DEPOIS DA POSTAGEM com a foto polêmica com duas freiras em Roma e do vídeo contendo ridículas críticas à Igreja Católica (que fazemos questão de
não reproduzir aqui), o
chef famoso Henrique Fogaça pediu perdão publicamente pelo que fez, dizendo que respeita todos os cristãos e que não teve intenção de ofender a fé de ninguém.
Terá o
"bad boy" entendido o grave erro que cometeu, visto a grande bobagem que fez? Ou simplesmente não quer perder popularidade – e as benesses que vêm com a vida de celebridade que leva?
Para sermos intelectualmente honestos, nós realmente não temos como saber as respostas às perguntas feitas acima. Como cristãos, temos por obrigação perdoar a quem pede perdão – se é que pretendemos continuar rezando: "...perdoai às nossas dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores...".
Henrique Fogaça é um cozinheiro aclamado e jurado em um programa de culinária de grande sucesso – o qual, reconheço, acaba se configurando em uma das poucas atrações que se pode assistir na TV em família, nos nossos dias, sem constrangimentos e sem dar ocasião ao pecado. Ele publicou no último fim de semana (30/6/2019) uma foto em suas redes sociais na qual aparece abraçado com duas freiras, no Vaticano, usando uma camiseta com uma estampa de cunho erótico, mostrando duas mulheres vestidas como freiras beijando-se sensualmente na boca; sobre a imagem, a palavra “blasfêmia”. Se o objetivo era "aparecer" e se fazer relevante no debate público, ele conseguiu, mas não como esperava.
Certamente, não foi a primeira vez que se viu uma camiseta parecida. É o tipo da peça que um adolescente "rebelde sem causa" poderia vestir durante um passeio em Roma. E não haveria tanto barulho se Fogaça não a tivesse usado para visitar o Vaticano e se não tivesse posado com a indumentária na companhia de duas freiras brasileiras, aparentemente fãs de programas de culinária. E aqui abro parênteses para chamar atenção para um detalhe que (até onde eu sei) não foi comentado por ninguém: essas duas consagradas foram muito imprudentes, para dizer o mínimo, ao pedir para tirar foto com um homem usando uma estampa desse tipo. Em outros tempos, tal coisa seria impensável para uma freira.
O fato é que, diante da reação negativa, Fogaça reagiu – como era de se esperar, já que deve ter havido alguma orientação dos seus assessores de marketing nesse sentido: “Eu sou uma pessoa do bem”, disse, defendendo-se com uma linguagem de criança de cinco anos. “Falaram que eu sou desrespeitoso. Isso para mim são pessoas desonestas, que matam, roubam”. De fato, para ser justo, sabe-se que ele ajuda em diversas causas humanitárias e promove ações para ajudar os menos favorecidos.
Antes disso, um Fogaça-"filósofo" gravou vários stories no Instagram narrando sua aventura espiritual dentro do Vaticano. Na sequência de vídeos curtos, primeiro ele diz: “Hoje é dia de se confessar aqui com o Papa(sic)” e depois pergunta: “Será que ele vai me redimir?” Já na saída de seu passeio pela Santa Sé, conta que se confessou e que foi absolvido, mas que o padre questionou a camiseta. “Aí eu falei: ‘ô, Papa (sic), cê tá desatualizado. O mundo hoje tá assim’”. Sempre bom poder contar com pessoas esclarecidas para nos avisar sobre como anda o mundo.
Depois, possuído por aquele conhecimento histórico com o qual muitos de nós travamos contatos nas aulas do ensino médio, Fogaça reclama que muita gente “deixa todo o seu salário pra esse império milionário aqui”. Mas não antes de fazer um importante e humilde alerta: “Não me interprete mal. Só estou falando uma verdade da vida, certo?”. Errado. Erradíssimo. O Estado do Vaticano vem fechando ano após ano com déficit orçamentário: não há império milionário algum, a não ser nas mentes dos que formulam seus juízos sem nenhum conhecimento de causa.
Eis então que Fogaça tem sua epifania. “É bom vim (sic) nestes lugares pra poder pensar e ter uma reflexão”, diz. Logo em seguida, ele nos brinda com o produto de todo o pensamento e reflexão que lhe foi possível sob o teto da Capela Sistina, na forma de um enigma histórico/moral: “Há dois mil anos atrás (sic) não tinha 'freira gay'?”, pergunta. Uma questão que contém mais equívocos conceituais do que um hambúrguer vegano, como disse Paulo Polzonoff Jr. para o "Gazeta do Povo".
Ao que consta, depois dessa pregação sapientíssima para as redes sociais, Fogaça foi abordado por duas freiras brasileiras que assistem ao programa de que ele faz parte, interpretando o papel de jurado “malvado”. E fez-se a malfadada imagem...
