DILETOS LEITORES, estou incumbido atualmente da revisão e projeto gráfico para o lançamento da obra "A Mulher Piedosa", de Mons. Landriot, pela editora Caritatem. O conteúdo do livro é composto das transcrições de uma série de vinte e nove conferências ministradas por Monsenhor Jean François-Anne Landriot, Bispo de La Roche e Saints, França, às damas de caridade da mesma diocese, nos anos 1863/64.
As exortações de Mons. Landriot primam por uma clareza e um calor humano admiráveis. É admirável, especialmente, o frescor de suas palavras, proferidas há mais e um século e meio, comprovando que a mensagem do Evangelho é sempre atual e nunca perde sua vitalidade.
A décima quinta conferência, em especial, é de tal modo bela, convidativa à vida de santidade e própria para a nossa época – e este tempo do Advento – que fiz questão de vir compartilhá-la convosco, para a nossa frutuosa meditação conjunta. Aos que se interessarem, a campanha de financiamento para o lançamento desta valorosa obra (que compõe com a obra precedente do mesmo autor, 'A mulher forte', um primoroso conjunto) encontra-se a todo vapor – mais informações aqui.
Apesar de se dirigir a senhoras, o texto serve indistintamente a todo o povo cristão que procura com honestidade pela autêntica vida espiritual. Segue, portanto, a íntegra da referida conferência. Que seja de proveito a todos.
Senhoras,
Sempre me pergunto: O que é a verdadeira piedade cristã? O que é a devoção? Essa pergunta é mais séria do que pode parecer à primeira vista. Em todas as coisas, as definições verdadeiras, as ideias justas, são da maior importância; mas, sobretudo, quando se trata dessas ideias-mãe, desses princípios fundamentais, que são, na vida humana, como que as fontes abundantes de onde jorram os mil riachos que correm pelos campos. O sentido que se dá a esta palavra – piedade – é uma dessas ideias-mãe que dão origem a uma multidão de consequências práticas: se a ideia que se tem da palavra é reta, e o sentido conferido a essa palavra é verdadeiro e cristão, a vida inteira será delicadamente iluminada e fecundada de uma maneira divina; ela será semelhante, na ordem religiosa, a esses prados atravessados por mil riachos de águas frescas e cristalinas. Desgraçadamente, nisso – como em todas as coisas – cada um interpreta um pouco a piedade segundo a sua maneira de ver; e em lugar de moldar sua alma pelo belo modelo que nos é apresentado pela Igreja, muitas vezes o desfiguram querendo apequená-lo e desnaturá-lo à imagem de sua própria personalidade: nesse terreno pode-se satisfazer todas as pequenas paixões da ignorância, do amor próprio e do egoísmo espiritual.
Veja aquela pessoa piedosa: para ela a piedade consiste essencialmente em se sobrecarregar de práticas, de recitar uma multidão de preces vocais. Outra se considera muito avançada na perfeição por inscrever-se em todas as irmandades. Uma terceira se toma por santa, ou ao menos deixa que outros o façam, porque comunga várias vezes por semana.
Que mais vos direi eu? Cada um tem seu ídolo da piedade, o acaricia, o contempla com admiração, o incensa todos os dias. Por que se faz da piedade simplesmente um ídolo, isto é, uma coisa vã, um simulacro, uma representação sem realidade?
Em outra ocasião já expus as características da piedade, tal como as compreendia São Francisco de Sales, este grande mestre da vida espiritual; mas me parece que nos caiba ainda estudar certos horizontes desse belo assunto, e é isso o que me proponho fazer em algumas instruções, nas quais me esforçarei em desenvolver a definição da verdadeira piedade, tal como os Doutores sempre entenderam e a praticaram.
O que é, então, a piedade cristã, segundo o espírito da Igreja Católica? Poderíamos defini-la assim: um sentimento interior, um sentimento amoroso, um movimento da inteligência e do coração que nos une a Deus, que aperfeiçoa nossa natureza inteiramente e nos dá uma facilidade maravilhosa para cumprir com alegria e prontidão todos os deveres da vida cristã e social. Completaremos nosso comentário em cinco conferências; detenhamo-nos hoje às primeiras palavras: a piedade é um sentimento interior.
