O ARCEBISPO CARLO MARIA Viganò divulgou recentemente (3/10/2023, LifeSiteNews) uma declaração pesadíssima sobre o crescente debate teológico sobre o status do Papa Francisco e o do Papado em si. Em muitos aspectos, esta é sua mais contundente crítica até agora.
Sua Eminência argumenta que, dada a devastação causada por Jorge Mario Bergoglio na Igreja universal – que decorre da sua aceitação do “câncer” do Vaticano II – e dado o papel que a máfia de Saint Gallen desempenhou no Conclave de 2013, Francisco não tem e nunca teve teve a intenção de servir como chefe da Igreja Católica. Em vez disso, escondeu suas intenções dos eleitores com o objetivo final de usar a autoridade do papado para minar a Igreja e torná-la a “serva” da Nova Ordem Mundial.
O Arcebispo também afirma que discorda da visão do Bispo Athanasius Schneider de que a “aceitação universal” de Francisco como Papa basta para fazer dele o Papa, apontando o exemplo histórico de Clemente VII (século XIV) para apoiar o seu argumento. Embora admita que a situação atual é “humanamente irremediável”, seu objetivo ao publicar a carta é “chegar à raiz da questão” e encontrar um ponto de partida comum que possa levar a um “remédio para a presença desconcertante e escandalosa de um papa que se apresenta com ostensiva arrogância como inimicus Ecclesiae, e que age e fala como tal”. Segue abaixo o texto de Dom Viganò, publicado em LifeSiteNews, com tradução de Henrique Sebastião.
VITIUM CONSENSUS
A fructibus eorum cognoscetis eos.
Numquid coligunt de spinis uvas aut de tribulis ficus?
Sic omnis arbor bona fructus bonos facit; mala autem arbor fructus malos facit.
Non potest arbor bona fructus malos facere neque arbor mala fructus bonos facere.
Omnis arbor quæ non facit fructum bonum exciditur et in ignem mittitur.
Igitur ex fructibus eorum cognoscetis eos.
Pelos seus frutos os conhecereis.
Alguém colhe uvas dos espinheiros ou figos dos cardos?
Da mesma forma, toda árvore boa dá bons frutos; e uma árvore podre dá frutos ruins.
Uma árvore boa não pode dar frutos ruins, nem uma árvore podre pode dar frutos bons.
Toda árvore que não produz bons frutos será cortada e jogada no fogo.
Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.
(Mt 7,16-20)
Neste discurso não tentarei dar respostas, mas sim colocar uma questão que não pode mais ser adiada, para que nós, bispos, clérigos e fiéis, possamos olhar claramente para a gravíssima apostasia atual como um fato completamente sem precedentes, algo que não pode ser resolvido, na minha opinião, recorrendo às nossas categorias habituais de julgamento e ação.
A evidência do "problema Bergoglio"
A proliferação de declarações e comportamentos completamente estranhos ao que se espera de um Papa – e na verdade em contraste com a Fé e a Moral das quais o Papado é o guardião – levou muitos fiéis e um número cada vez maior de bispos a tomarem nota de algo que até há algum tempo parecia inédito: o Trono de Pedro é ocupado por uma pessoa que abusa do seu poder, utilizando-o para o fim oposto àquele para o qual Nosso Senhor o instituiu.
