A IGREJA CELEBRA neste dia 8 de agosto a memória litúrgica de São Domingos de Gusmão, fundador da Ordem dos Pregadores, os Dominicanos, homem de oração, penitência e amor à Palavra de Deus, que combateu a heresia e deixou seu legado como uma proposta de evangelização cristã e vida apostólica.
São Domingos nasceu em Caleruega (Espanha) por volta de 1170 em uma família nobre. Sua mãe era a Beata Joana de Aza. Em Palencia, recebeu uma boa educação em diversas matérias e se rendeu completamente ao estudo da teologia.
Naquela época, vivia-se em guerras contínuas contra os mouros (muçulmanos) e até mesmo entre os próprios príncipes cristãos. Esta situação levou a uma fome terrível naquela região. Domingos se compadeceu dos necessitados e os ajudava, entregando-lhes seus pertences.
Com 24 anos, foi chamado pelo Bispo de Osma para ser cônego da Catedral e, aos 25, foi ordenado sacerdote. Mais tarde, o Prelado teve que viajar para a Dinamarca por ordem do rei Afonso VIII e levou consigo Domingos. Na viagem, o santo ficou preocupado ao constatar as heresias que viviam em várias aldeias.
Em 1207, São Domingos, juntamente com alguns colegas como o bispo de Osma, entregou-se à vida apostólica, renunciando qualquer conforto e vivendo de esmolas. Ao compreender mais a necessidade de uma boa formação cristã dos fiéis, fundou a Ordem dos Pregadores (Dominicanos), dispostos a levar a luz do Evangelho a todos os lugares.
O santo fundou centros de apostolado no sul da França e encontrou grandes dificuldades em toda a missão que havia empreendido.
Segundo a tradição, respaldada por inúmeros documentos pontifícios, certa noite, São Domingos, enquanto estava orando, teve uma revelação na qual a Virgem foi em seu auxílio e entregou-lhe o Rosário como uma arma poderosa para ganhar almas.
A Virgem, por sua vez, ensinou-lhe a recitar e pediu-lhe para pregar por todo o mundo para obter abundantes graças. O santo deixou a capela cheio de entusiasmo com o rosário na mão e, efetivamente, levou-o por todas as partes, obtendo muitas conversões.
Dentro de suas práticas de penitência habituais, estavam as temporadas de 40 dias de jejum a pão e água, dormir sobre tábuas duras, andar descalço por caminhos de pedra e trilhas cobertas de neve, suportar insultos sem responder uma palavra, pregar apesar de estar doente e nunca mostrar desânimo. Era o homem da alegria e do bom humor.
São Domingos, grande amigo de São Francisco de Assis, partiu para a casa do Pai em Bolonha, em 6 de agosto 1221. Foi canonizado em 1234 pelo Papa Gregório IX, que disse que “da santidade deste homem estou tão seguro, como da santidade de São Pedro e São Paulo”.
São Domingos expulsou demônios usando o santo Rosário
Conta São Luís Maria Grignion de Montfort, em seu livro ‘O Segredo Admirável do Santíssimo Rosário’, que em uma ocasião, São Domingos de Gusmão estava pregando e levaram a ele um herege albigense possuído por demônios, a quem exorcizou na presença de uma grande multidão.
O santo fez aos malignos várias perguntas e ele, por obrigação, disseram-lhe que eram 15.000 os que estavam no corpo desse homem, porque este tinha atacado os quinze mistérios do Rosário (os mistérios luminosos, que os aumentam para 20, foram introduzidos em 2012 por São João Paulo II).
Durante o exorcismo, os demônios disseram ao santo que com o Rosário que pregava, levava o terror e o espanto a todo o inferno e que ele era o homem que mais odiavam no mundo por causa das almas que lhes tirava com esta devoção.
São Domingos lançou seu Rosário ao pescoço do homem e perguntou-lhes qual dos santos do céu temiam mais e qual devia ser o mais amado e honrado pelos homens. Os inimigos, diante dessas perguntas, deram gritos tão espantosos que muitos dos que estavam ali presentes caíram em terra pelo susto.