Mais do mesmo: na dúvida, ataque a Igreja e garanta audiência
Fogaça chegou tarde à festa das polêmicas envolvendo a Igreja Católica. No longínquo ano de 1992, por exemplo, o fotógrafo italiano Oliviero Toscani chocou a sociedade italiana, predominantemente católica, ao estampar uma freira e um padre num beijo apaixonado para o catálogo das multicoloridas e hoje fora de moda roupas da Benetton. Madonna, cujo nome artístico já é uma provocação, sempre desesperada para se manter relevante, apareceu em 2005 com seu então marido, Guy Ritchie, vestida de freira, e ele de Papa (ela que já tinha causado revolta quando lançou seu álbum 'Like a Prayer'). Lady Gaga bebeu da mesma fonte. Miley Cyrus foi pelo mesmo caminho num ensaio fotográfico recente. Etc. Já não há novidade nem muita ousadia em bater no Corpo de Cristo, mas eles não se cansam... É que isso qualquer um pode fazer, e é bem mais fácil do que entrar em uma mesquita de algum país árabe usando uma camiseta com uma sátira envolvendo Maomé (ou Muhammad), sem dúvida.
Como disse à Fox News o presidente da Liga Católica dos EUA, Bill Donohue, essa caricatura da religião faz parte de uma “tentativa de evitar tornar-se uma personalidade ultrapassada no mundo do entretenimento. (...) Zombar do catolicismo é a única coisa que nunca sai da moda”.
'Peço perdão' – e a reação dos católicos perfeitos de internet
Na tarde de ontem, terça-feira, Fogaça publicou outro vídeo, dessa vez pedindo desculpas “a toda a Igreja Católica e a todos os cristãos” que se sentiram ofendidos com seus stories e com a foto, que foram retirados do ar. E infelizmente, aí, em cada republicação do vídeo com o pedido de perdão, vem uma enxurrada de maus exemplos dos famosos "católicos perfeitos de internet", que continuam rosnando, atirando pedras e assentando-se no Trono de Cristo para condenar o infeliz ao Inferno, sem apelação, sem nenhum direito a qualquer vestígio de misericórdia.
Alguns até reclamaram da postura do chef ao se desculpar, do seu jeito de falar duro e incisivo. Nesse ponto específico, devo dizer que discordo das críticas: Fogaça é um homem que não tem medo de se portar como homem, isto é, que não se vergonha da sua virilidade e masculinidade. E um homem de modos másculos, hoje, parece ofender a sensibilidade comum, já que estamos habituados a homens que mais se parecem com meninos, de sensibilidade sempre à flor da pele, ou que se portam mesmo como mocinhas, no jeito de se apresentar, vestir e falar. Seja como for, o fato é que, diante da retratação pública, como dito no início, aos bons católicos não resta outra coisa a fazer senão perdoar. Não é de modo algum aceitar o que ele fez; é simplesmente perdoar, assim como somos perdoados no confessionário.
É preciso lembrar antes de tudo que o tal chef nem sequer é católico, para começar, e que perdoar é a única maneira realmente cristã de ao menos tentar cumprir a nossa obrigação primeira: procurar convertê-lo e/ou salvar a sua alma.
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Ref.:
POLZONOFF Jr, Paulo. "A teologia flambada na ignorância de Henrique Fogaça", em:
https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/a-teologia-flambada-na-ignorancia-de-henrique-fogaca/
Acesso 3/7/2019
A melhor crítica que eu li até agora sobre esse caso. Fiquei muito p... com o que esse cara fez, mas realmente concordo com o autor, temos obrigação de perdoar quando ele teve humildade de pedir o perdão, senão nem católicos nós somos., :|
ResponderExcluirL. A.
A paz de Jesus Cristo, caros irmãos! Realmente, eu vi a foto do referido cidadão com as duas freiras e a famigerada e infame camiseta. Pois é, ele falou um monte de bobagens e heresias que vários artistas, como os citados no texto e muitos outros, fazem constantemente. Mas, como pediu perdão e, presumimos, devemos presumir, que o pedido de perdão é sincero, devemos perdoá-lo e rezar pela sua conversão que poderá acontecer, sim, já que no texto se esclarece que o referido chef não é católico. Como afirma o autor do texto, só não entendo como as freiras posaram para a foto com o mestre culinário vestido com tal camiseta, mas tudo bem, também. Foi um lapso que todos nós estamos passíveis de cometer. Perfeito só o Pai e o Filho. Oremos pelas celebridades que cometem o mesmo deslize, como devemos orar pedindo perdão pelos nossos pecados. Salve Maria! Paz e Bem.
ResponderExcluirComo cristãos, temos por obrigação perdoar a quem pede perdão – se é que pretendemos continuar rezando: "...perdoai às nossas dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores...". Sim. DESDE QUE o pedido de perdão seja sincero. O que parece não ser o caso.
ResponderExcluirExatamente aí é que está a questão, Biker. A intenção e a disposição interior só Deus pode julgar; nós não temos como saber, sem cair num julgamento temerário, se a pessoa em questão está mesmo arrependida do que fez, mas o próprio pedido de perdão o pressupõe. Se não fosse assim, o padre no confessionário poderia dizer também: "Você não está sendo sincero na sua confissão, por isso não vou absolvê-lo...". Ora, o padre absolve porque parte do pressuposto de que o confessando/penitente está arrependido, já que se dispôs a se acusar dos próprios pecados, em primeiro lugar.
ExcluirA Paz de Nosso Senhor Jesus Cristo
Apostolado Fiel Católico