"O objetivo desta carta apostólica é aumentar o amor por este grande Santo, para nos sentirmos impelidos a implorar a sua intercessão e para imitarmos as suas virtudes e o seu desvelo.
Com efeito, a missão específica dos Santos não é apenas a de conceder milagres e graças, mas de interceder por nós diante de Deus, como fizeram Abraão[26] e Moisés,[27] como faz Jesus, «único mediador» (1 Tm 2, 5), que junto de Deus Pai é o nosso «advogado» (1 Jo 2, 1), «vivo para sempre, a fim de interceder por [nós]» (Heb 7, 25; cf. Rm 8, 34)."
O Ano Santo em honra a São José vai do dia 8 de dezembro de 2020 até 8 de dezembro de 2021. Segue abaixo a Carta na íntegra.
CARTA
APOSTÓLICA
PATRIS CORDE
DO PAPA FRANCISCO
POR
OCASIÃO DO 150º ANIVERSÁRIO
DA
DECLARAÇÃO DE SÃO JOSÉ
COMO
PADROEIRO UNIVERSAL DA IGREJA
Com coração de pai: assim José amou a Jesus, designado nos
quatro Evangelhos como «o filho de José».[1]
Os dois evangelistas que puseram em relevo a sua figura,
Mateus e Lucas, narram pouco, mas o suficiente para fazer compreender o género
de pai que era e a missão que a Providência lhe confiou.
Sabemos que era um humilde carpinteiro (cf. Mt 13, 55),
desposado com Maria (cf. Mt 1, 18; Lc 1, 27); um «homem justo» (Mt 1, 19),
sempre pronto a cumprir a vontade de Deus manifestada na sua Lei (cf. Lc 2,
22.27.39) e através de quatro sonhos (cf. Mt 1, 20; 2, 13.19.22). Depois duma
viagem longa e cansativa de Nazaré a Belém, viu o Messias nascer num estábulo,
«por não haver lugar para eles» (Lc 2, 7) noutro sítio. Foi testemunha da
adoração dos pastores (cf. Lc 2, 8-20) e dos Magos (cf. Mt 2, 1-12), que
representavam respetivamente o povo de Israel e os povos pagãos.
Teve a coragem de assumir a paternidade legal de Jesus, a
quem deu o nome revelado pelo anjo: dar-Lhe-ás «o nome de Jesus, porque Ele
salvará o povo dos seus pecados» (Mt 1, 21). Entre os povos antigos, como se
sabe, dar o nome a uma pessoa ou a uma coisa significava conseguir um título de
pertença, como fez Adão na narração do Génesis (cf. 2, 19-20).
No Templo, quarenta dias depois do nascimento, José –
juntamente com a mãe – ofereceu o Menino ao Senhor e ouviu, surpreendido, a
profecia que Simeão fez a respeito de Jesus e Maria (cf. Lc 2, 22-35). Para
defender Jesus de Herodes, residiu como forasteiro no Egito (cf. Mt 2, 13-18).
Regressado à pátria, viveu no recôndito da pequena e ignorada cidade de Nazaré,
na Galileia – donde (dizia-se) «não sairá nenhum profeta» (Jo 7, 52), nem
«poderá vir alguma coisa boa» (Jo 1, 46) –, longe de Belém, a sua cidade natal,
e de Jerusalém, onde se erguia o Templo. Foi precisamente durante uma
peregrinação a Jerusalém que perderam Jesus (tinha ele doze anos) e José e
Maria, angustiados, andaram à sua procura, acabando por encontrá-Lo três dias
mais tarde no Templo discutindo com os doutores da Lei (cf. Lc 2, 41-50).
Depois de Maria, a Mãe de Deus, nenhum Santo ocupa tanto
espaço no magistério pontifício como José, seu esposo. Os meus antecessores
aprofundaram a mensagem contida nos poucos dados transmitidos pelos Evangelhos
para realçar ainda mais o seu papel central na história da salvação: o Beato
Pio IX declarou-o «Padroeiro da Igreja Católica»,[2] o Venerável Pio XII
apresentou-o como «Padroeiro dos operários»;[3] e São João Paulo II, como
«Guardião do Redentor».[4] O povo invoca-o como «padroeiro da boa morte».[5]
Assim ao completarem-se 150 anos da sua declaração como
Padroeiro da Igreja Católica, feita pelo Beato Pio IX a 8 de dezembro de 1870,
gostaria de deixar «a boca – como diz Jesus – falar da abundância do coração»
(Mt 12, 34), para partilhar convosco algumas reflexões pessoais sobre esta
figura extraordinária, tão próxima da condição humana de cada um de nós. Tal
desejo foi crescendo ao longo destes meses de pandemia em que pudemos
experimentar, no meio da crise que nos afeta, que «as nossas vidas são tecidas
e sustentadas por pessoas comuns (habitualmente esquecidas), que não aparecem
nas manchetes dos jornais e revistas, nem nas grandes passarelas do último
espetáculo, mas que hoje estão, sem dúvida, a escrever os acontecimentos
decisivos da nossa história: médicos, enfermeiras e enfermeiros, trabalhadores
dos supermercados, pessoal da limpeza, curadores, transportadores, forças
policiais, voluntários, sacerdotes, religiosas e muitos – mas muitos – outros
que compreenderam que ninguém se salva sozinho. (…) Quantas pessoas dia a dia
exercitam a paciência e infundem esperança, tendo a peito não semear pânico,
mas corresponsabilidade! Quantos pais, mães, avôs e avós, professores mostram
às nossas crianças, com pequenos gestos do dia a dia, como enfrentar e atravessar
uma crise, readaptando hábitos, levantando o olhar e estimulando a oração!
