1/3/2024 | Cardeal anônimo publica carta: o que um próximo pontificado deverá fazer para "curar os males" provocados por Francisco

O PORTAL NEW DAILY COMPASS divulgou hoje (veja) uma carta assinada por um intrigante Cardeal misterioso, que assina como Demos II. Não é a primeira vez que algo assim acontece: anteriormente, um outro Cardeal anônimo já havia publicado uma carta, a qual assinou como Demos. Foi divulgado depois que esse "Demos" seria o falecido cardeal Pell. Agora temos um Demos II trazendo reflexões importantes para a Igreja! Ao final do seu texto, o Cardeal explica o motivo (bastante óbvio, de fato) de não se identificar: a cruel perseguição que têm sofrido todo e qualquer pastor da Igreja que ouse discordar, mesmo que respeitosamente, dos caminhos escolhidos por Francisco.


    O título do texto de Demos II é "A Profile of the Next Pope" (Um perfil para o próximo Papa). O texto foi disponibilizado em 6 idiomas (não em português). Por conta do título do texto em diferentes línguas, suspeita-se que o Cardeal tenha como língua nativa o espanhol, pois só o título em espanhol é diferente: "Retrato Robô del Próximo Papa"


    O texto traz sete coisas que o próximo Papa deve reconhecer para que a Igreja se cure dos péssimos efeitos do pontificado de Francisco. Não concordamos com tudo o que a carta diz, especialmente quanto ao seu entusiasmo pelos papas conciliares e pela ingênua crença que demonstra na possibilidade de ainda "salvar" o conc. Vaticano II, a partir de uma interpretação ortodoxa dos seus textos; algo que, do nosso ponto de vista, é claramente impraticávelsimplesmente porque esses textos são heréticos em sua essênciaMesmo assim, compartilhamos abaixo o texto, traduzido por nós, porque o consideramos interessante para a reflexão geral (destaques nossos). Segue.



O Vaticano amanhã


Em março de 2022, apareceu um texto anônimo – assinado sob o pseudônimo “Demos” e intitulado “O Vaticano Hoje” – que levantava uma série de sérias questões e críticas sobre o pontificado do Papa Francisco. As condições na Igreja desde a publicação desse texto não mudaram materialmente, muito menos melhoraram. Portanto, as reflexões aqui apresentadas pretendem desenvolver essas reflexões originais à luz das necessidades do Vaticano de amanhã.


Os últimos anos de um pontificado, de qualquer pontificado, são o momento de avaliar a situação da Igreja no presente e as necessidades da Igreja e dos seus fiéis no futuro. É claro que os pontos fortes do pontificado do Papa Francisco são a sua insistência na compaixão pelos fracos, na ajuda aos pobres e marginalizados, na preocupação com a dignidade da Criação e nas questões ambientais que dela decorrem, e nos esforços para acompanhar aqueles que sofrem e estão alienados em seus fardos.


As suas falhas são igualmente óbvias: um estilo de governo autocrático, por vezes parecendo vingativo; um desprezo para com as questões do Direito Canônico; intolerância diante das divergências, mesmo respeitosas; e – o que é mais grave – um estilo persistente de ambiguidade em questões de fé e de moral, que causa confusão entre os fiéis. A confusão gera divisão e conflito. Isso mina a confiança na Palavra de Deus. Enfraquece o testemunho evangélico. O resultado disso é uma Igreja mais fraturada do que em qualquer outro momento da sua história recente.


A tarefa do próximo pontificado deve ser, portanto, recuperar e restabelecer as verdades que foram sendo lentamente obscurecidas ou até perdidas entre muitos cristãos. Estas verdades incluem, entre outras coisas, aspectos básicos como os seguintes:

    (a) ninguém é salvo exceto através de Jesus Cristo, e somente através d'Ele, como Ele mesmo deixou claro; 

    (b) Deus é misericordioso, mas também é justo, e está intimamente interessado em cada vida humana. Ele perdoa, sim, mas também nos responsabiliza, Ele é Salvador e é Juiz;