Sem dúvida as senhoras já viram formular essa objeção contra os católicos: sua religião é um assunto de formas, de práticas, de movimentos exteriores que sufocam o sentimento religioso sob uma capa de areia, de terra infecunda, enquanto que o verdadeiro Reino do Evangelho consiste tão somente na adoração em espírito e em verdade. Há algo de certo, senhoras, nessas acusações, no sentido de que muitos católicos dão lugar a essas acusações com uma conduta supersticiosa e uma devoção pouco refletida. Mas a doutrina da Igreja responde admiravelmente a esses ataques, e para isso basta manifestá-la. Tal é a posição inexpugnável do católico: ele não está obrigado a justificar os desvios humanos e lhe basta que a doutrina seja pura e irrepreensível.
A piedade cristã é um sentimento interior, um movimento da alma que nos eleva energicamente a Deus, quer dizer, até o Ser infinito, Fonte de tudo o que é belo, verdadeiro e bom, tudo o que aperfeiçoa a inteligência e o coração. Se quisesse falar a língua dos poetas, eu diria que a verdadeira piedade é uma música inefável que ressoa continuamente no santuário íntimo, e faz do ser piedoso uma harmonia viva, cujos sons intraduzíveis em línguas humanas formam uma parte do concerto invisível que o Evangelho chama de adoração em espírito e em verdade. E, como disse Santo Agostinho, quando ouvimos essa música superior, aqueles sons tão doces aos quais nada pode ser comparado, superni cuiusdam soni nimium delectabilis, et incomparabilis, et ineffabilis, fatigamo-nos do tumulto deste mundo. Se quisesse imitar a linguagem dos Profetas, eu acrescentaria que a verdadeira piedade é uma flor requintada, escondida no mais misterioso canteiro da alma, e cujo perfume é tão delicado que os anjos a dirigem quase que inteiramente para as regiões celestes: Quasi flos rosarum in diebus vernis... et quasi thus redolens in diebus æstatis. Por isso, na história dos Santos, a parte mais admirável e divina é também aquela que escapa da visão dos homens.
Todo ser tem duas vidas, aquela que é visível e aquela que está escondida: a primeira, nos Santos, é bela e admirável, mas não pode ser comparada à segunda. É nos recantos mais misteriosos do coração que se deve penetrar para conhecer o que há de puro, de elevado, de nobre e de delicado na vida íntima da alma evangélica. Ali são todos os dias celebradas as mais belas festas da Terra, ali se consome o incenso mais perfumado da oração invisível, ali reside substancialmente o Espírito de Amor, que rende a Deus mesmo o culto mais puro da criatura racional, e produz gemidos inefáveis e ternos suspiros que exalam no seio de Deus: Postulat gemitibus inenarrabilibus! Oh! Como são belas e ternas essas solenidades interiores da alma piedosa! Não há nada nas festas públicas com que possam ser comparadas.
Muitas vezes, nos templos católicos a alma se sente piedosamente comovida: o canto dos salmos, o espetáculo imponente das cerimônias, a presença dos anjos na Terra, prostrados diante de Deus, tudo o que se vê, tudo o que se ouve domina o espírito e o eleva do mundo. No entanto, tudo isso nos pareceria pouca coisa se pudéssemos ver a vida interior de um Santo, contar as pulsações do seu coração, ouvir essa música contínua que nada mais é que o movimento de sua alma!
O que é a música? É o ar em movimento, mas o ar animado por um sopro inteligente? O que sentiríamos se pudéssemos ver e ouvir os movimentos contínuos de uma alma cujos pensamentos são hinos contínuos a Deus, cujas aspirações são cânticos melodiosos, cujos sentimentos são luz, vida, calor?