Uns dizem que Jorge Mario Bergoglio é manifestamente herético nas questões doutrinárias, outros que é tirânico em matéria de governo, outros ainda consideram a sua eleição inválida pelas múltiplas anomalias da renúncia de Bento XVI e da eleição daquele que o substituiu . Estas opiniões – mais ou menos apoiadas em evidências ou no resultado de especulações nem sempre partilhadas – confirmam, no entanto, uma realidade hoje incontestável. E é esta realidade, na minha opinião, que constitui um ponto de partida comum na tentativa de remediar a presença desconcertante e escandalosa de um Papa que se apresenta com ostensiva arrogância como inimicus Ecclesiae, e quem age e fala como tal. Um inimigo que, precisamente porque ocupa o Trono de Pedro e abusa da autoridade papal, é capaz de infligir um golpe terrível e desastroso, como nenhum inimigo externo em toda a história da Igreja foi capaz de causar. Os piores perseguidores dos cristãos, os mais ferozes adeptos das Lojas Maçónicas e os mais desenfreados heresiarcas nunca antes conseguiram, em tão pouco tempo e com tanta eficácia, devastar a vinha do Senhor, escandalizar os fiéis, enojar os ministros, desacreditar a sua autoridade e a autoridade da Igreja diante do mundo, demolindo o Magistério, a Fé, a Moral, a Liturgia e a disciplina.
Inimicus Ecclesiae, não apenas no que diz respeito aos membros do Corpo Místico – que ele despreza, ridiculariza (não deixa de lançar contra eles epítetos venenosos), persegue e agride; mas também no que diz respeito ao próprio Chefe [Supremo] do Corpo Místico, Jesus Cristo: cuja autoridade é exercida por Bergoglio não mais de forma vicária, o que estaria, portanto, em necessária e obediente consistência com o Depositum Fidei, mas sim de forma autorreferencial e tirânica. A autoridade do Romano Pontífice deriva, de fato, da Autoridade Suprema de Cristo, da qual participa, sempre dentro dos limites e do alcance dos objetivos que o Divino Fundador estabeleceu de uma vez por todas e que nenhum poder humano pode mudar.
A evidência da alienação de Bergoglio ao cargo que ocupa é certamente um fato doloroso e gravíssimo; mas tomar consciência desta realidade é a premissa indispensável para remediar uma situação insustentável e desastrosa.
Agere sequitur esse
Nestes dez anos do seu “pontificado” vimos Bergoglio fazer tudo o que nunca se esperaria de um Papa, e, ao contrário, tudo o que um heresiarca ou um apóstata faria. Houve ocasiões em que essas ações pareceram manifestamente provocativas, como se através das suas declarações ou de certos atos de governo ele quisesse deliberadamente despertar a indignação do Corpo eclesial e exortar os sacerdotes e os fiéis a reagir, dando-lhes o pretexto para os declararem cismáticos. Mas essa estratégia típica do pior jesuitismo está agora descoberta, porque toda a operação foi conduzida com demasiada arrogância e em áreas nas quais nem mesmo os católicos moderados estão dispostos a se comprometer.
Os escândalos sexuais do clero, e em particular a resposta da Santa Sé ao flagelo da corrupção moral de Cardeais e Bispos, mostraram uma vergonhosa disparidade de tratamento entre aqueles que pertencem ao chamado “círculo mágico” de Bergoglio e aqueles que ele considera adversários. O recente caso de Marko Rupnik é a prova de alguém que exerce o poder como um déspota, legibus solutus, que se considera livre para agir sem ser responsável por nenhum dos seus atos. Muitas vezes acontece que as consequências das decisões tomadas pessoalmente pelo argentino são repassadas aos seus subordinados, que se veem acusados e desacreditados por escolhas que não são suas. Penso no caso do edifício de Londres, em que estiveram envolvidos funcionários da Secretaria de Estado, enquanto o contrato de venda ostenta o augusto quirógrafo. Penso no vergonhoso tratamento do caso Rupnik, que além de ter reabilitado um criminoso responsável por crimes hediondos, em desprezo pelas numerosas vítimas, também desacreditou o ex-Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Ladaria. Penso no caso McCarrick, que, com a farsa de um procedimento administrativo secreto, foi liquidado às pressas, sem qualquer indenização às vítimas, e declarado coisa julgada e inapelável. E a lista continua. Permanece evidente que os infelizes que colaboram voluntária ou involuntariamente com Bergoglio são atirados ao mar assim que a imprensa descobre os escândalos do Vaticano. Muitos estão notando esse comportamento utilitário cínico, que na verdade os leva a recusar nomeações e promoções precisamente para não se encontrarem no desconfortável papel de bode expiatório.
