Você viu isso? Mensagem do Superior Geral da FSSPX e seus Assistentes


REPRODUZIMOS A CARTA pública do Revmo. Padre Davide Pagliarani, superior Geral da FSSPX, dada agora aos 21 de novembro de 2024. Abaixo.


Semper idem


Por ocasião do quinquagésimo aniversário da declaração de 21 de novembro de 1974

Há 50 anos, Dom Marcel Lefebvre publicava uma declaração memorável que iria se tornar a carta magna da Fraternidade Sacerdotal São Pio X. Uma verdadeira profissão de fé com ressonâncias eternas, essa declaração expressa a essência da Fraternidade, sua razão de ser, sua identidade doutrinal e moral e, consequentemente, sua linha de conduta. A Fraternidade não pode se afastar nem um centímetro do seu conteúdo e espírito, que, cinquenta anos depois, continuam perfeitamente adequados ao momento atual.

Essa declaração contém duas ideias centrais, que se complementam e se apoiam mutuamente: a primeira afirma a natureza essencialmente doutrinária do combate da Fraternidade; a segunda expressa o intuito desse combate.

É uma luta doutrinal, contra um inimigo claramente identificado: a Reforma do Concílio, que se nos apresenta como um todo envenenado, concebida no erro e conduzindo ao erro. O que é questionado é seu espírito de fundo e, consequentemente, tudo o que esse espírito foi capaz de produzir: « Esta Reforma, por ter surgido do liberalismo e do modernismo, está completamente empeçonhada, surge da heresia e acaba na heresia, ainda que todos os seus atos não sejam formalmente heréticos. É, pois, impossível para todo o católico consciente e fiel adotar esta reforma e submeter-se a ela de qualquer modo que seja. A única atitude de fidelidade à Igreja e à doutrina católica, para bem da nossa salvação, é uma negativa categórica à aceitação da Reforma».

A história dos últimos cinquenta anos apenas confirmou a propriedade dessa análise. Sendo a Reforma corrupta em si mesma e em seus princípios, parece impossível restaurar qualquer coisa na Igreja sem primeiro pôr em questão os princípios do Concílio e rejeitar todos os erros nele contidos. Ao mesmo tempo, o desprezo e o ódio pela Tradição e pela Missa de sempre continuaram a crescer, demonstrando de forma concreta que duas doutrinas incompatíveis correspondem a dois cultos irreconciliáveis, duas formas irredutíveis de conceber a Igreja e sua missão junto às almas.

Iniciada no Concílio, essa Reforma ainda está em andamento e continua a dar frutos. 

Hoje, por meio da sinodalidade, estamos presenciando uma reviravolta completa da própria estrutura da Igreja. A transmissão da Verdade divina recebida do Verbo Encarnado está sendo substituída por uma construção humana, um sistema no qual Deus não tem mais seu lugar e no qual o espírito humano sopra substituindo o Espírito Santo. Essa é a inversão diabólica do próprio Evangelho.

Diante dessa demolição da Igreja, claramente denunciada, Dom Lefebvre nos encoraja a continuar o combate doutrinário, ou seja, a militância santa pelo reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo, Palavra, Verdade e Vida. Hoje, como ontem, nossa missão não é outra senão a restauração de todas as coisas em Cristo. Restaurar tudo, a começar pelo sacerdócio, em toda a sua pureza doutrinal, em toda a sua caridade missionária; restaurar o Santo Sacrifício da Missa, coração da vida da Igreja; restaurar a vida cristã, que não é outra coisa senão a própria vida de Cristo, marcada pelo espírito da Cruz, pelo amor e glória do Pai; restaurar a verdade católica em seu esplendor e permitir que ela ilumine o mundo; restaurar, na Igreja e na sociedade civil, o reconhecimento dos direitos de Cristo, Rei das nações.

« Jesus Cristo (é sempre o mesmo) ontem e hoje; Ele o será também por todos os séculos. Não vos deixeis levar por doutrinas várias e estranhas. Porque é ótimo fortificar o coração com a graça» (Heb. 13, 8-9).

A segunda ideia que domina a declaração de 1974 é a vontade clara e determinada de agir com o único objetivo de servir à Igreja Católica Romana.

De fato, é somente na Igreja de todos os tempos e em sua constante Tradição que encontramos a garantia de estar na Verdade, de continuar a pregá-la e de servi-la.

Mas, acima de tudo, estamos bem cientes de que manter a Tradição e tomar todas as medidas necessárias para preservá-la e transmiti-la corresponde a um dever de caridade que cumprimos para com todas as almas e com a Igreja em sua totalidade. Sob essa perspectiva, nossa luta é profundamente desinteressada. A Fraternidade não está buscando primordialmente sua própria sobrevivência, mas o bem da Igreja universal, e por isso é, por excelência, uma obra de Igreja, que com liberdade e uma força únicas responde adequadamente às necessidades de uma época trágica sem precedentes.

Esse único objetivo ainda é nosso hoje, assim como era há cinquenta anos, e « É por isso que, sem nenhuma rebelião, amargura ou ressentimento, continuamos nosso trabalho de formação sacerdotal sob a égide do Magistério de todos os tempos, convencidos de que não podemos prestar um serviço maior à Santa Igreja Católica, ao Soberano Pontífice e às gerações futuras ».

É à Igreja que pertence a Tradição, é nela e para ela que a guardamos integralmente, « à espera de que a verdadeira luz da Tradição dissipe as trevas que obscurecem o céu da Roma eterna», na certeza sobrenatural e inabalável de que essa mesma Tradição triunfará e, com ela, toda a Igreja. E na certeza renovada de que as portas do inferno não prevalecerão contra ela.

        Menzingen, 21 de novembro de 2024

        Padre Davide Pagliarani
            Superior Geral da FSSPX

        † Dom Alfonso de Galarreta
            Primeiro Assistente

        Padre Christian Bouchacourt
            Segundo Assistente

        ** Ver a Declaração de 21 de novembro de 1974 de Dom Marcel Lefebvre

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Fonte:
Semper idem – Mensagem do Superior Geral da FSSPX e seus Assistentes, para o site oficial da Sobre a Fraternidade São Pio X, disp. em:
https://www.fsspx.com.br/semper-idem-mensagem-do-superior-geral-da-fsspx-e-seus-assistentes/
Acesso 22/11/2024.

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