Venho confessar que me incluo no grupo daqueles que já se cansaram do assunto "eleições" no Brasil. Não aguento mais esse massacre. Cansei da maldita, vergonhosa e atrasada polarização que tomou conta de todo e qualquer debate político neste país. Cansado e farto de ver que quase ninguém procura tomar a verdade como regra de suas ações, mas cada um escolhe um lado para integrar e defender, irracionalmente, e, pior, considera que para combater o seu adversário, visto como inimigo mortal, vale usar de toda e qualquer arma disponível: vale mentir, caluniar, maquiar ou escamotear os fatos, propagar boatos, tentar assustar os ignorantes, alarmar a população mais humilde...
Não aguento mais essas hordas que sequer escutam qualquer argumento contrário àquilo que escolheram tomar por verdade, que trocam argumentos e razões por vaias e gritos de guerra, porque veem a todos aqueles que se atrevem a existir fora do seu próprio grupo como vermes desprezíveis. Já não aguento mais a pífia novela dos noticiários, com suas bizarrices e desonestidades diárias, das tentativas cada vez mais baixas e covardes de caluniar adversários. Como católico, não suporto mais ver a atuação patética e podre de tantos daqueles que deveriam ser – por missão e dever sagrado – os zelosos pastores das almas, tomando o partido dos lobos. E ajudando os maus no seu trabalho de espalhar mentiras, desinformação, medo.
Estou cansado de ver a irresponsabilidade criminosa de veículos de mídia importantes, poderosos e tradicionais, que deveriam zelar – ao menos o mínimo – pela imparcialidade e pelo bom senso nas matérias que publicam. Não aguento mais ver militantes partidários imorais travestidos de "jornalistas". Não aguento mais essa gente que não sabe perder e não sabe ganhar. Estou farto de ver que ninguém tenta abrandar o incêndio; ao contrário, vai-se lançando cada vez mais gasolina à fogueira, e ninguém está preocupado com o fim a que isso vai chegar. Não vejo a hora de terminar mais esta (última, ufa!) semana e acabar logo com tudo isso.
Todavia, como desanimar não é opção, venho compartilhar o lúcido texto de Carlos Ramalhete (adaptado para O FIEL CATÓLICO) que, no meu entender, retrata com fidelidade o nosso momento presente. Textos assim são como um bálsamo, porque algo de que precisamos muito é lucidez. Deus nos ilumine a todos.
(Henrique Sebastião, Editor)
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A SITUAÇÃO DO BRASIL é preocupante. Além de todos os problemas costumeiros – miséria, níveis inauditos de criminalidade, corrupção, grupos guerrilheiros que por aqui são chamados de "trabalhadores (sic) sem-terra", etc. Fato é que os anos perdidos com o país nas garras do petismo nos deixaram uma triste herança de divisão. Uma coisa sem base alguma na nossa cultura, mas importada, como costuma acontecer, da política americana pelas esquerdas. Foram 13 anos, ou muito mais (já que o grosso da grande mídia apoiou as campanhas do PT desde muito antes de sua subida ao poder, assim como continua em grande medida a fazê-lo), em que se tentou lançar brasileiro contra brasileiro: pretos contra brancos, pobres contra ricos, ciclistas contra motoristas, "sem-terra" contra fazendeiros, homossexuais contra heterossexuais...
O modo de fazer política do PT é, na verdade, a antipolítica, baseada na divisão da pólis em grupos identitários que só existem por oposição uns aos outros (se deixassem de disputar, a divisão desapareceria e uma colaboração concreta seria possível e viável). Dividir para reinar. Fazendo-se de aliado dos grupos soi-disant (que pretendem ser alguma coisa) minoritários ou "oprimidos", o PT deixou uma herança de ódio que teve sua confirmação mais trágica no horrendo atentado contra o candidato presidencial Bolsonaro.
O próprio Bolsonaro assumiu, e de muito bom grado, aliás, ser a figura de alvo das investidas petistas, com suas declarações politicamente incorretas e, muitas vezes, grosseiras. O atentado que sofreu, diga-se de passagem, foi justamente em decorrência disso: demonizaram-no a tal grau que um militante louco achou estar agindo em nome de Deus ao esfaqueá-lo. Independente de ter havido mandantes do atentado (sérios indícios apontam que sim), não há como negar que o criminoso agiu também tomado por puro ódio. Há deficientes mentais que incendeiam o Reichstag, ainda que outros lhes ponham o archote nas mãos. Em outro nível, mas ainda na lista de ataques absurdos que têm como único objetivo demonizar Bolsonaro, foi um alívio não ter convencido a grotesca acusação de "racismo" feita contra ele por conta de simples grosserias proferidas numa palestra ao eleitorado judeu. Aliás, em flagrante contraste com as delirantes acusações de que ele seria nazista(!), este eleitorado o apoia entusiasticamente em grande medida. É até interessante notar que sua assessoria dispensou a UTI aérea do hospital árabe Sírio-Libanês, que já voara a Juiz de Fora logo depois do atentado para pegá-lo, e transferiu-o, em vez disso, para o Hospital Israelita Albert Einstein.
