A Destruição de Leviatã em gravura de Gustave Doré (1865) |
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ENCERRAMOS O ESTUDO ANTERIOR salientando que toda a premissa essencial apresentada até este ponto não vai encerrar a questão; por óbvio é preciso encontrar, agora, as fundamentadas explicações para certas histórias aparentemente absurdas, contraditórias ou aparentemente incompatíveis com a Doutrina cristã (como as trazidas por nossa leitora Samanta) contidas na Bíblia. Prossigamos, então.
Terá o profeta Eliseu, enquanto caminhava com destino a Betel, ao ser molestado por um grupo de jovenzinhos que inocentemente o provocava por conta de sua calva, reagido com desproporcional violência, lançando maldições em Nome do Senhor contra aqueles meninos, sendo que o Livro dos Reis (2,23-24) relata que, então, por conta disso, surgiram duas ursas do bosque e despedaçaram quarenta e dois desses meninos, ceifando-lhes as vidas?
Já no Livro de Números, vemos Balaão a castigar sua jumenta para que andasse (eis que ela se recusava porque via o Anjo do Senhor diante de si). A seguir, o animal fala, passando a se lamentar e protestar contra seu dono – inclusive com sabedoria –, ao que Balaão, nada surpreso, simplesmente responde e discute com a besta (até que ele também vê o Anjo, e então ambos se entendem e seguem o seu caminho![1]
Há diversas passagens semelhantes no AT, que surpreendem e chocam os desavisados. Algumas contém violências e crueldades realmente perturbadoras, completamente incompatíveis com o Deus anunciado por Jesus Cristo, que São João Evangelista vai identificar com o próprio Amor personificado (1Jo 4,8), Amor perfeito que conforta e lança fora todo medo (1Jo 4,18).
No capítulo 19 do Livro dos Juízes, por exemplo, encontramos a trágica história de um levita que, hospedado na casa de um ancião em Gabaá, para se livrar de ser violentado sexualmente por um bando de criminosos que ao anoitecer cercara aquela residência, entrega-lhes sem hesitação a sua jovem esposa, para que abusassem dela à vontade, “por toda a noite, até amanhecer”. Pela manhã, ele sai da casa, aparentemente sem nenhuma dor de consciência, e, ao encontrá-la moribunda, prostrada com as mãos à soleira da porta, diz-lhe simplesmente: “Levanta-te e partamos!”.
Sem obter resposta, põe o corpo da moça sobre seu jumento e parte. Ela morre no caminho. Ao chegar em sua casa, retalha o corpo da jovem com um cutelo e o divide em doze partes, as quais envia por “todo o território de Israel”. Diz-se ainda que antes de acontecer tudo isso, o ancião que os hospedara naquela casa já havia também oferecido sua filha virgem, para que os bandidos fizessem dela tudo o que quisessem, desde que poupassem o levita de “tal infâmia”.
Passagens desse tipo não são raras no Antigo Testamento, e sua explicação é sempre dificílima. Mas a pergunta que cabe é: devem ser tomadas literalmente? Não haverá um sentido maior e mais profundo, provavelmente simbólico, oculto por trás de tais narrativas?
Enquanto católicos, acreditamos ou temos que acreditar que, literalmente, uma serpente ofereceu um fruto, colhido de uma árvore, a uma mulher? Cremos ou precisamos crer literalmente em um peixe que engole um homem, e que tal homem permanece por três dias e três noites dentro do ventre desse peixe, rezando e clamando por misericórdia a Deus dali de dentro, até ser vomitado, vivo e inteiro, numa praia, para que cumprisse a sua missão?[2]
Sim, é verdade: se cremos em um Deus que pode do nada criar tudo, um Deus Todo-Poderoso que traz o Universo à existência apenas por sua Vontade e por meio da sua Palavra, então, já não podemos nos arrogar o direito de duvidar de nenhuma dessas coisas, por mais que nos pareçam inacreditáveis. Mas também é verdade, por outro lado, que precisamos ser honestos e considerar (e reconhecer ainda) que a hipótese da linguagem alegórica para esses casos não só é possível, como também é favorável ao contexto das Escrituras como um todo – e principalmente precisamos saber que é também perfeitamente admitida pela Igreja.
Além do que já apresentamos, temos os grandes problemas clássicos, que seriam insolúveis com uma adesão rígida e irracional à literalidade da letra, em perguntas como estas:
• Como podia haver “tarde e manhã” no primeiro dia (Gn 1,5), se não havia ainda Sol e Lua para demarcá-los?
• Como explicar a finalidade do céu segundo o Gênesis, que o autor sagrado define como uma espécie de colossal estrutura que, segundo a literalidade do texto (Gn 1,6-8), tem a função de “separar as águas que estavam embaixo do firmamento das que estavam por cima”?