Quebrando o muro do silêncio
O silêncio do Episcopado diante do absurdo confirma que o autoritarismo autorreferencial do jesuíta Bergoglio encontrou obediência servil em quase todos os bispos, aterrorizados pela ideia de serem objeto da retaliação dos vingativos e despóticos sátrapas de Santa Marta. Alguns bispos diocesanos começam a não tolerar mais a sua ação devastadora, que mina a autoridade e a autoridade de toda a Igreja. O Bispo Joseph Strickland, por exemplo, reiterou de forma louvável verdades doutrinais imutáveis que o Sínodo sobre a Sinodalidade se prepara para demolir nos próximos meses. E o Cardeal Gerard Ludwig Müller recordou com razão que o Senhor não deu poder ao Papa para “intimidar” bons bispos.
Algo, portanto, começa a mudar: alinhamentos estão se formando, e vemos por um lado a “Igreja Sinodal” de Bergoglio – que ele emblematicamente chama de “nossa Igreja” – e por outro lado o que resta da Igreja Católica, em direção à qual ele não deixa de reiterar a sua absoluta estranheza.
O sanatio in radice das irregularidades no Conclave de 2013
Dom Athanasius Schneider sustenta que quaisquer irregularidades que possam ter ocorrido no Conclave de 2013 foram, de qualquer forma, sanadas radicalmente pelo fato de Jorge Mario Bergoglio ter sido reconhecido como Papa pelos Cardeais eleitores, pelo Episcopado e pela maioria dos fiéis, praticamente falando. O argumento é que, independentemente dos acontecimentos que possam ter levado à eleição de um Papa – com ou sem interferência externa –, a Igreja, na prática, estabelece um limite de tempo além do qual não é possível contestar uma eleição se a pessoa eleita é aceita pelo povo cristão. Mas essa tese é posta em causa por precedentes históricos.
Em 1378, após a eleição do Papa Urbano VI, a maioria dos Cardeais, prelados e o povo reconheceram Clemente VII como papa, embora ele fosse na realidade um antipapa. Treze dos dezesseis cardeais questionaram a validade da eleição do Papa Urbano devido à ameaça de violência do povo romano contra o Sagrado Colégio, e mesmo os poucos apoiadores de Urbano retiraram imediatamente a sua eleição, convocando um novo Conclave em Fondi, que elegeu o antipapa Clemente VII. Até São Vicente Ferrer estava convencido de que Clemente era o verdadeiro Papa, enquanto Santa Catarina de Sena ficou do lado de Urbano. Se o consenso universal fosse um argumento indefectivelmente válido para a legitimidade, Clemente teria tido o direito de ser considerado o verdadeiro Papa, e não Urbano. O antipapa Clemente foi derrotado pelo exército de Urbano VI na batalha de Marino em 1379 e transferiu sua Sé para Avinhão, levando ao Cisma Ocidental, que durou trinta e nove anos. Vemos assim que o argumento da aceitação universal não resiste ao teste da História.
A via tutior do Bispo Schneider
Dom Athanasius Schneider nos lembra que a via tutior, o caminho mais seguro, consiste em não obedecer a um Papa herético, sem necessariamente ter que considerá-lo ipso facto caído de seu cargo e separado da Igreja e, portanto, não mais capaz de estar à sua frente, como acredita São Roberto Belarmino. Mas mesmo esta solução – que reconhece que Bergoglio é um herege – não me parece decisiva, pois a obediência que os fiéis poderiam lhe negar é apenas marginal em comparação com todos os atos de governo e magistério que ele realizou e continua a realizar sem que seus súditos possam fazer nada a respeito. É claro que se pode organizar a celebração clandestina da Missa Católica, mas o que pode fazer um padre ou um leigo quando um grupo subversivo de bispos manobrados por Bergoglio se preparam para introduzir mudanças doutrinárias inaceitáveis através do Sínodo sobre a Sinodalidade? E o que podem fazer quando, nas suas paróquias, uma diaconisa abençoar o “casamento” de dois sodomitas?