Quantas pessoas rezam, se imolam e intercedem pelo bem de todos».[6] Todos
podem encontrar em São José – o homem que passa despercebido, o homem da
presença quotidiana discreta e escondida – um intercessor, um amparo e uma guia
nos momentos de dificuldade. São José lembra-nos que todos aqueles que estão,
aparentemente, escondidos ou em segundo plano, têm um protagonismo sem paralelo
na história da salvação. A todos eles, dirijo uma palavra de reconhecimento e
gratidão.
1. Pai amado
A grandeza de São José consiste no facto de ter sido o
esposo de Maria e o pai de Jesus. Como tal, afirma São João Crisóstomo,
«colocou-se inteiramente ao serviço do plano salvífico».[7]
São Paulo VI faz notar que a sua paternidade se exprimiu,
concretamente, «em ter feito da sua vida um serviço, um sacrifício, ao mistério
da encarnação e à conjunta missão redentora; em ter usado da autoridade legal
que detinha sobre a Sagrada Família para lhe fazer dom total de si mesmo, da
sua vida, do seu trabalho; em ter convertido a sua vocação humana ao amor
doméstico na oblação sobre-humana de si mesmo, do seu coração e de todas as
capacidades no amor colocado ao serviço do Messias nascido na sua casa».[8]
Por este seu papel na história da salvação, São José é um
pai que foi sempre amado pelo povo cristão, como prova o facto de lhe terem
sido dedicadas numerosas igrejas por todo o mundo; de muitos institutos
religiosos, confrarias e grupos eclesiais se terem inspirado na sua
espiritualidade e adotado o seu nome; e de, há séculos, se realizarem em sua
honra várias representações sacras. Muitos Santos e Santas foram seus devotos
apaixonados, entre os quais se conta Teresa de Ávila que o adotou como advogado
e intercessor, recomendando-se instantemente a São José e recebendo todas as
graças que lhe pedia; animada pela própria experiência, a Santa persuadia os
outros a serem igualmente devotos dele.[9]
Em todo o manual de orações, há sempre alguma a São José.
São-lhe dirigidas invocações especiais todas as quartas-feiras e, de forma
particular, durante o mês de março inteiro, tradicionalmente dedicado a
ele.[10]
A confiança do povo em São José está contida na expressão
«ite ad Joseph», que faz referência ao período de carestia no Egito, quando o
povo pedia pão ao Faraó e ele respondia: «Ide ter com José; fazei o que ele vos
disser» (Gn 41, 55). Tratava-se de José, filho de Jacob, que acabara vendido,
vítima da inveja dos seus irmãos (cf. Gn 37, 11-28); e posteriormente – segundo
a narração bíblica – tornou-se vice-rei do Egito (cf. Gn 41, 41-44).
Enquanto descendente de David (cf. Mt 1, 16.20), de cuja
raiz deveria nascer Jesus segundo a promessa feita ao rei pelo profeta Natan
(cf. 2 Sam 7), e como esposo de Maria de Nazaré, São José constitui a dobradiça
que une o Antigo e o Novo Testamento.
2. Pai na ternura
Dia após dia, José via Jesus crescer «em sabedoria, em
estatura e em graça, diante de Deus e dos homens» (Lc 2, 52). Como o Senhor fez
com Israel, assim ele ensinou Jesus a andar, segurando-O pela mão: era para Ele
como o pai que levanta o filho contra o seu rosto, inclinava-se para Ele a fim
de Lhe dar de comer (cf. Os 11, 3-4).
Jesus viu a ternura de Deus em José: «Como um pai se
compadece dos filhos, assim o Senhor Se compadece dos que O temem» (Sal 103,
13).
Com certeza, José terá ouvido ressoar na sinagoga, durante
a oração dos Salmos, que o Deus de Israel é um Deus de ternura,[11] que é bom
para com todos e «a sua ternura repassa todas as suas obras» (Sal 145, 9).
