3/11/2023 | Publicado Motu proprio que define novos estatutos para a Teologia católica


FOI PUBLICADA NESTE neste 1º de novembro de 2023, na Solenidade de Todos os Santos, no 11º ano do pontificado de Francisco, a carta encíclica em forma de motu proprio "Ad theologiam promovendam", com o qual são aprovados os novos Estatutos da Pontifícia Academia de Teologia.

    Estará oficializada, claríssima e publicamente, e declarada com toda a oficialidade, a partir da Cátedra de São Pedro e para toda a Igreja, a revolução teológica iniciada no Vaticano II, que reflete diretamente sobre as matérias de fé e de moral? Ora não estão aí as tais condições vaticanas da infalibilidade papal, tão discutidas? Parece impossível negar, agora, que desde o Concílio e expressamente agora, com Francisco, está surgindo (ou já surgiu e s e estabeleceu formalmente, de fato) uma nova religião e uma nova igreja, essencialmente diferente daquela que havia antes, tanto na doutrina e na liturgia quanto na moral e na disciplina.



    Para ajudar a dirimir dúvidas incrivelmemente persistentes a respeito, replico abaixo um dos trechos mais importantes do texto do novo Motu proprio, com destaques nossos, e do mesmo modo, logo abaixo deste, os trechos do Juramento antimodernista de São Pio X que o contrariam frontalmente:


"4. A reflexão teológica é, portanto, chamada a um ponto de virada, a uma mudança de paradigma, a uma «revolução cultural corajosa» (Carta Encíclica Laudato si, 114) que a compromete, em primeiro lugar, a ser uma teologia fundamentalmente contextual, capaz de ler e interpretar o Evangelho nas condições em que vivem cotidianamente homens e mulheres, em diferentes ambientes geográficos, sociais e culturais e tendo como arquétipo a Encarnação do Logos eterno, a sua entrada na cultura, na visão do mundo, na tradição religiosa de um povo. A partir daqui, a teologia só pode se desenvolver numa cultura do diálogo e do encontro entre diferentes tradições e diferentes conhecimentos, entre diferentes confissões cristãs e diferentes religiões, envolvendo-se abertamente com todos, crentes e não-crentes. A necessidade do diálogo é, de fato, intrínseca ao ser humano e a toda a criação e é tarefa peculiar da teologia descobrir «a marca trinitária que faz do universo em que vivemos «uma teia de relações» em que «é próprio de todo ser vivo tender para outra coisa» (Constituição Apostólica Veritatis gaudium, Proêmio, 4a)."

LETTERA APOSTOLICA IN FORMA DI «MOTU PROPRIO» DEL SOMMO PONTEFICE FRANCESCO Ad theologiam promovendam CON LA QUALE VENGONO APPROVATI NUOVI STATUTI DELLA PONTIFICIA ACCADEMIA DI TEOLOGIA[1]



*  *  *

Juramento anti-modernista de São Pio X,
do Motu Próprio Sacrorum Antistitum[2]:



"Quarto: eu sinceramente mantenho que a Doutrina da Fé nos foi trazida desde os Apóstolos pelos Padres ortodoxos com exatamente o mesmo significado e sempre com o mesmo propósito. Assim sendo, eu rejeito inteiramente a falsa representação herética de que os dogmas evoluem e se modificam de um significado para outro diferente do que a Igreja antes manteve. Condeno também todo erro segundo o qual, no lugar do divino Depósito que foi confiado à esposa de Cristo para que ela o guardasse, há apenas uma invenção filosófica ou produto de consciência humana que foi gradualmente desenvolvida pelo esforço humano e continuará a se desenvolver indefinidamente

 

(...) Do mesmo modo, eu rejeito o método de julgar e interpretar a Sagrada Escritura que se afasta da Tradição da Igreja, da analogia da Fé e das normas da Sé Apostólica, abraçando as falsas representações dos racionalistas e sem prudência ou restrição adota a crítica textual como norma única e suprema. 

 

Além disso, eu rejeito a opinião dos que mantém que um professor ensinando ou escrevendo sobre um assunto histórico-teológico deve antes colocar de lado qualquer opinião preconcebida sobre a origem sobrenatural da Tradição católica ou a Promessa divina de ajudar a preservar para sempre toda a Verdade Revelada; e que ele deveria então interpretar os escritos dos Padres apenas por princípios científicos, excluindo toda autoridade sagrada, e com a mesma liberdade de julgamento que é comum na investigação de todos os documentos históricos profanos. 

 

Finalmente, declaro que sou completamente oposto ao erro dos modernistas, que mantém nada haver de divino na Tradição sagrada; ou, o que é muito pior, dizer que há, mas em um sentido panteísta, com o resultado de nada restar a não ser este fato simples – a colocar no mesmo plano com os fatos comuns da história – o fato, precisamente, de que um grupo de homens, por seu próprio trabalho, talento e qualidades continuaram ao longo dos tempos subsequentes uma escola iniciada por Cristo e por Seus Apóstolos. 

 

Prometo que manterei todos estes artigos fielmente, inteiramente e sinceramente e os guardarei invioladas, sem me desviar em nenhuma maneira por palavras ou por escrito. Isto eu prometo, assim eu juro, para isso Deus me ajude, e os Santos Evangelhos de Deus que agora toco com minha mão."


*  *  *

    Quando me perguntam o que acho da situação toda, geralmente me esquivo. Não por covardia ou para tentar me equilibrar em cima do muro (muro cada vez mais estreito, aliás, entre o sim e o não, o ser e o não ser católico), mas porque vejo que a grande maioria do povo católico ainda não está preparada para entender o que está acontecendo agora. Simplesmente não entendem. Postagens como esta, por exemplo, me fazem perder seguidores aos montes, e geram muitos comentários do tipo: "Não pode falar mal do papa!"... Já falei antes, aqui mesmo, e repetirei quantas vezes for preciso: estou cumprindo o meu trabalho e divulgando fatos, nada mais. Só publico notícias verdadeiras, depois de muito bem checadas e confirmadas. Estou, portanto, falando a verdade, só isso. Se chegou, porém, o dia em que ser honesto e falar a verdade se tornou sinônimo de "falar mal" de alguém da mais alta hierarquia eclesiástica, o que posso fazer? Devo simplesmente calar?

    Tenho rezado e não me parece que devo sufocar a verdade ou escamotear informações. Tento alertar e esclarecer, como sempre fiz, desde o primeiro dia deste apostolado. Rezem por mim, é o que peço, e saibam que eu rezo também por todos os que leem o que eu escrevo e ouvem o que eu falo.


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[1] Disp.: em: https://vatican.va/content/francesco/it/motu_proprio/documents/20231101-motu-proprio-ad-theologiam-promovendam.html
Acesso 3/11/2023.
[2] Esse juramento era rezado e assinado até 17 de julho de 1967, quando foi removido pelo Cardeal Montini, que antes fora afastado por suspeita de envolvimento com a maçonaria.

Um comentário:

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