EM 1936, POUCO ANTES antes de partir em viagem para os EUA, o Secretário de Estado do Papa Pio XI, o Cardeal Eugênio Pacelli – futuro Papa Pio XII –, disse de maneira assustadoramente profética ao Conde Enrico Pietro Galleazzio seguinte (negritos nossos):
Suponha, meu caro amigo, que o comunismo seja apenas o mais visível dos órgãos de subversão contra a Igreja e contra a Tradição da Revelação divina; então nós vamos assistir à invasão de tudo o que é espiritual, a filosofia, a ciência, o direito, o ensino, as artes, a imprensa a literatura, o teatro e a religião. Estou obcecado pelas confidências da Virgem à pequena Lúcia de Fátima. Essa obstinação de Nossa Senhora diante do perigo que ameaça a Igreja é um aviso divino contra o suicídio que representaria a alteração da fé, em sua liturgia, sua teologia e sua alma”.(...)
Ouço ao meu redor os inovadores que querem desmantelar a Capela Sagrada, destruir a Chama universal da Igreja, rejeitar seus ornamentos, dar-lhe remorso pelo seu passado histórico. Pois bem, meu caro amigo, estou convicto que a Igreja de Pedro deve assumir o seu passado ou então ela cavará a sua sepultura.(...) um dia virá em que o mundo civilizado renegará seu Deus, em que a Igreja duvidará, como Pedro duvidou. Ela será tentada a crer que o homem se tornou Deus, que seu Filho é apenas um símbolo, uma filosofia como tantas outras, e nas igrejas os cristãos procurarão em vão pela lâmpada vermelha onde Deus os espera.[1]
Em nenhum livro, ao que saibamos, se conta que Nossa Senhora teria dito tais coisas a Lúcia. De onde, então, o Cardeal Pacelli, futuro Pio XII, obteve essas previsões?
Só pode ter sido do texto do Terceiro Segredo de Fátima, escrito por Irmã Lúcia, segredo ao qual o Cardeal Secretário de Estado de Pio XI deve ter tido acesso. No Terceiro Segredo de Fátima, Nossa Senhora teria antecipadamente acusado o Concílio Vaticano II e a Missa Nova de Paulo VI como suicidas.
Eis a evidente razão pela qual os Papas recusaram-se a publicar o Terceiro Segredo de Fátima (saiba mais): ele condena o Concílio Vaticano II e a Nova Missa de Paulo VI.
A citação inquietantemente profética de Pacelli, porém, ainda que republicada muitas vezes, até recentemente nunca fora relacionada ao conteúdo do Terceiro Segredo de Fátima, o que é incompreensível, já que a declaração abertamente atribui a Nossa Senhora um aviso profético que não consta de nenhum livro sobre as revelações de Fátima. Portanto, Pio XII só pode ter sabido disso por ter lido o famoso Terceiro Segredo de Fátima, que o Vaticano sempre insistiu em não revelar, e até nega que exista.
Em julho de 1917, na terceira aparição às três crianças de Fátima, Nossa Senhora revelou três segredos: o primeiro sobre a perda de muitas almas durante a Primeira Guerra Mundial, da qual ela anunciou o fim próximo; o segundo tratava de uma possível Segunda Guerra, que espalharia "os erros da Rússia" pelo mundo, e o aniquilamento de várias nações. De que poderia tratar o Terceiro Segredo?
Evidentemente, seguindo a ordem lógica crescente, depois das almas e das nações, deveria tratar da Igreja.
Estranha, aliás, é a ausência do tema Igreja nas revelações de Fátima. Nestas, Nossa Senhora tratava de fatos muito concretos: Primeira Guerra Mundial, Segunda Guerra, Rússia. E sobre a Igreja, que atravessava a crise terrível do Modernismo, Nossa Senhora não diria nada? Estranho.
