1. ‘Por que neste blog o termo evangélicos é
usado entre aspas? Por que se afirma que a palavra mais certa é protestantes?’
A
palavra mais correta seria, sim, protestante, embora existam imensas diferenças
entre as igrejas ditas "protestantes históricas" e as novas
comunidades ditas "evangélicas". Por quê? Porque no tempo de Lutero
só existiam a Igreja Católica e a Ortodoxa, – sendo que ambas professam a
Sucessão Apostólica e têm a Tradição dos Apóstolos como regra de fé, além de
praticar a devoção a Santíssima Virgem Maria e aos santos, e várias outras
coisas que você condena. – Até então, para ser cristão, era preciso ser
católico ou ortodoxo. Lutero, no século XVI, começou um movimento de protesto
contra a Igreja, por entender que era preciso começar uma "nova
igreja", que negava a autoridade do sucessor de Pedro e a Tradição dos
Apóstolos, tendo como regra principal a doutrina sola scriptura, que você
observa e que diz que somente a Bíblia serve como regra de fé e prática (aqui você pode ler um pouco sobre o que Lutero ensinava, mas
não é tão mencionado hoje em dia, e aqui poderá ler a análise de um filósofo da religião e santo).
A
partir daí, começaram a surgir divisões e mais divisões, e divisões das
divisões, e subdivisões, e subdivisões das subdivisões, como continua ainda
hoje... Pois, se a única regra é a Bíblia, cada um interpreta "do seu
jeito", e está feita a confusão. Umas "igrejas" pregam a
teologia da prosperidade, outras a condenam; umas admitem o divórcio, outras não;
umas batizam por imersão, outras por aspersão; umas admitem
"pastoras", outras não; etc, etc, etc... E todas acham que observam a
Bíblia, e dizem que são conduzidas pelo Espírito Santo.
Ora,
se o mesmo Deus estivesse orientando todas essas "igrejas", deveriam
estar todas falando a mesma língua, ensinando a mesma coisa, pois Deus é um só,
e um Reino não se divide contra si mesmo, como disse Jesus.
Alguns
"evangélicos" argumentam dizendo que as diferenças estão apenas nos
detalhes, que os fundamentos da fé são iguais em todas as igrejas
"evangélicas". Mas isso simplesmente não é verdade. O caso da
"teologia" da prosperidade é um ótimo exemplo: se eu creio que
Deus abençoa com prosperidade àqueles que lhe são fiéis, então o meu modo de
vida será de um determinado jeito; isso vai definir o meu comportamento e a
minha maneira de me relacionar com Deus. Além disso, o meu estado de vida
material servirá como parâmetro para que eu saiba se estou sendo realmente
fiel, se sou um bom cristão ou não. Se eu continuo pobre, então não estou
fazendo o que deveria fazer. Posso chegar ao ponto de crer que não devo
ajudar os pobres, porque isso seria "desvio de recursos", como
ensinou o "pastor" R. R. Soares (veja aqui). Claro, se Deus dá abundância material e vitória financeira a quem
lhe é fiel, eu não tenho mesmo que ajudar ninguém, porque quem não tem dinheiro
é porque não é fiel a Deus e não merece ajuda. Só que isso é contrário ao que
ensinou Jesus Cristo (por exemplo em Mt 25), certo? Se não me engano, o Senhor
disse algo como: "Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e
dá-o aos pobres, e terás um tesouro no Céu".
Por
outro lado, se eu não aceito este tipo de doutrina, o meu comportamento será totalmente
diverso. Passo a entender a fé e a enxergar a vida de um modo completamente
diferente; meus modos, posturas e ações serão de outra natureza. Posso chegar
ao ponto de um São Francisco de Assis, que dava graças a Deus pela "irmã
pobreza", confiando plenamente no que Jesus diz no Evangelho segundo
São Lucas (6,20-21). Veja que adotar ou rejeitar esse tipo de crença não é
apenas "um detalhe", pelo contrário: é algo que vai moldar
integralmente o meu modo de vida e sua relação com Deus.
Igualmente
eu poderia falar da questão do divórcio, que algumas igrejas “evangélicas” não
admitem, baseadas por exemplo em Malaquias 2,16, Gênesis 2,24 e Mateus 19,6.
Outras igrejas “evangélicas” admitem o divórcio em alguns casos, como quando há
imoralidade sexual envolvida, e para isso citam Mateus 19,9. Existem também
algumas outras bem mais liberais, que simplesmente usam (nas palavras da
introdução da Bíblia NVI) de “interpretações menos rígidas”...
Eu
poderia também falar da questão do batismo infantil, que algumas igrejas
praticam, buscando como sempre legitimar a sua opção na interpretação de uma
série de passagens do Antigo e do Novo Testamento (veja aqui) e outras não
admitem em hipótese alguma. Encontrei até um fórum de discussão com um debate
infinito entre “evangélicos” a respeito deste assunto, alguns defendendo o batismo
infantil e outros o condenando com veemência. Isso não é só "um
detalhe", porque a própria salvação da alma pode depender disso. E –
surpresa! – todos os protestantes que se contradizem uns aos outros acreditam
piamente que estão fundamentados na Bíblia (sem
ao menos entender a bíblia).
