refinarias norte-americanas e o irredutível governo revolucionário. O bloqueio de Eisenhower, no entanto, não incluía alimentos e nem insumos médicos. Em 1961, após o governo cubano declarar-se marxista e alinhar-se com a União Soviética em pleno auge da guerra fria, o Congresso norte-americano aprovou uma lei, que mais tarde seria usada pelo presidente John Kennedy, para enfim, impedir o comércio com a Ilha.
Fruto principalmente de pressões corporativistas (reza a lenda que Kennedy, grande apreciador dos charutos cubanos, não queria, num primeiro momento, proibir a importação do produto, mas entrou em atrito com fabricantes americanos), o embargo trouxe, sim, consequências negativas para a Ilha. Todavia, não pode ser apontado como o único e nem mesmo principal culpado pelos problemas no país. Ao contrário do que muito se propaga, o embargo não proibiu (e nem teria como proibir, na prática) o país de comercializar com o resto do mundo. Apesar de constar nas regras que mantém o bloqueio comercial a permissão aos EUA para impor sanções aos países aliados que realizassem comércio com os Castro, isso nunca de fato aconteceu. Na realidade, diversos países negociam livremente com Cuba, incluindo… os Estados Unidos!
Desde 2000, os EUA permitem que fazendeiros norte-americanos comercializem com a Ilha. Desde então, o comércio entre os dois países só cresceu: até 2007, a "Terra do Tio Sam" mal aparecia na lista de importações; hoje já está entre os 5 maiores parceiros comerciais dos cubanos.
Se 80% do que os cubanos põem à mesa tem origem no exterior, isso deve-se à baixíssima mecanização da agricultura do país. Tirando algumas poucas refinarias de açúcar, praticamente todo alimento produzido em Cuba é feito com trabalho manual, como resultado de uma ideologia forçada, romântica e mofada. A pouca mecanização, é claro, afeta também as exportações e a pouca cana-de-açúcar que o país hoje exporta é vendida a preços pouco competitivos.
Para finalizar, as usinas cubanas estão numa situação desoladora. Desde o colapso da União Soviética, Cuba não conseguiu continuar as reformas estruturais e as manutenções adequadas em suas usinas, que começaram a parar. Os problemas atingiram seus níveis mais alarmantes em 2004, quando a absurda falta de manutenção e os problemas ambientais levaram as usinas a parar. Em Havana, houveram blackouts que chegaram a durar 6 horas. Outras regiões chegaram a ficar 12 horas ininterruptas no escuro e mais de 118 fábricas foram paralisadas. Até hoje, a baixa capacidade do sistema de energia cubano tem gerado prejuízos para a escassa produção industrial do país.
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Fonte:
Spotnik, 'Cuba antes e depois da Revolução' (adaptado), disp. em:
http://spotniks.com/como-era-cuba-antes-da-revolucao/
Acesso 2/12/016
Pergunto: Existe igualdade em Cuba?
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