A história da salvação realiza-se, «na esperança para além
do que se podia esperar» (Rm 4, 18), através das nossas fraquezas. Muitas vezes
pensamos que Deus conta apenas com a nossa parte boa e vitoriosa, quando, na
verdade, a maior parte dos seus desígnios se cumpre através e apesar da nossa
fraqueza. Isto mesmo permite a São Paulo dizer: «Para que não me enchesse de
orgulho, foi-me dado um espinho na carne, um anjo de Satanás, para me ferir, a
fim de que não me orgulhasse. A esse respeito, três vezes pedi ao Senhor que o
afastasse de mim. Mas Ele respondeu-me: “Basta-te a minha graça, porque a força
manifesta-se na fraqueza”» (2 Cor 12, 7-9).
Se esta é a perspetiva da economia da salvação, devemos
aprender a aceitar, com profunda ternura, a nossa fraqueza.[12]
O Maligno faz-nos olhar para a nossa fragilidade com um
juízo negativo, ao passo que o Espírito trá-la à luz com ternura. A ternura é a
melhor forma para tocar o que há de frágil em nós. Muitas vezes o dedo em riste
e o juízo que fazemos a respeito dos outros são sinal da incapacidade de
acolher dentro de nós mesmos a nossa própria fraqueza, a nossa fragilidade. Só
a ternura nos salvará da obra do Acusador (cf. Ap 12, 10). Por isso, é
importante encontrar a Misericórdia de Deus, especialmente no sacramento da
Reconciliação, fazendo uma experiência de verdade e ternura. Paradoxalmente,
também o Maligno pode dizer-nos a verdade, mas, se o faz, é para nos condenar.
Entretanto nós sabemos que a Verdade vinda de Deus não nos condena, mas acolhe-nos,
abraça-nos, ampara-nos, perdoa-nos. A Verdade apresenta-se-nos sempre como o
Pai misericordioso da parábola (cf. Lc 15, 11-32): vem ao nosso encontro,
devolve-nos a dignidade, levanta-nos, ordena uma festa para nós, dando como
motivo que «este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi
encontrado» (Lc 15, 24).
A vontade de Deus, a sua história e o seu projeto passam
também através da angústia de José. Assim ele ensina-nos que ter fé em Deus
inclui também acreditar que Ele pode intervir inclusive através dos nossos
medos, das nossas fragilidades, da nossa fraqueza. E ensina-nos que, no meio
das tempestades da vida, não devemos ter medo de deixar a Deus o timão da nossa
barca. Por vezes queremos controlar tudo, mas o olhar d’Ele vê sempre mais
longe.
3. Pai na obediência
De forma análoga a quanto fez Deus com Maria,
manifestando-Lhe o seu plano de salvação, também revelou a José os seus
desígnios por meio de sonhos, que na Bíblia, como em todos os povos antigos,
eram considerados um dos meios pelos quais Deus manifesta a sua vontade.[13]
José sente uma angústia imensa com a gravidez
incompreensível de Maria: mas não quer «difamá-la»,[14] e decide «deixá-la
secretamente» (Mt 1, 19). No primeiro sonho, o anjo ajuda-o a resolver o seu
grave dilema: «Não temas receber Maria, tua esposa, pois o que Ela concebeu é
obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, ao qual darás o nome de Jesus,
porque Ele salvará o povo dos seus pecados» (Mt 1, 20-21). A sua resposta foi
imediata: «Despertando do sono, José fez como lhe ordenou o anjo» (Mt 1, 24).
Com a obediência, superou o seu drama e salvou Maria.
No segundo sonho, o anjo dá esta ordem a José: «Levanta-te,
toma o menino e sua mãe, foge para o Egito e fica lá até que eu te avise, pois
Herodes procurará o menino para o matar» (Mt 2, 13). José não hesitou em
obedecer, sem se questionar sobre as dificuldades que encontraria: «E ele
levantou-se de noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito,
permanecendo ali até à morte de Herodes» (Mt 2, 14-15).
No Egito, com confiança e paciência, José esperou do anjo o
aviso prometido para voltar ao seu país. Logo que o mensageiro divino, num
terceiro sonho – depois de o informar que tinham morrido aqueles que procuravam
matar o menino –, lhe ordena que se levante, tome consigo o menino e sua mãe e
regresse à terra de Israel (cf. Mt 2, 19-20), de novo obedece sem hesitar:
«Levantando-se, ele tomou o menino e sua mãe e voltou para a terra de Israel»
(Mt 2, 21).
Durante a viagem de regresso, porém, «tendo ouvido dizer
que Arquelau reinava na Judeia, em lugar de Herodes, seu pai, teve medo de ir
para lá. Então advertido em sonhos – e é a quarta vez que acontece – retirou-se
para a região da Galileia e foi morar numa cidade chamada Nazaré» (Mt 2,
22-23).
Por sua vez, o evangelista Lucas refere que José enfrentou
a longa e incómoda viagem de Nazaré a Belém, devido à lei do imperador César
Augusto relativa ao recenseamento, que impunha a cada um registar-se na própria
cidade de origem. E foi precisamente nesta circunstância que nasceu Jesus (cf.
