NO ÚLTIMO DIA 13 deste mês de agosto (2019), portanto anteontem, um homem entrou na igreja de Nossa Senhora de Fátima, em Macaé, RJ, e, sacando de uma marreta que levava em uma mochila, com ódio incontido passou a arrebentar o santo Altar, o ambão da Palavra e todo o presbitério daquele templo sagrado[1].
Alguns dias antes, ele já tinha entrado na mesma igreja, durante a celebração da santa Missa, e provocado uma grande arruaça, aos berros. Na ocasião, alguns homens presentes conseguiram contê-lo e retirá-lo do local.
Quase sempre, em casos desse tipo, diz-se que o agressor tem problemas mentais, que não sabia o que estava fazendo, que não é responsável pelos próprios atos. Porém, basta uma pesquisa atenta para se notar que, na maioria das vezes, essa alegação não corresponde à realidade. Tal não se aplica à pessoa envolvida no caso em questão: não satisfeito, o mesmo homem retornou àquela igreja para promover o quebra-quebra geral. E mais uma vez, graças a Deus, alguns homens presentes à igreja conseguiram contê-lo, já que nessa ocasião se comportasse com violência maior e física, além do crime de destruição de patrimônio que cometia, comportando-se como uma fera selvagem. Precisaram imobilizá-lo e mesmo amarrá-lo até que a polícia chegasse, efetivando posteriormente um boletim de ocorrência.
A pergunta que o católico comum se faz, posto diante de uma notícia como esta, é geralmente a seguinte: “O que poderia levar um ser humano a se comportar de tal maneira? O que leva uma pessoa racional a invadir uma igreja, que não lhe representa absolutamente nenhuma ameaça, para depredá-la?”. Mas o fato é que esse caso está muito, realmente muitíssimo distante de representar um evento isolado. Trata-se de apenas mais um entre milhares de outros semelhantes que vêm ocorrendo nos últimos tempos (sim, isso mesmo, literalmente), muitos dos quais bem mais graves.
No dia 15 de julho último, a Capela Nossa Senhora do Rosário e Santo Antônio Galvão, de Guapimirim, também no Estado do Rio, foi vítima de arrombamento e vandalismo. Lá, o Sacrário foi violado, Hóstias Consagradas foram espalhadas pelo chão e pisoteadas. Objetos foram destruídos. O Bispo da Diocese de Petrópolis, Dom Gregório Paixão, OSB, acertadamente ordenou ao administrador paroquial, o padre Marllon Eduard Gonçalves, que tomasse todas as providências para a reparação do desagravo a Nosso Senhor[2].
O descrito acima ocorreu poucos dias antes de a igreja de São Bartolomeu, em Madri (Espanha) ter sido profanada, por assaltantes que forçaram o Sacrário e espalharam as Partículas Sagradas pelo chão do templo. Tal aconteceu na segunda-feira do dia 9 de julho. O Arcebispo local, Cardeal Carlos Osoro, declarou então que presidiria um ato de reparação[3].
Dois dias depois do primeiro caso aqui apresentado, na madrugada da terça-feira, 17 de julho, desconhecidos invadiram a Catedral de Nossa Senhora da Abadia e Santo Antônio, em Campo Grande (MS) e profanaram o Sacrário, que foi lançado ao chão com as Hóstias Consagradas.
O pároco, Padre Odair Costa, deparou-se com o Sacrário destruído e as Hóstias e Cálices espalhados pelo solo: “Imagine se um ladrão invadisse sua casa e mexesse nas suas coisas – mas também agredisse a sua mãe e você não pudesse fazer nada? Este é o sentimento. É o que há de mais sagrado, o que é intocável. Podiam roubar a igreja inteira, mas mexeram no que há de mais sagrado”, lamentou o sacerdote em declarações ao “Correio do Estado”[4].
Nesse caso, nada foi levado. Aparentemente, a única intenção dos invasores era a profanação.