Por demais estranho. Com efeito, em 1914, repentinamente, morrera São Pio X, o único Papa santo do século XX. Ele havia condenado a heresia do Modernismo. Sua morte – muito brusca – acarretou a rápida expulsão dos que lhe estavam ligados, na Cúria, e o retorno de seus inimigos modernistas aos postos mais importantes da Igreja. De fato o Pontificado seguinte, o de Bento XV, favoreceu muito os mesmos hereges que São Pio X tanto condenara e combatera, os quais, desde então, só viram sua influência crescer, até o seu triunfo completo no Concílio Vaticano II e com a Missa Nova de Paulo VI.
Espanta, então, que Nossa Senhora não tratasse da situação da Igreja.
A pequena Jacinta teve, uma vez, uma visão em que aparecia um Papa, rezando e chorando, sozinho, num Palácio, enquanto uma multidão lhe atirava pedras. Jacinta perguntou então à Lúcia se podia contar ao povo “aquilo” a respeito do Papa.
E Lúcia lhe respondeu: “Não! Não vê que ao contar aquilo sobre o Papa, ficaria fácil descobrir o segredo?"... Portanto, o segredo tratava de um Papa. De um Papa que seria "apedrejado"...
Nenhum Papa, desde então, foi apedrejado pelo povo, antes tiveram tanta popularidade. Diga-se que o atual Francisco é, de longe, o Papa mais querido pelo mundo, eis um fato indiscutível.
Consta que João XXIII, ao ler o segredo — que ele fez traduzir do português para o italiano – teria afirmado que isso não se daria com ele, mas com outro. Portanto, confirma que no segredo se falava de um Papa, e se diria uma característica dele que não existia em João XXIII: só por isso ele poderia dizer que os fatos previstos não se referiam à sua pessoa.
Paulo VI leu o segredo, e o fez ler por outros. Fez também o Concílio Vaticano II e a Missa Nova. E com desfaçatez confessou que, depois disso, a fumaça de Satanás entrara no Templo de Deus, e que se dava um misterioso processo de autodemolição da Igreja. Autodemolição que só fez se agravar, e à qual assistimos hoje nos seu pior estágio. Desgraçadamente.
Autodemolição é uma forma de suicídio. O suicídio que o Cardeal Pacelli profetizou.
Paulo VI também confirmou, indiretamente, o que Pacelli dissera que havia no Terceiro Segredo: a alusão insistente a um futuro “suicídio” da Igreja. O mesmo Paulo VI deixou que vários Cardeais e elementos da Cúria romana lessem o Terceiro Segredo de Fátima, entre estes os Cardeais Silvio Oddi, Ottaviani, Siri e Ciappi.
João Paulo II o leu e o fez ler por outros prelados, entre os quais o então Cardeal Ratzinger. Este, inicialmente, se manifestou dizendo que o segredo de Fátima jamais seria publicado por “não conter nada que não estivesse já na revelação”. Restava saber o que entendia o Cardeal Ratzinger, aí, por Revelação. Seria a Bíblia ou o Apocalipse, pois Apocalipse significa literalmente Revelação.
Já o Cardeal Oddi observou que no Terceiro Segredo de Fátima “...a Virgem Abençoada nos alertou contra a apostasia na Igreja”.
Sim. Mas, então, são bem certos os raciocínios de que Nossa Senhora teria falado da Igreja — de um "suicídio" da Igreja e da apostasia na Igreja.
No artigo de Solideo Paolini (leia) há uma citação do Cardeal Ciappi (falecido em 1996) dizendo a mesma coisa.
E se o Cardeal Oddi, que teve uma conversa com a Irmã Lúcia, trouxe dela a convicção de “que o Terceiro Segredo predizia algo terrível feito pela Igreja”, obviamente no sentido impróprio aos homens da Igreja, o Cardeal Ciappi, que foi por decênios e sob vários Pontífices “teólogo do Papa”, foi absolutamente lapidar ao escrever pouco antes de morrer: “No terceiro segredo se profetiza, entre outras coisas, que a grande apostasia na Igreja partirá de seu cume.
