Artigo do Prof. Igor Andrade
Seria mais ou menos assim que iniciaria uma chamada clandestina para uma rádio católica em tempos de perseguição. E tal podemos pensar porque foi assim que iniciou uma chamada da "Rádio Libertadora", uma rádio comunista clandestina no tempo da ditadura militar (que era mais mole que dura, diga-se de passagem). Antes de mais nada, permito-me explicar a razão de minha comparação entre uma ação católica com uma ação comunista. Não, amigo, não vim aqui fazer um discurso de teólogo da libertação, mostrando “elementos revolucionários” no cristianismo. Ao contrário, vim separar o joio do trigo. Vim trazer divisão, levantando um muro entre nós e eles para que possamos nos reagrupar e agir como católicos que somos.
Toda ideologia é uma religião. Repito: Toda ideologia é uma religião. Com mais ênfase: TODA IDEOLOGIA É UMA RELIGIÃO. Cada qual ao seu modo, toda ideologia é uma religião. Mas não como a nossa Religião. Nós temos um Deus, eles têm um nada - e essa é a única diferença essencial entre nós e eles. É a única, porque em todo o resto a Igreja Católica e as ideologias compartilham práticas, símbolos e gestos em comum.
Nós nos reunimos em volta de uma doutrina, grupos ideológicos também - uns são liberais, “liberdade individual acima de tudo”; outros são socialistas, “o bem comum acima de tudo”; outros ainda são fascistas, “união dos indivíduos acima de tudo”; e assim por diante, cada qual com a sua doutrina. Nós temos ritos de iniciação, eles também - porque trotes em universidades que degeneram a moral dos alunos não poderiam ser chamados de outra forma. Nós temos a excomunhão, uma forma singular de separar de nós os perniciosos, eles também – tente chegar em um grupo ideológico e falar algo que contrarie sua ideologia e veja a excomunhão acontecer. Nós temos o sacerdote, que no ritual mais importante diz “isto é o meu corpo”, eles têm o aborto, uma missa negra onde a mulher diz exatamente as mesmas palavras.
Mas nós também temos um núcleo que não nos permite aderir a quaisquer ideologias porque não se adéqua a nada que não a si mesmo: Deus. Nós temos Deus, eles têm o nada. O Cardeal Robert Sarah, em um de seus livros-entrevista deixou claro que essa é a escolha do homem moderno: Deus ou Nada. Tomo aqui a liberdade de sobrescrever Josué, e digo: Escolhei hoje a quem quereis servir: se ao nada da ideologia mais tradicional, a quem serviram os vossos pais além do rio, se ao nada da ideologia do momento. Porque, quanto a mim, eu e minha casa serviremos o Senhor" (cf. Jos 24,15).
Nós somos católicos! Repito, senhores, NÓS SOMOS CATÓLICOS! Não somos simplesmente conservadores, liberais ou assistencialistas. Nós somos católicos, defendemos nossas tradições, nossa liberdade e nosso povo, e somos chamados a amar-nos uns aos outros como o Cristo nos amou. Os conservadores são covardes, querem sempre estar um passo antes da revolução, mas jamais a impedem de acontecer para “não ferir a lei”; os liberais são covardes, defendem apenas a si mesmos; os progressistas são covardes, defendem sempre as próprias opiniões sobre uma realidade distorcida. Nós não, nós somos católicos!
Peço boa vontade e que não se escandalizem. Não se pode servir a dois senhores, não se pode servir a Deus e ao Nada. Ou somos católicos ou somos ideólogos. E se somos católicos devemos trabalhar para alargar cá embaixo as fronteiras do reino de Deus. E aqui chego ao ponto inicial de meu discurso.
Comparei-nos aos comunistas porque aqui no Brasil eles obtiveram sucesso em sua revolução, como pudemos observar nos últimos dias com a eleição de um senhor que não pode ser nomeado. E que fez o candidato menos ruim? Abaixou a cabeça e cedeu como um cão cujo dono faz sinal de reprovação. Aquele que dizia ser a favor da família abandonou as famílias brasileiras que saíram às ruas clamando por justiça e refugiou-se num palácio. Aquele que dizia ser a favor da lei abaixou a cabeça e desviou o olhar do legicídio feito em rede nacional. Aquele que dizia ser a favor da liberdade ignorou o clamor do povo por liberdade. Ele eu ainda posso nomear, e por isso digo com convicção: o Excrescentíssimo Senhor Presidente da República Jair Messias Bolsonaro é um cão covarde e traidor indigno de confiança e de ocupar o cargo que ocupa e que o passará a um senhor mais excrescentíssimo, indigno e traidor que ele.
