Autobiográfico por Igor Andrade – Frat. São Próspero
COMO MUITOS, vim à Verdadeira Fé pelo trabalho de algum apostolado – no meu caso, sou fruto do trabalho do Padre Paulo Ricardo. Dele passei a outras fontes de conhecimento: Olavo de Carvalho, movimento monarquista, Thomas Woods, Felipe Aquino, Jason Evert, Scott Hahn, Ayn Rand, Luis F. Pondé, Chesterton e diversos “tutoriais” de Youtube.
COMO MUITOS, vim à Verdadeira Fé pelo trabalho de algum apostolado – no meu caso, sou fruto do trabalho do Padre Paulo Ricardo. Dele passei a outras fontes de conhecimento: Olavo de Carvalho, movimento monarquista, Thomas Woods, Felipe Aquino, Jason Evert, Scott Hahn, Ayn Rand, Luis F. Pondé, Chesterton e diversos “tutoriais” de Youtube.
Caíram-me as escamas dos olhos. Finalmente descobrira um conhecimento alcançável por vias além da televisão, da escola e do senhor meu pai.
Contudo, como todo bom adolescente “de direita” – como odeio este termo hoje em dia! – Fechei-me nisto. Tinha uns 15 anos.
Algo fez com que, certo dia, de passagem por uma livraria católica – não posso deixar de lembrar o quão encantado ficava ao entrar naquele lugar, embora hoje eu saiba que, de todo aquele acervo, quase nada se aproveita –, tomei todo o dinheiro de que dispunha (dez reais) para comprar um livro que mudaria minha vida: A Vida e os Milagres de São Bento, escrito por São Leão Magno.
– Que interessante, na Igreja há um grupo chamado “monges”, pensava que isso era coisa de budista. Aquela história mística me encantou. Ao mesmo tempo, eu fazia um curso de Teodicéia do Padre Paulo Ricardo – além de querer conhecer o desconhecido, eu, honestamente, queria calar a boca de um “ateu” de 15 anos que me importunava na escola –, onde ele falava muito a palavra “filosofia” e citava muito um tal de Santo Agostinho, bispo de Hipona e autor de "Confissões". Novamente, juntei todo o dinheiro de que dispunha (dezessete reais) e adquiri o tal livro do tal santo.
Foi o primeiro livro de filosofia que li. Boquiaberto a cada página que lia, decidi: vou estudar filosofia, vou ser filósofo e vou ensinar isso aos outros.
– Pai, o que é um filósofo?
– Ah, é alguém que filosofa.
– Ah... pai, o que é filosofar?
– Não sei, deve ser isso que você está fazendo. Agora me passa o tijolo.
Depois deste profundo e clarificante diálogo, descobri que havia uma ordem de São Bento em São Paulo, visitei o mosteiro com dois amigos e – pasmem – eles tinham uma faculdade de filosofia!
– Bom, vou terminar o ensino médio, cursar direito para ganhar dinheiro e depois vou estudar essa filosofia – pensava cá com meus botões.
Porém, Angélica, minha professora de biologia, em sua primeira aula disse que não valia a pena estudar algo por dinheiro e não por gosto, pois isto nos converteria em péssimos profissionais. Mudei de idéia: estudaria filosofia de cara.
– E então, decidiu o que vai cursar na faculdade?
– Sim, pai. Vou estudar filosofia.
Uma freada brusca me fez entender: era provável que meu pai tinha em mente algo como “engenharia”.
– Tem certeza?
– Sim.
A partir do dia seguinte, meu pai converteu-se em meu maior apoio. Na época de começar a faculdade, mais dificuldades financeiras apareceram, mas a Providência Divina e a fé do provedor da família me encaminharam aos estudos e cuidaram de tudo.
Naquela instituição conheci muita coisa, principalmente a maldade humana.