2, 1-7), sendo inscrito no registo do Império, como todos os outros meninos.
São Lucas, de modo particular, tem o cuidado de assinalar
que os pais de Jesus observavam todas as prescrições da Lei: os ritos da
circuncisão de Jesus, da purificação de Maria depois do parto, da oferta do
primogénito a Deus (cf. 2, 21-24).[15]
Em todas as circunstâncias da sua vida, José soube
pronunciar o seu «fiat», como Maria na Anunciação e Jesus no Getsémani.
Na sua função de chefe de família, José ensinou Jesus a ser
submisso aos pais (cf. Lc 2, 51), segundo o mandamento de Deus (cf. Ex 20, 12).
Ao longo da vida oculta em Nazaré, na escola de José, Ele
aprendeu a fazer a vontade do Pai. Tal vontade torna-se o seu alimento diário
(cf. Jo 4, 34). Mesmo no momento mais difícil da sua vida, vivido no Getsémani,
preferiu que se cumprisse a vontade do Pai, e não a sua,[16] fazendo-Se
«obediente até à morte (…) de cruz» (Flp 2, 8). Por isso, o autor da Carta aos
Hebreus conclui que Jesus «aprendeu a obediência por aquilo que sofreu» (5, 8).
Vê-se, a partir de todas estas vicissitudes, que «José foi
chamado por Deus para servir diretamente a Pessoa e a missão de Jesus, mediante
o exercício da sua paternidade: desse modo, precisamente, ele coopera no grande
mistério da Redenção, quando chega a plenitude dos tempos, e é verdadeiramente
ministro da salvação».[17]
4. Pai no acolhimento
José acolhe Maria, sem colocar condições prévias. Confia
nas palavras do anjo. «Anobreza do seu coração fá-lo subordinar à caridade
aquilo que aprendera com a lei; e hoje, neste mundo onde é patente a violência
psicológica, verbal e física contra a mulher, José apresenta-se como figura de
homem respeitoso, delicado que, mesmo não dispondo de todas as informações, se
decide pela honra, dignidade e vida de Maria. E, na sua dúvida sobre o melhor a
fazer, Deus ajudou-o a escolher iluminando o seu discernimento».[18]
Na nossa vida, muitas vezes sucedem coisas, cujo
significado não entendemos. E a nossa primeira reação, frequentemente, é de
desilusão e revolta. Diversamente, José deixa de lado os seus raciocínios para
dar lugar ao que sucede e, por mais misterioso que possa aparecer a seus olhos,
acolhe-o, assume a sua responsabilidade e reconcilia-se com a própria história.
Se não nos reconciliarmos com a nossa história, não conseguiremos dar nem mais
um passo, porque ficaremos sempre reféns das nossas expectativas e consequentes
desilusões.
A vida espiritual que José nos mostra, não é um caminho que
explica, mas um caminho que acolhe. Só a partir deste acolhimento, desta
reconciliação, é possível intuir também uma história mais excelsa, um
significado mais profundo. Parecem ecoar as palavras inflamadas de Job, quando,
desafiado pela esposa a rebelar-se contra todo o mal que lhe está a acontecer,
responde: «Se recebemos os bens da mão de Deus, não aceitaremos também os
males?» (Job 2, 10).
José não é um homem resignado passivamente. O seu
protagonismo é corajoso e forte. O acolhimento é um modo pelo qual se
manifesta, na nossa vida, o dom da fortaleza que nos vem do Espírito Santo. Só
o Senhor nos pode dar força para acolher a vida como ela é, aceitando até mesmo
as suas contradições, imprevistos e desilusões.
A vinda de Jesus ao nosso meio é um dom do Pai, para que
cada um se reconcilie com a carne da sua história, mesmo quando não a
compreende totalmente.
O que Deus disse ao nosso Santo – «José, Filho de David,
não temas…» (Mt 1, 20) –, parece repeti-lo a nós também: «Não tenhais medo!» É
necessário deixar de lado a ira e a desilusão para – movidos não por qualquer
resignação mundana, mas com uma fortaleza cheia de esperança – dar lugar àquilo
que não escolhemos e, todavia, existe. Acolher a vida desta maneira
introduz-nos num significado oculto. A vida de cada um de nós pode recomeçar
miraculosamente, se encontrarmos a coragem de a viver segundo aquilo que nos
indica o Evangelho. E não importa se tudo parece ter tomado já uma direção
errada, e se algumas coisas já são irreversíveis. Deus pode fazer brotar flores
no meio das rochas. E mesmo que o nosso coração nos censure de qualquer coisa,
Ele «é maior que o nosso coração e conhece tudo» (1 Jo 3, 20).