Na Argentina, na madrugada da quarta-feira, dia 20 de junho, um anônimo invadiu a igreja da paróquia Cristo Rei, da Diocese de Villa Maria, roubou e profanou o Sacrário, atirando as Hóstias à via pública, onde ficaram espalhadas[5].
Em Coimbra, Portugal, a igreja de São Tiago, que é um espaço de adoração eucarística, foi invadida, e um Ostensório com Jesus Sacramentado exposto foi levado pelos malfeitores.
O padre Orlando Henriques, ao tomar conhecimento do ocorrido, recordou as palavras de Jesus à Venerável Madre Maria do Lado, fundadora das Clarissas do Desagravo. Contou o sacerdote:
Na noite de 15 para 16 de janeiro de 1630 também houve uma profanação do Santíssimo Sacramento na igreja de Santa Engrácia, em Lisboa; lá longe, no Louriçal, Maria estava em oração àquela hora e ouviu Jesus dizer-lhe: ‘Minha filha, compadece-te de Mim, que, neste momento, sou crucificado em Portugal’.[6]
Há cerca de três anos, a Capela São Judas de São Gonçalo do Amarante, em Natal, RN, foi invadida por criminosos que destruíram o interior do templo, recolheram suas imagens sacras e as colocaram sobre o Altar, e logo depois lhes atearam fogo[7].
* * *
Apenas na França, atualmente, em média duas igrejas são profanadas todos os dias. Segundo o noticioso alemão PI-News, 1.063 ataques a igrejas e/ou profanações de símbolos cristãos (crucifixos, ícones, imagens, estátuas) foram registrados na França em 2018 (o leitor não leu errado, são 1.063 ataques e profanações totalmente gratuitos a igrejas somente na França, no prazo de um ano). Isso representa um salto de 17% em relação ao ano anterior (2017), quando foram registrados 878 ataques, o que já representa um tremendo absurdo — o que demonstra que esses ataques estão piorando ainda mais[8]!
Quase ninguém escreve ou fala sobre os crescentes ataques a símbolos cristãos. Há um silêncio eloquente, tanto na França quanto na Alemanha, em relação ao escândalo das profanações e à origem dos perpetradores. Nem uma palavra, nem mesmo o menor indício que de alguma maneira pudesse levar à suspeita sobre os imigrantes [islâmicos]... Não são os criminosos que correm o risco de serem mal vistos, e sim aqueles que ousarem associar a profanação dos símbolos cristãos à chegada dos imigrantes. Os que denunciam é que são acusados de 'ódio', 'discurso de incitamento ao ódio' e 'racismo'.
(PI News, 24 de março de 2019)[9]
Segundo portais internacionais, "vândalos(?) estão profanando, defecando e incendiando igrejas por toda a Europa Ocidental"[10]. Somente nos meses de fevereiro e março/2019, das muitas profanações ocorridas em igrejas na França, ocorrências em quatro templos foram registradas pela mídia local, sendo que algumas sofreram ataques seguidos no mesmo período.
No início do ano 2019, várias igrejas em toda a França foram atacadas de modo violento; foram 12 ataques e profanações de diversas magnitudes num intervalo de 7 dias do mês de março[11].
• Um dos mais perigosos desses ataques foi o incêndio da histórica igreja de Saint-Sulpice, ocorrido no domingo de 17 de março, pouco depois da celebração da Missa das 12h, com o templo, felizmente, praticamente vazio. Segundo informa o jornal espanhol "ABC", o sacerdote dessa paróquia viu um indivíduo que ateava fogo em madeiras ao redor da igreja.
• Aconteceram outros ataques gravíssimos na cidade de Nimes, onde vândalos emplastaram uma cruz com excrementos humanos na igreja de Notre-Dame des Enfants, e também saquearam os paramentos do Altar principal, destruíram o Sacrário e roubaram as Hóstias consagradas, que foram depois encontradas no lixo.
• No leste da França, na cidade de Dijon, a igreja de Notre-Dame foi profanada e saqueada. As Hóstias consagradas foram jogadas ao chão e pisoteadas.