E como nós podemos obter sucesso em nossa empreitada de conseguir o poder para que Nosso Senhor reine neste mundo? Percorrendo uma trilha muito semelhante à que percorreram os ideólogos, a mesma trilha que percorreram nossos pais na Fé.
Hoje somos um grupo muito pequeno, traído por nossos próprios líderes (Sua Santidade, o Papa Francisco, Papa de Roma, muitos cardeais, muitos bispos diocesanos e muitos padres) e por isso mesmo precisamos ser fiéis Àquele que sempre estará conosco até o fim dos tempos. Esta é a razão pela qual fiz questão de diferenciar-nos dos ideólogos, membros de uma religião sem Deus, para que, quando alguém nos criticar, que nos critique por nossas virtudes, e não por nossos vícios.
Sendo um grupo muito pequeno, precisamos de duas coisas: ocupar espaço e trazer gente para nosso lado. Foi assim que nossos pais na Fé conquistaram o Ocidente. Lembro-me da história de dois santos mártires, cujos nomes não me recordo: Um deles era oficial romano no ano em que o Imperador exigiu que se lançasse aos pés de sua estátua um punhado de incenso em sinal de adoração. O santo oficial, sendo católico, não podia fazer tal gesto, e então lançou ao chão suas insígnias de oficial e negou-se. Evidentemente, a pena por sua deserção era a morte, mas os romanos precisavam colocar tudo dentro do processo, então chamaram um escrivão, que negou-se a registrar o caso, uma vez que também era católico e não trairia um irmão de fé.
Repare, amigo, como essa é a estratégia que nossos pais na Fé adotaram e como é essa a estratégia que nós temos que adotar. Se tomarmos o Estado ocupando lugar nossos irmãos não serão julgados nem processados por sua fé. Nós paralisaremos o Estado, e, com o tempo, o Estado será nosso e de Nosso Senhor.
Temos que ocupar espaço, mas ainda somos muito poucos. Então vem a outra parte: trazer gente para o nosso lado. Isso é um mandamento de Nosso Senhor “ide pelo mundo e pregai o Evangelho a todas as nações e batizai-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”, mas também é a chave da nossa estratégia. Como os comunistas fizeram isso? Através daquilo que chamam de “trabalho de base”. Disse o senhor Carlos Marighela: “Precisamos trabalhar pela base. Mais e mais pela base” e a este conselho não devemos nós fazer ouvidos moucos. Trabalhemos “pela base” da forma que sempre fizemos: indo nas casas das pessoas rezar e pregar o Evangelho. Com certeza na sua paróquia tem algum grupo que reza o terço nas casas, entre neste grupo - e se não tiver, crie-o, o padre, por mais comunista que seja, gostará da ideia e te apoiará; vá, então, nas casas das pessoas do seu bairro e reze o terço, invocando a presença de Nosso Senhor, anunciando o Evangelho e trazendo essas pessoas para a Verdadeira Fé. Prometa a Vida Eterna porque Cristo no-la prometeu; prometa a felicidade eterna, porque Cristo no-la prometeu e no-la dará.
Como você ocupará o espaço? Indo ao tribunal da tua cidade e inscrevendo-se para ser jurado, abrindo o site da sua prefeitura e informando-se sobre como virar conselheiro tutelar, candidatando-se a vereador ou apoiando candidatos católicos, virando professor (caso tenha formação), fazendo concurso público, retomando o controle da tua paróquia através do Ministério da Palavra, da Eucaristia, da Catequese e do terço nas casas. Independentemente de como você o fizer, seja sempre puro como uma pomba e astuto como uma serpente.
Façamos muitos grupos e apoiemo-nos mutuamente nas ações em comum, ainda que não saibamos quem está fazendo o quê, porque não importa quem, importa ser católico. Se um irmão abre um comércio, compre dele; se um irmão organiza uma aula, vá ouvi-lo; se um irmão faz um abaixo-assinado para uma denúncia, assine-o; se um irmão for perseguido, esconda-o em sua casa.
Não fique com intrigas. Uns são mais tradicionais, outros são carismáticos, outros são do grupo X ou Y. Não importa. Nossas divergências devem ser discutidas internamente entre nós, para os outros somos católicos.
Faça sua escolha, amigo: Deus ou Nada. Quanto a mim, eu e minha casa serviremos ao Senhor. Estamos em guerra, e que preciosa é essa guerra! O prêmio dos vencedores é o Céu! Essa é a ação católica, seja bem-vindo.
MUITO BOM esse texto e o anteiror tambem! Aqui é o melhor site católico!!!!
ResponderExcluir