    (c) o homem é uma criatura de Deus, não uma invenção sua; é uma criatura não só emocional e com apetites, mas também com intelecto, livre arbítrio e um destino eterno;

    (d) existem verdades objetivas imutáveis ​​sobre o mundo e a natureza humana, que podem ser conhecidas através da Revelação Divina e do exercício da razão;

    (e) a Palavra de Deus, registrada nas Escrituras, é confiável e tem força permanente;

    (f) o pecado é real e seus efeitos são letais;

    (g) a Igreja tem a autoridade e o dever de “fazer discípulos de todas as nações”. Não abraçar com alegria esta obra de amor missionário e salvífico tem consequências. Como Paulo escreveu em 1Cor 9,16: “Ai de mim se eu não pregar o Evangelho”.


​Algumas observações práticas emergem das tarefas listadas acima.

    

    Primeiro: a autoridade real é prejudicada quando são utilizados meios autoritários no seu exercício. O Papa é o sucessor de Pedro e aquele que garante a unidade da Igreja, mas ele não é um autocrata. Ele não pode mudar a doutrina da Igreja e não deve inventar ou alterar arbitrariamente a disciplina da Igreja. Ele governa a Igreja colegialmente com seus irmãos bispos nas dioceses locais. E o faz sempre em fiel continuidade com a Palavra de Deus e com o ensinamento da Igreja. Os “novos paradigmas” e os “novos caminhos inexplorados” que se desviam uns dos outros não são de Deus. Um novo Papa deve restaurar a hermenêutica da continuidade na vida católica e reafirmar a compreensão do Vaticano II sobre o papel adequado do papado.


    Segundo: assim como a Igreja não é uma autocracia, também não é uma democracia. A Igreja pertence a Jesus Cristo. É a sua Igreja. Ela é o Corpo Místico de Cristo, composto por muitos membros. Não temos autoridade para adaptar os seus ensinamentos para melhor se adequarem ao mundo. Além disso, o sensus fidelium católico não é uma questão de sondagens de opinião, nem mesmo se fosse a opinião de uma maioria batizada. Ela deriva apenas daqueles que acreditam genuinamente e praticam ativamente, ou pelo menos procuram praticar sinceramente, a fé e os ensinamentos da Igreja.


    Terceiro: A ambiguidade não é evangélica nem acolhedora. Pelo contrário, gera dúvidas e alimenta impulsos cismáticos. A Igreja é uma comunidade, não só de Palavra e Sacramento, mas também de Credo. Aquilo em que cremos ajuda a nos definir e a nos sustentar. Assim, as questões doutrinárias não são fardos impostos por “doutores da lei” insensíveis. Também não são um espetáculo intelectual para a vida cristã. Pelo contrário, são vitais para se viver uma vida cristã autêntica, porque lidam com aplicações da verdade, e a verdade requer clareza e não nuances ambivalentes. Desde o início, o atual pontificado resistiu à força evangélica e à clareza intelectual dos seus antecessores. O desmantelamento e reutilização do Instituto João Paulo II em Roma e a marginalização de textos como Veritatis Splendor sugerem uma elevação da “compaixão” e da emoção em detrimento da razão, da justiça e da verdade. Para uma comunidade de fé, isto não só não é saudável, mas é também profundamente perigoso.


    Quarto: A Igreja Católica, além de Palavra, Sacramento e Credo, é também uma comunidade de direito. O Direito Canónico ordena a vida da Igreja, harmoniza as suas instituições e procedimentos e garante os direitos dos crentes. Entre as marcas do atual pontificado estão a sua excessiva confiança no motu proprio como instrumento de governo e uma despreocupação e aversão generalizadas aos detalhes canónicos. Mais uma vez, tal como acontece com a ambiguidade da Doutrina, o desrespeito pelo Direito Canónico e pelo procedimento canónico adequado mina a confiança na pureza da missão da Igreja.