• No norte do mesmo país, na cidade de Lavaus, jovens atacaram a igreja do povoado e torceram o braço de um Cristo para que a imagem sacra fizesse um gesto obsceno.
• Na periferia de Paris também foram realizados ataques a várias igrejas.
• Na Alemanha, relatos da mídia local mostram que os ataques às igrejas são uma dura realidade enfrentada pelos cristãos germânicos. Quatro igrejas foram profanadas e/ou incendiadas no país, somente no mês de março/2019.
Há uma guerra gradual e constante contra tudo o que simboliza o cristianismo: ataques a cruzes no alto das montanhas, a estátuas sagradas na beira das estradas, a igrejas e, ultimamente, também a cemitérios, relatou a reportagem do PI News, que caracterizou os cenários deixados pela maioria dos vândalos durante os ataques: "Cruzes são quebradas, Altares destruídos, Evangeliários e Bíblias incendiados, pias batismais derrubadas e as portas das igrejas pichadas com expressões islâmicas do tipo 'Allahu Akbar'"[12].
* * *
Interrompemos por aqui nossa já longa e apavorante lista de citações de atrocidades contra a nossa Fé. Ocorrem aos milhares por todo o mundo. Em alguns casos, aqui mesmo no Brasil, Nosso Senhor Sacramentado foi atirado a rios e represas. Em outros, também por aqui, igrejas foram incendiadas. O caso da Europa, como acabamos de ver, é catastrófico. Enquanto as emissoras de TV se esmeram em retratar os imigrantes islâmicos como pobres vítimas muito pacíficas que só querem ser acolhidas – com a exibição de abundantes close-ups em rostinhos de crianças inocentes – o Islã segue acelerado no seu processo de invasão do Velho Continente.
Não, não estamos diante da primeira grande crise na história da Igreja, é claro. As perseguições e o sofrimento vêm acompanhando a própria existência da Igreja, intercalados com fases mais ou menos longas de tolerância.
Fato é que a luta do bem contra o mal transcende o tempo do mundo, tal como o conhecemos. Por aqui, começou com a tentação sobre Eva e se manifestou com clareza no dia em que Caim se levantou contra seu irmão Abel, que era inocente e devoto, e o matou. Mas do ponto de vista espiritual, a grande tragédia cósmica é anterior aos eventos do Jardim do Éden, remontando ao tempo em que o orgulho de Satanás o fez desejar ser igual a Deus.
Todavia, o que vem acontecendo é fato inédito na história mundial recente. Mais do que isso, os nossos dias têm algo de inédito, de coisa nunca vista. A batalha histórica entre o bem e o mal transcende as nossas capacidades e prossegue incessantemente, mas a crise que agora nos assola tem agravantes muito próprios. Os casos que citamos no início, e que são apenas parcos exemplos do que vem acontecendo, representam claras evidências de que o diabo verdadeiramente está solto. E furioso. O ódio dos inimigos de Deus e da Igreja nunca foi tão explícito e nem tão intenso, mas... Isso ainda não é o pior.
O pior é o que foi visto e predito por São Pio X, um movimento contra o qual ele lutou bravamente, mas em vão – porque ele já era boicotado dentro da Igreja naquela época. Um movimento que se insinuava já na virada do século retrasado, não vindo de fora, não partindo dos inimigos declarados, mas que acontecia e crescia dentro do próprio Corpo Místico, qual vírus infeccioso:
O que exige que falemos sem demora é, antes de tudo, que os promotores do erro já não devem ser procurados entre os inimigos declarados da Igreja; mas, o que é para deplorar e muito temer, se ocultam no seu próprio seio, tornando-se assim tanto mais nocivos quanto menos percebidos.
