1º Não somos um veículo jornalístico investigativo; a missão que abraçamos, para a maior glória de Deus, é a de apostolado;
2º Por isso mesmo, longe de nós a pretensão de julgar um caso tão delicado. Com esta postagem, temos a única e mera intenção de compartilhar as nossas modestas impressões, na medida de nossas possibilidades, como se faz numa conversa franca entre amigos. Segue a mensagem com as perguntas, seguida das nossas respostas:
“Li o artigo, li também as noticias na mídia sobre a suspensão pelo Papa Francisco. Abri o site 'Templário de Maria' para conhecer melhor a organização. (...) Nos esclarecimentos do ex-Padre Rodrigo Maria ele diz que foi a conselho do Bispo que pediu sua dispensa do sacerdócio! Para dizer a verdade, não entendi. Ele diz que não tem nenhum processo contra ele na Cúria no Vaticano e que está processando 10 pessoas por difamação.
A minha pergunta é: porque pedir dispensa se foi calúnia e segundo ele nada existiu de errado?
Nós sabemos que a Igreja através de seus membros recebe calúnias a toda hora. Se ele tinha convicção do seu sacerdócio e que ele nada fez porque pedir dispensa? Se acusarem O Fiel Católico, você, Sebastião vai encerrar as atividades? Parece-me que não.
Para ser sincero, está mal explicado. Repercutiu na mídia. Isto é ruim. Pois diante de tantos casos de pedofilia e homossexualidade na Igreja acreditamos no que lemos. Porque a CNBB do Brasil e a Conferencia dos Bispos do Paraguai não o defenderam? Muito estranho.”
Ele diz que não tem nenhum processo contra ele na Cúria no Vaticano e que está processando 10 pessoas por difamação. A minha pergunta é: porque pedir dispensa se foi calúnia e (...) nada existiu de errado? Se ele tinha convicção do seu sacerdócio, e de que ele nada fez, porque pedir dispensa?
Posso dizer que, em tempos passados, a revista O FIEL CATÓLICO foi produzida em parceria com padres, até que exatamente um deles – por sinal um diretor espiritual exemplar e que foi um dos meus maiores apoiadores, até financeiramente – deu-me o seguinte conselho: “Persevere e continue fazendo o trabalho que você faz, porque é necessário. Nunca pare, mas desista de querer ter padres como parceiros: nós estamos sempre amarrados e você precisa de liberdade total para dizer o que precisa ser dito. Trabalhe como um leigo para os leigos, é disso que a Igreja precisa, hoje. Serão os leigos a sustentar a fé da Igreja nestes tempos difíceis...”.
Desde então, a nossa Fraternidade desenvolve apostolado como organização laical, ainda que sob a direção de dignos sacerdotes. E, de fato, só ganhamos com isso. No passado, muita coisa nós não podíamos dizer: ainda que os padres quisessem e concordassem com determinados textos, temiam por represálias dos bispos. Tínhamos que ficar no "feijão com arroz", no "politicamente correto" que nunca foi a nossa vocação.
No caso do ex-padre, é possível que ele tenha pensado em libertar-se de uma situação semelhante para poder fazer mais e melhor pela Igreja? Possível, sim. Altamente improvável, também. A dignidade especialíssima e a própria condição do sacerdócio não é coisa da qual se abra mão com essa facilidade. Em todo caso, repito que não sabemos o que realmente houve, e tecer qualquer veredito a respeito seria um pecado.
Nós sabemos que a Igreja, através de seus membros, recebe calúnias a toda hora. Se ele tinha convicção do seu sacerdócio e que ele nada fez porque pedir dispensa? Se acusarem O FIEL CATÓLICO, você, Sebastião vai encerrar as atividades? Parece-me que não.