    Quinto: A Igreja, como tão belamente a descreveu João XXIII, é mater et magistra, a “mãe e mestra” da humanidade, não sua seguidora obediente; é defensora do homem como sujeito da História, não como seu objeto. Ela é a Noiva de Cristo; A sua natureza é pessoal, sobrenatural e íntima, não meramente institucional. Nunca poderá ser reduzida a um sistema flexível de ética ou a uma análise ou uma remodelação sociológica que a adapte aos instintos e apetites (e até às confusões sexuais) de uma época. Um dos principais defeitos do pontificado atual é o seu distanciamento de uma “teologia do corpo” convincente e a falta de uma antropologia cristã atrativa. Precisamente num momento em que os ataques à natureza e à identidade humanas, por parte do transgenerismo e do transumanismo, estão aumentando.


    Sexto: As viagens pelo mundo serviram muito bem a um pastor como o Papa João Paulo II, devido aos seus dons pessoais únicos e à natureza dos tempos. Mas os tempos e as circunstâncias mudaram. A Igreja na Itália e em toda a Europa – o lar histórico da fé – está em crise. O próprio Vaticano precisa urgentemente de uma renovação da sua moral, de uma limpeza das suas instituições, procedimentos e pessoal, e de uma reforma profunda das suas finanças para se preparar para um futuro mais difícil. Não são coisas pequenas. Exigem a presença, a atenção direta e o compromisso pessoal de qualquer novo Papa.


    Sétimo e último: O Colégio dos Cardeais existe para aconselhar o Papa e eleger o seu sucessor após a sua morte. Este serviço requer homens de carácter limpo, sólida formação teológica, experiência madura de liderança e santidade pessoal. Também requer um Papa disposto a pedir conselhos e depois ouvir. Não está claro até que ponto isto se aplica ao pontificado do Papa Francisco. O pontificado atual enfatizou a diversificação do colégio [ou à sua hegemonização, excluindo os tradicionais e elevando exclusivamente os revolucionários?], mas não conseguiu reunir os cardeais em consistórios regulares destinados a promover a autêntica colegialidade e a confiança entre os irmãos. Como resultado, muitos dos eleitores que votarem no próximo conclave não se conhecerão realmente e poderão, portanto, ser mais vulneráveis ​​à manipulação.

No futuro, se o colégio quiser servir aos seus propósitos, os seus cardeais precisarão de mais do que apenas um solidéu vermelho e um anel. O atual Colégio Cardinalício deve ser ativado para o conhecimento mútuo e para melhor compreender as diferentes visões que cada um tem da Igreja, as situações das suas Igrejas locais e a personalidade de cada cardeal – todos fatores importantes na reflexão sobre o novo Papa.


Os leitores perguntar-se-ão, com razão, por que este texto é anônimo. A resposta deveria ser óbvia para qualquer pessoa que conheça o ambiente romano atual. A honestidade não é bem-vinda e suas consequências podem ser incômodas [sendo brando, muito brando: o Cardeal Burke perdeu até a moradia por discordar]. E, no entanto, estas reflexões poderiam continuar por muitas mais páginas, apontando especialmente para a forte dependência do atual pontificado da Companhia de Jesus, o recente desempenho problemático do Cardeal Fernández, do DDF, e o surgimento de uma pequena oligarquia de confidentes com excessiva influência dentro do Vaticano – tudo isso apesar das reivindicações descentralizadoras da sinodalidade, entre outras coisas.


Justamente por essas questões, os alertas aqui apontados poderão ser úteis nos próximos meses. Espero que esta contribuição ajude a orientar as tão necessárias conversas sobre como deverá ser o Vaticano no próximo pontificado.


† Demos II


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3 comentários:

  1. é muito triste isso. Um cardeal da Igreja tem que falar anônimo porque senão sofre perseguição. o papa que se diz tão da misericórdia não tem misericórdia nenhuma com aqueles que querem ser santos

    PC

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  2. a Igreja ja esta quase no ponto de ter de ser demolida para poder renascer...Bergoglio arrebentou tanto com a Igreja que ja nao vejo mais remendo possivel, só a reconstrução total mesmo...

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    Respostas
    1. Concordo. Acho que vem um acontecimento assim muito grande pra restaurar tudo!

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