Certamente desobedecer às ordens ilegítimas de um superior herético ou apóstata é um dever sub gravi, visto que a obediência a Deus vem antes da obediência aos homens, e porque a virtude da obediência está hierarquicamente subordinada à virtude teológica da Fé. Mas o dano resultante ao Corpo eclesial não é evitado por uma ação de simples resistência: a raiz da questão deve ser resolvida.
O defeito do consentimento na assunção do papado
Assim, tendo em conta o fato [inegável, como Dom Schneider reconhece] de Bergoglio ser um herege – a Amoris Lætitia ou a sua declaração da imoralidade intrínseca da pena capital seriam suficientes para o provar – devemos perguntar-nos se as eleições de 2013 foram de alguma forma invalidadas pela falta de consentimento; isto é, se o eleito quisesse tornar-se Papa da Igreja Católica ou melhor, chefe do que ele chama de “nossa igreja sinodal” – que nada tem a ver com a Igreja de Cristo, precisamente porque é algo diferente dela. Na minha opinião, essa falta de consentimento também pode ser vista no comportamento de Bergoglio, que é ostensiva e consistentemente anticatólico e heterodoxo no que diz respeito à própria essência do Papado. Não há ação deste homem que não tenha abertamente ares de ruptura com a prática e o Magistério da Igreja, e a isso se somam as posições assumidas, que são tudo menos inclusivas para com os fiéis que não pretendem aceitar inovações arbitrárias, ou pior, heresias completas.
A questão fundamental depende da compreensão do plano subversivo da deep church ['igreja oculta' ou 'subterrânea', termo empregado para se referir ao revolucionário projeto de uma nova igreja inaugurado com o Conc. Vaticano II], que, utilizando os métodos então denunciados por São Pio X em relação aos modernistas, organizou-se para dar um golpe de Estado dentro da Igreja e trazer o profeta do Anticristo ao Trono de Pedro. A mens rea [termo jurídico latino que significa 'mente culpada' ou má intenção] em infiltrar-se na Hierarquia e ascender nas suas fileiras é evidente, assim como é evidente que os planos da facção ultra progressista não podiam parar no fato de Bento XVI, a quem consideravam demasiado conservador, e a quem odiavam acima de tudo. porque se atreveu a promulgar o Motu Proprio Summorum Pontificum. E assim Bento XVI foi pressionado a renunciar, e imediatamente estava tudo pronto para o desconhecido Arcebispo de Buenos Aires. Em 11 de outubro de 2013, numa conferência na Universidade Villanova (veja aqui), o então cardeal McCarrick, amigo de longa data de Bergoglio, revelou que a eleição de Bergoglio foi fortemente desejada por um “cavalheiro italiano muito influente”, um emissário do deep state para a deep church: quem trabalha na Cúria sabe bem quem é chamado “o cavalheiro” por excelência e quais são as suas ligações com o poder de ambos os lados do Tibre [o Vaticano e o Governo italiano], e também conhece as suas tendências embaraçosas que explicam suas estreitas ligações com o lobby homossexual do Vaticano. É também significativo que McCarrick tenha dito estar convencido de que Bergoglio iria “mudar o Papado dentro de quatro anos”, confirmando a intenção maliciosa de interferir na Instituição divina e irreformável da Igreja.