Reaparece aqui o realismo cristão, que não deita fora nada
do que existe. A realidade, na sua misteriosa persistência e complexidade, é
portadora dum sentido da existência com as suas luzes e sombras. É isto que
leva o apóstolo Paulo a dizer: «Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles
que amam a Deus» (Rm 8, 28). E Santo Agostinho acrescenta: tudo, «incluindo
aquilo que é chamado mal».[19] Nesta perspetiva global, a fé dá significado a
todos os acontecimentos, sejam eles felizes ou tristes.
Assim, longe de nós pensar que crer signifique encontrar
fáceis soluções consoladoras. Antes, pelo contrário, a fé que Cristo nos
ensinou é a que vemos em São José, que não procura atalhos, mas enfrenta de
olhos abertos aquilo que lhe acontece, assumindo pessoalmente a responsabilidade
por isso.
O acolhimento de José convida-nos a receber os outros, sem
exclusões, tal como são, reservando uma predileção especial pelos mais frágeis,
porque Deus escolhe o que é frágil (cf. 1 Cor 1, 27), é «pai dos órfãos e
defensor das viúvas» (Sal 68, 6) e manda amar o forasteiro.[20] Posso imaginar
ter sido do procedimento de José que Jesus tirou inspiração para a parábola do
filho pródigo e do pai misericordioso (cf. Lc 15, 11-32).
5. Pai com coragem criativa
Se a primeira etapa de toda a verdadeira cura interior é
acolher a própria história, ou seja, dar espaço no nosso íntimo até mesmo
àquilo que não escolhemos na nossa vida, convém acrescentar outra caraterística
importante: a coragem criativa. Esta vem ao de cima sobretudo quando se encontram
dificuldades. Com efeito, perante uma dificuldade, pode-se estacar e abandonar
o campo, ou tentar vencê-la de algum modo. Às vezes, são precisamente as
dificuldades que fazem sair de cada um de nós recursos que nem pensávamos ter.
Frequentemente, ao ler os «Evangelhos da Infância»,
apetece-nos perguntar por que motivo Deus não interveio de forma direta e
clara. Porque Deus intervém por meio de acontecimentos e pessoas: José é o
homem por meio de quem Deus cuida dos primórdios da história da redenção; é o
verdadeiro «milagre», pelo qual Deus salva o Menino e sua mãe. O Céu intervém,
confiando na coragem criativa deste homem que, tendo chegado a Belém e não
encontrando alojamento onde Maria possa dar à luz, arranja um estábulo e
prepara-o de modo a tornar-se o lugar mais acolhedor possível para o Filho de
Deus, que vem ao mundo (cf. Lc 2, 6-7). Face ao perigo iminente de Herodes, que
quer matar o Menino, de novo em sonhos José é alertado para O defender e, no
coração da noite, organiza a fuga para o Egito (cf. Mt 2, 13-14).
Numa leitura superficial destas narrações, a impressão que
se tem é a de que o mundo está à mercê dos fortes e poderosos, mas a «boa
notícia» do Evangelho consiste precisamente em mostrar como, não obstante a
arrogância e a violência dos dominadores terrenos, Deus encontra sempre a forma
de realizar o seu plano de salvação. Às vezes também a nossa vida parece à
mercê dos poderes fortes, mas o Evangelho diz-nos que Deus consegue sempre
salvar aquilo que conta, desde que usemos a mesma coragem criativa do
carpinteiro de Nazaré, o qual sabe transformar um problema numa oportunidade,
antepondo sempre a sua confiança na Providência.
Se, em determinadas situações, parece que Deus não nos
ajuda, isso não significa que nos tenha abandonado, mas que confia em nós com
aquilo que podemos projetar, inventar, encontrar.
Trata-se da mesma coragem criativa demonstrada pelos amigos
do paralítico que, desejando levá-lo à presença de Jesus, fizeram-no descer
pelo teto (cf. Lc 5, 17-26). A dificuldade não deteve a audácia e obstinação
daqueles amigos. Estavam convencidos de que Jesus podia curar o doente e, «não
achando por onde introduzi-lo, devido à multidão, subiram ao teto e, através
das telhas, desceram-no com a enxerga, para o meio, em frente de Jesus. Vendo a
fé daqueles homens, disse: “Homem, os teus pecados estão perdoados”» (5,
19-20). Jesus reconhece a fé criativa com que aqueles homens procuram
trazer-Lhe o seu amigo doente.
O Evangelho não dá informações relativas ao tempo que
Maria, José e o Menino permaneceram no Egito. Mas certamente tiveram de comer,
encontrar uma casa, um emprego. Não é preciso muita imaginação para colmatar o
silêncio do Evangelho a tal respeito. A Sagrada Família teve que enfrentar
problemas concretos, como todas as outras famílias, como muitos dos nossos
irmãos migrantes que ainda hoje arriscam a vida acossados pelas desventuras e a
fome. Neste sentido, creio que São José seja verdadeiramente um padroeiro
especial para quantos têm que deixar a sua terra por causa das guerras, do
ódio, da perseguição e da miséria.