(S. Pio X, Encíclica Pascendi Dominici Gregis, 8/9/1907)
O problema maior é exatamente este: o inimigo já não está mais do lado de fora, e já não é mais claramente detectável ou reconhecível para a maior parte dos fiéis católicos. Não se trata de uma guerra entre forças que se reconhecem e se digladiam, como em outros tempos mais simples, quando éramos perseguidos pelos judeus, ou pelo Império Romano, ou depois, pelos revolucionários franceses. Não. Agora, além dos exércitos inimigos que aumentam, crescem em poder numérico e de fogo, e que já nos cercam irremediavelmente, temos uma multidão de agentes desse mesmo inimigo que está também e mais perigosamente dentro da nossa própria Casa; o inimigo invadiu o Forte que deveria ser impenetrável; e é tanto mais perigoso porque se parece com um de nós, veste-se como um de nós, fala como um de nós. Esse inimigo íntimo odeia a Deus e nos odeia com todas as forças do seu ser, e vai aproveitar a primeira oportunidade que tiver para nos exterminar – a nós, a nossos irmãos, nossos filhos e nossas famílias – de maneira cruenta, sem nenhum vestígio de piedade.
Continua...
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[2] Idem, em:
[6] ACI Digital, em:
– Acessos 14/8/2019
O texto é longo e no começo eu quase desisti de ler tudo, mas depois percebi que é um dos melhores posts que eu já li sobre a crise da Igreja de jhoje. Queria muito que todos lessem isso!
ResponderExcluirA paz de Nosso Senhor Jesus Cristo, caros irmãos. Excelente texto que gostaria de jamais ser necessário lê-lo, mas o é, já que tudo que está no texto, infelizmente faz parte da nossa realidade atual. Para mim também, no caso da Europa, fica claro quem comete as depredações. Não são "apenas" vândalos, mas os tais seguidores de Alá. E a mídia, como aqui, relacionado às críticas ao atual governo, acusando o presidente Bolsonaro e defendendo o maléfico PT, se omite ou ataca os cristãos e defende os imigrantes da lua crescente. Já as depredações em Igrejas no Brasil, parece claro que são vândalos ou relativistas, abortistas, satanistas, que culpam a Igreja Católica pela demora dos "avanços" da ideologia do gênero e demais barbaridades. Em 1571 houve a famosa Batalha de Lepanto, onde o Papa Pio V, inspirado pela Santíssima Trindade, organizou junto com reis católicos, uma esquadra que finalmente derrotou os muçulmanos, sendo que estes já havia atacado Viena duas vezes, fazendo milhares de prisioneiros ( escravos), cristãos. Será necessário outra batalha nas mesmas dimensões? E contra o inimigo interno, como lutar? Sim, orações aos Céus ajudará muito, mas será necessário alguma ação também. Oremos. Salve Maria! Paz e Bem.
ResponderExcluirÉ bom saber sobre todos estes ataques que vem ocorrendo nas igrejas ao redor do mundo, pois a mídia profana nada fala, e quando fala, é somente para ajudar a colocar mais lenha na fogueira, ou seja, só falam dos escândalos provocados por padres que cometeram a abusos sexuais, mas a perseguição que os católicos estão sofrendo ao redor do mundo, ficam todos calados, E o pior de tudo, não é o silêncio da mídia secular que me preocupa e sim da mídia da própria Igreja no qual muitas TVs católicas não trazem nada destes ataques, se não fosse o Henrique através deste blog, eu nunca saberia destes acontecimentos lamentáveis, e aí se pergunta, o porque deste silêncio por parte destes meios de comunicação católicos que não narram estes fatos?, alguém poderia me responder?.
ResponderExcluirSidnei.
É uma realidade complexa a decadência da fé cristã em toda a Europa.Não se atribui tanto ao islamismo cresente com chegada de imigrantes, mas uma crise ética e intelectual européia que se inicia no pós guerra e atinge seu clímax em 1968, com movimentos estudantís em Paris, que trazem ideário anti-clerical e de contestação de valores cristãos e conservadores.Coincide com a aprovação de leis de divórcio em muitas nações européias e nos estados americanos e de tentativa de enfraquecer o poder espiritual da Igreja, na opinião destes, ligadas ao fascismo de Franco e Mussolini.Por outro lado a fé se mantém forte na Polônia, onde a decepção com o comunismo soviético foi o ponto fundamental.
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