Senhoras, reuni com a imaginação tudo o que podeis conceber de mais belo, nobre e divino, não apenas na vida exterior, mas sobretudo, na vida da alma, e começareis a formar uma ideia ajustada da piedade cristã; compreendereis quão estranhamente a desfiguram quando fazem dela um simulacro exterior e a reduzem a práticas. A piedade é, antes de tudo, algo do coração e do sentimento íntimo: é uma seiva cuja fonte está no Céu e que cai primeiro nas cavidades íntimas da alma, logo difundindo-se até as folhas, ou seja, as ações da vida exterior.
“Não se honra a Deus senão com o amor”, disse Santo Agostinho: Nec colitur ille nisi amando. Também poderíamos dizer, e isto seria a confirmação da nossa definição, que a verdadeira devoção é o Amor de Deus no coração. O amor quer dizer o sentimento mais interior, mais suave, mais delicado, mais penetrante, mais irresistível. Coloque o amor em um coração e, como a chama que não se extingue jamais, este o invadirá inteiramente e, em violentas e pacíficas invasões, nada destruirá, mas criará por todas as partes novas formas e dará a tudo outra vida mais bela e mais elevada.
Um filósofo cristão dizia: “Para ensinar a virtude não há senão um meio: ensinar a piedade”. Esse pensamento parece a princípio errôneo, mas oculta uma profunda verdade. A virtude em si mesma, e segundo a etimologia da palavra, indica esforço, violência; e o esforço, sobretudo se é prolongado, se não for sustentado por uma força enérgica, acaba por fatigar a natureza. A virtude é o dever tomado por seu lado austero; mas a face austera do dever tem algo de espantoso: é a fisionomia do pai de família em seus dias de tristes preocupações; a piedade é, sem dúvida, o dever, e ainda mais que o dever, posto que abarca também o conselho evangélico. Ou seja, tudo o que não é estritamente controlado alegra o coração de Deus; a piedade é o dever, mas o dever com a fisionomia de uma mãe quando sorri para seus filhos; a piedade é o dever cumprido com amor, e é o amor que faz da virtude uma doce, fácil e agradável obrigação. Voluntariamente eu tomo emprestado um pensamento de São Francisco de Sales: “Seja a virtude uma planta, a piedade nela será a flor; seja ela uma pedra preciosa, a piedade nela será o seu brilho; seja ela um bálsamo, a piedade nela será seu perfume, suave perfume que conforta o homem e rejubila os anjos.
Estes princípios devem permitir que compreendam o pensamento de Joubert: “Para ensinar a virtude não há senão um meio: ensinar a piedade”. É difícil ser virtuoso por muito tempo sem ser piedoso, sem que a Religião seja uma prática de amor que envolva e transforme a vida inteira. O homem não pratica nada de bom se não o faz com amor. A piedade mesma, este sentimento interior que nos ensina a gostar e saborear a virtude; a piedade nos ensina amar a Deus e considerá-lo não como um ser abstrato que nos domina de tal modo que nunca se rebaixa ao nosso coração, mas como um pai, como uma mãe ternamente amada. A piedade nos ensina a tudo fazer para agradá-lo, como uma criança a quem nada é difícil no seio de sua família, que tudo sacrifica e contenta-se em seus sacrifícios porque sua mãe ali está e a recompensa com o seu olhar.
Portanto, não é de dever que falamos, é de amor, e isso é muito melhor até mesmo para fazer sólida a nossa virtude. A piedade cristã não é esta virtude seca e estoica dos antigos; não é tampouco esse sentimento austero e frio que existe em certas almas mais rígidas que a lei, mais “perfeitas” que os Santos. Não, a piedade é um sentimento pleno de doçura, que pacifica inteiramente o homem, alimenta-o de amor, sacia-o de ternura divina e une-o Deus com laços mais doces, mais fortes que todos os que podem ser expressos em línguas humanas. A piedade é o amor, e o amor mais verdadeiro, mais forte, mais penetrante que existe sobre a Terra; mas o amor, disse Santo Agostinho, é um peso que arrasta.
