NOSSO ARTIGO SOBRE a postura dos católicos puritanos que se recusam a votar em Bolsonaro, por considerarem que este é tão ruim quanto Lula (leia aqui) gerou discussão em certos grupos dos quais participamos. De fato, essa bizarra forma de pseudotradicionalismo é um dos fatores que impede uma ação efetiva na formação dos fiéis católicos – e somente isso é que poderá mudar a nossa situação, em sentido amplo. Na verdade, esse posicionamento de isenção faz parte dos planos dos revolucionários, de imobilizar os opositores.
Muito antes, os inimigos de Cristo já tinham conseguido emplacar no cerne da Igreja (por meio da sua infiltração, que foi mais do que bem sucedida) a ideia da necessidade de separação entre Igreja e Estado. A dúvida foi instaurada nas mentes, e busca-se desde então separar política e Fé, como se esta segunda coisa não servisse para a vida prática, como se não devesse concretamente fazer diferença em nossas vidas, mas tivesse que se limitar à esfera pessoal e privada. Isso é o exato oposto do que se viu durante séculos, quando a Igreja exerceu sua divina autoridade sobre as regras morais da sociedade ocidental. Por outro lado, o caos que temos agora é um amargo fruto daquilo que o modernismo sempre quis e conseguiu realizar: isolar a Igreja, destitui-la radicalmente do seu poder e da sua influência na política. E isso desgraçadamente aconteceu.
Uma posição de reação política católica deve ser assumida no Brasil neste momento: falando da eleição presidencial em curso, emergencialmente é preciso escolher entre as duas alternativas das quais dispomos, sendo que nenhuma delas é a ideal. Lamentavelmente, esta é a simples e dura realidade; é perda de tempo brigar com os fatos ou sonhar com utopias. Mas, diante dessa gritante realidade, é imperioso entender a coisa mais importante: se, com o auxílio da Graça divina, conseguirmos passar por esse segundo turno elegendo Bolsonaro, então o que será feito, a partir daí, para que não se repita de novo a situação dramática em que nos encontramos agora? O que faremos, concretamente falando, para minimizar as ações dos revolucionários durante o próximo governo e nas próximas eleições? O que faremos para que o Presidente reeleito, se o for, consiga governar e implantar as pautas pelas quais terá sido confirmado ao cargo de – supostamente – mandatário máximo da nação? O que faremos para que ele não continue sendo manietado por togados não eleitos, que não escondem a sua militância ideológica nem se envergonham de rasgar a Constituição em prol de suas próprias pautas?
Os verdadeiros católicos – e neste momento é preciso considerar como nossos aliados todas as pessoas de confissão cristã e todos os cidadãos honestos e de boa vontade –, precisam enfrentar os poderes titânicos dos revolucionários globalistas, tanto no mundo quanto dentro da própria Igreja. O caos em que vivemos hoje é o resultado da inoperância anterior dos ditos conservadores e/ou tradicionalistas, seja pelo mencionado receio que lhes foi incutido de misturar política com religião, seja porque, apesar de já entendermos como a infiltração aconteceu (temos muitos bons livros e artigos publicados a respeito), continuamos limitados somente ao campo dos estudos: agora, já sabemos como se deram as coisas, mas permanecemos numa posição imóvel, meramente acadêmica, inertes no conhecimento teórico da coisa, sem evoluir para as suas implicações práticas.
Até hoje não partimos para a ação efetiva, para o enfrentamento real e prático da situação, com a elaboração de uma estratégia de ocupação de espaços, como os inimigos de Cristo sempre souberam fazer e fizeram muitíssimo bem, com admirável empenho e incrível persistência. Se não, vejamos: há apenas 4 anos, o fundador e líder do PT (vulgo 'partido das trevas') parecia completamente derrotado. Fora condenado em três instâncias, com abundantes provas dos seus crimes contra a nação (quem se esqueceu, por exemplo, dos depoimentos do seu próprio ex-ministro Palocci, ou de Marcelo Odebrecht?), por corrupção em níveis nunca antes vistos no mundo; encontrava-se encarcerado, impedido de voltar disputar cargos públicos e totalmente desacreditado pela população, com um altíssimo nível de rejeição popular. Nesse curtíssimo espaço de tempo, ele conseguiu ser solto, "descondenado", voltar a disputar as eleições para o cargo mais importante da nação e – inacreditavelmente – vencer o primeiro turno!