Mas o problema perdura. O próximo presidente herdará um país dividido, um país em que o ódio e a adesão a visões identitárias da realidade – que, repito, só existem por oposição, pois o preto é o não branco, e não deveria jamais ser o antibranco; o homossexual é o não heterossexual, mas agora é também, em grande medida, anti-heterossexual. Chegamos ao cúmulo dos cúmulos do absurdo de que não poucas mulheres se tornaram (orgulhosamente) anti-homens! Os homens, aliás, andam com medo de ser simplesmente aquilo que são, conforme a natureza lhes fez, e agora tentam a todo custo se parecer mais e mais com as mulheres, por medo de serem tachados de "machistas", "sexistas" ou outro rótulo semelhante. E assim caminhamos, inseridos nessa bizarra e violentíssima visão de mundo que o PT nos legou e que impede a realização de uma verdadeira e honesta política, que só pode ser baseada na civilidade comum. Civis e polis: a origem etimológica da "civilidade" e da "política", são a mesma palavra em latim e em grego.
Far-se-ia necessário um estadista, alguém que conseguisse voltar a unir o país em torno de um projeto comum, de uma visão comum de pátria em que houvesse lugar para todos, lado a lado, sem oposição – pois uma nação dividida contra si mesma jamais prosperará, como já nos advertiu Nosso Senhor (conf. Mt 12,25).
Não há razão alguma para essas oposições identitárias violentas importadas de uma cultura de origem calvinista e, portanto, dualista, em que a divisão (entre winneers/'vencedores' e loosers/'perdedores', pretos e brancos, etc.) é impensada e incontestada. A nossa cultura é outra: aqui somos pelo diálogo, pela tolerância, pela busca do consenso, por uma união que a cultura americana nunca conheceu e não conhece. Importar tal modo de fazer antipolítica foi não apenas um atentado à própria política, à própria arte do compromisso e da busca de consenso, como também um verdadeiro atentado contra a nossa própria cultura brasileira.
Aqui é que surge o problema: onde está o necessário estadista? Que eu saiba, em lugar algum. Bolsonaro tem a vantagem de, nesse "nós contra eles" petista (em que o 'eles' é a maioria da população, mesmo que muitos não o percebam), fazer parte deste último grupo. Na realidade não é difícil perceber, se tivermos um mínimo de boa vontade, que ele não é (ao contrário do que pregam ad nauseam petistas e aliados) um propagador da violência. Bem ao contrário, ele parece ser o único verdadeiramente indignado com os altíssimos níveis da violência – contra os cidadãos honestos – que nos assola. Também não é racista, machista, "homofóbico" ou qualquer coisa desse tipo. Na verdade, costumo dizer que ele poderia ser substituído por algum trabalhador humilde anônimo, aleatório, e ninguém perceberia a diferença. Ele diz o que a maioria de nós pensa, e defende aquilo em que a maioria de nós ainda crê – mesmo depois de décadas de maciça pregação ideológica marxista por professores nas escolas, pelos meios de comunicação de massa, pela maioria dos próprios políticos, etc.
Estamos simplesmente diante de uma pessoa comum, um homem que não se envergonha de ser homem, dotado de inteligência emocional suficiente para "sacar" os anseios do pai e da mãe de família comuns; possuidor de um sistema de valores morais moldado pela experiência militar e sua ênfase em um certo "rusticismo" que, para os desacostumados (ou doutrinados na nova ordem mundial), pode parecer grosseira; ele tem uma religiosidade difusa, confusa e infelizmente desordenada, como é agora a praxe, após mais de meio século de mistura entre espiritismo e protestantismo pentecostalista sobre a base genuinamente católica da nossa cultura.
Ele espertamente assumiu no Congresso, quando o discurso único socialista parecia invencível, uma postura de "bobo da corte" em que seus exageros e grosserias o faziam parecer tão absurdo que ninguém o levaria a sério, e usou esse palco para fazer chegar ao grosso da população a percepção de que havia alguém ali que ainda não tinha enlouquecido. O que parecia loucura para a esquerda militante foi percebido como sanidade pelo eleitorado, ou por uma grande parcela deste. São Paulo Apóstolo aprovaria.
Mas, não, Bolsonaro não é um estadista. Mais ainda: nem ele e nem seu concorrente são estadistas, muito menos o estadista de que o Brasil precisaria. O modo pelo qual ele operou sua subida à posição que hoje ocupa foi derivado da política divisiva do PT, colocando-se como a mais autêntica antítese de todas as teses pregadas por eles. Todavia, na realidade objetiva, não é nem de uma antítese e nem de uma síntese que precisamos, ao contrário do que prega o materialismo dialético que, em versão pós-moderna, orienta o maquiavelismo petista. Precisamos, ou antes precisaríamos (dada a sua inexistência), de alguém que soubesse se colocar acima dessas divisões, não de alguém que as surfa e as usa de rampa de laçamento, como Bolsonaro fez e faz.