Considere um madeiro que tem um peso enorme em um dos flancos e pergunte por que ele submerge na água. Ele responderá: porque o peso me arrasta. Esta é, também, a razão pela qual o amor,
quando existe em alguma parte, faz o todo inclinar-se sobre esse ponto; o amor é a força que move os seres inteligentes, é o peso que inclina o coração e com frequência é o contrapeso das coisas do mundo: Pondus meum, amor meus. Aquilo que é pesado, o amor eleva facilmente para o alto; o que é leve, por outro lado, precipita-o no profundo abismo da caridade...
Mas quando o amor está ausente, não há força para suportar os fardos da vida e os pensamentos se evaporam na atmosfera secular cotidiana, porque não têm um lastro que os dirija. Sabeis porque há tão poucos homens verdadeiramente virtuosos? Porque há muito poucos sinceramente piedosos. Não amam o dever, porque a piedade não os habita para torná-los amáveis; e o dever ensimesmado é uma planta que seca rapidamente quando a piedade não umedece as suas raízes, e seu talo perde logo sua coroa de flores.
Pobre juventude! Por que não sois virtuosos? Por que todos os esforços aplicados a uma mais terna solicitude falham tão frequentemente? Não conheceis bem os encantos da piedade, as delícias do amor? Com demasiada frequência oferecem ao vosso coração, ávido de expansão e de amor, o talo seco e árido do dever, e vós o rejeitais. A Filosofia vos apresentará belas especulações sobre a virtude, quadros magníficos que deslumbrarão vossa imaginação e, contudo, na prática seu coração permanecerá frio. Frente ao perigo, não encontrará em si mesmo nada mais que uma desoladora debilidade: esse tem sido, continuará sendo o resultado das combinações da sabedoria humana! Tanto é verdade que o filósofo cristão tinha razão ao dizer: “Para ensinar a virtude não há senão um meio: ensinar a piedade”.
Poderíamos citar algumas exceções na prática das virtudes humanas, mas não fariam elas nada além de confirmar a regra.
A piedade é, portanto, um sentimento íntimo, um sentimento de amor que, partindo do interior, leva a vida ao exterior. Mas, então, para que servem todas essas práticas, todas essas cerimônias, orações e associações tão comuns na Igreja Católica? Parece, à primeira vista, que a Religião católica dá preferência às práticas, e que se dedica muito pouco a alimentar a alma.
Tratemos de compreender em toda sua perfeição o espírito da Igreja Católica: ele é dedicado plenamente a produzir almas esclarecidas e corações retos; mas quando a natureza das práticas católicas é alterada e, sobretudo, quando são praticadas sem que sejam compreendidas, facilmente julga-se encontrar nelas certa falsificação do Evangelho. O homem é composto de corpo e de alma, e geralmente as verdades e, de certo modo, as virtudes nos chegam através das coisas visíveis. Existe certa união entre o corpo e a alma, de tal forma que, reciprocamente, tudo o que se passa na vida material tem um caráter espiritual, e tudo o que se passa na vida espiritual tem uma manifestação material. Um olhar em direção ao Céu, uma palavra que transmita o perfume divino, uma atitude piedosa, uma genuflexão: estas são ações que podem ter a mais salutar influência sobre os nossos sentimentos interiores.
Pode-se dizer que certos pensamentos, certos afetos da alma são desenvolvidos sob os impulsos da vida corporal. Dessa maneira, as senhoras já devem ter reparado: geralmente saímos mais recolhidos de uma cerimônia religiosa na qual tudo nos tenha falado de Deus; quando o coração, farto dos desgostos da vida, se prostra ao pé da Cruz e recita uma dessas orações que a linguagem já não alcança, visto que é a explosão da vida interior, não é verdade que se levante mais forte, mais resignado e melhor? Além disso, a alma não é mesmo assim, ou seja, quando ela é fortalecida, deseja traduzir exteriormente o que não pode mais conter em si; e se o sentimento é reprimido no mais íntimo do coração, parece que não alcança sua perfeição e perde, em parte, a sua energia.