Precisamos de algo que faça diferença concreta na evangelização e também na formação política dos fiéis. As coisas precisam ser ditas e explicadas de forma simples, com linguagem objetiva e fácil de entender, fundamentada na Sá Doutrina de Cristo e na sua aplicação política.
Bons conhecimentos teológicos e filosóficos clássicos são necessários, mas a necessidade da sua aplicação prática no mundo de hoje é gritante e ainda mais urgente. Todos os cidadãos tementes a Deus, incluindo-se especialmente os mais humildes, devem ser recrutados. E isso se faz com paciência, determinação, estratégia, persistência e caridade. Precisamos, com a máxima urgência, aplicar o que aprendemos da Teologia e da Filosofia na política. Precisamos de uma formação dos fiéis católicos para uma outra visão de mundo, a visão católica, pois a visão política que temos hoje é, toda ela, progressista e fundamentada em valores iluministas/modernistas; logo, são valores anticristãos. Eis a grande barreira a ser vencida.
Sessenta anos depois da tragédia Vaticano II, vejo que a maioria dos católicos mais esclarecidos ainda patina no estágio de estudar para tentar entender o que aconteceu com a Igreja! O que fizemos até agora para combater o inimigo em seu campo de ação mais eficaz, que é a política? Enquanto isso, o mesmo inimigo está a deformar multidões de fiéis católicos pelo mundo com cartilhas de linguajar simples, com cursos de participação direta, atuando nas periferias, com professores universitários a preparar materiais efetivos de ideologização das massas, sempre bem estruturados e voltados também para pastorais e catequistas. Há toda uma geração de crianças e jovens que está, neste exato momento, sendo impiedosamente doutrinada em salas de aula, por militantes esquerdistas travestidos de professores. As raras tentativas de reação são imediata e violentamente suprimidas. E, mesmo assim, uma ação louvável e realmente necessária como o "Escola sem partido" foi rechaçada, e por quê? Porque os próprios conservadores se dividiram e disputaram entre si quanto aos termos e detalhes do projeto. Enquanto a casa pega fogo, intelectuais continuam a discutir sobre a cor das paredes...
Já os políticos, mesmo os que se dizem católicos, fazem apenas adotar o mesmo linguajar já utilizado pela população, que é o revolucionário, calcado na utopia da igualdade, da aceitação das "diversidades", da luta de classes, etc. Misturam tudo, pois não existe à disposição um contraponto ideológico político em materiais bem elaborados e de simples entendimento.
Por fim, choca e entristece ver que os maiores influenciadores e grupos católicos de que dispomos ainda se limitam a escandalizar-se com bispos e padres que traem o Evangelho defendendo bandeiras revolucionárias e anticristãs, sem avançar além disso. Acontece que nós não deveríamos mais nos escandalizar, porque o escândalo virou a regra, virou rotina, virou o padrão e a norma na Igreja pós-Vaticano II, e isso há 60 anos! Precisamos aceitar a situação. Precisamos aceitar e reconhecer que uma nova e falsa igreja instalou-se no lugar da verdadeira Igreja de Cristo, usurpando-lhe o poder e praticamente todos os seus espaços, e fazer algo a respeito!
