Da obra "Meu dia com Maria" (1912), reeditada pela editora Realeza (2024)
Primeiro defeito: uma fidelidade farisaica
Há muitas almas piedosas que parecem confundir os bons exercícios de piedade da Igreja com a sua própria piedade [ou segundo a sua interpretação particular do que seja piedade cristã], estreitando-se num apertado formalismo, onde a alma vegeta, desprovida de ar, de expansão e de vida.
[Nesse processo, dedicam-se e se esforçam muito nas formalidades e regras, mas muitas vezes perdem de vista o que é realmente essencial, isto é, a vida interior, a intimidade com Deus, a adoração que deve ser feita 'em espírito e em verdade' (Jo 4,23ss.)]
Coisa bela e santa, sem dúvida, é a fidelidade exterior aos exercícios. Isso, porém, não é tudo. Os exercícios são meios. Fora os obrigatórios, como os Sacramentos, a santa Missa, o oficio e, para os religiosos, a regra, não nos devemos escravizar às outras práticas a ponto de acreditar que a vida de piedade se resuma a essas exterioridades, e que tudo esteja perdido se nos acontecer de faltar acidentalmente às mesmas.
É necessário que nos conservemos numa certa liberdade [pois o Filho de Deus, nosso Senhor, veio para nos dar liberdade (vide Jo 8,36), não para nos encarcerar numa prisão feita de regras e práticas mecânicas]. As necessidades da alma oscilam conforme as ascensões da virtude. Práticas úteis em certos momentos podem não sê-lo noutros, e exercícios que, a princípio, não convém, podem tornar-se imprescindíveis depois.
Fidelidade rigorosa, portanto, e invariável amor aos exercícios obrigatórios é recomendada. Liberdade com respeito às práticas facultativas; não para olvidá-las, mas para seguir a moção do Espírito Santo, de acordo com as circunstâncias e as necessidades da alma.
Eu mesmo sempre reflita comigo sobre este problema gigantesco dos dias atuais. Chamo isso de "devocionismo", porque tais pessoas tratam como se a religião consistisse nas práticas devocionais, e não no conhecimento da doutrina e na vivência da mesma.
ResponderExcluirResultado: pessoas que vão a Missa, rezam o terço, rezam para Nossa Senhora, têm devoção por tal Santo, mas não fazem a mínima idéia do que é Sacramento, o que é graça, o que é batismo; em suma, praticam todas essas devoções, mas não possuem conhecimento nenhum da doutrina Católica.
E tenho de dizer que essa crise que estamos vivendo hoje, só aconteceu por causa de a maioria dos católicos só se concentrarem no básico e necessário para se salvarem, (isto é, nas práticas de piedade) e não se esforçarem com todas energias para se santificarem e crescerem na vida interior, como os Santos.
Essa crise aconteceu por causa disso, pois se todos se esforçassem por isso, em pouco tempo o mundo inteiro se converteria ao catolicismo.
E de igual modo, essa crise não irá acabar, enquanto todos os católicos que têm conhecimento da verdade não trabalharem por isso.
P.S. sobre isso, leiam o primeiro capítulo da segundo carta de São Pedro.