Ou o Cardeal Ciappi mentiu ou ele leu isso mesmo no Terceiro Segredo de Fátima. Mas, se o Terceiro Segredo disse tal coisa, Nossa Senhora teria nos prevenido sobre uma apostasia levada a cabo pelo cume da Igreja, pelo seu topo, isto é, por um Papa.
É mais do que natural, então, que os Papas responsáveis por esse suicídio e pela apostasia, eles mesmos, não o quisessem publicar! E isso mesmo é confirmado ainda por outros testemunhos.
Sobre tudo isso, escreveu Antonio Socci:
O Cardeal Ottaviani e o Cardeal Ciappi ('no terceiro segredo se profetiza, entra outras coisas, que a grande apostasia na Igreja partirá da sua cúpula'). Um conceito análogo transparece das palavras de Lucia ao padre Fuentes e de duas declarações do Cardeal Ratzinger. Eu noticiei isso só como jornalista, explicando que muitos interpretam a apostasia em referência aos efeitos do Concílio. [2]
Portanto, o terceiro segredo fala de uma “grande apostasia” — expressão apocalíptica —, e apostasia que será promovida pela mais alta cúpula da Igreja. Teria que ser um Papa. E não há que se esquecer que, segundo as Sagradas Escrituras, a vinda do Anticristo é precedida pela “Grande Apostasia”.
Uma pergunta vem imediatamente à mente: não teria sido, então, o Concílio Vaticano II o início dessa “grande apostasia”? Parece impossível negá-lo, considerando-se que este evento trouxe uma mudança radical e a completa inversão da doutrina, da moral, da disciplina e da liturgia da Igreja.
Certo é que o Vaticano II aprovou as teses modernistas tantas vezes e tão claramente condenadas por São Pio X. Pois, então, a Virgem de Fátima anunciou antecipadamente essa grande apostasia realizada com o grande triunfo dos neomodernistas no Vaticano II.
Se é assim — e tudo indica que é assim mesmo —, era bem natural que João XXIII e Paulo VI tivessem escondido o Terceiro Segredo de Fátima. E que todos os outros depois deles o tivessem disfarçado, mascarado, distorcido.
João XXIII, em tudo muito semelhante ao atual Francisco, falou contra os “profetas de desgraças” que ele tanto desprezava, os que viam a Igreja em perigo de apostasia naquele momento crucial... Foi para Nossa Senhora e para as videntes de Fátima que ele disse isso, ou visava só os acreditavam em Fátima?
Se Nossa Senhora tivesse feito a menor alusão elogiosa à "Nova Igreja Conciliar" que estava prestes a nascer do Concílio Vaticano II, todos os "Papas conciliares" a teriam trombeteado, e bem alto, disso temos certeza. Mas eles ocultaram o que ela disse, o aviso que ela nos trouxe do Céu, para o nosso bem. Esconderam o Terceiro Segredo de Fátima, e isso prova que esse Segredo era contrário aos objetivos dos que propugnavam a instalação de uma nova igreja, que trazia um novo evangelho, de fato contrário ao Evangelho de Cristo.
No ano 2000, quando da visita de João Paulo II a Fátima, o Vaticano anunciou a publicação do Terceiro Segredo de Fátima. Na verdade, publicou apenas uma visão referente ao Terceiro Segredo: um Bispo de branco, saindo de uma cidade arruinada, atrás de uma procissão iniciada por Cardeais, Bispos, padres, religiosos e povo, e que o Bispo de branco — o Papa – seguia titubeante. Eles subiam uma montanha, e lá, o Papa e todos os demais que estavam com ele eram mortos a tiros e flechadas, por soldados uniformizados.
O Cardeal Sodano se cobriu de ridículo aplicando essa visão ao atentado de Agca contra João Paulo II, atentado em que ninguém morreu — nem o Papa — enquanto que, na visão, todos morrem. Era grande a vontade do bem suspeito Cardeal Sodano de querer enganar, de modo bem grosseiro, o mundo inteiro.