Para ser sincero, está mal explicado. Repercutiu na mídia. Isto é ruim. Pois diante de tantos casos de pedofilia e homossexualidade na Igreja, acreditamos no que lemos. Porque a CNBB do Brasil e a Conferencia dos Bispos do Paraguai não o defenderam? Muito estranho.
Que está mal explicado e que há muito de estranho nessa história toda, eis aí um fato, que já reconheci logo no início. Por outro lado, acreditar no que se lê, como você diz, é o que acaba acontecendo em grande medida, sem dúvida – mas é um grande erro. A grande mídia é podre, absolutamente podre, parcial e desonesta em larga escala, como ficou demonstrado com tenebrosa clareza nas campanhas das últimas eleições presidenciais.
Entre os maiores disseminadores de fake news estão justamente os maiores veículos de informação de massa de que dispomos, como é o escandaloso caso da rede Globo, desgraçadamente a mídia que mais influi na formação de opinião das pessoas incultas. Eu mesmo, que atuei como jornalista e conheci muitos daqueles considerados os nossos "grandes comunicadores", sei bem do que falo. Hoje praticamente não temos a notícia pura e simples: temos altíssimas doses de propaganda política e ideológica intermediando e mascarando tudo o que nos chega, a tal ponto que muitas vezes os fatos tornam-se irreconhecíveis. "Jovem negro morto por segurança!", lemos em letras garrafais na primeira página. Será um caso de racismo? Aí você vai se inteirar do assunto e descobre que quem matou também era negro, e que o tal "jovem" era um homem de 25 anos e mais de metro e oitenta de altura. E por aí vamos... Então, aproveito para deixar uma dica aos meus leitores: não creiam em tudo o que leem!
Por fim, a última pergunta é das mais importantes: por que a CNBB e a conferência de bispos do Paraguai não o defendeu?
Caríssimo, tenha a certeza de que o padre Rodrigo Maria não era o tipo de padre que seria defendido pelos bispos vermelhos da CNBB. Pelo contrário, ele era mesmo do tipo que eles costumam perseguir. Há poucos anos, também o padre Paulo Ricardo foi perseguido em Cuiabá, e por muito pouco – com ampla manifestação dos leigos – não recebeu uma séria punição, inclusive a proibição dos seus canais na internet e a imposição do silêncio obsequioso, o que o impediria de dar aulas e mesmo de se manifestar publicamente. Poucos o sabem, mas ele chegou a ser proibido de dar palestras, audiências ou mesmo se apresentar em qualquer espaço paroquial e/ou mantido pela Igreja em São Paulo (SP).
Então, não; infelizmente não devemos e não podemos esperar que a CNBB proteja os padres que tentam ser fiéis à Tradição e que queiram pregar as verdades eternas do Evangelho sem concessões e sem ceder à onda "politicamente correta" que assola o mundo. Enquanto leigos que somos, não há pecado, como nunca haverá, em dizer a verdade, e também não há erro em manifestar a nossa angústia e os nossos anseios aos senhores bispos, como nos garante o Código de Direito Canônico em seu cân. 212, e como já pregou o grande São Francisco de Sales: “Os inimigos declarados de Deus e da Igreja devem ser difamados tanto quanto se possa, desde que não se falte à verdade, sendo obra de caridade gritar: ‘Eis o lobo!’, quando está entre o rebanho, ou em qualquer lugar onde seja encontrado” (Filotea ou Introdução à Vida Devota, III, cp.28).
Por fim, resta-nos rezar e também fazer a nossa parte, cada um de nós, pelo bem da Igreja. Como não conhecemos a verdade por trás das insuficientes informações que nos chegam quanto ao caso em questão, não nos cabe formar uma opinião definitiva ou categórica. Além de tudo, a Igreja é realmente muito eficiente em “abafar” esse tipo de caso, como deve mesmo fazer, para que não haja escândalo e para preservar os envolvidos do julgamento público, que é sempre temerário. Diante de Deus, cada um encontrará a paga pelos seus atos, disto nós sabemos com certeza.