• O texto do Gênesis também retrata Deus colocando os trilhões de astros no firmamento do céu com a simples finalidade de “iluminar a Terra” (Gn 1,17-17). Será sensato crer nisto “ao pé da letra”? Por sermos católicos, somos obrigados a crer em tais coisas literalmente?
Há muitos, muitos outros exemplos semelhantes que poderíamos citar, mas isso realmente não é necessário. Basta saber que o problema sem dúvida existe.
Um modo temerário e não muito honesto de encarar o problema é reconhecer que a Bíblia contém, sim, mitos, mas que apenas os está citando para desvelá-los, já que isso é coisa muito diferente de perpetrá-los ou difundi-los. Nesse caso, os mitos em questão seriam exclusivamente aqueles atribuídos aos pagãos, e citados sempre somente como exemplos da sua falsidade e engano: um desses mitos dizia que Baal podia responder com fogo ao ser invocado por seus sacerdotes[3]; já os filisteus tinham o mito do Rei-peixe, Dagom, e para os cananeus era o mito da rainha dos céus, que exigia incenso e libações de seus adoradores (Jr 44, 17-25). Há, também, certos tipos específicos de mitos, como os dos egípcios, segundo os quais os rios, os astros e os reis, além de uma série de animais, eram deuses: o Nilo, o Sol, gatos, escaravelhos e pássaros, além do próprio Faraó, eram adorados como seres divinos.
Todavia a finalidade deste estudo é demonstrar e prevenir o estudante de que ele vai se deparar, em algum momento, com essa dificuldade[4]. Que é preciso, pois, estar bem preparado, é uma constatação inevitável. Este Curso, de fato, não pode pretender ditar todas as respostas prontas e definitivas sobre tudo. Apresentaremos, isto sim, os caminhos de interpretação que a Igreja nos propõe ou permite, facilitando tanto quanto nos for possível a que cada estudante encontre as respostas, por seus próprios esforços, ancorado em sua Fé e em sua consciência diante de Deus. Prossigamos.
Para que a pergunta “A Bíblia contém mitos?” seja devidamente analisada, cite-se de passagem que teólogos protestantes como Trench[5] terminaram por fazer o papel de “profetas do óbvio”, reconhecendo que sim, é possível detectar mitos (enquanto gênero literário e neste sentido estrito) na Bíblia, ao menos em dois casos inequívocos presentes no Antigo Testamento: a primeira encontra-se no Livro dos Juízes (9, 8-15), contada por Joatão no Monte Garizim, falando ao povo de Siquém, reunido no vale abaixo, tentando mostrar-lhes a loucura de escolher para rei um homem de caráter duvidoso como seu irmão Abimelec, que havia matado a todos os seus outros irmãos[6], filhos de Jerobaal.
Joatão conta-lhes então a seguinte fábula:
Um dia as árvores se puseram a caminho para ungir um rei que reinasse sobre elas. Disseram à oliveira: ‘Reina sobre nós!’. A oliveira lhes respondeu: ‘Renunciaria eu ao meu azeite, que tanto honra aos deuses como aos homens, a fim de balançar--me por sobre as árvores?’ Então as árvores disseram à figueira: ‘Vem tu, e reina sobre nós!’ A figueira lhes respondeu: ‘Iria eu abandonar minha doçura e o meu saboroso fruto, a fim de balançar-me por sobre as árvores?’. As árvores disseram então à videira: ‘Vem tu, e reina sobre nós!’ A videira lhes respondeu: ‘Iria eu abandonar meu vinho novo, que alegra os deuses e os homens, a fim de balançar-me por sobre as árvores?’ Então todas as árvores disseram ao espinheiro: ‘Vem tu, e reina sobre nós!’ E o espinheiro respondeu às árvores: ‘Se é de boa fé que me ungis para reinar sobre vós, vinde e abrigai-vos à minha sombra. Se não, sairá fogo dos espinheiros e devorará os cedros do Líbano!’
Assim, pois, se foi de boa fé e com lealdade que agistes quando fizestes rei a Abimelec, se procedestes bem com Jerobaal e sua casa, se o tratastes segundo mereciam os seus atos, visto que meu pai lutou por vós e por vós arriscou a vida, e vos livrou das mãos de Madiã, no entanto, hoje vos levantastes contra a casa de meu pai, assassinastes os seus filhos, setenta homens, sobre uma mesma pedra, e fizestes rei sobre os homens notáveis de Siquém a Abimelec, o filho de sua serva, porque é vosso irmão!
(Jz 9, 8-18)
O espinheiro inútil retratado na fábula contada por Joatão claramente representa seu irmão Abimelec (um assassino cruel e uma escolha perigosa ou no mínimo imprudente, para o governo do povo de Siquém), pois segundo ele o conflito resultaria, analogamente falando, em “fogo na floresta”.
