Segundo turno das eleições em 2022: o assunto mais importante neste momento

O LEITOR QUE SE IDENTIFICA como Marcelo O.C. deixou, na postagem do Padre Marcelo Tenório que explica a doutrina católica do mal menor (acesse), o comentário que reproduzimos abaixo:

"Um Católico de verdade não participa de eleições maçônicas, que é isso que a Democracia Liberal é de fato."

    O exemplo típico do puritanismo defendido por uma verdadeira multidão de supostos "católicos tradicionalistas" neste momento-chave da nossa história, e que está causando um mal imenso. Reproduzo a seguir, igualmente, nossa resposta ao leitor:

    Foi muito bom você ter dito isso aqui, Marcelo, porque esse seu pensamento deturpado é uma das principais razões de estarmos correndo o seríssimo risco de ver o nosso país voltando às garras de uma verdadeira hoste satânica, que promove toda espécie de mal condenado pela Igreja, no lugar de um sujeito que até agora nos garantiu, no mínimo, nossa liberdade de culto. Que parte de "OS CATÓLICOS, EM CASOS DE GRAVE CRISE E RISCO PARA A RELIGIÃO, TÊM A OBRIGAÇÃO DE OPTAR PELO CRITÉRIO DO MAL MENOR"[1] você não consegue entender?

    Sim, pessoas como você estão entre as grandes responsáveis por estarmos nessa situação de perigo extremo. Quando a igreja por aqui estiver sofrendo uma perseguição sangrenta semelhante a que acontece agora na Nicarágua do amigo de Lula, talvez vocês acordem, mas aí já será tarde demais.

    A situação, de fato, é desesperadora. Historicamente, candidatos que vencem o primeiro turno costumam confirmar a vitória no segundo. Confesso que estou prostrado e que está difícil encontrar forças até para continuar trabalhando, a considerar aquilo que pode estar nos esperando.

    É uma situação estranha. Por tudo aquilo que vem acontecendo nos últimos tempos, sabemos que temos que nos preparar para o pior, que passaremos por grandes tribulações, que os inimigos de Cristo terão, sim, o poder por um tempo. Sabemos que dias realmente muito difíceis virão, mas quando essa situação começa se concretizar diante dos nossos olhos, há uma frustração, uma dificuldade sem fim para aceitar que o pior realmente parece estar chegando.

    Falando concretamente do que houve e das expectativas para o futuro, os indícios de fr@ud3 são os mais aterradores. O Presidente eleger tantos apoiadores com votações expressivas e ele próprio não ter a mesma vantagem é algo altamente improvável, mas ainda pior são os números apresentados aqui para o Sul do país, que são absolutamente irreais: qualquer catarinense sabe que a vantagem de Bolsonaro aqui é realmente gigantesca, em todo o Estado essa vantagem é muito provavelmente maior que a de Lula no Ceará ou na Bahia. Isso é claríssimo, é algo tão nítido quanto a luz do sol. Basta sair às ruas ou ver, no próprio dia da votação, que 9 em cada 10 eleitores vestia verde e amarelo.

    Claro que é preciso considerar todas as gigantescas dificuldades que o atual Presidente sempre enfrentou, os leões titânicos que precisou matar todos os dias: uma máquina estatal 100% aparelhada por décadas a fio, as incríveis traições de tantos que se elegeram usando o seu nome, o jogo imundo da grande Imprensa, as mentiras infindáveis que tentavam manchar o seu nome todos os dias, a inacreditável tentativa de motim perpetrada por Moro (que agora, quando talvez já seja tarde, parece ter recobrado a consciência). 

    Pensar nas perseguições que virão, se as expectativas se concretizarem e o pior acontecer, é desolador. Com toda certeza, teremos um controle estatal acirrado da internet, das redes sociais e de todos os veículos de comunicação em um nível muito mais radical do que já ocorre agora. Até isso que estou fazendo aqui, agora, vai ficar muito difícil. A esse respeito, o líder da seita já prometeu que, se voltar ao poder, não será tão frouxo como da primeira vez.

    Empreendedores como Luciano Hang e jornalistas como Augusto Nunes ou Guilherme Fiuza (cujo desabafo indignado compartilhamos ao final desta) serão impiedosamente perseguidos e calados, talvez mesmo presos. A doutrinação das crianças será massiva, a interferência do Estado na educação dos nossos filhos aumentará a níveis que nem podemos imaginar agora. Padres (e também pastores) "conservadores" que se atreverem a repetir o que dizem as Sagradas Escrituras sobre homossexualismo, por exemplo, serão enquadrados, talvez encarcerados.

    Resta dizer o que todos já sabem: não podemos desistir, temos que acreditar, intensificar as orações e penitências e continuar lutando. Ao que tudo indica, agora só Deus poderá nos salvar do grande mal que nos assombra e ameaça. E apenas acrescente-se, ainda, que se a hoste demoníaca conseguir voltar ao poder, será quase impossível tirá-la de lá novamente. 

*  *  *    

    Mas há esse grande número de católicos idiotizados que encasquetaram na cabeça que tanto faz Lula ou Bolsonaro, porque um é comunista e outro liberal (ou maçom ou coisa do tipo), e as duas coisas sendo condenadas pela Igreja, então os dois seriam igualmente ruins e, logo, o católico não deve votar em nenhum deles.

    Sim, é verdade que nenhum dos dois representa o modelo do candidato católico ideal, mas a simples e evidente verdade é que não temos um Carlos Magno, um São Luís de França, um São Fernando de Castela ou um Garcia Moreno para escolher, então precisamos usar as armas que temos à mão e ajudar aquele que, mesmo estando muito longe do ideal, ao menos nos garante a liberdade de professar a Religião publicamente – sem contar a sua oposição à doutrinação marxista nas escolas e à ideologia de gênero, e ainda sem mencionar a questão do aborto.

    Não se engane: se Lula voltar ao poder e o aborto for irrestritamente legalizado em nosso país, cada alma inocente assassinada no ventre de sua mãe vai clamar ao Céu contra os omissos que deixaram de fazer a sua parte para evitar esse verdadeiro massacre.

    Já que Lula nem sequer apresentou plano de governo nesta campanha eleitoral, para não se comprometer agora, tente imaginar então o que ele tem em mente! Vou então repetir mais uma vez a verdadeira doutrina da Igreja Católica defendida por Santos como Afonso Maria de Ligório, suplicando aos Céus que aqueles que pensam como nosso leitor sejam capazes de remover as escamas dos seus olhos!

    OS VERDADEIROS CATÓLICOS, EM CASOS DE GRAVE CRISE E RISCO PARA A RELIGIÃO, TÊM A OBRIGAÇÃO DE OPTAR PELO CRITÉRIO DO MAL MENOR.

    OS VERDADEIROS CATÓLICOS, EM CASOS DE GRAVE CRISE E RISCO PARA A RELIGIÃO, TÊM A OBRIGAÇÃO DE OPTAR PELO CRITÉRIO DO MAL MENOR.

    OS VERDADEIROS CATÓLICOS, EM CASOS DE GRAVE CRISE E RISCO PARA A RELIGIÃO, TÊM A OBRIGAÇÃO DE OPTAR PELO CRITÉRIO DO MAL MENOR.

    Bolsonaro, neste momento, claramente representa o mal menor. Terá ficado claro, ou será que teremos que desenhar em 3D e depois escrever um tratado para explicar o desenho?

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[1] Apud Cons. Pontifício para a Família, Lexicon, Verb. 'Princípio e Argumento do mal menor'. Roma, 2002, p.783.