Eu
poderia ainda falar das igrejas “evangélicas” que guardam o sábado, enquanto
outras guardam o domingo, e outras ainda que não guardam dia nenhum;
poderia falar das igrejas que praticam a chamada “santa ceia”, porque Jesus
assim ordenou (Lucas 22,19), e das que simplesmente não praticam, porque
interpretam a ordem divina de algum outro modo; poderia falar das igrejas que
não aceitam mulheres como “pastoras” ou “bispas”, baseadas na Bíblia (1 Timóteo
2,11-12), e das outras que não só aceitam como até têm mulheres como líderes; poderia
falar das “igrejas” que pregam que o Batismo é uma condição necessária para a
salvação, baseadas em Marcos 16,16, e das que dizem que não é, baseadas em
Lucas 23,43 e outros...
Veja
bem, mais uma vez, que eu não estou falando de detalhes ou de costumes
secundários, que não fazem diferença na vida prática cristã. Estou falando
de questões fundamentais, de temas que incorrem na própria salvação ou
perdição da alma! E, também sobre estas, as igrejas “evangélicas” discordam
entre si! Cada uma delas crê e prega a sua própria "verdade",
baseada em quê? Na Bíblia? Claro e evidente que não, porque a Palavra de Deus
não se contradiz. O problema acontece porque cada uma dessas
"igrejas" se baseia na sua própria interpretação particular da
Bíblia. Apenas isso e mais nada. Consegue compreender isto? Será que tudo fica
um pouco mais claro, agora?
Segundo
dados oficiais, existem dezenas de milhares(!) de seitas ditas "igrejas
evangélicas" diferentes no mundo, sendo que cada uma delas prega algo
diferente, como acabamos de ver; algumas chegam ao extremo de aceitar e
praticar o "casamento gay" e
promover o aborto (caso da Universal do Edir Macedo) e de pastores que incentivam seus fiéis a destruírem imagens
católicas.
Por isso é que o Senhor deu autoridade aos Apóstolos, e incumbiu a São Pedro de apascentar o seu rebanho, e de confirmar os seus irmãos (Jo 21,15-17; Lc 22, 31-32). Se fosse para cada um ler a Bíblia, interpretar "do seu jeito" e começarem a criar várias novas "Igrejas", o Senhor não teria conferido autoridade aos seus Apóstolos, até mesmo para perdoar ou reter os pecados (Jo 20 22-23).
Mas
a própria Bíblia diz que é a Igreja a coluna e o sustentáculo da Verdade
para o cristão (1Tm 3,15). Por isso é que o termo "protestante" é
mais adequado. Todas as igrejas ditas "evangélicas" surgiram de um
movimento de protesto, por isso denominado protestante (ainda que não seja esta
a origem do nome 'protestantismo') [1].
É
importante saber que, muitos séculos antes de surgir o protestantismo, o
povo católico já era chamado de "povo evangélico". Isso porque
"evangélico", evidentemente, deriva de "Evangelho", e quem produziu,
canonizou, preservou, e traduziu os Evangelhos foi a Igreja Católica (Veja mais sobre este assunto aqui).
Sim, se não fosse pela Igreja Católica nós não teríamos a Bíblia Sagrada, hoje. Logo, é totalmente incorreto chamar um grupo que surgiu depois de mais de mil e quinhentos anos de história da Igreja de "evangélico", como se fossem eles os doadores ou os seguidores do Evangelho. Nada mais equivocado. Nada mais injusto.
2. ‘Enquanto protestante, eu fui humilhado por parentes
católicos...’
Se
os seus parentes católicos lhe ofenderam de alguma forma, é claro que isso
não tem nada a ver com a Igreja Católica. Tenho certeza que você consegue
perceber isso. Eu já fui tantas vezes ofendido por "evangélicos" e
espíritas, aqui mesmo neste blog, que já perdi as contas... Há realmente
histórias impressionantes de ex-"evangélicos" que chegaram a ser
expulsos de casa por terem se convertido ao catolicismo (se quiser conhecer um
caso interessante, assista este vídeo).
Pessoas se agridem, humilham-se e se atacam umas às outras todos os dias, neste mundo, por questões de diferenças de opiniões. Isso não necessariamente depende da religião de ninguém. Depende da educação de cada um e, no caso da religião, depende principalmente do quanto cada um é capaz de entender e praticar a sua própria fé. Nem todo católico é santo, como eu já disse, e nem todo protestante pratica aquilo que aprende em sua congregação.
* * *
Caríssimo
irmão, este foi o segundo post da série Esclarecimentos sobre o [ou
“Guia do”] catolicismo para protestantes e evangélicos (Clique aqui e veja a parte 1). Se você chegou até
aqui, é porque este conteúdo é relevante para ti, então peço que o envie aos
seus amigos e familiares e seja a lâmpada colocada “no alto para iluminar os
que entram” (Lc 11, 33).
Deixe
suas dúvidas, sugestões e impressões na área de comentários que lerei e
responderei assim que possível.
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*** Instagram (@ofielcatolico)
As heréticas seitas protestantes são as legítimas e autênticas DITADURAS DO RELATIVISMO, pois dentro de cada uma deles v entende e repassa seus conhecimentos exegéticos como melhor lhe aprouver ou convier, e muitos já deram suas vidas em "missões", levando muitos a serem como eles, + uns relativistas!
ResponderExcluirTeriam perdido sua existência e doutrinação, pois quem os enviou foram um dos seus sectários e, como quais N Senhor Jesus Cristo nada tem a ver!
Ele apenas fundou a Igreja católica, nenhuma mais, tempo perdido "convertendo" para as seitas!
"E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. 1 Cor 13,3