Catecismo do Eleitor Católico em perguntas e respostas


O TEXTO ABAIXO é um excerto de uma pequena mas valorosa obra, escrita originalmente no ano 1960 pelo Revmo. Padre Edmundo Henrique Dreher (Companhia de Jesus)[1], um grande educador e exemplar sacerdote que, assim como ele mesmo vai dizer em seu prefácio, o fez com a intenção de prestar "um serviço a Deus, à Igreja e à pátria". Sua defesa objetiva dos princípios autenticamente cristãos, juntamente com as suas indicações claras e precisas, certamente encherão a muitos corações de saudades de um tempo que não viveram.

    Trata-se de uma leitura essencial para os nossos dias de confusão e divisões no seio da Igreja, em que tantos católicos têm caído na cilada de pensar que, nas eleições próximas, diante das opções que temos, tanto faz votar em um ou em outro, ou simplesmente não votar. Em muitas ocasiões, foi justamente esse tipo de engano que terminou por favorecer a implantação de algumas das mais sanguinárias ditaduras da História. Nunca é demais lembrar que um dos candidatos é contra a participação ativa da Igreja na sociedade, ao mesmo tempo em que é favorável à ideologia de gênero, a legalização total do aborto, à invasão de terras, à limitação da propriedade privada e até à censura: conforme já declarou em diversas oportunidades, se voltar ao poder vai promover uma tal regulação dos meios de comunicação com vistas a calar os seus opositores, como está acontecendo agora na Nicarágua, do seu parceiro político o ditador Daniel Ortega. Que os fiéis católicos despertem para a realidade, antes que seja tarde demais!



Que é um partido político?

Um partido político é uma agremiação de cidadãos de um mesmo Estado, os quais comungam dos mesmos ideais e convicções políticas, sociais e econômicas, e procuram ocupar cargos eletivos com seus candidatos, a fim de governar o Estado de acordo com seus princípios partidários. Os partidos políticos europeus incluem geralmente em seus ideais convicções filosóficas e religiosas. Não fazem assim os partidos norte, centro e sul-americanos. Muito embora os partidos americanos não professem, por via de regra, convicções filosóficas e religiosas, nem por isso deixarão de ter algum colorido filosófico e religioso, pois é humanamente impossível que assim não o seja.

Os partidos políticos, propondo ao povo suas convicções partidárias através de seus programas e oferecendo-lhe como garantia sua reputação e prestígio, facilitam-lhe o trabalho da escolha do candidato acertado.


São igualmente bons todos os partidos políticos?

 De forma nenhuma, pois do ponto de vista da eficiência há os que se devem considerar obsoletos; do ponto de vista moral-religioso, porém, há que se levar em conta os medíocres, os suspeitos e, enfim, os que são essencialmente maus.

Dentre os partidos políticos essencialmente maus, citemos o vulgarmente conhecido Partido Comunista. É essencialmente mau porque é declaradamente ateu. Além disso, defende princípios éticos que são filosoficamente insustentáveis e imorais. Citemos, entre outros, o seu utilitarismo estatal, segundo o qual o fim justificaria os meios, o que não passa de maquiavelismo imoral; canoniza a violência revolucionária, nega a propriedade privada de bens produtivos, etc. Nenhum cidadão católico poderá filiar-se a tal partido, sob pena de incorrer em excomunhão, isto é, de excluir-se ele mesmo automaticamente da Igreja Católica, com todas as consequências para esta e para a outra vida.
Para que um cidadão católico possa com tranquila consciência filiar-se a um partido político, não se exige que o partido seja rigorosamente católico, mas basta que defenda os princípios cristãos na sua filosofia, ética, sociologia, política e economia.

Um partido cujo programa fosse omisso a esse respeito seria grandemente suspeito, já por não considerar importante o que realmente é, já porque poderia aparentar estar ocultando segundas intenções.


 São igualmente bons todos os membros de um mesmo partido político?

De forma nenhuma, pois há cidadãos que ingressam num partido político bom com o intento de mais eficazmente ocultar suas inconfessáveis intenções de exploração do povo.

São eles indivíduos perigosos, aproveitadores dos desprovidos de sorte. Nem faltam vis exploradores que se arvoram hipocritamente em protetores dos operários. Costumam estes caracteres baixos filiar-se a partidos políticos com ideologia trabalhista, mas com o fim de, por um lado, satisfazer mais expeditamente sua vaidade de mando, uma vez que dispões de um eleitorado cuja capacidade de discernimento está na razão inversa de seu número, e por outro, explorar tanto mais eficazmente as massas proletárias que, embaídas com promessas de melhores dias, elegem os seus próprios carrascos.



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[1] DREHER, Edmundo. O Catecismo do Eleitor Católico, São Paulo: Realeza, 2022, pp. 17ss.

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