No fim de cada acontecimento que tem José como
protagonista, o Evangelho observa que ele se levanta, toma consigo o Menino e
sua mãe e faz o que Deus lhe ordenou (cf. Mt 1, 24; 2, 14.21). Com efeito,
Jesus e Maria, sua mãe, são o tesouro mais precioso da nossa fé.[21]
No plano da salvação, o Filho não pode ser separado da Mãe,
d’Aquela que «avançou pelo caminho da fé, mantendo fielmente a união com seu
Filho até à cruz».[22]
Sempre nos devemos interrogar se estamos a proteger com
todas as nossas forças Jesus e Maria, que misteriosamente estão confiados à
nossa responsabilidade, ao nosso cuidado, à nossa guarda. O Filho do
Todo-Poderoso vem ao mundo, assumindo uma condição de grande fragilidade.
Necessita de José para ser defendido, protegido, cuidado e criado. Deus confia
neste homem, e o mesmo faz Maria que encontra em José aquele que não só Lhe
quer salvar a vida, mas sempre A sustentará a Ela e ao Menino. Neste sentido,
São José não pode deixar de ser o Guardião da Igreja, porque a Igreja é o
prolongamento do Corpo de Cristo na história e ao mesmo tempo, na maternidade
da Igreja, espelha-se a maternidade de Maria.[23] José, continuando a proteger
a Igreja, continua a proteger o Menino e sua mãe; e também nós, amando a
Igreja, continuamos a amar o Menino e sua mãe.
Este Menino é Aquele que dirá: «Sempre que fizestes isto a
um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40).
Assim, todo o necessitado, pobre, atribulado, moribundo, forasteiro, recluso,
doente são «o Menino» que José continua a guardar. Por isso mesmo, São José é
invocado como protetor dos miseráveis, necessitados, exilados, aflitos, pobres,
moribundos. E pela mesma razão a Igreja não pode deixar de amar em primeiro
lugar os últimos, porque Jesus conferiu-lhes a preferência ao identificar-Se
pessoalmente com eles. De José, devemos aprender o mesmo cuidado e
responsabilidade: amar o Menino e sua mãe; amar os Sacramentos e a caridade;
amar a Igreja e os pobres. Cada uma destas realidades é sempre o Menino e sua
mãe.
6. Pai trabalhador
Um aspecto que caracteriza São José – e tem sido evidenciado
desde os dias da primeira encíclica social, a Rerum novarum de Leão XIII – é a
sua relação com o trabalho. São José era um carpinteiro que trabalhou
honestamente para garantir o sustento da sua família. Com ele, Jesus aprendeu o
valor, a dignidade e a alegria do que significa comer o pão fruto do próprio
trabalho.
Neste nosso tempo em que o trabalho parece ter voltado a
constituir uma urgente questão social e o desemprego atinge por vezes níveis
impressionantes, mesmo em países onde se experimentou durante várias décadas um
certo bem-estar, é necessário tomar renovada consciência do significado do
trabalho que dignifica e do qual o nosso Santo é patrono e exemplo.
O trabalho torna-se participação na própria obra da
salvação, oportunidade para apressar a vinda do Reino, desenvolver as próprias
potencialidades e qualidades, colocando-as ao serviço da sociedade e da
comunhão; o trabalho torna-se uma oportunidade de realização não só para o
próprio trabalhador, mas sobretudo para aquele núcleo originário da sociedade
que é a família. Uma família onde falte o trabalho está mais exposta a
dificuldades, tensões, fraturas e até mesmo à desesperada e desesperadora
tentação da dissolução. Como poderemos falar da dignidade humana sem nos
empenharmos para que todos, e cada um, tenham a possibilidade dum digno
sustento?
A pessoa que trabalha, seja qual for a sua tarefa, colabora
com o próprio Deus, torna-se em certa medida criadora do mundo que a rodeia. A
crise do nosso tempo, que é económica, social, cultural e espiritual, pode
constituir para todos um apelo a redescobrir o valor, a importância e a
necessidade do trabalho para dar origem a uma nova «normalidade», em que
ninguém seja excluído. O trabalho de São José lembra-nos que o próprio Deus
feito homem não desdenhou o trabalho. A perda de trabalho que afeta tantos
irmãos e irmãs e tem aumentado nos últimos meses devido à pandemia de Covid-19,
deve ser um apelo a revermos as nossas prioridades. Peçamos a São José Operário
que encontremos vias onde nos possamos comprometer até se dizer: nenhum jovem,
nenhuma pessoa, nenhuma família sem trabalho!