Somente depois de findado o curso, as coisas se me apresentaram claras. Finalmente consegui entender a importância da boa relação entre mestre e discípulo. Finalmente fui grato à minha professora da pré-escola que me permitiu decorar o abecedário aos 5 anos (lembro-me como se fosse hoje: cheguei em casa feliz da vida e fiz minha mãe ligar pra uma tia, para quem recitei todas as letras em ordem); fui grato às minhas professoras do ensino fundamental que me ensinaram matemática, história, gramática, entre outras coisas; fui grato aos professores do Ensino médio que me ensinaram a estudar, sobretudo a uma professora comunista que me odiava, mas me ensinou a escrever – estruturar as idéias de modo que o leitor melhor pudesse compreender.
Estudei em escola pública desde o primeiro governo Lula, minha educação não foi das melhores, mas foi suficiente para que eu, às apalpadelas, encontrasse a saída do labirinto.
Na escola pública aprendi muito do que não devia também: o que é sexo e como acontece a fecundação do óvulo (podem me dizer que isto é importante e deve ser aprendido. Concordo, mas não pra uma criança de 5 anos e sem o acompanhamento dos pais!); aprendi o que é ser injusto e o que é ser vingativo, o que é não se encaixar nos grupelhos, o que é diferença social, o que é preconceito, o que é despotismo, entre outras coisas.
Na faculdade conheci o pior lado dos católicos. Escândalos, boicotes, perseguições, legalismo, catolicismo burguês... a Teologia da Libertação me pareceu brincadeira de criança frente ao ódio velado dos católicos “conservadores”.
Finalmente, vi sentido nos versos de Guerra Junqueiro:
Ó Jesuítas, vós sois dum faro tão astuto,
Tendes tal corrupção e tal velhacaria,
Que é incrível até que o Filho de Maria
Não seja inda velhaco e não seja corrupto,
Andando há tanto tempo em tão má companhia.
E nas demais críticas ao clero (como o genial Auto da Compadecida). Mas nem tudo foram trevas, só a maior parte. Consegui bom amigos, dentre eles, o Henrique Sebastião, que, por algum motivo, viu talento na minha escrita.
“É no fogo que o ouro e a prata são provados”, dizem as Escrituras – e de fato é assim. Também é no sofrimento, nas perseguições e nas dificuldades que descobrimos bons amigos – “quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro”, diz ainda a Palavra Santa.
Descobri bons amigos quando me faltou dinheiro para a passagem de ônibus, quando brigaram na faculdade para defender minha inocência frente a falsas acusações vindas de “bons católicos”, quando me faltavam cigarros e o dinheiro do café, quando fiquei doente de estresse e ódio, quando precisei de um ombro pra chorar minhas mágoas, quando viram talento em mim e me motivaram e quando tive que fazer tudo isso também por eles.
O Henrique pediu que eu escrevesse falando um pouco da minha trajetória de estudos. Bom, ela ainda não acabou, mas creio que, por hora, está suficiente.
Termino com isto: de nada adianta “lutar pela verdade, pelos valores, pelas virtudes” e outras abstrações se você fere e mata o irmão que está a seu lado, se você é injusto, se faz tráfico de influência, em suma, se você é uma péssima pessoa.
Cresci muito na Academia, aprendi muita coisa, mas lá é lugar de louco. Enquanto houver pessoas que não valem o feijão que comem (na maioria das vezes, que não valem o caviar que comem), precisamos combatê-los, sobretudo, não os respeitando.
Pedi ao meu irmão em Cristo, colaborador e bom amigo Igor que produzisse um artigo sobre sua trajetória como estudante de Filosofia até aqui, porque ontem mesmo (27/6/2018) ele apresentou o seu Trabalho de Conclusão de Curso para sua graduação em Filosofia, no desfecho de uma longa trajetória de lutas e dificuldades, que acompanhei de perto e de longe.
Conheci esse verdadeiro guerreiro de Cristo muito jovem, ainda na transição para a sua maioridade, na sala do primeiro ano de Filosofia do Mosteiro de São Bento, sob a tutela de professores como Joel Gracioso e Franklin Leopoldo e Silva, quando integramos o mesmo grupo – pela Graça de Deus estudamos juntos, eu, ele, Guilherme Freire, Moisés Lima, Thiago Gherman e outros bons católicos. De imediato, logo em nossa primeira conversa, fui surpreendido por sua maturidade, virilidade, honestidade e fé genuína – virtudes nada fáceis de encontrar nos homens da sua geração.