Um bom exemplo é o caso do Centro Dom Bosco, que é bem organizado, cresceu muito nos últimos anos e soube estruturar-se com a republicação de obras católicas clássicas/tradicionais. Essa associação leiga, com o apoio de diversos bons padres e bispos, ganhou relevo e hoje exerce influência considerável sobre boa parte do povo católico, os que ainda querem se manter fiéis a Cristo e à sua verdadeira Igreja. São pessoas que sonham com um resgate da moral autenticamente católica na sociedade, e isso é bom. Mas... o que fazem de realmente concreto, que se reverta em mudança efetiva da nossa situação? Além de reunirem-se e disponibilizar algumas aulas sobre disciplinas da História, da Filosofia e da Teologia, principalmente publicam vídeos sobre os muitos escândalos dos maus padres, bispos, e do próprio Papa. Mas que resultado concreto está-se obtendo com essas ações?
A resposta é bastante óbvia: essa linha de ação (?) não funciona, não surte praticamente nenhum efeito concreto, porque a verdade é que o tempo para o escândalo já passou – e passou há décadas. Esses inimigos da Igreja, que estão ativos há séculos, conseguiram tomar o poder a partir do Concílio Vaticano II; hoje, a situação se agravou a níveis insuportáveis com Francisco. E nós, que fazemos? Ainda nos limitamos a tentar entender o que aconteceu e a nos escandalizar? Já entendemos o que está acontecendo. Também já estamos cansados de sermos humilhados, praticamente todos os dias, com o novo escândalo da vez. Mas o mero conhecer e escandalizar-se já deveria ter passado e cumprido o seu papel, dando lugar às ações práticas e efetivas.
O estudo e a leitura de grandes autores do passado são necessários para os pensadores das estratégias, mas estes devem, a partir daí, produzir materiais simples de entender para a população, assim como fazem os revolucionários na Igreja. Com materiais de fácil compreensão, pode-se combater o sentido ideológico das verdadeiras cartilhas esquerdistas que vêm sendo implantadas pela CNBB e por tantos maus padres e bispos. Sabemos já que essas cartilhas progressistas são financiadas por grandes organizações e fundos estrangeiros globalistas que têm interesse em governos socialistas, como os que já estão implementados na Europa, nos EUA, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, países da América do Sul e Central. O mundo ocidental já é socialista. Falta ainda o domínio completo no Brasil.
Insistimos que a medida emergencial e imediata para evitar uma vitória acachapante dos revolucionários em nosso país é enfrentar com luta este segundo turno eleitoral: o único caminho é conquistar votos em Bolsonaro. Mas, além disso, é urgente que todos os cristãos e todas as pessoas de bem tomem uma atitude e assumam a sua obrigação na luta pela formação efetivamente católica dos fiéis, não só para tempos de eleições, mas para que um mundo diferente seja possível. Cabe lembrar que os revolucionários nunca se preocuparam com quanto tempo levariam para atingir o poder: eles sempre lutaram sem cessar, sistemática e incansavelmente, unidos em prol de um objetivo comum, sem nunca desanimar.
Não podemos mais simplesmente esperar que algo diferente "aconteça", por mágica ou por intervenção divina. O milagre está em nossas mãos, pois Deus nos colocou aqui, nesta situação, para que façamos a nossa parte como cristãos e povo fiel a Ele! É necessário identificar com clareza o que se quer para o futuro. Até hoje nada pudemos fazer, porque estivemos sempre desorganizados e desunidos, sem poder acreditar que o pior aconteceria, como realmente está acontecendo agora. Se continuarmos simplesmente pasmados, bestificados com quem vai conquistar o poder sobre nós, se não entendermos as estratégias do inimigo e começarmos a usá-las a nosso favor, se não houver uma mudança de posições e táticas nessa grande batalha, então a guerra já está perdida.
E esperaremos a volta do Cristo indignamente, por não termos cumprido a missão a nós confiada, de mudar o panorama desse campo de batalha, que terá sido tragicamente perdida. Sempre muito ingênuos e fracos, só teremos feito estudar e nos escandalizar. E mais nada.
Cerca de 37 milhões de pessoas aptas se abstiveram de votar no primeiro turno, ou votaram branco/nulo. Os chilenos fizeram essa besteira, e vejam no que deu. E as previsões por lá são sombrias. Não há desculpa: quem se omite neste caso é responsável pelo resultado.
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