Liberdade de consciência — Um sistema próprio: não perca esta!


        Prof. Igor Andrade — Instituto La Salle e Frat. Laical São Próspero

O FILÓSOFO GREGO Sócrates foi levado a tribunal sob acusações de corromper a juventude e pregar contra os deuses, e foi condenado à morte por suicídio (ingerindo sicuta). Todo o drama é narrado por seu discípulo Ombros Largos, nas obras Apologia de Sócrates e Fédon.

    Na Apologia, Sócrates apresenta uma defesa brilhante, expondo a falsidade das acusações e a intenção pérfida dos acusadores. Tamanha foi sua habilidade defensiva que a votação quase resultou em um empate; não fossem meia dúzia de votos, o filósofo permaneceria vivo por mais uns anos.

    O que, então, poderia ter feito o velho Sócrates? A primeira ideia que vem à cabeça de um escravo (de)formado por Maquiavel é a evidente possibilidade de uma revolta popular, de uma revolução ou guerra civil. Mas o que fez? Aceitou a sentença! Uns o chamariam de covarde, outros de ignorante que não sabe jogar o "xadrez político 4D", outros, ainda, de alienado… Mas a verdade é que Sócrates foi um dos primeiros homens genuinamente livres de que se tem registro.

Não foi com esse pensamento, entretanto, que eles votaram contra mim, que me acusaram, pois acreditavam causar-me um mal. Por isto é justo que sejam censurados. Mas tudo o que lhes peço é o seguinte: Quando os meus filhinhos ficarem adultos, puni-os, ó cidadãos, atormentai-os do mesmo modo que eu os vos atormentei, quando vos parecer que eles cuidam mais das riquezas ou de outras coisas do que da virtude. E se acreditarem ser qualquer coisa não sendo nada, reprovai-os, como eu a vós: não vos preocupeis com aquilo que não lhes é devido

Já é hora de irmos: eu para a morte, e vós para viverdes. Mas, quem vai para melhor sorte, isso é segredo, exceto para deus.

     Como assim “acreditaram causar-me um mal”? Objetivamente os atenienses, condenando Sócrates à morte, não lhe causaram um mal, objetivamente? Não. Homens verdadeiramente livres que amam a liberdade sabem que Sócrates não foi o prejudicado nessa ocasião. A demonstração disso está registrada no Fédon, quando os alunos de Sócrates vão visitá-lo na prisão. Um deles era Platão, que além de jovem e inconsequente era rico e poderia subornar alguém que libertasse seu mestre. Quando chegam os jovens, encontram o velho preocupadíssimo com sua situação… Sua perna estava coçando.

    Em alguns momentos o homem se encontraria com a morte e sua preocupação era compreender a relação entre dor e prazer. Chegam os discípulos e ele começa a refletir a respeito da imortalidade da alma.

    Chega o carcereiro, trazendo a bebida mortal para o devido cumprimento da sentença. Sócrates pergunta-lhe se pode derramar o primeiro gole para o deus[1]  e finalmente muda sua preocupação para algo sério antes de partir de vez desta vida:

Críton, devemos um galo a Asclépio… Paguem-lhe e não se esqueçam.

    Sua postura diante da morte indica que Sócrates não tentou mudar o sistema falho que era a democracia ateniense. Não perdeu seu tempo militando ou tentando convencer outras pessoas ou tentando mudar a sociedade. Fez o que estava ao seu alcance com a noção clara de que não devia “lutar contra o sistema”, uma vez que quem o faz revela-se como um escravo do sistema, porque vive em função dele. Ao invés disso, criou um sistema próprio e conduzia-se pela sua consciência bem formada, perseguindo somente as coisas eternas. Claro, não conhecia a Verdade revelada, não adorava o Único e Verdadeiro Deus, mas algo de Deus ele conhecia através do Evangelho da Natureza, e isso ele perseguiu. Isso o tornou livre. Mais livre que um homem sem Nosso Senhor consegue ser.

    Nós, cristãos, podemos ser mais livres do que Sócrates, porque somos assistidos pela Graça e confiamos naquelas palavras eternas: “Foi para Liberdade que o Cristo nos libertou”.

    Por isso decidi elaborar um curso a fim de mostrar esse Caminho da Liberdade.

    Entre 1990 e 2005, nasceu a geração mais escrava dos últimos séculos. Escravos da "educação" formal, escravos da busca louca por emprego sem estabilidade, escravos de uma suposta "liberdade" moral, escravos do Estado... Como ser livre?

    O curso “Ócio e Negócio — Caminho da Liberdade” é uma formação de filosofia fundamentado na Filosofia Clássica sob a ótica católica, e tem por objetivo não falar sobre a liberdade de um ponto de vista meramente abstrato, mas sim indicar o caminho para conquistar a liberdade de consciência autêntica.

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[1] Hoje em dia esse hábito ainda existe entre algumas falsas religiões pagãs. O primeiro gole é derramado em sacrifício “pro santo”. No caso, esse ato era um sinal de respeito tanto pela bebida quanto pelo deus.

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