7. Pai na sombra
O escritor polaco Jan Dobraczyński, no seu livro A Sombra
do Pai,[24] narrou a vida de São José em forma de romance. Com a sugestiva
imagem da sombra, apresenta a figura de José, que é, para Jesus, a sombra na
terra do Pai celeste: guarda-O, protege-O, segue os seus passos sem nunca se
afastar d’Ele. Lembra o que Moisés dizia a Israel: «Neste deserto (…) vistes o
Senhor, vosso Deus, conduzir-vos como um pai conduz o seu filho, durante toda a
caminhada que fizeste até chegar a este lugar» (Dt 1, 31). Assim José exerceu a
paternidade durante toda a sua vida.[25]
Não se nasce pai, torna-se tal... E não se torna pai,
apenas porque se colocou no mundo um filho, mas porque se cuida
responsavelmente dele. Sempre que alguém assume a responsabilidade pela vida de
outrem, em certo sentido exercita a paternidade a seu respeito.
Na sociedade atual, muitas vezes os filhos parecem ser
órfãos de pai. A própria Igreja de hoje precisa de pais. Continua atual a
advertência dirigida por São Paulo aos Coríntios: «Ainda que tivésseis dez mil
pedagogos em Cristo, não teríeis muitos pais» (1 Cor 4, 15); e cada sacerdote
ou bispo deveria poder acrescentar como o Apóstolo: «Fui eu que vos gerei em
Cristo Jesus, pelo Evangelho» (4, 15). E aos Gálatas diz: «Meus filhos, por
quem sinto outra vez dores de parto, até que Cristo se forme entre vós!» (Gl 4,
19).
Ser pai significa introduzir o filho na experiência da
vida, na realidade. Não segurá-lo, nem prendê-lo, nem subjugá-lo, mas torná-lo
capaz de opções, de liberdade, de partir. Talvez seja por isso que a tradição,
referindo-se a José, ao lado do apelido de pai colocou também o de
«castíssimo». Não se trata duma indicação meramente afetiva, mas é a síntese
duma atitude que exprime o contrário da posse. A castidade é a liberdade da
posse em todos os campos da vida. Um amor só é verdadeiramente tal, quando é casto.
O amor que quer possuir, acaba sempre por se tornar perigoso: prende, sufoca,
torna infeliz. O próprio Deus amou o homem com amor casto, deixando-o livre
inclusive de errar e opor-se a Ele. A lógica do amor é sempre uma lógica de
liberdade, e José soube amar de maneira extraordinariamente livre. Nunca se
colocou a si mesmo no centro; soube descentralizar-se, colocar Maria e Jesus no
centro da sua vida.
A felicidade de José não se situa na lógica do sacrifício
de si mesmo, mas na lógica do dom de si mesmo. Naquele homem, nunca se nota
frustração, mas apenas confiança. O seu silêncio persistente não inclui
lamentações, mas sempre gestos concretos de confiança. O mundo precisa de pais,
rejeita os dominadores, isto é, rejeita quem quer usar a posse do outro para
preencher o seu próprio vazio; rejeita aqueles que confundem autoridade com
autoritarismo, serviço com servilismo, confronto com opressão, caridade com
assistencialismo, força com destruição. Toda a verdadeira vocação nasce do dom
de si mesmo, que é a maturação do simples sacrifício. Mesmo no sacerdócio e na
vida consagrada, requer-se este género de maturidade. Quando uma vocação
matrimonial, celibatária ou virginal não chega à maturação do dom de si mesmo,
detendo-se apenas na lógica do sacrifício, então, em vez de significar a beleza
e a alegria do amor, corre o risco de exprimir infelicidade, tristeza e
frustração.
A paternidade, que renuncia à tentação de decidir a vida
dos filhos, sempre abre espaços para o inédito. Cada filho traz sempre consigo
um mistério, algo de inédito que só pode ser revelado com a ajuda dum pai que
respeite a sua liberdade. Um pai sente que completou a sua ação educativa e
viveu plenamente a paternidade, apenas quando se tornou «inútil», quando vê que
o filho se torna autónomo e caminha sozinho pelas sendas da vida, quando se
coloca na situação de José, que sempre soube que aquele Menino não era seu:
fora simplesmente confiado aos seus cuidados. No fundo, é isto mesmo que dá a
entender Jesus quando afirma: «Na terra, a ninguém chameis “Pai”, porque um só
é o vosso “Pai”, aquele que está no Céu» (Mt 23, 9).
Todas as vezes que nos encontramos na condição de exercitar
a paternidade, devemos lembrar-nos que nunca é exercício de posse, mas «sinal»
que remete para uma paternidade mais alta. Em certo sentido, estamos sempre
todos na condição de José: sombra do único Pai celeste, que «faz com que o sol
se levante sobre os bons e os maus, e faz cair a chuva sobre os justos e os
pecadores» (Mt 5, 45); e sombra que acompanha o Filho.
* * *
«Levanta-te, toma o menino e sua mãe» (Mt 2, 13): diz o
anjo da parte de Deus a são José.
O objetivo desta carta apostólica é aumentar o amor por
este grande Santo, para nos sentirmos impelidos a implorar a sua intercessão e
para imitarmos as suas virtudes e o seu desvelo.