O espinheiro do Líbano mandou dizer ao cedro do Líbano: ‘Dá tua filha por esposa a meu filho’, mas os animais selvagens do Líbano passaram e pisaram o espinheiro.
(2Rs 14.9)
Alguns Profetas empregam também de linguagem figurativa que talvez se aproxime da categoria das fábulas, como por exemplo o poema de Ezequiel concernente à leoa e seus leõezinhos (conf. Ez 19, 2-9). Mas não pára por aí. A Bíblia também diz – ou dá a entender, em uma passagem que alguns veem até com certa pitada de humor – que o Deus de Israel exigiu aos filisteus uma oferta de hemorroidas[7] e ratos de ouro para ser apaziguado (1Sm 5.6), em um episódio bastante contrastante com o contexto geral dos Livros sagrados.
Indo mais além, encontraremos no Antigo Testamento não poucas citações a monstros reconhecidamente mitológicos, como Beemot (ou Behemoth, em Jó 40,15ss.), e serpentes marinhas, em Jó, nos Salmos e em Isaías, e até mesmo à luta de Leviatã contra o Deus de Israel (Salmo 74(73),14; Isaías 27,1), na qual estão claramente representados o Poder do Bem e da Ordem criadora e mantenedora do Universo contra os poderes do mal e da dissolução, que no seu contexto epocal, muito possivelmente representam os povos inimigos de Israel [8].
Naquele dia, punirá YHWH, com a sua espada pesada, imensa e forte, a Leviatã, serpente escorregadia; [punirá] a Leviatã, serpente tortuosa, e matará o monstro que habita o mar. (Is 27,1)
Tu porém, ó Deus, és meu Rei desde a origem, Quem opera libertações pela terra; Tu dividiste o mar com o teu poder, quebraste as cabeças dos monstros das águas; Tu esmagaste as cabeças do Leviatã, dando-as como pasto aos monstros do mar. (Sl 73, 12-14)
Leviatã é o maior dos monstros marinhos, aparentemente um híbrido de dragão e serpente colossal invencível, o qual descreve o capítulo 41 do Livro de Jó com uma vividez impressionante:
(...)somente vê-lo atemoriza. Não se torna cruel, quando é provocado? Quem lhe resistirá de frente? Quem ousou desafiá-lo e ficou ileso? Ninguém, debaixo do céu. Não quero calar quanto à glória dos seus membros, nem da sua força incomparável. Quem abriu sua couraça e penetrou por sua dupla armadura? Quem abriu as portas de suas fauces, rodeadas de dentes terríveis? Seu dorso são fileiras de escudos, soldados com selo tenaz, tão unidos uns aos outros que nem um sopro por ali passa. Ligados estreitamente entre si e tão bem conexos, que não se podem separar. Seus espirros relampejam faíscas, e seus olhos são como arrebóis da aurora. De suas goelas irrompem tochas acesas e saltam centelhas de fogo. De suas narinas jorra fumaça, como de caldeira acesa e fervente. Seu hálito queima como brasas, e suas fauces lançam chamas. Em seu pescoço reside a força, diante dele corre a violência. Quando se ergue, as ondas temem e as vagas do mar se afastam. Os músculos de sua carne são compactos, são sólidos e não se movem. Seu coração é duro como rocha, sólido como uma pedra molar. A espada que o atinge não resiste, nem a lança, nem o dardo, nem o arpão. O ferro para ele é como palha; o bronze, como madeira carcomida. A flecha não o afugenta, as pedras da funda são palhinhas para ele. A maça é para ele como um fiapo, ri-se do sibilo dos dardos. Seu ventre coberto de cacos pontudos é uma grade de ferro que se arrasta sobre o lodo. Faz ferver o abismo como uma caldeira, e fumegar o mar como um piveteiro. Deixa atrás de si uma esteira brilhante, como se o oceano tivesse uma cabeleira branca. Na terra, ninguém se iguala a ele, pois foi feito para não ter medo. Afronta os mais altivos, é rei das feras soberbas.
O nome “Leviatã” designa propriamente o monstro do caos primitivo, que os adoradores das trevas invocavam (Jó 3,8), e que muitos povos antigos acreditavam que permanecia assustadoramente vivo nos oceanos. Evoca a lembrança do nada e da destruição, como “um monstro” vencido nas origens por YHWH, pela Criação e pela ordem do Cosmo. O monstro Leviatã simboliza, pois, a(s) potência(s) oposta(s) ao Poder criador divino[9].
Já “Beemot” é o plural de uma palavra que significa genericamente “animal”, e que designa aqui a besta-fera maior, o monstro terrestre por excelência, um adversário formidável para o Leviatã. Foi muitas vezes identificado com o búfalo mitológico mencionado nos textos de Ugarite (ou Ugarit). Tratar-se ia aqui do búfalo do lago Hulé, norte de Israel[10].