Ver Bergoglio participar de um evento patrocinado pela Fundação Clinton, depois de outros endossos não menos escandalosos da elite globalista, confirma o seu papel como liquidante da falência da Igreja, com o propósito de substituir a constituição daquela Religião da Humanidade que servirá de serva da sinarquia da Nova Ordem Mundial. O ecumenismo, a ecologia, o vacinismo, o imigracionismo, a ideologia LGBTQ+ e de género, e outras instâncias da religião globalista são apropriadas por Bergoglio, não só através de uma ação de apoio ostensivo e orgulhoso aos proponentes da Agenda 2030, mas também através da sistemática demolição de tudo o que se lhe opõe no Magistério, e a perseguição implacável daqueles que expressam perplexidades, mesmo prudentemente.
Então, Bergoglio é herege e abertamente hostil à Igreja de Cristo. Para cumprir a tarefa que lhe foi atribuída pela deep church, ocultou as suas posições mais extremas, de modo a encontrar um número suficiente de votos no Conclave. Para garantir a obediência total, aqueles que traçaram o plano garantiram que ele fosse amplamente chantageável, como sempre acontece. E, uma vez eleito, Bergoglio pôde mostrar-se como é e iniciar a demolição da Igreja e do Papado.
Mas será possível que um verdadeiro Papa destrua o Papado que ele próprio encarna e representa? É possível que um Papa destrua a Igreja que o Senhor lhe confiou para defender? E ainda: se a participação de um Cardeal no Conclave tem a intenção de ser maliciosa, se ele pretende um ato subversivo contra a Igreja, se o objetivo é cometer um crime, então mesmo que os procedimentos e normas da eleição sejam aparentemente respeitados, então há, sem dúvida, um mens rea. E essa intenção criminosa emerge da astúcia com que os cardeais cúmplices da conspiração agiram para enganar os cardeais que votaram de boa fé. Eu me pergunto, então: não estamos na presença de um defeito de consentimento que afeta a validade da eleição? Sem dizer que a própria presença de um Papa renunciante e de um Papa reinante já é em si um elemento que nos leva a acreditar que eles tinham uma falsa concepção da essência do Papado, considerada um papel que pode ser partilhado com outros. Não esqueçamos que a distinção entre munus e ministerium são arbitrários e que não pode haver um Papa que se dedique ao “ministério da oração” e outro que governe. Cristo é Um; a Igreja é Uma só; e só há um Sucessor de Pedro: um Corpo com duas cabeças é um monstro repugnante à natureza mesmo antes da constituição divina da Igreja.
Possíveis objeções
Alguns poderão objetar: "Mas, mesmo que Bergoglio tenha agido com malícia, ainda assim aceitou o que os Cardeais lhe ofereceram: a sua eleição como Bispo de Roma e, portanto, como Romano Pontífice. E assim ele assumiu o cargo e deve ser considerado o Papa". Acredito, em vez disso, que a sua aceitação do Papado é invalidada, porque ele considera o Papado algo diferente do que é, como um cônjuge que se casou na Igreja, mas sempre excluiu da sua intenção os propósitos específicos do matrimônio, tornando assim o casamento nulo e sem efeito. precisamente devido à sua falta de consentimento. Não só isso: qual conspirador que age maliciosamente para ascender a um cargo seria tão ingênuo a ponto de explicar àqueles que devem elegê-lo que pretende tornar-se Papa para cumprir as ordens dos inimigos de Deus e da Igreja? "Bom dia! Sou Jorge Mario Bergoglio e pretendo destruir a Igreja sendo eleito Papa. Você vai votar em mim?"...
A má intenção – mens rea – reside precisamente no uso do engano, da dissimulação, da mentira, na deslegitimação de oponentes irritantes e na eliminação de oponentes perigosos. E a prova de que Bergoglio pretendia levar a cabo o plano criminoso da elite globalista está bem diante dos nossos olhos: todos os objetivos desejados de John Podesta, braço direito de Hillary Clinton, foram ou estão a ser executados, desde o adoção da igualdade de gênero como premissa do sacerdócio feminino para a inclusão LGBTQ+, da aceitação da própria teoria de gênero à participação na Agenda 2030 sobre as alterações climáticas, da condenação do “proselitismo” à exaltação da imigração como método de substituição étnica . Ao mesmo tempo, há o afastamento e a condenação da outra Igreja, a “pré-conciliar” [a verdadeira Igreja dos Apóstolos!], composta por pessoas "rígidas e intolerantes", a começar por Nosso Senhor[!], como Antonio Spadaro escreveu blasfemamente. E com a cultura do cancelamento aplicada à Fé e à Moral, há também a eliminação da Missa que pertence intrinsecamente àquela Igreja, que Bergoglio considera estar em conflito com a “nova eclesiologia”, a ponto de proibi-la por ser incompatível com a “igreja sinodal”.