Os malignos, para não responder, choravam, lamentavam-se e pediam pela boca do homem a São Domingos que tivesse piedade deles. O santo, sem se alterar, disse que não pararia de atormentá-los até que respondessem o que lhes tinha perguntado. Então, eles falaram que o diriam, mas em segredo, ao ouvido e não diante de todos. O santo, ao contrário, ordenou-lhes que falassem alto, mas os diabos não quiseram dizer nenhuma palavra.
Então, Pe. Domingos, de joelhos, fez a seguinte oração: “Oh excelentíssima Virgem Maria, pela virtude de teu saltério e Rosário, ordena a estes inimigos do gênero humano que respondam a pergunta”.
Em seguida, uma chama ardente saiu das orelhas, nariz e boca do homem possuído. Os demônios rogaram a São Domingos que, pela paixão de Jesus Cristo e pelos mistérios de sua Santa Mãe e de todos os santos, os permitisse sair desse corpo sem dizer nada, porque os anjos o revelariam em qualquer momento que quisesse.
Mais tarde, o santo voltou a se ajoelhar e elevou outra prece: “Oh digníssima Mãe de Sabedoria, sobre cuja saudação, de que forma se deve rezar, este povo já está instruído, peço-vos para a saúde dos fiéis aqui presentes, que obrigueis a esses vossos inimigos a abertamente confessar aqui a verdade completa e honesta”.
Apenas terminou de pronunciar estas palavras, o santo viu perto dele uma multidão de anjos e a Virgem Maria que golpeava o demônio com uma vareta de ouro, enquanto lhe dizia: “Responda a pergunta de meu servidor Domingos”. Deve-se levar em consideração que o povo não via, nem ouvia a Virgem, somente São Domingos.
Os demônios começaram a gritar: “Oh! inimiga nossa! Oh! ruína e confusão nossa! Por que viestes do céu para atormentar-nos de forma tão cruel? Será preciso que por vós, oh advogada dos pecadores, a quem livrais do inferno; oh caminho seguro do céu, sejamos abrigados – para nosso pesar – a confessar diante de todos o que é causa de nossa humilhação e ruína? Ai de nós! Maldição a nossos príncipes das trevas!”.
“Ouçam, pois, cristãos! Esta Mãe de Deus é onipotente e pode impedir que seus servos caiam no inferno. Ela, como um sol, dissipa as trevas de nossas astutas maquinações. Descobre nossas intrigas, rompe nossas redes e reduz à inutilidade todas nossas tentações. Vemo-nos obrigados a confessar que ninguém que persevere em seu serviço se condena conosco”.
“Um só suspiro que ela apresente à Santíssima Trindade vale mais que todas as orações, votos e desejos de todos os santos. Temos mais medo dela do que de todos os bem-aventurados juntos e nada podemos contra seus fiéis seguidores”.
Do mesmo modo, os malignos confessaram que muitos cristãos que a invocam ao morrer e que deveria ser condenados, segundo as leis ordinárias, se salvam graças à sua intercessão: “Ah, se esta Mariazinha – assim a chamaram em sua fúria – não houvesse oposto aos nossos desígnios e esforços, há tempos teríamos derrubado e destruído a Igreja, e levado ao erro e à infidelidade toda sua hierarquia!”.
Em seguida, acrescentaram que “ninguém que persevere na reza do Rosário se condenará. Por que ela obtém para seus fiéis devotos a verdadeira contrição dos pecados, para que os confessem e alcancem o seu perdão”.
Foi então que São Domingos fez todo o povo rezar o Rosário muito lenta e devotamente e, a cada Ave Maria que rezavam, saíam do corpo do homem possuído uma grande multidão de demônios em forma de carvões incendiados.
Quando todos os inimigos saíram e o herege ficou livre, a Virgem Maria, de maneira invisível, deu sua bênção a todo o povo, que experimentou grande alegria. “Este milagre foi causa da conversão de grande número de hereges, que, aliás, se inscreveram na Confraria do Santo Rosário”, concluiu São Luís Maria Grignion de Montfort.
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Com ACI Digital
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