Meu faro de "leão velho" detectou instantaneamente, por detrás da magreza e das feições então ainda suaves, um potencial tremendo e um talento singular em pleno desabrochar, no bom caráter de um autêntico fiel católico. Convidei-o a produzir um texto para a revista O FIEL CATÓLICO, que na época ainda era impressa e distribuída pela paróquia Nossa Senhora do Brasil. E ainda naquele mesmo dia, recebi um artigo sobre ideologia de gênero que superou abundantemente todas as minhas expectativas. O "menino" produzira um texto simplesmente escorreito: uma exposição didática, equilibrada e de agradável leitura, sem uma vírgula sequer fora de lugar! Comentei com minha esposa que conhecera um guri de 18 que escrevia como um ancião de mais de 60...
Este foi o início de uma amizade que, espero, perdure até o nosso ingresso na Pátria Celeste, se nosso bom Deus assim quiser. Lembro-me do dia em que, nos corredores do Mosteiro, discutíamos a escolha do nome de nossa fraternidade católica, e dos tantos pensamentos que compartilhamos. Ontem, algumas horas depois de rezar pelo seu bom êxito, soube que obtivera nota máxima e conquistado sua merecidíssima graduação. Deus vos salve, nobre Igor Andrade, e a Santíssima Virgem vele pela sua vida até a hora final!
Henrique Sebastião
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Pedi ao meu irmão em Cristo, colaborador e bom amigo Igor que produzisse um artigo sobre sua trajetória como estudante de Filosofia até aqui, porque ontem mesmo (27/6/2018) ele apresentou o seu Trabalho de Conclusão de Curso para sua graduação em Filosofia, no desfecho de uma longa trajetória de lutas e dificuldades, que acompanhei de perto e de longe.
Conheci esse verdadeiro guerreiro de Cristo muito jovem, ainda na transição para a sua maioridade, na sala do primeiro ano de Filosofia do Mosteiro de São Bento, sob a tutela de professores como Joel Gracioso e Franklin Leopoldo e Silva, quando integramos o mesmo grupo – pela Graça de Deus estudamos juntos, eu, ele, Guilherme Freire, Moisés Lima, Thiago Gherman e outros bons católicos. De imediato, logo em nossa primeira conversa, fui surpreendido por sua maturidade, virilidade, honestidade e fé genuína – virtudes nada fáceis de encontrar nos homens da sua geração.
Meu faro de "leão velho" detectou instantaneamente, por detrás da magreza e das feições então ainda suaves, um potencial tremendo e um talento singular em pleno desabrochar, no bom caráter de um autêntico fiel católico. Convidei-o a produzir um texto para a revista O FIEL CATÓLICO, que na época ainda era impressa e distribuída pela paróquia Nossa Senhora do Brasil. E ainda naquele mesmo dia, recebi um artigo sobre ideologia de gênero que superou abundantemente todas as minhas expectativas. O "menino" produzira um texto simplesmente escorreito: uma exposição didática, equilibrada e de agradável leitura, sem uma vírgula sequer fora de lugar! Comentei com minha esposa que conhecera um guri de 18 que escrevia como um ancião de mais de 60...
Este foi o início de uma amizade que, espero, perdure até o nosso ingresso na Pátria Celeste, se nosso bom Deus assim quiser. Lembro-me do dia em que, nos corredores do Mosteiro, discutíamos a escolha do nome de nossa fraternidade católica, e dos tantos pensamentos que compartilhamos. Ontem, algumas horas depois de rezar pelo seu bom êxito, soube que obtivera nota máxima e conquistado sua merecidíssima graduação. Deus vos salve, nobre Igor Andrade, e a Santíssima Virgem vele pela sua vida até a hora final!
Henrique Sebastião
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