Aqui estão alguns dos motivos mais simples e ao mesmo tempo sérios que explicam perfeitamente o sentido das práticas de piedade, tal como são empregadas pela Igreja Católica. As práticas não são o fim, elas são o meio para alcançar a virtude. Assim nós não recitamos orações vocais apenas para mover os lábios, não comungamos para dar uma satisfação pueril ao nosso amor próprio. Rezamos para implorar o socorro do alto e o imploramos com todo o nosso ser, porque todo o nosso ser deve louvar a Deus, porque todas as nossas ações devem ter sempre, em razão de nossa natureza dual, alguma coisa que mantenha corpo e espírito. Comungamos a fim de receber a vida divina e exalá-la em todas as nossas obras.
Repetimos, com Pascal, que em alguns aspectos o homem é uma máquina. Sim, sobretudo depois de sua queda, o homem, muitas vezes, não passa de uma máquina bastante desorganizada. O homem tem de animal muito mais do que se crê, e tem muito do animal depravado; não compreendemos quanto imperam sobre nós os hábitos materiais. Nas comunidades religiosas, onde a vida cristã se encontra em toda a sua perfeição, alguns se admiram ao ver tantas cerimônias complicadas de coisas exteriores, de práticas, mortificações, de penitências, e são tentados a perguntar: esse é o Reino do Evangelho onde tudo é adoração em espírito e em verdade? Sim, esse é o Reino do Evangelho ou pelo menos sua preparação, um meio de domar o homem exterior e de atraí-lo progressivamente à adoração em espírito e em verdade.
Os Santos fundadores das ordens religiosas compreenderam que o homem caído tem algo de máquina, e que é necessário domar, amenizar e preparar essa parte animal do homem degradado. Os espíritos superficiais podem condenar esse sistema de educação; o homem ilustrado admira o que é profundamente verdadeiro. Assim como nos exercícios militares existem muitos movimentos com os braços, com a cabeça, com os pés, que à primeira vista parecem ridículos mas, no entanto, formam soldados valorosos e intrépidos capitães, do mesmo modo na vida religiosa existe uma preparação exterior, contínua, da parte inferior do nosso ser. Há também um sistema que se apodera do homem até em suas ações mais insignificantes, com uma vigilância que pode parecer exagerada, mas que o prepara para a prática das mais sublimes virtudes.
Terminarei com uma bela ideia de Fénelon: “As manifestações exteriores são boas quando saem do coração. Mas, ó Deus, vosso culto essencial não é outro senão o amor, e vosso Reino está inteiramente no interior: é necessário que não nos enganemos buscando a mudança no exterior”.
Todo o cristianismo, senhoras, se encerra nessas palavras; elas satisfazem todas as necessidades do coração humano. Sim, as manifestações exteriores são boas porque compraz aos filhos testemunhar ao pai o seu amor. E este testemunho é ele mesmo um sustento para a sua vontade. Sem embargo, essas manifestações de nada valem se o coração não tem parte com elas; porém, à medida em que o coração ama mais profundamente, ele necessita de silêncio e de recolhimento, busca menos ao seu redor porque se sente fortemente atraído à sua colmeia interior, onde encontra um mel delicioso; as coisas exteriores lhe fatigam com seu rebuliço. Então começa um novo reino para a alma, mais perfeito que o primeiro, no qual, sem negligenciar as ações práticas e concedendo-as a importância que aconselha a sabedoria cristã, buscam-nas com menos força. Nisto, a inteligência e o coração se tornam simples e, nesse processo, aproximam-se cada vez mais desse centro universal das almas, cujas fronteiras, diz a Escritura, estão guardadas pela paz, cujos habitantes vivem da paz, da confiança, do silêncio amoroso, muito mais que dos movimentos exteriores.
Sob esse ponto de vista a piedade corresponde a todos os sentimentos nobres das almas elevadas. Não é questão de formas; é um princípio divino que, apoiando-se com sabedoria e sobriedade nas formas, eleva-se gradualmente a um trono de glória e virtudes, onde se empenha cada dia em imitar a perfeição de Deus: “Sede perfeitos, como vosso Pai celeste é perfeito”, disse Jesus Cristo.
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Fonte:
LANDRIOT, Jean François-Anne. A mulher piedosa vol. II, Rio de Janeiro: Caritatem, 2019, pp. 13-22.