Com efeito, a missão específica dos Santos não é apenas a
de conceder milagres e graças, mas de interceder por nós diante de Deus, como
fizeram Abraão[26] e Moisés,[27] como faz Jesus, «único mediador» (1 Tm 2, 5),
que junto de Deus Pai é o nosso «advogado» (1 Jo 2, 1), «vivo para sempre, a
fim de interceder por [nós]» (Heb 7, 25; cf. Rm 8, 34).
Os Santos ajudam todos os fiéis «a tender à santidade e
perfeição do próprio estado».[28] A sua vida é uma prova concreta de que é possível
viver o Evangelho.
À semelhança de Jesus que disse: «Aprendei de Mim, porque
sou manso e humilde de coração» (Mt 11, 29), também os Santos são exemplos de
vida que havemos de imitar. A isto nos exorta explicitamente São Paulo:
«Rogo-vos, pois, que sejais meus imitadores» (1 Cor 4, 16).[29] O mesmo nos diz
São José através do seu silêncio eloquente.
Estimulado com o exemplo de tantos Santos e Santas diante
dos olhos, Santo Agostinho interrogava-se: «Então não poderás fazer o que estes
e estas fizeram?» E, assim, chegou à conversão definitiva exclamando: «Tarde
Vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei!»[30]
Só nos resta implorar, de São José, a graça das graças: a
nossa conversão.
Dirijamos-lhe a nossa oração:
Salve, guardião do Redentor
e esposo da Virgem Maria!
A vós, Deus confiou o seu Filho;
em vós, Maria depositou a sua confiança;
convosco, Cristo tornou-Se homem.
Ó Bem-aventurado José, mostrai-vos pai também para nós
e guiai-nos no caminho da vida.
Alcançai-nos graça, misericórdia e coragem,
e defendei-nos de todo o mal. Amém.
Roma, em São João de Latrão, na Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria, 8 de dezembro do ano de 2020, oitavo do meu pontificado.
Francisco
nas Escrituras
http://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_letters/documents/papa-francesco-lettera-ap_20201208_patris-corde.html
[1] Lucas4, 22; João 6, 42; cf. Mateus 13, 55; Marcos 6, 3.
[2] Sacra Congr. dos Ritos, Quemadmodum Deus (8 de dezembro de 1870): ASS 6 (1870-71), 194.
[3] Cf. Discurso às Associações Cristãs dos Trabalhadores Italianos (ACLI) por ocasião da Solenidade de São José Operário (1 de maio de 1955): AAS 47 (1955), 406.
[4] Cf. Exort. ap. Redemptoris custos (15 de agosto de 1989): AAS 82 (1990), 5-34.
[5] Catecismo da Igreja Católica, 1014.
[6] Francisco, Meditação em tempo de pandemia (27 de março de 2020): L’Osservatore Romano (29/III/2020), 10.
[7] Homiliæ in Matthæum, V, 3: PG 57, 58.
[8] Homilia (19 de março de 1966): Insegnamenti di Paolo VI, IV (1966), 110.
[9] Cf. Livro da Vida, 6, 6-8.
[10]Todos os dias, há mais de quarenta anos, depois das Laudes, recito uma oração a São José tirada dum livro francês de devoções, do século XIX, da Congregação das Religiosas de Jesus e Maria, que expressa devoção, confiança e um certo desafio a São José: «Glorioso Patriarca São José, cujo poder consegue tornar possíveis as coisas impossíveis, vinde em minha ajuda nestes momentos de angústia e dificuldade. Tomai sob a vossa proteção as situações tão graves e difíceis que Vos confio, para que obtenham uma solução feliz. Meu amado Pai, toda a minha confiança está colocada em Vós. Que não se diga que eu Vos invoquei em vão, e dado que tudo podeis junto de Jesus e Maria, mostrai-me que a vossa bondade é tão grande como o vosso poder. Amen».
[11] Cf. Deuteronómio4, 31; Salmo 69, 17; 78, 38; 86, 5; 111, 4; 116, 5; Jeremias 31, 20.
[12] Cf. Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium (24 de novembro de 2013), 88; 288: AAS 105 (2013) 1057; 1136-1137.
[13] Cf. Génesis 20, 3; 28, 12; 31, 11.24; 40, 8; 41, 1-32; Números 12, 6; I Samuel 3, 3-10; Daniel 2; 4; Job 33, 15.
[14] Também nestes casos, estava prevista a lapidação (cf. Deuteronómio 22, 20-21).
[15] Cf. Levítico 12, 1-8; Êxodo 13, 2.
[16] Cf. Mateus 26, 39; Marcos 14, 36; Lucas 22, 42.
[17] São João Paulo II, Exort. ap.Redemptoris custos (15 de agosto de 1989), 8: AAS 82 (1990), 14.
[18] Francisco, Homilia na Santa Missa com Beatificações
(Villavicencio – Colômbia, 8 de setembro de 2017): AAS 109 (2017), 1061.
[23] Cf. Catecismo da Igreja Católica, 963-970.
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