Ugarit (atualmente Ras Sham-ra) foi uma antiga cidade portuária situada na costa mediterrânea ao norte da Síria, que viveu o seu apogeu entre 1.450 e 1.200 a.C., aproximadamente. A literatura ugarítica apresenta textos mitológicos escritos em poesia narrativa, além de cartas e documentos em uma farta quantidade de tabletes (placas de barro) encontrados nas escavações locais. Fragmentos de diversas obras poéticas revelam notáveis coincidências entre a religião de Ugarit e a da antiga Israel. A descoberta desses arquivos teve grande importância nos estudos escriturísticos na medida em que forneceram, pela primeira vez, uma descrição detalhada das crenças religiosas canaanitas durante o período diretamente anterior à colonização israelita. Tais textos apresentam também o grande monstro dos mares, Leviatã, por eles chamado Lotan (ou Litan, ou Litānu), temível e poderoso com suas sete cabeças (‘...esmagaste as cabeças do Leviatã...’).
Os paralelos com a literatura hebraica bíblica são significativos, particularmente na forma poética, a qual apresenta diversos elementos que podem ser encontrados na poesia posterior hebraica: paralelismos, métricas e ritmos. De fato, as descobertas de Ugarit levam a uma nova visão das forma literárias do Velho Testamento.
Apresentamos até aqui alguns exemplos de histórias aparentemente fantásticas ou extraídas de mitos que encontramos na Bíblia. Muitíssimos outros poderiam ser citados, mas na realidade nada disso nos incomoda. Que podemos concluir a partir daí? Que a leitura católica da Bíblia não é literal? É o que veremos na continuação deste estudo.
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Notas:
[1] Conf. Números 22, 22-34.
[2] Conf. Jonas, capítulos 1 e 2.
[3] Como vemos em 1Reis 18 1-40.
[4] Há uma grande quantidade de iniciativas promovidas por grupos ateus militantes – muitas admiráveis pelo esforço, organização e empenho –, no sentido de apresentar e demonstrar falhas na Bíblia, desde aquilo que consideram ‘absurdo’, passando pelo que entendem por graves imoralidades e chegando às supostas inconsistências históricas. Para tais, ‘desconstruir’ a Bíblia parece ter se tornado sua missão de vida. Por essa razão é tão importante saber e compreender qual a posição da Igreja e do verdadeiro cristão diante de tais dificuldades.
[5] TRENCH, Richard Chenevix, segundo o qual, a principal diferença entre a fábula e a parábola é que a primeira tenta incutir máximas de moralidade caracterizada pela prudência — como diligência, previsão e cautela; enquanto a última, ensina virtudes espirituais (Enciclopédia da Bíblia da Cultura Cristã vol. 2 p. 740).
[6] Assassinara Abimelec, com a ajuda de mercenários que contratara, sobre uma pedra; [matou] ao todo setenta homens, irmãos ou meio-irmãos seus (Jz 9,1ss.). Obs.: Como no caso dos 'irmãos de Jesus' citados algumas vezes nos Evangelhos, aqui a palavra tem o sentido de parentesco, geralmente referindo-se a primos.
[7] Após duríssima batalha contra os filisteus, saiu Israel derrotado, com a morte de 30 mil homens. A Arca da Aliança foi então tomada pelo inimigo, mas durante o tempo em que esteve de posse dos filisteus, que a colocaram no seu templo, ao lado da estátua do seu deus, o Rei-peixe Dagon, os filisteus foram feridos por Deus, segundo a tradução da Bíblia de Jerusalém, que aqui é genérica, dizendo ‘tumores’; mas o texto original se refere a hemorroidas ou abcessos anais provocados por disenteria, conforme esclarece a respectiva nota da própria edição da École Biblique de Jérusalem. Todas as demais traduções importantes dizem exatamente ‘hemorróidas’ no lugar de ‘tumores’. Já a estátua de Dagon foi por duas vezes encontrada pelos seus sacerdotes, ao se levantarem de manhã bem cedo, tombada diante da Arca do Senhor, ‘com o rosto em terra’. Na primeira vez, trataram de erguer o ídolo e recolocá-lo de pé, em seu lugar; na manhã seguinte, ‘eis que Dagom jazia novamente caído com o rosto em terra, diante da Arca do Senhor; e a cabeça de Dagom e ambas as palmas das suas mãos estavam cortadas sobre o limiar; somente o tronco ficou a Dagom’ (1Sm 5,4).
[8] Outras passagens desse tipo estão em: Jó 3,8; 26,10-13; 40,25 / Salmos 74(73),13-15; 104, 26 / Isaías 27,1.
[9] Nota ‘a’ do cap. 40 do Livro de Jó da Bíblia de Jerusalém.
[10] Ibidem, nota 'e'.
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