O jornalista Antonio Socci, que era contrário á tese de que o Terceiro Segredo fazia referências à crise atual da Igreja, há alguns anos voltou a estudar o assunto, e acabou por aceitar a tese de que o Terceiro Segredo de Fátima não foi totalmente publicado:
O já falecido Padre Joaquin Alonso (+1981), que por dezesseis anos foi o arquivista oficial em Fátima, o qual entrevistou Irmã Lúcia por diversas vezes, nos dá o seguinte testemunho:
“É, portanto, completamente provável que o texto faça referências concretas à crise de fé dentro da Igreja e à negligência dos próprios pastores [e as] brigas internas no seio mesmo da Igreja e de grave negligência pastoral da alta hierarquia...
No período precedente ao grande triunfo do Imaculado Coração de Maria, coisas terríveis estão previstas para acontecer. Essas coisas formam o conteúdo da Terceira parte do Segredo. O que são elas? Se "em Portugal o dogma da Fé sempre será preservado", pode-se claramente deduzir daí que em outras partes da Igreja esses dogmas tornar-se-ão obscuros ou se perderão totalmente.
O texto não publicado menciona circunstâncias concretas? É bem possível que mencione não apenas uma crise real da fé na Igreja durante este interstício, mas, por exemplo, à semelhança do segredo de La Sallete, haja mais referências concretas às brigas internas de Católicos ou à queda de sacerdotes e religiosos. Talvez o texto faça até referência aos erros da alta hierarquia da Igreja.
Antonio Socci contará que o atual Cardeal Bertone foi enviado pelo Cardeal Ratzinger a conversar com Irmã Lúcia, três vezes sucessivas em 2000, 2001 e 2003. Se a publicação da visão da procissão e morte de um “Bispo vestido de branco” era tudo o que havia no Terceiro Segredo, se não havia um texto de Nossa Senhora explicando essa visão, para que o atual Cardeal Bertone foi três vezes falar com Irmã Lúcia, em Coimbra? Falar com ela sobre o quê, se tudo já fora publicado?
O que se tem, então, é um texto bem claro do Cardeal Pacelli, datado de 1936 dizendo que Nossa Senhora em Fátima profetizou um suicídio da Igreja pela mudança de sua doutrina e de sua liturgia. Ora, no Concílio Vaticano II se mudou a Teologia da Igreja, e desse Concílio nasceu a Missa Nova de Paulo VI. Depois disso, o mesmo Paulo VI declarou que havia um misterioso processo de autodemolição da Igreja, e o Cardeal Ciappi disse que o Terceiro segredo falava de uma grande apostasia...
Uma Igreja que se demole a si própria é suicida. Logo, em Fátima, no Terceiro Segredo, Nossa Senhora previu o Concílio Vaticano II e a Missa Nova e os qualificou de suicidas.
O Vaticano II e a Missa Nova, nós o vemos na prática, foram atos suicidas que acarretaram a atual grande apostasia.
Que Deus guarde a Santa Igreja!
_____________
[1] Monsenhor Georges Roche e Philippe St. Germain, Pie XII devant l´Histoire, Laffont? Paris, 1972, pp 52 – 53; idem Abbé Daniel Le Roux, Pierre m´aimes-tu?, Fideliter: Brout Vernet 1986. p. 1; idem Pe. Dominique Bourmaud, Cien Años de Modernismo, Fundación San Pio X: Buenos Aires, 2006, p. 312; apud Dom Bernard Fellay, FSSPX, resposta de 22 de junho de 2001 à carta do Cardeal Castrillon Hoyos de 7 de maio de 2001. Communicantes, Agosto/2001.
[2] A.Socci, Carta Aberta ao Cardeal Bertone, apud FEDELI, Orlando, disp. em:
https://montfort.org.br/bra/veritas/igreja/revelado_segredo
Acesso 16/3/2024.
Esse artigo e os vídeos do canal Apostolado Glórias de Maria sobre a hipótese da falsa irmã Lúcia e sobre a profecia do bispo vestido de branco da profecia de Fátima me fazem pensar e rezar pois é terrível o engano que estão nos impondo
ResponderExcluir