Ainda assim, Bolsonaro permanece, de longe, sendo o mal menor na comparação com seu concorrente; uma ascensão sua ao poder fatalmente fará recrudescer a política divisiva petista, que já conseguiu pregar nele, com a sua infeliz colaboração, uma coleção de rótulos tão raivosos quanto falsos. Se ele não se colocou como inimigo da divisão e sim como um componente desta, assumindo a postura de defensor da maioria que ainda pensa, é honesta, cristã, a favor da família e da vida, etc., contra minorias ensandecidas e até criminosas às quais, desgraçadamente, foi dado grande poder pelos últimos governos. Essa postura está longe de ser a ideal, mas não há como não reconhecer que é um papel necessário no parlamento, dado o nosso cenário catastrófico. E afinal, se não fosse por essa via, teria ele chegado onde chegou? Certamente não.
Chegando ao poder, será capaz de realizar uma necessária transição para uma postura mais equilibrada e dialogante? Ele assumiu um papel nesse grande teatro, certamente não por falsidade ideológica, mas por convicção. Seria capaz de desempenhar o papel do estadista, se isso lhe for permitido?
Não sei, sinceramente, se a sua assessoria conseguiria retirá-lo da posição em que se colocou. Com certeza, o PT e seus aliados (basicamente os partidos de todos os seus concorrentes na campanha presidencial, mais a mídia, mais os professores, os sindicalistas, 'artistas', os subversivos profissionais, as inúmeras ONGs e grupos organizados militantes de esquerda, etc, etc.) de tudo farão para continuar a mantê-lo nesse papel e minar todas as suas decisões. Se isso acontecer, o que poderia e deveria ser feito pacificamente por um estadista talvez tenha que ser feito de maneira bruta, calando o discurso divisivo. Problema: como efeito colateral, isso daria àqueles que amam se fazer de vítimas – e que desde sempre atrelaram o vitimismo à sua própria identidade – a oportunidade perfeita; isso fortaleceria o discurso de "coitadinho" do PT, PC do B e aliados. É uma armadilha da qual Bolsonaro, mal menor, teria enorme dificuldade de escapar, por melhores que sejam os seus assessores. Ele saiu do Exército capitão, logo, sem a Escola de Estado-Maior. Ele conhece tática, não estratégia. Curto, não longo prazo. Ação local, não global. Nesse ponto é um alívio que tenha se cercado de generais, mas resta saber o quanto ele os ouviria no Planalto.
E quem é o opositor?
Fernando Haddad (vulgo 'Malddad' e, mais recentemente, 'Falsiddad') é uma piada, nada mais. Um ficha suja que, em outros países, sequer poderia estar concorrendo ao cargo máximo da nação, responde a nada menos que
32 processos na Justiça, que vão do recebimento de dinheiro da Lava Jato a denúncias por improbidade administrativa e superfaturamento de obras. Um candidato que tenta se apresentar como "novo" mas representa à perfeição o modelo petista de malfeitos na gestão pública.
Haddad saiu corrido da prefeitura de São Paulo depois de ter feito fama derramando tinta vermelha pela cidade afora afirmando criar ciclovias. Era o segundo poste/fantoche de Lula. Depois de a Lava Jato ter posto a nu alguns dos horrores e roubalheiras da gestão PT, só os muito ignorantes dos fatos ou aqueles vitimados por lavagem cerebral (ministrada numa escola perto de você, nas aulas que deveriam ser de História, Geografia, Filosofia, Sociologia… e mesmo de Matemática ou Química) conseguem levar a sério o presidiário barbudo. Infelizmente, não são tão poucos e, destes, alguns passam a votar Haddad por ordem do poderoso chefão. Mas Haddad presidente é algo que provavelmente nem a mãe dele quer de fato. Pobre senhora.
Não tem jeito, sobra Jair Bolsonaro. Para vencer como um político de verdade (e não só nas urnas), ele precisa operar a mágica – que a facada talvez ajude a conjurar – de abrandar sua persona de "bobo da corte" parlamentar, do representante de um lado na disputa entre fulanos e beltranos impetrada pelo PT, e mostrar-se como quem verdadeiramente é: não ainda, infelizmente, o estadista necessário ao Brasil, mas um cidadão de bem. Ele não é um monstro fascista, racista, machista, nazista, eletricista... o que seja. É simplesmente um brasileiro médio com um bom talento para perceber a extrema gravidade do momento que vivemos. Na Presidência, talvez, quem sabe, um brasileiro médio consiga iniciar o que há de ser a longa obra de restaurar a unidade do Brasil.
Ajude-nos Deus a ajudar nossa nação a tomar o caminho da restauração!
Perfeita síntese.
ResponderExcluirDeus olhe por nós!
Realmente um dos textos mais equilibrados e sensatos que eu li nos últimos meses!
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