Então aqui estou eu, jogando a proverbial pedra na lagoa. Gostaria que levássemos a sério, muito a sério, a possibilidade de Bergoglio ter pretendido obter a eleição através de fraude, e de ter pretendido abusar da autoridade do Romano Pontífice para fazer exatamente o oposto daquilo que Jesus Cristo deu como Mandato a São Pedro e aos seus Sucessores para fazer: confirmar os fiéis na Fé Católica, alimentar e governar o Rebanho do Senhor, pregar o Evangelho às nações. Todos os atos do governo e do magistério de Bergoglio – desde a sua primeira aparição na Loggia do Vaticano, quando se apresentou com o seu perturbador “Boa noite” –, desenrolaram-se numa direção diametralmente oposta à do Mandato Petrino: ele adulterou e continua a adulterar o Deposito Fidei, criou confusão e enganou os fiéis, dispersou o rebanho, declarou que considera a evangelização dos povos “um disparate solene” e abusa sistematicamente do poder das santas Chaves para libertar o que não pode ser libertado e vincular o que não pode ser vinculado.
Essa situação é humanamente irremediável, porque as forças em jogo são imensas e porque a corrupção da Autoridade não pode ser curada por aqueles que a ela estão sujeitos. Devemos notar que a metástase deste “pontificado” tem origem no cancro conciliar, naquele Vaticano II que criou as bases ideológicas, doutrinais e disciplinares que inevitavelmente conduziram a este ponto. Mas quantos dos meus irmãos [bispos e cardeais], que também reconhecem a gravidade da crise atual, têm a capacidade de reconhecer este nexo causal entre a revolução conciliar e as suas consequências extremas com Bergoglio?
Conclusão
Se esta Passio Ecclesiae [Paixão da Igreja] é um prelúdio ao fim dos tempos, é nosso dever que nos preparemos espiritualmente para momentos de grande tribulação e de verdadeira e própria perseguição. Mas será precisamente refazendo a Via Dolorosa da Cruz que o Corpo eclesial poderá purificar-se da imundície que o desfigura e merecer a ajuda sobrenatural que a Providência reserva à Igreja nos momentos de provação: onde abunda o pecado, a graça abunda ainda mais.
Finalmente, permitam-me vos recordar que a Associação Exsurge Domine, que fundei, tem como objetivo dar ajuda espiritual e material aos sacerdotes e irmãos e irmãs religiosos que são perseguidos pela igreja bergogliana por causa de sua fidelidade à Tradição. Se desejar fazer uma doação para a realização dos nossos projetos, poderá fazê-lo no site da Associação – www.exsurgedomine.org – ou enviando uma mensagem de texto: Text 502027 para 1-855-575-7888 (EUA e Canadá).
† Carlo Maria Vigano, Arcebispo
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Fonte:
LifeSiteNews, Archbishop Viganò: Catholics must seriously consider the possibility that Francis isn’t the pope, disp. em:
https://www.lifesitenews.com/opinion/archbishop-vigano-catholics-must-seriously-consider-the-possibility-that-francis-isnt-the-pope/
Acesso 6/10/2023
A Igreja dispõe de algum mecanismo para depor um papa claramente herege?
ResponderExcluirSim. Falaremos sobre isso em breve, meu caro.
ExcluirFraternidade Laical São Próspero