Arcebispo pede publicamente a renúncia do papa Francisco


O CARDEAL ARCEBISPO italiano Carlo Maria Viganò (foto), ex-representante diplomático/núncio apostólico  da Santa Sé nos Estados Unidos, afirmou em uma carta divulgada no domingo último (26/8/2018) que o papa Francisco sabia desde 2013 das acusações de abuso sexual envolvendo o cardeal norte-americano Theodore McCarrick, e que falhou gravemente em punir o prelado. 

Viganò, de 77 anos, escreveu uma carta de 11 páginas [leia na íntegra (em inglês)] – que foi publicada por veículos de Imprensa europeus – na qual denuncia membros da Igreja de formarem um "lobby gay" e acobertarem as acusações contra o Cardeal americano. Segundo o depoimento, Francisco conheceu o caso em 23 de junho de 2013 porque o próprio núncio o comunicara; mesmo assim, Francisco "seguiu encobrindo McCarrick", diz o documento, que contém a seguinte afirmação:

Neste momento extremamente dramático para a Igreja, ele deve admitir seus erros e, seguindo o proclamado princípio de tolerância zero, o papa Francisco deve ser o primeiro a dar um bom exemplo aos cardeais e bispos que acobertaram os abusos de McCarrick e renunciar junto com todos eles.”

Em junho, McCarrick, de 88 anos, foi afastado do Colégio Cardinalício e o Papa argentino "dispôs sua suspensão para exercer publicamente seu ministério sacerdotal, assim como a obrigação de que permaneça em uma residência que lhe será atribuída para uma vida de oração e penitência".

Viganò ainda explica, na carta, que foi o próprio pontífice quem lhe perguntou em 2013: "Como é o cardeal McCarrick?", e que informou ao pontífice que o ex-arcebispo de Washington "corrompeu gerações de seminaristas e sacerdotes, e assim o papa Bento XVI o afastou, ordenando que ele se retirasse para uma vida de oração e penitência".

Ao assumir Francisco, entretanto, logo contrariou a decisão de Bento e desfez sua ordem; bem mais do que isso, "fez de McCarrick o seu fiel conselheiro junto com Maradiaga (Óscar Andrés Rodríguez, cardeal hondurenho)". 

Viganò diz que Francisco é um homem muito preocupado em passar uma imagem pública de humildade e santidade, mas que seus modos nos bastidores são diferentes do que procura aparentar: "Só quando foi obrigado pela denúncia de um menor, e sempre em função dos aplausos dos meios de comunicação, tomou medidas para, assim, proteger a sua imagem midiática", denuncia.

O Arcebispo italiano justificou a denúncia ao Papa dizendo que a carta foi ditada para que todos saibam que "a corrupção alcançou o topo da hierarquia eclesiástica". Viganò destacou que enviou vários relatórios sobre a conduta do ex-arcebispo de Washington, mas que foi ignorado pelos cardeais Angelo Sodano e Tarcisio Bertonepelos, respectivamente, secretários de Estado de João Paulo II e Bento XVI.


Gravidade da denúncia

O ex-núncio também acusou o atual arcebispo de Washington, Donald Wuerl, sucessor de McCarrick, de conhecer as acusações, pois, do mesmo modo, ele mesmo o informara quanto ao assunto em várias ocasiões.

Viganò denuncia vários membros católicos pertencentes à ala mais progressista e próxima de Francisco, como o cardeal Maradiaga, e garante que também tem "relatórios" contra o recém-nomeado substituto para os Assuntos Gerais da Secretaria de Estado do Vaticano, o venezuelano Edgar Peña Parra.

O documento, tem data de 22 de agosto, o que pode demonstrar uma certa hesitação da parte de Viganò em assumir tão pesada tarefa. No domingo, 26, veio a publicação, após as declarações de Francisco repudiando os abusos sexuais cometidos pelo clero na Irlanda, admitindo o "fracasso" da Igreja para lidar com a questão, durante o Encontro Mundial das Famílias em Dublin.



Assim como no caso das Dubia, Francisco também não se pronunciará quanto a este documento

O Papa Francisco disse neste domingo, 26, que ele não irá se pronunciar sobre as acusações.  Esta foi também a sia reação à época da publicação das Dubia (carta publicada por quatro eminentes cardeais que pediam filialmente uma explicação sobre as ambiguidades da Exortação Apostólica Amoris Laetitiasaiba mais).

Francisco conversou com jornalistas enquanto embarcava para deixar Dublin e voltar para Roma, após dois dias de visita à Irlanda.

"Eu li o documento esta manhã. Eu o li e vou dizer que, sinceramente, eu preciso dizer isso para vocês (jornalistas) e para todos vocês que estão interessados: leiam o documento cautelosamente e julguem por vocês mesmos", disse. "Eu não vou dizer uma palavra sobre isso. Eu acho que o documento fala por si mesmo e vocês (jornalistas) têm capacidade jornalística suficiente para chegar às suas próprias conclusões", completou.

Ele sabia ao menos desde junho de 2013 que McCarrick era um predador em série; e, mesmo sabendo que ele era um homem corrupto, (Francisco) o acobertou até o amargo fim. (da carta aberta do cardeal Carlo Maria  Viganò)
EFE e REUTERS, com Estadão e Veja
www.ofielcatolico.com.br

2 comentários:

  1. Temos que rezar muito pela nossa igreja, precisamos mais do que nunca rezar pelos nosso padres, bispos e seminaristas, que estão cada vez sendo engolidos por esse mundo perverso e luxurioso.
    Que Deus tenha misericórdia de nós.

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