Contudo e por tudo, a divisão entre católicos se aprofunda a cada dia. Agora não temos mais apenas conservadores de um lado e progressistas de outro. Temos os que apoiam e os que condenam Francisco. Grupos que se dividem em subgrupos diversos: entre os que apoiam, temos aqueles que o fazem incondicionalmente e que, aparentemente, continuarão a apoiar mesmo que Francisco amanhã venha a dizer que Cristo não é Deus ou que Maria não foi sempre virgem; e há os outros, que lhe são favoráveis mas com desconforto por conta de suas atitude. Já entre os que o condenam, temos os radicais, alguns que o chamam abertamente de "antipapa" e mesmo de "anticristo", e os que ainda o respeitam enquanto sucessor de Pedro, mesmo pronunciando-se contra alguns (ou muitos) dos seus gestos e posturas.
Retornando à Septuagésima, esta foi observado por muitos séculos no calendário romano tradicional. O terceiro domingo antes da Quarta-feira de Cinzas assim se chamava em referência ao “septuagésimo” dia antes da Páscoa, e assim sucessivamente a Sexagésima (sexagésimo dia) e a Quinquagésima (quinquagésimo dia). Desse modo, todo o tempo da Quaresma recebia o nome de Quadragésima.
[Todo o tempo da Quaresma é chamado tecnicamente de Quadragésima, embora haja mais de 40 dias entre a Quarta-feira de Cinzas e a Páscoa. Para se aproximar desse número, é preciso contar os dias da Quaresma excluindo os domingos e o Tríduo Pascal, que constitui um tempo litúrgico à parte.]
Já no calendário pós-Vaticano II, correspondente ao Novus Ordo do Papa Paulo VI, já não existe a "pré-Quaresma". Uma grande perda, assim como também a retirada da Oitava de Pentecostes. E lamentavelmente tais mudanças não se deram conforme a exigência da própria Constituição Apostólica Sacrosanctum Concilium – uma das quatro constituições do próprio Vaticano II – de forma orgânica, isto é, em um processo decorrente das práticas anteriores ou em benefício dos fiéis.
Como um alento, com o documento Summorum Pontificum, de 2007, um verdadeiro presente do Papa Bento XVI, os domingos pré-quaresmais puderam recuperar ao menos uma parte da sua antiga posição. Os que optam por seguir o calendário tradicional mais antigo podem ainda desfrutar do benefício da pré-Quaresma.
Em termos práticos, a pré-Quaresma nos proporciona um período de transição que facilita a nossa disciplina quaresmal. Nesse tempo somos levados a meditar em que faremos durante a Quaresma, antes de começar, e não no dia seguinte à Quarta-Feira de Cinzas. Podemos considerar a pré-Quaresma um tempo para organizar nossa jornada quaresmal. Assim, quando chegar a Quarta-feira de Cinzas, estaremos prontos, tendo um plano em mente. Comecemos, então, desde agora a nos preparar.
A paz de Jesus Cristo.
ResponderExcluirExcelente texto, como sempre. "Tempo Comum" parece ser algo sem muita importância, tipo; um hiato entre o Tempo do Natal e o Ciclo Pascal, mas evidentemente, não é isso!
Esse seu texto, caro irmão Henrique Sebastião, esclarece e põe os pingos nos is. Não existe um "Tempo Comum", para nós Católicos. Todos os 365 ( 366 nos anos bissextos, como 2020..), dias são de vivência, crescimento, aprimoramento, participação efetiva de todos os Católicos na fé, pois não há "férias" na Liturgia da Igreja, no Evangelho de Jesus Cristo.
Oremos e seguimos vigilantes.
Salve Maria!